sábado, 12 de fevereiro de 2022

Comentário Bíblico Mensal: Fevereiro/2022 - Capítulo 2 - O Cristão e o Relacionamento Familiar

 




Comentarista: Matheus Gonçalves



Texto Bíblico Base Semanal: Atos 16.23-34


23. E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança.

24. O qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior, e lhes segurou os pés no tronco.

25. E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam.

26. E de repente sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos.

27. E, acordando o carcereiro, e vendo abertas as portas da prisão, tirou a espada, e quis matar-se, cuidando que os presos já tinham fugido.

28. Mas Paulo clamou com grande voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos.

29. E, pedindo luz, saltou dentro e, todo trêmulo, se prostrou ante Paulo e Silas.

30. E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?

31. E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.

32. E lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa.

33. E, tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes os vergões; e logo foi batizado, ele e todos os seus.

34. E, levando-os à sua casa, lhes pôs a mesa; e, na sua crença em Deus, alegrou-se com toda a sua casa.

Momento Interação

Cuidar da família é um dever de todo cristão. O estudo bíblico mostra claramente que a família é uma unidade social instituída pelo próprio Deus. É absolutamente correta aquela conhecida frase que diz que a família é projeto de Deus. Muitos cristãos caem no terrível erro de negligenciar suas responsabilidades familiares; e com isso falham em perceber que Deus também os chamou para cuidarem de suas famílias. Se há um tema que merece toda atenção por parte da Igreja, esse tema é a família. O cuidado com a família precisa ser uma disciplina constantemente tratada nas comunidades cristãs. É preciso estudar e entender o que é a família à luz da Bíblia; é preciso que haja mais pregações sobre a família de acordo com os princípios de Deus; é preciso que os cristãos sejam ensinados e treinados sobre como ser bons mordomos de suas famílias. Ter famílias equilibradas e bem estruturas não é apenas essencial para que se tenha uma sociedade geral mais consistente; mas também para que se tenham igrejas mais sadias e sólidas.

Introdução

Há uma crise moral e familiar em todos os níveis da sociedade. Isso dificulta falar sobre relacionamentos familiares. São muitos os problemas, diversos os pensamentos, pequenas as soluções e diminutos os interessados em uma melhoria. Isso porque cada um parece estar buscando seus interesses pessoais sem contemplar a família. Vários tipos de relacionamentos envolvem e disputam atenção com a família. Então o que fazer? O autor do Salmo 128 descreve a convivência de uma família abençoada por Deus. Isso nos inspira a buscar neste salmo algumas respostas para os relacionamentos. Muitas famílias são cercadas de pessoas, atividades e conforto e não encontram tempo para buscar a Deus. Quantas festas de Natal, Páscoa e outras que passam sem uma oração sequer. Parece que Deus nem foi convidado. Existem famílias que só se reúnem para falar de Deus quando estão num velório. A família vai bem quando busca direcionar suas decisões e planos de acordo com a vontade de Deus, através da oração familiar e aprendizado conjunto da Palavra.

A bênção de Deus é para “todas as famílias da terra” (Gn 12.3) e a família do cristão é abençoada pela fé nesta promessa. Orar juntos, ir à Igreja e viver na presença de Deus são formas de cultivar sua vida espiritual em família. Precisamos buscar os caminhos e os pensamentos de Deus, que são mais altos que os nossos (Is 55.8,9) para não cair nas vaidades do mundo e “buscai ao Senhor enquanto se pode achar” (Is 55.6). O salmista destaca o interior da casa como uma área importante do relacionamento familiar. A família foi criada por Deus. O Senhor Jesus Cristo veio viver em família e priorizou o lar até os 30 anos. Andou por muitos lugares onde Ele se encontrava com as pessoas, mas o lugar que mais frequentou foi a casa, o ambiente familiar das pessoas. Ensinou que o relacionamento com Deus deve ser tão íntimo e intenso como o de pai e filho.

