sábado, 30 de janeiro de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Janeiro/2021 - Capítulo 5 - Recomendações Gerais

 




Comentarista: Mickael Ferreira



Texto Bíblico Base Semanal: Tiago 5.1-20

1. Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir.
2. As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça.
3. O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias.
4. Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos.
5. Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações, como num dia de matança.
6. Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu.
7. Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.
8. Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima.
9. Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta.
10. Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.
11. Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.
12. Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim, e não, não; para que não caiais em condenação.
13. Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores.
14. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor;
15. E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16. Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.
17. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra.
18. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.
19. Irmãos, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter,
20. Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.

Momento Interação

Em Tiago 5, os ricos injustos são alertados sobre o juízo de Deus que recairá sobre eles, por explorarem ao pobre e não se importarem com seu sofrimento. Não devemos desanimar diante dos sofrimentos da vida. É necessário mantermos a esperança e a paciência, esperando com expectativa a volta de Jesus Cristo. Tiago continua exortando os cristãos em relação a oração, o louvor e a confissão de pecados. Ele cita o exemplo da paciência e fé de Elias, que orou três vezes antes que o Senhor Deus o atendesse.

Introdução

Deus condena as riquezas mal adquiridas e mal empregadas. Que em nossos bolsos possam entrar milhões e bilhões, mas jamais em nossos corações. Não devemos ter medo de administrar os recursos que Deus nos concede e devemos fazê-lo com temor e reverência santa a Deus. O fato é que estamos esperando pelo Senhor que prometeu que voltaria e de nós é exigida paciência até que tudo venha a se cumprir em nossas vidas e na história dos homens. Enquanto esperamos pacientemente como Tiago nos exorta, devemos evitar juramentos irresponsáveis e, por fim, ele nos mostra como deve ser nosso proceder em várias experiências da vida. Dos vs. de 1 a 6, Tiago fará advertências aos ricos. Como em outra passagem dessa epístola, Tiago aplicou seus princípios às atitudes e ao comportamento dos cristãos abastados (cf. Tg 1.10,11; 2.1-13). Em nenhuma parte a Bíblia condena a riqueza em si ou por si mesma. As posses materiais são, na verdade, com frequência vistas como bênçãos de Deus (Pv 10.22).

I. Condenação aos Ricos Soberbos

Tiago generaliza que os ricos são suscetíveis às tentações de explorar os pobres ou ignorar as legítimas necessidades deles. Aqueles que não são caridosos promovem a opressão. Eles irão receber severo castigo de Deus (Lc 6.24). Conseguir riqueza de modo pecaminoso, como aquela que foi acumulada por negar aos trabalhadores o salário digno, não é bênção. Em vez disso, é um motivo para ser julgado por Deus. O que dizer de políticos e filhos de políticos importantes que da noite para o dia se tornaram milionários? Sítios, apartamentos tríplex, jatinhos, mordomias, favores, presentes, reformas absurdas, palestras milionárias, movimentações de dinheiros e capitais de forma ilícita, como tudo isso pode ser assim esquecido sem a devida mão da justiça executando seu dever?

Os que assim procedem vergonhosamente roubando e sugando uma nação inteira serão julgados por Deus e bem-aventurados os que são julgados e condenados ainda em vida, pois se morrem sem de nada saberem, terão pela frente o terrível juízo de Deus, sem misericórdia e sem perdão. O fato triste é que muitos desses políticos ladrões são idolatrados pelos mais símplices e os mais pobres e disso gostam e ainda os inflamam contra a justiça e contra os que buscam o bem e a verdade da nação. Essa é uma violação da lei de Deus  (Tg 5.5) relacionada ao salário dos trabalhadores. O salário não deve apenas ser pago, mas deve ser pago em dia (Lv 19.13; Dt 24.14-15). Violar isso ou roubar dos pobres é mesmo uma tremenda afronta. Quando o governo rouba milhões e milhões, mesmo bilhões para favorecimento de sua corja e rede de larápios não estão roubando dos pobres e os condenando a uma vida miserável e sem estrutura?

Os ricos aqui são equiparados a animais sendo engordados para o abate. Os animais satisfeitos nada sabem da fatalidade que os aguarda. Essas pessoas inescrupulosas vivem luxuosamente na terra, desfrutando prazeres, e fartando-se de comida em dia de abate; dessa maneira, assim condenam e matam o justo, sem que ele ofereça resistência – vs. 5 e 6. Isso relacionado ao justo pode ser tomado de modo literal ou figurado. O uso injusto do poder pode verdadeiramente ter causado a execução de pessoas inocentes. Figurativamente, privar um homem do seu salário é cometer um tipo de assassinato contra ele. Para o incrédulo, todas as bênçãos no final se transformam em maldição, porque para cada coisa boa recebida da providência de Deus sem uma resposta de gratidão e honra, há um correspondente aumento da culpa e da punição.

II. Pacientes para a Segunda Vinda do Senhor

Dos versículos 7 ao 11 do capítulo 5, Tiago pede paciência. Tiago pediu paciência como outra demonstração de sabedoria proveniente de Deus. Os santos devem exercitar paciência enquanto aguardam a prometida vindicação de Deus do seu povo. Deus prometeu acabar com a injustiça neste mundo (Lc 18.1-8). Esse versículo 9 de que o juiz está às portas reflete um sentido urgente da iminente vinda de Cristo. Ele reforça a esperança do Novo Testamento pelo retorno de Jesus, o qual virá no final dos tempos. Tiago também poderia ter em vista a proximidade radical do julgamento que espera todas as pessoas, pois todos comparecerão diante do juiz para prestar contas.  A paciência está vinculada à humildade, à mansidão, ao autodomínio e à perseverança. O que vai determinar a associação com as demais virtudes dependerá da fonte motivadora que exigirá de nós a paciência. 

A paciência está vinculada à humildade quando o que esperamos ou desejamos exige que nos coloquemos esvaziados diante da Soberania divina para que o Senhor realize a seu tempo o que precisamos receber de Suas mãos. Para nossa felicidade e segurança, nem sempre o Senhor nos dará o que pedimos porque o Seu insondável amor por nós nos concederá o que jamais imaginamos e que será infinitamente melhor do que nossa petição inicial (Ef 3.20,21). O Senhor nos concede pelo Espírito Santo, que em nós habita,  a humildade que precisamos para que recebamos com alegria o que contempla os Seus interesses e não os nossos. Com isso encontramos o verdadeiro descanso e contentamento para a nossa alma (mente, emoções, vontade) aos pés Daquele que é manso e humilde de coração (Mt 11.28-30). A humildade é, pois, o pré-requisito indispensável para que os propósitos divinos sejam realidade em nossa vida. 

A paciência está também vinculada à mansidão e ao autodomínio. Tiago apresenta inicialmente a figura do lavrador que lança a semente ao solo preparado para acolhê-la. Após essa ação humana, o que ocorrerá daí em diante está sob a responsabilidade do Criador que fará a semente germinar, crescer e frutificar segundo as leis inerentes ao reino vegetal. As ações humanas ocorrem em apenas dois momentos: na semeadura e depois na colheita. O que não está reservado aos seres humanos, Deus fará. Ele é fiel a Si mesmo e cumpre plenamente Suas responsabilidades independente do que somos e temos. Tudo faz ao que está reservado ao Seu poder e soberania.

III. O Perigo do Juramento

Tiago escreveu sobre uma série de assuntos, especialmente aqueles relacionados à harmonia dentro da igreja. Tiago encerrou a sua epístola tratando de diversos aspectos específicos de vida harmoniosa entre os cristãos. Essa exortação enfática (Tg 5.12) sinaliza a prioridade importante que Tiago dava à religiosidade. Enfatizar que se abstivessem dos juramentos e votos falsos de maneira tão veemente pode parecer estranho aos ouvidos modernos, mas isso é consistente com a preocupação bíblica de manter a aliança e a santidade da fé. 

