quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Salmo 65 - Coroas o Ano da Tua Bondade

 




Por Leonardo Pereira



A dedicação de Davi à adoração do Senhor é evidente durante toda a sua vida, e especialmente nos últimos anos do seu reinado em Israel. Apesar de Deus não permitir que Davi construísse o templo em Jerusalém, esse servo dedicou seus últimos anos aos preparos para aquele edifício magnífico e trabalhou muito para organizar o culto e compor hinos para os israelitas honrarem ao Senhor. O Salmo 65 é um bom exemplo dessa adoração.

“A ti, ó Deus, confiança e louvor em Sião! E a ti se pagará o voto” (verso 1). Davi inicia esse cântico com o foco unicamente em Deus. Nenhum outro merece a confiança e a adoração dos homens. Todos devem dirigir seu serviço ao soberano Criador. Ele dedica o resto desse Salmo à enumeração de motivos para esse louvor.

Os homens devem louvar a Deus porque ele perdoa seus pecados: “Ó tu que escutas a oração, a ti virão todos os homens, por causa de suas iniquidades. Se prevalecem as nossas transgressões, tu no-las perdoas” (versos 2 e 3). Duas das características que definem Deus são a capacidade de responder às orações e o direito de perdoar pecados (Is 44.17,18; 45.17,22; Mc 2.10). É interessante observar aqui, também, a mensagem universal que Davi anuncia. Ele não vê Deus como unicamente o Salvador de Israel. Davi, como faria Isaías 300 anos depois, sugere a aplicação da misericórdia de Deus para todos os homens (Is 2.1-4).

Devemos valorizar o privilégio da comunhão com Deus: “Bem-aventurado aquele a quem escolhes e aproximas de ti, para que assista nos teus átrios; ficaremos satisfeitos com a bondade de tua casa — o teu santo templo” (verso 4). Davi desejava profundamente a presença de Deus, e sofria muito quando se sentia afastado do Senhor por causa dos seus pecados (Sl 6.1-3; 31.9-10). Se Davi valorizou tanto o privilégio de chegar a um local que representava a presença de Deus, como devemos apreciar mais ainda o privilégio da comunhão com Deus por meio de Jesus! No Novo Testamento, a igreja (o grupo de pessoas que pertence a Deus) e o cristão, individualmente, são descritos como o santuário ou templo do Senhor (1 Co 3.16,17; 6.19,20). Que bênção poder andar na presença de Deus porque ele nos perdoou!

O grande poder de Deus é outro motivo para adorá-lo: “Com tremendos feitos nos respondes em tua justiça, ó Deus, Salvador nosso, esperança de todos os confins da terra e dos mares longínquos; que por tua força consolidas os montes, cingido de poder; que aplacas o rugir dos mares, o ruído das suas ondas e o tumulto das gentes. Os que habitam nos confins da terra temem os teus sinais; os que vêm do Oriente e do Ocidente, tu os fazes exultar de júbilo” (versos 5 a 8). De uma extremidade da terra à outra, o poder de Deus é evidente. Paulo desenvolve esse mesmo tema em dois aspectos: o poder de criar e o poder de julgar (Rm 1.18-20). Não faz sentido resistir ou se rebelar contra o Deus Onipotente!

Deus merece adoração porque ele demonstra sua bondade ao sustentar sua criação: “Tu visitas a terra e a regas; tu a enriqueces copiosamente; os ribeiros de Deus são abundantes de água; preparas o cereal, porque para isso a dispões, regando-lhe os sulcos, aplanando-lhe as leivas. Tu a amoleces com chuviscos e lhe abençoas a produção. Coroas o ano da tua bondade; as tuas pegadas destilam fartura, destilam sobre as pastagens do deserto, e de júbilo se revestem os outeiros. Os campos cobrem-se de rebanhos, e os vales vestem-se de espigas; exultam de alegria e cantam” (versos 9 a 13). O autor de Hebreus começa uma série de argumentos sobre a superioridade de Jesus em relação a todas as suas criaturas afirmando sua posição como Criador e Sustentador do universo (Hb 1.1-3). Jesus até ensinou que devemos amar os inimigos porque Deus demonstra seu amor para todos: “... porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mt 5.45).

Cada vez que levantamos, respiramos e começamos um novo dia, devemos demonstrar a atitude de Davi em adoração e profunda reverência para com Deus. Como disse o apóstolo Paulo, mil anos depois de Davi escrever esse Salmo, “pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos...” (At 17.28). Temos muitos motivos para servir e adorar ao Senhor!


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