A casa, o lugar onde todos passam horas e horas juntas, tem perdido o seu valor principalmente nos grandes centros urbanos. Não há mais privacidade no lar, por falta de espaço, pela poluição sonora e vários outros fatores. Em muitas famílias a casa tem sido “visitada” pelos familiares que não têm tempo de estar em casa e isso atrapalha a convivência, porque é dentro de casa que se faz intimidade, que descansamos, alimentamos, onde podemos ter privacidade e encontrarmos com as pessoas que podemos confiar. É importante priorizar estar em casa com a família. A falta de autocontrole sobre o aparelho de televisão tem impedido muitas famílias de terem momentos de descontração e bate-papo, pois passam a maior parte do pouco tempo que têm para estarem juntos, assistindo TV e o pouco que conversar é sobre a programação que toma a atenção de todos.

I. A Família como Núcleo de União

Os relacionamentos familiares são os mais desafiadores, pois, no lar, as características de cada um são reveladas de forma transparente. Para manter uma relação saudável, é preciso buscar o equilíbrio entre família e Deus. Não é sem propósito que Deus organizou sua criação em família desde a formação do mundo, com a finalidade de gerar segurança, proteção e demonstrar o amor a todas as pessoas. Sabemos que relacionamentos saudáveis são essenciais quando tratamos da família, pois é nesse ambiente em que podemos aprender a amar como Jesus nos amou. Contudo, nem sempre é fácil desenvolver hábitos de convivência que levam à harmonia familiar. Por isso, neste post, você vai conhecer algumas dicas para tornar seus relacionamentos mais saudáveis e equilibrar a união entre família e Deus de maneira prática no seu dia a dia.

No trabalho, na academia ou na fila do supermercado demonstrar respeito é natural, pois indica educação e postura correta. No convívio familiar, quando estamos cansados pela sobrecarregada do trabalho, por horas de ônibus ou pelas tarefas domésticas, a oportunidade se abre para agirmos com desrespeito. Por isso, é essencial desempenhar o respeito mútuo dentro do lar e ensinar aos filhos, com atitudes e palavras, a importância desse hábito. O respeito reconhece o outro como um indivíduo que tem valor e comunica o quanto estamos decididos a enfrentar os conflitos com a ajuda e seguindo os valores de Deus. Se existe algo primordial para crescer no relacionamento de forma saudável, é a habilidade de perdoar: tanto a de perdoar o outro quanto a de se sentir perdoado. Na Palavra de Deus, encontramos claramente recomendações sobre o perdão.

Em Marcos 11.25, temos a seguinte afirmação: “E sempre que estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas”.  Quando família e Deus andam juntos, o perdão é presente e visível. Por isso, decida exercitá-lo e procure ensinar essa prática dentro do lar com suas palavras e ações, lembrando que, em primeiro lugar, o Senhor nos perdoou. Assim como o perdão, a generosidade deve se tornar um hábito familiar. Cada membro deve decidir agir intencionalmente para o bem do outro. Ser generoso é fazer com que suas atitudes transmitam amor e bondade. A generosidade é uma virtude que não espera nada em troca. É quando a pessoa se doa ou doa algo sem interesse pelo retorno.

Isso tem a ver com o que encontramos em 1 João 3.16-18: “Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade”. Não há como promover a felicidade sem que Jesus seja a base do relacionamento. Por isso, para tornar o ambiente do seu lar feliz, é preciso praticar algumas virtudes ensinadas por Deus. A felicidade familiar não se alcança por mérito próprio, mas é fruto de um esforço conjunto para fazer com que a família e Deus se relacionem diariamente. Para isso, é preciso andar em bondade e honestidade, a fim de que os membros da família se sintam amados e acolhidos. Na Bíblia, existem versículos sobre a importância do relacionamento familiar que afirmam que somos a família de Deus, como está em Efésios 1.5,6: “Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado”.