O ensinamento de Tiago relativo aos jurar evidentemente derivou das instruções de Jesus quanto à questão dos juramentos (cf. Mt 5.33-37). Nem Jesus nem Tiago condenavam os votos ou o juramento corretos. Mais precisamente, ambos condenaram os juramentos levianos (cf. o ensinamento de Paulo em 2 Coríntios 1.23; 1 Tessalonicenses 2.10). Tiago estava preocupado especialmente com o fato de que as promessas vazias destruiriam os relacionamentos entre os cristãos. Por isso que nossa palavra deveria ser o sim e o não. É esperado do cristão que sua palavra seja confiável. Seja, portanto, o sim de vocês, sim, e o não, não, para que não caiam em condenação  (Tg 5.12). 

Tiago está citando o sentimento de Jesus, expresso em Mateus 5:37. Os verdadeiros cristãos não necessitam jurar por isso nem por aquilo. Eles devem ter uma sólida reputação por falarem a verdade. Não devem usar esse tipo de sentenças legalistas que enganam as pessoas pela sutileza de suas palavras e deixam-nas pensar que estão dizendo uma coisa, quando na realidade estão dizendo o contrário. A conversa do cristão deve ser franca, honesta e transparente. Devemos ser capazes de confiar nos cristãos simplesmente por serem cristãos. Em Mateus 5.33-37, Jesus rejeita toda aproximação alternativa para a verdade. Isto é, Ele rejeita a ideia de que alguns compromissos devem ser mantidos porque foram feitos sob juramento de forma específica, ao passo que outros compromissos deixam as pessoas envolvidas praticamente livres de obrigação, por não estarem vinculados a um juramento adequado.

Jesus está lutando pela integridade de todas as nossas palavras, quer sob juramento, quer não. Não é estável a comunidade em cujas palavras não se pode confiar. Como cristãos, compreendemos que todas as nossas palavras são ditas e nossos compromissos feitos na presença de Deus. As palavras e ações do cristão são sagradas. Afinal, a conversa do cristão vem de uma pessoa que foi separada pelo Deus Vivo para um propósito santo (isto é santificação). A conversa do cristão é de alguém que nasceu de novo. A pureza de nossa conversa, a integridade de nossas promessas, a honestidade transparente da pessoa que somos, dão testemunho de que somos cristãos em nossos atos e não só de nome. Assim sendo, os negócios do cristão devem ser as mais honestas transações comerciais que existem. Dão testemunho à comunidade de que somos cristãos.

IV. Oração, Louvores e a Oração da Fé

Encerrando esse ponto, o versículo 12, de Tiago capítulo 5, ele logo começa outros (Tg 5.13-18) relacionados aos sofrimentos, à felicidade, às doenças e todos eles ligados à oração/intercessão e ao louvor. Que os presbíteros deveriam ser chamados pelas pessoas doentes e que suas orações salvariam as pessoas "da morte" (vs. 20) provavelmente indica que Tiago tinha em mente casos extremos de doenças que eram cridas terem sido causadas pelo pecado na vida da pessoa. 

Há implicações, no entanto, de muitos outros usos da oração intercessória e confissão aos presbíteros, pois seriam eles que estariam ungindo os enfermos com óleo. O azeite de oliva tinha um uso medicinal comum no mundo antigo (cf. Mc 6.13; Lc 10.34), mas aqui o óleo tinha um uso simbólico em relação ao poder curador de Deus. Esse versículo 15 de Tg 5 diz que a oração feita com fé curará o doente e o Senhor o levantará. Também diz que se houver cometido pecados, ele será perdoado.

No verso 15 do capítulo 5, ele ordena à comunidade cristã que se envolva de maneira devota com as orações intercessórias pelos doentes como uma expressão de fiel dependência de Deus, pois afinal de contas com ou sem remédios, com ou sem internações hospitalares, com ou sem a intervenção direta de um médico especialista, a cura, mediata ou imediata, sempre vem de Deus e para ele é toda a glória, sempre. Ele não apoia a noção popular em alguns círculos cristãos de que um tipo especial de "oração da fé" invariavelmente irá curar, e nem apoia a tradição católica romana dos últimos sacramentos.

Também nesse vs. 15 ele diz que se houver cometido pecados, eles serão perdoados. Nem toda enfermidade é uma expressão do julgamento de Deus ou castigo contra o pecado (Jo 9.2-3), mas alguns casos de doenças o são (1Co 11.29-30). Em virtude disso, o melhor mesmo é confessar, pois, os nossos pecados uns aos outros. Tiago não está defendendo aqui que os cristãos confessem seus pecados uns para os outros sob circunstâncias normais, mas sim que eles deveriam confessar seus pecados aos presbíteros quando tais pecados possam ser as possíveis razões de suas doenças.

Na providência divina, as orações de pessoas justas com frequência orientam o curso da História. Uma pessoa consagrada que ora em fé é uma pessoa honrada ou justa. A oração de um justo é poderosa e eficaz. Elias, por exemplo, no vs. 17, embora ele exercesse o ofício especial de profeta do Antigo Testamento, ele compartilhava a humanidade comum com todos os cristãos. Sua consagrada vida de oração é um modelo para todos os santos.

Conclusão

Assim como o agricultor, nós também precisamos ser pacientes, "pois a vinda do Senhor está próxima". Precisamos fazer uso dos recursos que estão à nossa disposição: em tempo de alegria, cânticos; em tempo de tribulações (assim como em todas as situações), a oração fervorosa da fé. Será que já descobrimos as grandes coisas que a oração pode operar? ("a oração do justo pode muito" - veja final do versículo 31 de João 9).  Os versículos 14 a 16, usados para justificar todo tipo de prática errada no cristianismo, são verdadeiros apenas se as condições mencionadas forem mantidas. Todavia, um cristão dependente de Deus nem sempre se achará na liberdade de pedir cura; pelo contrário, este orará com outros irmãos para aceitar a plena vontade de Deus em paz. 

O final da epístola enfatiza o cuidado fraterno em amor: a confissão de pecados uns aos outros (não de um crente para um sacerdote), a oração uns pelos outros, o cuidado com os necessitados. Há pouco espaço para doutrina nesta epístola. Por outro lado, há grande ênfase à prática da vida cristã. Que Deus não permita que nem um de nós seja "ouvinte negligente, mas operoso praticante" (Tg 1.25). Encerrando sua carta ele fala dos que se desviam da verdade, mas que ainda podem ser resgatados de volta, mesmo que desviados para padrões pecaminosos ou tenham mostrado evidências da ausência de uma fé salvadora.



Sugestão de Leitura da Semana: GOMES, Eliezér. Maturidade Espiritual. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.


sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

A Verdadeira Conversão

 




Por Robson Diaz



Deixe-me fazer uma pergunta: Tudo o que se reduz a cinzas não tem mais utilidade? Aos olhos dos homens é um desperdício, mas a Bíblia diz que o doce aroma dessa consagração sobe ao céu, e Deus sente o aroma dessa oferta queimada. Para o mundo é um grande desperdício. Somente Deus sente o aroma dessa maravilhosa consagração. 

Consagração significa ser trabalhado por Deus. Consagração não é trabalhar para Deus. Consagração não é ir para o Amazonas pregar o evangelho. Consagração significa ser trabalhado por Deus. Somente depois que somos trabalhados por Deus podemos verdadeiramente trabalhar para Deus. Depois de Deus haver operado em nós já não somos mais um "boi vivo", fomos reduzidos a cinzas. Somos transformados a nada, assim poderemos ser enviados para o Amazonas. 