II. A Família Unida pela Palavra de Deus

os tipos de relacionamentos que estamos cobrindo nesta série, familiares é o único que não temos uma escolha, ou seja, Deus não nos dá a opção de escolhermos quem são os nossos pais, filhos, irmão, tios, primos, etc. Esta é uma escolha que Deus reserva para si e possui uma razão de ser que está além da nossa compreensão. Sim, não sabemos o porquê que a alguns cristãos são dadas excelentes famílias, onde todos ou quase todos também são cristãos e onde o amor e a harmonia reinam. Minha esposa e eu conhecemos famílias assim. Por outro lado, também conhecemos casos em que dentro de uma grande casa existe apenas um servo de Deus. Eu mesmo, por muitos anos fui o único da minha família que se importava em servir ao Senhor. Depois de um tempo uns poucos seguiram o meu exemplo e também começaram a adorar a Deus. Infelizmente, no entanto, ainda tenho muitos parentes que não se interessam pela vida eterna e continuam apaixonados pelo mundo atual. Para estes, o meu testemunho de vida não tem nenhum valor, preferindo eles seguirem o caminho da grande maioria que trocou a vida eterna no céu por uns poucos anos de prazeres mundanos aqui na terra.

Quando se trata de salvação, cada pessoa adulta responderá por si perante Deus. Jamais devemos permitir que a preocupação com os nossos familiares interfira no nosso relacionamento com o Senhor. Isso foi o que Jesus quis dizer quando alguém expressou a vontade de segui-lo, mas argumentou que precisava de um tempo para resolver a situação do falecimento (já ocorrido ou prestes a ocorrer) do seu pai: “Deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus” (Lc 9.60). Obviamente, com essas palavras Jesus não nos ensina que devemos negligenciar os nossos pais, pois Ele mesmo fez questão de providenciar que um dos seus apóstolos cuidasse da sua mãe na sua falta (Jo 19.27). Sem mencionar o claro mandamento de que devemos honrar pai e mãe (Êx 20.12; Ef 6.2).

Estudar sobre o valor da família é de muita importância para nós, pois, de uma forma ou de outra, nascemos numa família. Com exceção daqueles que são fruto da marginalidade, cada um de nós vem de uma família, seja pobre ou rica, desconhecida ou famosa, pequena ou grande, evangélica ou não. A família é a base de nossa vivência. Dela nascemos e dela dependemos na maior parte da existência. Isso é plano de Deus. Meditemos um pouco sobre o assunto. O homem, na sua origem, talvez não criasse a família. Não saberia como fazê-lo. Depois da Queda, podemos ter certeza de que o homem jamais buscaria criar uma organização que haveria de lhe impor limites e regras de convivência, contrariando seus instintos pecaminosos e egoístas. Deus só fez uma mulher para o homem e, mesmo assim, há uma tendência à poligamia ou ao adultério masculino e feminino.
 
III. A Comunicação na Família

Todos os males da sociedade, sejam financeiros, políticos, trabalhistas, escolares ou religiosos têm a sua origem no coração do homem. Sabemos como é o coração do homem (Jr 17.9; Rm 3.10-23). A instituição que Deus estabeleceu, ainda no jardim do Éden, que ajuntou duas pessoas em maneiras especificas para ser uma unidade é o que chamamos de família. O ambiente que é formado pelo amor exercitado entre todos da família cria o que chamamos de “o lar”. O lar tem suma importância na vida humana pois é o berço de costumes, hábitos, caráter, crenças e morais de cada ser humano, seja no contexto mundial, nacional, municipal ou familiar. Então, podemos dizer, como vai o lar vai o mundo, e também, o que é bom para a família é bom para o mundo. Reconhecendo a existência e influência do pecado, sabemos que todos os lares não estão operando com as mesmas regras e propósitos com os quais um lar cristão opera. Aprender o que a Bíblia ensina sobre o assunto do lar é uma garantia que atingiremos o alvo o que Deus tem para nós na relação de família.