Hoje vemos muitos "bois vivos" indo para o Amazonas e damos graças a Deus por eles, pois já que muitos estão indo, nossa consciência não nos incomoda. Mas esse não é o caminho de Deus. Isso não é consagração. O significado de consagração não é trabalhar para Deus. Antes de podermos trabalhar para Ele, nós mesmos precisamos ser trabalhados por Deus, precisamos ser transformados. 

Que transformação é essa que acontece no altar? A transformação no altar é apenas uma: aos olhos das pessoas, somos reduzidos a zero. Antes éramos úteis para o mundo. Agora já não temos utilidade alguma para ele. Com relação ao mundo, estou crucificado. Com relação a mim mesmo, o mundo também está crucificado, não há qualquer esperança em mim. Isso é consagração! 

Então irão dizer: "Mas que desperdício! Por que você resolveu fazer isso? Você poderia ser um grande diretor da IBM, General Motors ou da Volkswagen. Mas agora você se consagrou ao Senhor. Que desperdício!”. 

Foi exatamente isso o que os discípulos de Jesus disseram: "Mas que desperdício! Por que foi derramado esse óleo de alabastro sobre Jesus?" Dentre aqueles discípulos estava Judas. Judas nunca chamou Jesus de Senhor. Já observou que durante toda a vida de Judas, ele sempre chamava o Senhor de Rabi? Ele nunca chamou o Senhor Jesus de Senhor. Judas quis dizer: "Ah, não derrame óleo sobre a cabeça dEle -- é um desperdício!". Ainda que alguém derramasse água sobre a cabeça de Jesus, Judas diria que era um desperdício. 

Se conhecermos a preciosidade do nosso Senhor, nunca será um sacrifício consagrar-nos a Ele. É a nossa honra sermos reduzidos a cinzas. As pessoas não veem, mas Deus sente esse aroma suave. Que coisa maravilhosa! Você está disposto a ser reduzido a cinzas? Poderá dizer: "mas não terei utilidade alguma, serei uma pessoa inútil". Não, de forma alguma! Lembre-se que nós também somos pó, areia. Não somos nada mais do que barro. Não temos nada a oferecer ao Senhor. Mas, de alguma forma, esse sacrifício está agora sobre o altar -- fomos reduzidos a cinzas. 

Os Vasos Transparentes 

Somente Deus pode usar a cinza. Ele sabe como usá-la. Somos simplesmente barro, simplesmente areia. Mas agora estamos no altar, fomos reduzidos a cinzas. Todavia, quando se mistura areia e cinza e depois coloca-se fogo nessa mistura, qual é o resultado? O resultado é o vidro. Da mistura do barro com a cinza surge um material transparente. 

Na Nova Jerusalém tudo é transparente e a Bíblia diz que em frente ao trono há um mar de vidro -- uma linda água marinha. Você já viu uma água marinha? Se visitar Minas Gerais, procure ver uma água marinha. Aquela pequena pedra preciosa é como o mar. No Brasil não se encontram grandes rochas de água marinha, mas, diante do trono de Deus sim! Diante de Seu trono nada é opaco, tudo é transparente. 

Hoje não entendemos muitas das coisas que nos estão acontecendo. Perguntamos: "Mas por que eu? Por que isso está acontecendo comigo?" Você não entende. Muitas vezes a vontade de Deus é bastante opaca para nós, mas quando chegarmos diante do trono de Deus, quando formos arrebatados, quando estiver na presença de Deus, naquela hora entenderá porque você passou por determinadas dificuldades, porque passou por aqueles vales escuros. Naquela hora você entenderá porque diante do Trono de Deus tudo é transparente. Naquele momento conheceremos e entenderemos a vontade de Deus. "Oh, felizmente Deus nos fez sofrer daquela forma para que sofrimentos maiores pudessem ser evitados. Deus nunca cometeu um erro em nossa vida". 

Hoje reclamamos muito, nos queixamos tanto porque nada é transparente para nós. Estamos às escuras, não conhecemos a vontade de Deus. Choramos, derramamos lágrimas, lágrimas de autopiedade. Mas tudo o que Deus tem feito conosco é sempre com o melhor propósito. É a nossa glória. Mas como nós sabemos disto? Quando chegamos no Trono de Deus, tudo vai estar claro. Se estamos debaixo do senhorio de Cristo, vamos descobrir que, diante do Trono de Deus, há um mar de vidro. Tudo é transparente. 

Entende agora de que maneira a vontade de Deus pode ser transparente para nós? Significa que precisamos da obra de transformação. Com Deus, da mistura de cinzas e areia, surge algo transparente. É dessa forma que obtemos o vidro. Sempre que olhar para um pedaço de vidro, lembre-se de onde veio; uma parte é barro, outra de cinza. 

Queremos conhecer a vontade de Deus, no entanto, apresentamos somente o barro, não temos nenhuma cinza no altar. Queremos ser vidro transparente, mas sem cinzas é impossível. Esse é o caminho da cruz. Passamos por essa transformação com um único propósito: para que essa mesma vontade se torne agradável e doce para nós; para que a vontade de Deus seja aceitável, não somente tolerável. Para algumas pessoas, às vezes, a vontade de Deus é tolerável. Mas a Bíblia diz que a vontade de Deus é agradável e perfeita. 

Somente pela obra da cruz em nossas vidas as pessoas poderão ver a beleza que há dentro de nós. Paulo disse: Nós temos esse tesouro em vaso de barro. Você pode ver o tesouro em um vaso de barro? Não, só pode ver o vaso de barro, um vaso de barro é muito opaco. Como esse vaso pode ser tornar transparente? Apresente sua vida a Deus e deixe o Senhor transformá-la em cinzas. Então, misturando as cinzas com o barro, Deus vai nos transformar em um vidro transparente. A partir daí as pessoas começam a ver a beleza, começam a ver o tesouro que está em nós. Essa é a maravilhosa obra de Deus em nossa vida.


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

A Liderança de Moisés e a Jornada de Israel pelo Deserto

 




Por Leonardo Pereira,



No próximo Comentário Bíblico Mensal, o do mês de Fevereiro de 2021, nós estudaremos um tema particularmente importante para a vida cristã no que se refere à experiências, legados, fé e esperança. Lições do Deserto é uma reflexão sobre como o povo de Israel se comportou durante a peregrinação de quarenta anos no deserto sob a batuta de Moisés, guiados pelo poder do Senhor passando pelos maiores desafios morais, éticos, sociais, psicológicos e espirituais das suas vidas. Ainda que o Pentateuco (os cinco livros escritos por Moisés) nos relate com detalhes primorosos o surgimento da nação hebreia partindo de Abraão quando saiu de Ur dos Caldeus (cf. Gn 12.1-3) ouvindo a voz de Deus e peregrinando aonde o Criador orientava-o, até quando o povo se instala no Egito sobre a segurança de José, governador da época nas terras de Faraó. O povo cresceu no Egito, a geração de José passou, um novo período na história do povo de Deus se despontava no horizonte e era chegado o tempo em que Israel teria o seu próprio lugar para adorar a Deus, agradecer e bendizer o seu nome, ser referência às nações da época, servi-lo com alegria e apresentar-se perante Ele de forma irrepreensível, santa e digna. Para tal momento, Deus preparava todo o cenário para estes acontecimentos. Moisés foi chamado por Deus para libertar o seu povo do jugo egípcio que clamava por salvação. A saída das terras de Faraó não seria fácil. O povo hebreu tinha dúvidas quanto à Moisés, Faraó tinha o seu coração endurecido para com as palavras de Deus por intermédio do filho de Anrão e Joquebede. Contudo, Deus libertou o eu povo com seu braço forte e mão estendida, abriu o Mar Vermelho, fez o povo da aliança com Abraão passar, fez os mesmos virem os egípcios perecerem no mar e ao serem libertados, louvaram ao Senhor com grande regozijo e confiança no Senhor. Era um novo momento para o povo de Israel em sua vida, peregrinando no deserto rumo à Terra Prometida.

A Difícil Peregrinação

Após a grande vitória que o Senhor lhes concedera diante dos exércitos de Faraó, Israel iniciou a peregrinação pelo deserto de maneira incrédula e murmuratória. Ao passo de três dias, a primeira reclamação do povo para com Moisés foi a escassez de água, algo um pouco contraditória para Israel, sendo que eles passaram pelo meio do mar como se estivessem em terra seca, com as águas partidas ao meio como se fosse um parede. Após esta murmuração, vários outros conflitos surgiram no deserto desde petições, idolatrias até disputas pelo poder. Israel dá-nos a entender que apesar de terem saído do Egito, viviam com os mesmos valores da escravidão, da idolatria e da incredulidade que outrora possuíam. A primeira geração hebreia pós-Egito era um povo infiel, incrédulo e que não possuíam escrúpulos algum com a intenção de matar Moisés e seu irmão Arão para satisfazer as suas próprias vontades. Viviam para seus próprios prazeres e não para Deus. Viviam como bem entendiam mas não cumpriam com tudo que tinha dito que cumpririam para com o Senhor. A iniciar a grande jornada durante os quarenta anos pelo deserto, Israel viveu completamente um crise de inversão de valores, já existentes naquele período. Em tão pouco espaço de tempo a nação hebraica se esquecera das leis, das promessas, das bênçãos e dos milagres que tantas vezes o Altíssimo outogou-lhes. Durante muito tempo, um dos maiores problemas da parte de Israel em sua jornada era a sua murmuração. O povo era inconstante, de tal maneira que Moisés, em certo momento, o homem mais manso da terra (Nm 12.3), irritou-se fortemente com o povo: "E aconteceu que, chegando Moisés ao arraial, e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se lhe o furor, e arremessou as tábuas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte; E tomou o bezerro que tinham feito, e queimou-o no fogo, moendo-o até que se tornou em pó; e o espargiu sobre as águas, e deu-o a beber aos filhos de Israel. E Moisés perguntou a Arão: Que te tem feito este povo, que sobre ele trouxeste tamanho pecado? Então respondeu Arão: Não se acenda a ira do meu senhor; tu sabes que este povo é inclinado ao mal" (Êx 32.19-22).

O Exemplo da Jornada de Israel para o Nosso Tempo

Dentre os que mais destacaram os reflexos da peregrinação da nação de Israel no deserto, encontra-se o doutor dos gentios, o apóstolo Paulo. Ele traça um paralelo deste período com a igreja de Corinto, citando o povo na jornada rumo á Terra Prometida como um modelo à não seguirmos pela sua incredulidade e murmuração durante o longo período da caminhada. Diz o apóstolo Paulo: "Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, E todos comeram de uma mesma comida espiritual; E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto. E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para folgar. E não nos forniquemos, como alguns deles fizeram; e caíram num dia vinte e três mil. E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram, e pereceram pelas serpentes. E não murmureis, como também alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor" (1 Co 10.1-10). Paulo apresenta um resumo objetivo do povo quando eles adentraram, peregrinavam e prostaram-se no deserto. Podemos resumir que os hebreus da primeira geração viverem três períodos distintos rumo à Terra Prometida: regressar ao Egito, permanecer no deserto, e viver por sí só no deserto. Esta primeira geração enfrentou diversos desafios para serem superados, vencidos, tendo a confiança plena no Senhor e não em seu próprio braço. Infelizmente não foi assim que os hebreus interpretaram esta questão e por isso, muitos da primeira geração pereceram no deserto, por não compreenderem que devem confia no Altíssimo para superar o deserto, e não para se manterem sempre no deserto com as mesmas atitudes de antes, durante e depois da peregrinação. 

Conclusão
 
Mais que estudarmos e compreendermos a jornada de Israel pelo deserto na liderança de Moisés, guiado pelo Altíssimo para tamanha obra, é nós compreendermos os valores que o período de quarenta anos de peregrinação trazem em nossas vidas para o nosso tempo. Trazendo para a perspectiva bíblica, Israel saindo do Egito e entrando no deserto em sua caminhada não aprendeu ou mesmo desenvolveu um relacionamento especial e íntimo com o Senhor, mas sim, pelos seus pecados, idolatria e incredulidade, foram sepultados no deserto ainda em vida, por se afastarem dos caminhos do Senhor e do próprio Senhor. Trazendo para a perspectiva moral, o povo hebreu foi infiel ao Senhor em suas palavras e obras, não escutando-o através do seu servo Moisés, até mesmo pessoas como Datã, Corá e Abirão disputarem o poder da liderança do povo para com ele e seu irmão Arão. A falta de comprometimento de Israel para com o Senhor era visível em suas condutas e ações, levando Deus tomar a justa decisão de fazer entrar em Canaã a segunda geração, salvo Josué e Calebe. Na perspectiva espiritual, a dependência total e plena do Senhor em meio ao deserto é uma lição que todos nós devemos adquirir. Foi o Senhor quem lhes deu pão e água no deserto, não os fazendo perecer de sede ou de fome nas areias das terras áridas. Foi Deus quem lhes protegeu a noite pelo coluna de fogo (para não morrerem de frio) e uma coluna de nuvem (para não morrem pelo calor) em pleno deserto. Mais do que aprender nesta jornada com Moisés e o povo de Israel, é compreendermos a doutrina primária da fé cristã nos livros de Moisés: a nossa suficiência vem de Deus! (2 Co 3.5).



Referências:

ATAÍDE, Romulo; MUNIZ, Sidney; PEREIRA, Leonardo; ROGÉRIO, Marcos. Comentário Bíblico Evangelho Avivado Volume 1 - Antigo Testamento. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

BARBOSA, Maxwell. Ações de Graças. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.

MENEZES, Walter. Liderança & Legado. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.

PEREIRA, Leonardo. Jacó - Um Patriarca nos Caminhos do Senhor. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.

RIBEIRO, Anderson. 1ª Coríntios. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

ROGÉRIO, Marcos. Livros Poéticos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.


sábado, 23 de janeiro de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Janeiro/2021 - Capítulo 4 - Humildade e Mansidão

 




Comentarista: Mickael Ferreira



Texto Bíblico Base Semanal: Tiago 4.1-17

1. De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?
2. Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis.
3. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.
4. Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
5. Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?
6. Antes, ele dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.
7. Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
8. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações.
9. Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza.
10. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.
11. Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz.
12. Há só um legislador que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?
13. Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos;
14. Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.
15. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo.
16. Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória tal como esta é maligna.
17. Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.

Momento Interação

Em Tiago 4, aprendemos qual é a raiz das guerras, discussões, desentendimentos e intrigas que há na humanidade, são os desejos malignos do coração. Tiago adverte que se formos dominados por eles viveremos em guerra. Só não temos o que desejamos por dois motivos: 1. Não pedimos a Deus, 2. São pedidos que Deus não pode atender. Tiago aprofunda a ideia de relacionamento, compromisso e intimidade com Deus. Ele nos mostra o que é necessário para se achegar a Deus de forma real e sincera. Não devemos julgar o próximo. Não somos juízes da Palavra de Deus, apenas observadores. Por isso, nosso comportamento deve ser de união e respeito mesmo quando discordamos em alguns pontos. Por fim, Tiago fala sobre a expectativa do dia de amanhã. Não podemos nos gloriar nele, pois ele não existe ainda. Devemos nos gloriar no Senhor e na esperança de que o “amanhã” virá por causa da sua graça.