Segundo o Dicionário Aurélio Eletrônico: comunicação é o ato ou efeito de comunicar (-se), que é de emitir, transmitir e receber mensagens. É a capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, de conversar, com vista ao bom entendimento entre pessoas. A comunicação social, próprias dos seres humanos, é baseada em sistemas de signos em oposição à comunicação baseado em sistemas de instruções ou comandos, como a se faz entre animais ou máquinas. Qualquer tentativa de fazer saber ou tornar comum algo é de comunicar-se. Comunicação tem como objetivo de travar ou manter entendimento. É de ligar ou unir por exposição oral (Novo Dicionário Aurélio, 1ª edição). Vendo essas definições, podemos concluir que comunicação é o ato de uma pessoa relatando à uma outra as suas ideias, sentimentos, crenças, sugestões ou ordens. Mesmo que se transmite sentimentos, a comunicação não é sentimentos em expressão, mas palavras expressando sentimentos. Geralmente, no contexto familiar, os problemas na comunicação centram no erro que comunicação é um diálogo de emoções. Não é. Comunicação é um dialogo de palavras que expressam as emoções.

O que é no coração logo acha expressão pela boca. Meditações banais, alimentação visual de programas menos virtuosos pela televisão e amigos com boca suja enchendo os nossos ouvidos de palavras torpes logo influenciam-nos de comunicar-nos com hábitos sujos. Sinais visuais bem como expressões faciais e sinais do corpo tornam parte de uma comunicação com hábitos sujos tanto quanto a falar de palavras torpes (Pv 6.12-14). Antes de Paulo nos instruir de despojar-nos de ira, da cólera, da malícia, da maledicência e das palavras torpes da vossa boca, ele nos exorta de pensar nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra (Cl 3.2,8). Então no básico, é necessário ter pensamentos altos bem como tudo que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável e de boa fama (Fp  4.8). E isto ele fala à igreja em Colossos tanto quanto em Éfeso dizendo que não deve sair nenhuma palavra torpe da nossa boca, !mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem? (Ef 4.29). “Faça-se tudo para edificação” (1 Co 14.26). Lembre-se da instrução de Filipenses 2:14, “Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas.” 

“Como é que com a mesma língua bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus? De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim” (Tg 3.9,10). Para quebrar hábitos ruins de conversação é necessário mudar os pensamentos primeiro. Algumas dicas seguem: Agradeça a Deus constantemente, memorize versículos da Bíblia, cante hinos no coração e leva “cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (2 Co 10.5). Assim a mente será melhor preparada para ter uma palavra “sempre agradável, temperada com sal” e você pode ser sábio para responder a cada um como convém (Cl 4.6).

Conclusão

A família é uma instituição divina. Ela é tão importante, que foi criada antes da Igreja, antes do Estado, antes da nação. Deus não fez o homem para viver na solidão. Quando acabou de criar o homem, Adão, o Senhor disse: "Não é bom que o homem esteja só. Far-lhe-ei uma adjutora, que esteja como diante dele" (Gn 2.18). Deus tinha em mente a constituição da família, mas esta não está completa só com o casal. Por isso, o Senhor previu a procriação, dizendo: "Crescei e multiplicai-vos e enchei a terra (Gn 1.27-28). Fica mais clara a origem da família, quando lemos: "Portanto, deixará o homem seu pai e e sua mãe e se unirá à sua mulher e serão ambos uma só carne" (Gn 2.24). "O homem" aí é o filho, nascido de pai e mãe. Deus fez a família para que o homem não vivesse na solidão (Sl 68.6; 113.9). Por ser de origem divina, o inimigo tem atacado a família de maneira implacável. As tentações aos pais de família, principalmente na área do sexo e do mau relacionamento com os filhos tem sido constante; os ataques aos filhos, lançando-os contra os pais; dos pais contra os filhos; o problema das drogas, do sexo ilícito, da pornografia, de outros vícios, do homossexualismo.

Recomendação de Leitura da Semana: ROGÉRIO, Marcos. Família Cristã. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.


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