Introdução

Há tantas coisas que militam em nossa carne querendo nossa atenção. É a cobiça, a inveja, os prazeres, a amizade do mundo. Ser amigo do mundo significa aqui em Tiago desprezar a Deus porque ele está falando do sistema que há no mundo e não do mundo criado e bendito de Deus. No mundo quem governa e quem está no trono de nossa vida recebendo adoração é o nosso ego e não o nosso Deus. Quando está sentado no trono da minha vida o meu “eu”, então a minha motivação não é Deus, nem sua lei, nem meu próximo, mas tão-somente meus desejos. Quando eu peço algo a Deus apresentando-me diante de Deus com meu ego entronizado, eu não receberei nada que tenha pedido. 

Há dois tipos de sabedoria: uma de Deus e outra do mundo. Tiago informou a seus leitores sobre como distinguir uma da outra. De onde vem o que é mal em nossos corações que nos motivam às práticas erradas? Os maus desejos são as causas das divisões entre os santos. Aqui a inveja está ainda sendo considerada, como um desejo perverso destrutivo. A língua pode ser um instrumento do mal nas discussões, mas os maus desejos encontram-se na fonte. É a cobiça que desperta em nós os desejos de termos as coisas e ela nos leva até à morte e à inveja para consegui-las, por isso vivemos lutando e em guerras e nada temos, simplesmente porque não pedimos.

A inveja é um pecado contra Deus. Ela procede da falta de confiança de apresentarmos as nossas necessidades a Deus. Tiago não está prometendo aqui que se nós simplesmente orarmos, todos os nossos desejos serão satisfeitos. Orar pelo que necessitamos e desejamos demonstra sabedoria, mas a oração é muitas vezes o meio pelo qual Deus modela os nossos desejos para que eles se conformem aos desejos dele. Quando deixamos de nos aproximar de Deus em oração a respeito das nossas necessidades, somos propensos a recorrer à ganância e aos esforços mundanos.

I. Guerras e Pelejas

Visto estar ciente de problemas no seio da comunidade, Tiago faz uma transição abrupta: põe de lado os pacificadores, os líderes sábios da comunidade, e enfrenta a situação dos conflitos na igreja. De onde vêm as guerras e contendas entre vós? Eis uma boa pergunta, visto que, se a sabedoria de Deus se encontra entre os pacificadores, as guerrilhas comunitárias não procedem dos amantes da paz. O resultado de uma comunidade obedecer aos padrões cristãos pode gerar conflitos com o mundo pagão ou com a sinagoga, como resultado inevitável da fidelidade a Cristo. Mas as querelas dentro da igreja (i.e., entre vós) são guerra civil e não defesa nacional.

A pergunta de Tiago é retórica, pois ele já conhece a resposta: Não vêm disto, dos prazeres...? A semelhança do capítulo 1.13-15, Tiago não porá a culpa em forças externas: a fonte são seus próprios impulsos maus, ou, como Paulo diria, o "velho homem", a velha natureza carnal. Tais contendas podem ser "apenas humanas", mas refletem a humanidade decaída; enquanto as pessoas não reconhecerem seu pecado e dele não se arrependerem, não há esperança de paz na igreja. O verdadeiro campo de batalha é interno: Os prazeres que nos vossos membros guerreiam. Os maus impulsos na pessoa não fazem parte de seu corpo (este pode servir a Deus tão facilmente como pode servir ao diabo), apenas estão no corpo e lutam pelo seu controle. Teoricamente, mediante o Espírito "da sabedoria que vem do alto", as pessoas deveriam estar capacitadas a conquistar seus maus impulsos, mas, tendo em vista o fato de que sua fidelidade dividiu-se entre Deus e o mundo (Tg 4.4,8), tais pessoas não obtêm a vitória, mas vivem em constante luta; a parte sob o controle de Deus luta contra a parte sob o controle do mundo. A linguagem é forte; a batalha é uma experiência profunda. 

Tiago discute com maiores minúcias o que ele afirmara em 4.1. A raiz do conflito é o desejo: você almeja algo. É esta exatamente a questão em Tiago 1.14. Seja qual for o objetivo, o desejo é a origem do pecado e do conflito. Posteriormente, Tiago salienta as consequências do desejo frustrado (não podeis obter o que desejais). Em vez de reexaminar seus desejos, a pessoa por eles aprisionada lança mão da calúnia e do abuso verbal contra os que foram atendidos em seus pedidos (num sentido metafórico, o invejoso "assassina" o próximo). É evidente que a inveja acompanha esse desenvolvimento (como em Tiago 3.14), dando uma aparência de amizade, na superfície, mascarando todavia uma luta pelo poder. 

A rivalidade pessoal induz a lutas partidárias: combateis e guerreais. As palavras de Tiago 3.16 tornaram-se realidade na vida da comunidade: ei-la tomada pela desordem. No entanto, apesar de tanta intriga, não se obteve o resultado colimado: nada tendes (i.e., nada que desejais). Tentaram satisfazer seus desejos de modo errado, mas a tradição cristã tem um caminho melhor — o de pedir a Deus. Foi Jesus quem nos disse: "Pedi, e recebereis". Os iníquos estão tramando, não estão pedindo. O resultado será a frustração.

II. Pedindo a Deus com Sabedoria

A resposta de Tiago ao protesto implícito está na última linha do paralelismo. Pedis e não recebeis porque pedis mal; há um motivo ponderável para a oração não funcionar: pedis mal, isto é, a motivação é errada. Nenhuma oração é respondida automaticamente. Os evangelhos contêm muitas promessas quanto à oração (cf. Mt 7.7-11; 17.20; Mc 11.23,24; Lc 18.1-10; Jo 14.13); todavia, cada promessa traz em si uma pressuposição central, a saber, que o coração de quem ora está em sintonia com o coração de Deus. É isso que significa orar "em nome de Jesus", ou ter fé, ou pedir alguma coisa ao pai. Essa é a razão por que a oração dominical inicia-se com três pedidos que enfatizam a vontade de Deus. Se a oração nada mais fosse do que uma fórmula mágica (diga as palavras corretas, creia com suficiente firmeza e confesse seus pecados; seu pedido será atendido), os cristãos estariam envolvidos num tipo de magia. Poderiam manipular Deus ou a ele impor suas vontades, pois Deus seria obrigado a responder. 

Em contraposição, a oração do Novo Testamento cresce de um relacionamento com um pai cuja vontade é suprema. Tiago aponta-nos, então, que esses crentes não podem receber porque não estão sintonizados com Deus; eis a razão: pedis... para o gastardes em vossos prazeres. A implicação não é que Deus nunca nos concede coisas que nos dêem prazer. Nosso Deus é o Deus misericordioso que nos dá não apenas pão e água, mas também carne e vinho (Fp 4.12). A questão crucial é que aqueles crentes eram motivados por desejos egoístas, e pediam apenas com o objetivo de satisfazer o seu ego. Não se trata de um filho cheio de confiança, que pede uma refeição, mas um filho cobiçoso, que pede tudo que lhe apetece(Desejar intensamente; aspirar a; pretender, cobiçar, ambicionar) mais, ou a criança mimada que exige as coisas a seu modo. Aqueles crentes pediam a Deus que lhes abençoasse as tramóias; porém, Deus não participará delas.

Deus recusa-se a responder aos pedidos que procedem dos maus desejos. Orar pelos motivos errados é orar sem fé (Rm 14.23; Hb 11.6). Por isso que pedimos e não recebemos, pois estamos pedindo por motivos errados, para nos gastarmos em nossos prazeres. Tiago os chama de adúlteros ou de infiéis - trata-se de infidelidade espiritual – aqueles que tem amizade com o mundo e com Deus ao mesmo tempo. Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus. Aqui, ele pode estar se referindo especialmente a Deuteronômio 6.15 ou, mais geralmente, à Escritura num sentido amplo (Êx 20.3,5; 34.14; Dt 32.21; Js 24.19; Na 1.2). Em seguida  (Tg 4.5) ele explica que o Espírito Santo que Deus fez habitar em nós, por Cristo, tem fortes ciúmes. O Espírito de Deus habita nos cristãos, e por essa razão os cristãos estão ligados a Deus na mais profunda intimidade. Portanto, Deus não irá tolerar uma fidelidade que esteja divida entre ele e o mundo. Simplesmente, não dá para agradar ambos: a Deus e ao mundo. Então, ele nos enche de graça e graça maior, como está escrito: "Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes" (Tg 4.6).

III. Sujeitando-se ao Senhor

A igreja é a noiva de Cristo, assim como Israel era a noiva de Deus (2 Co 11.2; Ef 5.22-24; Ap 19- 21). Quando Israel se voltava para a idolatria, não abandonava o culto a Deus, mas tentava fazer um "sincretismo"( Tendência à unificação de ideias ou de doutrinas diversificadas e, por vezes, até mesmo inconciliáveis), ou combinação de ambos: Deus no templo e a rainha do céu em casa; Deus no templo, e Baal no pátio. E por isso Israel é reiteradamente comparado a uma esposa infiel, adúltera, que deseja manter a segurança e a respeitabilidade de seu lar e do marido, mas também deseja usufruir o amante (Is 1.21; Jr 3; Os 1-3). Tiago aplica essa imagem à igreja, acusando-a de servir a certo tipo de "ídolo" e simultaneamente a Deus.

E fácil identificar o "ídolo": é o mundo. Não sabeis que a amizade do mundo é inimizade com Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. As pessoas deviam ter reconhecido esse fato, porque aquela pergunta, não sabeis, indica que este ensino não é novidade. Como em 1 João 2.15-17, mundo significa cultura, costumes e estruturas humanísticas, organizados sem a atuação de Deus. O oposto de mundo é reino, entre os quais a igreja funciona como ponte aqui na terra, em que Deus é a origem e o centro de toda vida. Esses cristãos adoram a Cristo com muita fidelidade, mas também procuram os benefícios da influência, da segurança financeira e de um padrão de vida melhor, o que significa que não conseguem viver "de um modo literal demais", segundo o ideal da igreja de servidão e generosidade. Vagarosamente os princípios "práticos" do mundo (poder, hierarquia, autoridade) vão sendo levados para dentro da igreja, conforme testemunham as dissensões e os conflitos.

Tiago diagnostica sem pestanejar que essa forma de infidelidade chama-se apostasia — a mesma doença do Antigo Testamento. De acordo com Jesus, o novo ídolo chama-se Mamom, ou riquezas (Mt 6.14; Lc 16.13); Tiago o chama "mundo". Como afirma Jesus, não podem existir "dois senhores". Querem ser amigos do mundo (o que pode dar a entender que nem mesmo o mundo deseja a meia lealdade que oferecem); são, portanto, inimigos de Deus. Nenhum marido se contentará com menos do que um relacionamento exclusivo por parte da esposa; Deus não aceitará menos do que total fidelidade. Além de condená-los por seu comportamento, Tiago acrescenta uma advertência: ou pensais que em vão diz a Escritura que... Aquela gente tem lido o Antigo Testamento, e só a supressão voluntária de sua mensagem pode justificar suas ações.

O Espírito que ele fez habitar em nós tem intenso ciúme. Deus é como um marido ciumento (Êx 20.5; 34.14; Dt 4.24) que não vai tolerar adultério de sua "noiva". O alvo do ciúme de Deus é o Espírito que ele soprou no seu povo (cf. Gn 6.17; 7.15; Sl 104.29,30; Ez 37), a quem chamou para que o adorasse e a ele obedecesse. Quando, entretanto, seu povo corrompe seu espírito para servir ao mundo, o ciúme de Deus se inflama. Ai da pessoa que ignora a ameaça divina, como se as Escrituras fossem apenas papel e tinta! Afirma Tiago que Deus está irado contra esses crentes; na verdade, Deus se constituiu inimigo deles. No entanto, Tiago infunde esperança no povo, em vez de terror: antes, ele nos dá uma graça maior. Tiago está consciente do julgamento de Deus sobre os que se recusam a arrepender-se (Tg 5.1-6), mas está também consciente de como Deus está disposto a perdoar. O desejo de Deus de perdoar é um preceito sobre o qual o livro todo de Tiago se baseia (Tg 5.19,20). Há razão para o tremor, mas o tremor será apenas um prelúdio à alegria, se o povo se voltar para Deus, pedindo sua graça.

IV. Vivendo a Vontade do Altíssimo

A prova desta verdade também se encontra nas Escrituras: portanto, diz a Escritura: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Este versículo (Pv 3.34) é um dos textos prediletos da tradição cristã ética, e proporciona ao povo a possibilidade de uma escolha: pode humilhar-se e receber uma graça de Deus, ou pode prosseguir na autossuficiência humana e sofrer a ira de Deus. A atitude de Deus não será determinada pelos pecados do passado, mas pelo atual estado do coração de seu povo. O Deus de Tiago é o Deus benevolente das Escrituras. Visto que Deus é misericordioso, o passo seguinte é arrepender-se, o qual Tiago apresenta numa série de dez mandamentos. Sujeitai-vos, pois, a Deus é o ponto principal. Se haviam tentado manipular a Deus mediante suas orações, se haviam desprezado os mandamentos de Deus conforme exarados nos ensinos de Jesus, isso era sinal de que não se tinham submetido (sujeitado) a Deus. Essa atitude precisaria mudar. 

Não há graça barata, nenhum perdão de pecados se o pecador pretende continuar pecando. Contudo, em havendo sujeição a Deus, a graça está disponível. O primeiro passo é parar de agradar ao diabo: Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Tiago demonstra que, embora o impulso para pecar é algo interno, ceder a esse impulso é entregar-se ao diabo. Os evangelhos são claros neste ponto (Mt 4.1-11; Mc 8.28-34; Lc 22.31; Jo 13.2,27). Todavia, o diabo não exerce poder sobre o cristão, exceto o poder da sedução. Quando resistimos ao diabo, este se comporta como o fez diante de Jesus, no deserto — foge. A mesma experiência será também a do crente, se aprender a dizer não. 

Há promessa e ao mesmo tempo exigência na convocação chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. É promessa recíproca de Deus: torne-se para ele o que ele se tornará para você (Mq 3.7), volte-se para Deus, que Deus se voltará para você (cf. Zc 1.3). Deus é um Pai amoroso que aguarda a oportunidade de responder a seu filho em perdão, mas há uma exigência: que o filho se arrependa e se aproxime, chegai-vos. Este termo normalmente indica um ato de culto. Mas toda a adoração naquela igreja deixa de ser uma aproximação, para alguns, pois sua desarmonia comunitária, enraizada na preocupação com o sucesso mundano, impossibilita tal aproximação, por ser inaceitável. "Aproximem-se de mim", clama o Senhor. "Adorem-me em espírito e em verdade! Cultuem-me em obediência!" (cf. Tg 1.27).

Prosseguindo a metáfora, clama Tiago: Lavai as mãos, pecadores. O culto no Antigo Testamento exigia mãos cerimonialmente puras (Êx 30.19-21). Esses crentes não estão preparados no momento para o culto, porque estão em pecado. O termo pecadores é forte, pois Tiago não aceita desculpas. As ações dessas pessoas são pecaminosas — de fato são pecado indesculpável. E só mudarão seu comportamento ("lavarão as mãos") depois de aceitarem esse fato. Tiago deixa o comportamento de lado e trata agora do problema interior, ao exigir: vós de duplo ânimo, purificai os corações. Outra vez temos um termo do cerimonial tirado do Antigo Testamento (Êx 19.10), mas a imundícia agora não está no exterior (pelo fato de o judeu ter tocado num cadáver), mas no interior. A natureza da purificação que se faz necessária transparece no termo duplo, o mesmo encontrado em Tiago 1.8. Não se aplica a uma pessoa que conscientemente oculta seus motivos reais, mas a uma pessoa cuja motivação encontra-se dividida. Por um lado, a pessoa deseja seguir a Cristo e ser um bom cristão; por outro lado, não está disposta a desistir do mundo (cf. Rm 6.8; 2 Co 5.11-17). As pessoas assim apresentam desculpas pelo fato de seguir os padrões do mundo a respeito de influência e modos de ganhar dinheiro (cf. Tg 4.13-17).

Conclusão

Finalmente, surge a esperança; quando os pecadores se humilham diante de Deus (humilhai-vos perante o Senhor), entristecidos de verdade por causa do pecado, a aceitação da parte de Deus é garantida: ele vos exaltará (cf. Tg 4.6). O quadro em mira é o de alguém prostrado diante de um potentado oriental, a quem roga misericórdia. O monarca inclina-se em seu trono e ergue o rosto daquele que pede, tirando-o do pó do chão. A pessoa levanta-se com alegria, cheia de gratidão, sabendo que foi perdoada. Esta metáfora ocorre no Antigo Testamento para ilustrar a ação divina na restauração do destino dos pobres: "Ele põe os humildes num lugar alto, e os que choram são levados para a segurança" (Jó 5.11). Tampouco rejeitará Deus a esses cristãos, se se arrependerem de seus pecados e os abandonarem. Tiago encerra esta seção sobre a língua, a sabedoria e os impulsos maus com uma exortação final que se centraliza na natureza do arrependimento que há pouco ele exigiu.

Irmãos é palavra que indica alívio esperado, ao iniciar novo parágrafo, depois de tão estrondosa denúncia na última seção (Tg 4.1-10). No entanto, Tiago emite novo mandamento de imediato: não faleis mal uns dos outros, ficando definido que "falar mal" é "julgar a seu irmão". Tiago percebeu que havia crentes falando mal (negativamente) uns dos outros: "Você já sabe que é que fulano (ou fulana) fez?". Pouco importa se as acusações são verdadeiras ou falsas, visto que independentemente de serem verdade ou mentira, divulgá-las a pessoas que não estão envolvidas na situação vai destruir a harmonia da comunidade. "O amor cobre uma multidão de pecados" (cf. 1 Pe 4.8). O amor não divulga pecados, pelo que os crentes não devem falar negativamente a respeito de seus irmãos.

Tiago justifica seu mandamento sem mencionar Jesus: "Não julgueis" (Mt 7.1-5), mas utiliza um argumento que poderia enfatizar a grande gravidade da ofensa, com maior clareza: o crítico das pessoas fala mal da lei e julga a lei. De que modo o crítico fala mal da lei? A lei em Levítico 19.18 estabelece que devemos amar ao próximo como a nós mesmos. O próprio Jesus disse que este é o segundo maior dos mandamentos (Mc 12.31), cujo significado o Senhor fez derivar da regra áurea (Mt 7.12). Criticar outra pessoa não é amá-la, tampouco é o modo pelo qual desejamos ser tratados. Portanto, criticar alguém implicitamente é criticar a própria lei: "Não se aplica a este caso". Se isto fosse verdade, o crítico não mais está simplesmente "guardando" a lei como um observador da lei, mas fez-se juiz. Desprezar a lei concernente aos comentários negativos parece algo inocente, mas por baixo desse desprezo está o espírito de orgulho segundo o qual em certos casos pode-se "corrigir" as leis de Deus.



Sugestão de Leitura da Semana: SILVA, Oliveira. O Fundamento da Igreja de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.


sábado, 16 de janeiro de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Janeiro/2021 - Capítulo 3 - O Cuidado na Conduta Cristã

 




Comentarista: Mickael Ferreira



Texto Bíblico Base Semanal: Tiago 3.1-18

1. Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.
2. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.
3. Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo.
4. Vede também as naus que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa.
5. Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.
6. A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.
7. Porque toda a natureza, tanto de bestas feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana;
8. Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.
9. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.
10. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.
11. Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?
12. Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira figos? Assim tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce.
13. Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria.
14. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade.
15. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica.
16. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa.
17. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia.
18. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.

Momento Interação

Em Tiago 3, há um ensino poderoso sobre a língua. As nossas palavras podem edificar sonhos fantásticos, assim como pode destruí-los. Tiago nos ensina sobre o mundo de maldade e pecado que há escondido em um órgão tão pequeno, e sobre o nosso dever de dominá-lo. Não devemos usar a boca como fonte de bênção e maldição. Ela deve ser apenas, fonte de bênção. Uma fonte limpa! Ele trata neste capítulo falando sobre a diferença entre a sabedoria terrena e a sabedoria do alto. Uma se comporta de maneira carnal, egoísta, insensata, destrutiva. A outra é muito superior! Pacífica, espiritual, amorosa e promotora da união.

Introdução

Tudo o que existe em nosso universo veio a existir pelo poder da palavra. Deus falou, e nosso mundo veio a existir. Quando ele formou o homem, a mais elevada das criaturas terrestres, Deus o abençoou com a capacidade de se comunicar. Podemos falar, e até mesmo escrever, porque Deus nos deu o dom da linguagem. Quando o diabo usou palavras mentirosas para tentar Eva, ela e seu esposo caíram em pecado (Gn 3). Quando os homens abusaram da boa dádiva da comunicação para se exaltar e desobedecer a Deus, ele confundiu suas línguas para forçar povos diferentes a se separar e povoar a terra, como ele tinha ordenado anteriormente (Gn 11.1-9; 9.1).

Mesmo que os homens tenham frequentemente abusado de suas palavras, a capacidade de se comunicar ainda é uma bênção. Quando o próprio filho de Deus veio ao mundo, ele foi descrito como a Palavra (Jo 1.1, NVI). É pela proclamação de sua mensagem, o evangelho, que chegamos a conhecê-lo e a obedecê-lo. O evangelho "é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego" (Rm 1.16). "E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo" (Rm 10.17).

Os discípulos de Jesus têm a responsabilidade de ensinar o evangelho a outras pessoas. Paulo encorajou Timóteo a cumprir esta missão: "Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina" (2 Tm 4.2). "E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros" (2 Tm 2.2). A língua, portanto, é uma força poderosa. Pode ser usada para o bem, como Deus pretendia, para exprimir amor e oferecer salvação. Ela também pode ser usada para o mal, com efeitos desastrosos que conduzem à condenação. Estas duas possibilidades são claramente contrastadas em Tiago 3.1-12. Consideremos este importante texto e suas aplicações em nossas vidas.

I. O Perigo da Língua

Os cristãos a quem Tiago se dirigia eram afligidos por atitudes carnais que criavam discórdia e divisão entre eles. Alguns praticavam uma religião exterior, que não vinha do coração (Tg 1.21-27). Eles tratavam as pessoas de modo diferente, baseado na sua riqueza (Tg 2.1-7). Eles eram perturbados por guerras, contendas e cobiça (Tg 4.1-4). Alguns estavam falando mal e julgando deslealmente seus irmãos (Tg 4.11,12). Qual era o problema? Parece que a raiz destes problemas podia ser encontrada em alguns professores arrogantes, que estavam mais interessados em conquistar seus próprios seguidores do que em serem seguidores de Cristo. Eles seguiam e ensinavam a sabedoria humana, em vez de proclamarem a pura mensagem da sabedoria de Deus (Tg 3.13-18). A advertência que Tiago oferece, então, vai até o coração da arrogância interesseira. Quando os homens de tendência carnal procuram ser mestres, eles convidam a uma condenação maior. Eles são capazes de perverter o evangelho para conseguir seguidores, porque eles são servos de si mesmos e não servos de Cristo.

De todas as tentações que enfrentamos, a mais persistente e difícil é a tentação de dizer alguma coisa que não devemos. Algumas pessoas lutam para eliminar palavrões e piadas sujas de seu falar (Ef 4.29). Outros, despreocupadamente, mostram desrespeito pelo nome do Senhor, proferindo frases como “Meu Deus!”, ou “Meu Deus do Céu!” sem parar para pensar que eles estão tratando o nome do Santo Deus como se não fosse nada mais do que uma expressão comum de surpresa ou desgosto. Deus merece nosso completo respeito (Sl 111.9,10). Muitos usam a língua para espalhar boatos e fazer acusações sem fundamento (Provérbios 16:28; 1 Timóteo 5:13). Deste modo, eles podem destruir a reputação de pessoas boas, criar discórdia entre irmãos, e até impedir a divulgação do evangelho (1 Co 3.3; 1 Ts 2.15,16). Tais pessoas não são seguidoras de Cristo, mas do diabo, o pai das mentiras e o maior acusador de todos (Jo 8.44; Ap 12.9,10; 22.8).

II. A Verdadeira Sabedoria

As verdades fundamentais sobre Deus constituem as bases do conhecimento. A realidade de Deus é a coisa mais importante que pode-se saber e também a mais óbvia (Romanos 1:19-20). No abecedário do conhecimento, começamos com Deus. Aqueles que não creem muitas vezes se veem como mais avançados no seu conhecimento. Mas nenhuma arte, nenhuma filosofia, nenhuma ciência, nenhuma literatura, nada adquirido intelectualmente nem feitos de qualquer tipo compensarão a ignorância em relação a Deus; a alma que não o conhece é um homem ignorante; a época que não o conhece é uma época ignorante. O conhecimento sobre Deus também é a “base” do conhecimento. É o princípio de organização que unifica todo o resto, a moldura dentro da qual todas as informações se encaixam. Em Deus, o caos dos fatos se torna um cosmos de conhecimento. 

A verdade simples é esta: não ficaremos sábios sem buscar a Deus, e não buscaremos a Deus sem humildade, respeito e reverência. Por isso o temor do Senhor é o “princípio” da sabedoria. O orgulho sempre corrompe o processo de aprendizagem. A ilusão de que sabemos mais do que realmente sabemos (junto com a falta de vontade de aceitar verdades que podem ter consequências indesejadas) farão com que não progredimos na sabedoria. É o respeito pelo Criador que abre a porta para o crescimento intelectual. Por bons motivos, a sabedoria é valorizada. Ouvimos diversas maneiras de explicar a diferença entre conhecimento e sabedoria, e percebemos a importância de ambos. Quando buscamos a sabedoria, procuramos aprender como utilizar os fatos conhecidos para viver bem.

De tudo que podemos entender sobre a sabedoria, o fato mais importante é a sua fonte. Com certeza, aprendemos coisas importantes pelas experiências da vida, e assim os idosos podem demonstrar uma compreensão que escapa aos jovens. Mas, nem todos aprendem essas lições, e assim a idade não garante a sabedoria. Quando ouviu seus amigos fazendo discursos baseados em suas próprias experiências e não nas palavras de Deus, Jó disse: “Está a sabedoria com os idosos, e, na longevidade, o entendimento? Não! Com Deus está a sabedoria e a força; ele tem conselho e entendimento” (Jó 12.12,13). Jó e Tiago nos apontam na mesma direção. Quem procura a verdadeira sabedoria busca a palavra de Deus.

A sabedoria não vem de dentro ou de alguma busca filosófica que exclui Deus. Para adquirir a verdadeira sabedoria, precisamos respeitar o Senhor: “O temor do SENHOR é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino” (Pv 1.7). É necessário valorizar o que o Criador diz, e não confiar em si mesmo: “Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te do mal” (Pv 3.5-7).

Tiago dá um conselho a alguns irmãos: não sejam muitos de vós mestres. Por que ele dá esse conselho? Alguns queriam ser mestre, porém não tinham recebido tal capacitação (cf. Ef 4.10,11). As pessoas que aspiravam a posição de mestre não atinavam que os mestres receberão juízo na condição de mestre e nem da necessidade de estar enquadrado em alguns quesitos que Tiago discorre neste capítulo. O juízo que Tiago faz referência será estabelecido no Tribunal de Cristo (cf. Rm 14.10; 2 Co 5.10), visto que ele se inclui entre aqueles que receberão maior juízo (implicitamente Tiago se posiciona como mestre), e por ser certo que ele tinha certeza de sua salvação. O juízo do Grande Trono Branco não é destinado à igreja “Meus irmãos…” (Tg 3.1). Os versículos que se seguem apresentam os motivos pelas quais os irmãos não deveriam aspirar a posição de mestres com o único fito de se vã gloriar.

III. O Fruto da Justiça

O apóstolo Tiago chega a uma conclusão: o fruto da justiça semeia-se na paz! O que ele quis dizer? Não se semeia o fruto, e sim a semente, pois devemos ter em mente que a semente dará o seu fruto no devido tempo. Ou seja, para se obter o fruto da justiça devemos lançar a semente na paz. Mas, qual é a semente que produz o fruto da justiça? Para se obter o fruto da justiça faz-se necessário semear a semente apropriada, que é a palavra de Deus (1 Pe 1.23). Sabemos que Cristo é a nossa paz e que o fruto da justiça só é possível por meio dele (Ef 2.14). 

Tiago fala como se semeia o fruto da justiça e Paulo aponta o que é o fruto do Espírito: “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito” (Gl 5.23,24) – O fruto do Espírito só é possível àqueles que crucificaram a carne e nasceram do Espírito Eterno. Estes deixaram de viver segundo a carne e passaram a viver segundo o Espírito. Ou seja, cumpre-se o que foi dito por Cristo: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3.6). Aqueles que são nascidos do Espírito através do lavar regenerador da palavra do evangelho, estes são espirituais, e produzem em Deus amor, gozo, paz, longanimidade, etc. “Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim” (Jo 15.4);

O fruto da justiça é a resolução de nossas vidas na presença de Deus, fiéis à Cristo Jesus: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados” (1 Pe 2.24). O fruto da justiça só é possível àqueles que tiveram os seus pecados levados pelo corpo de Cristo e crucificaram a carne, estando mortos para o pecado. Estes deixaram de viver para o pecado e passaram a viver segundo a Justiça. Ou seja, para pudéssemos ser: “Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” (Fp 1.11).

 Observe que o ‘fruto da justiça’ e o ‘fruto do Espírito’ só são possíveis por meio de Jesus. Observe também que os dois frutos estão no singular: o fruto. Ou seja, o fruto do Espírito é o mesmo que o fruto da justiça. E o mais interessante: Paulo e Tiago falam do fruto do Espírito, e ou Fruto da Justiça, para dissuadir os seus leitores de comportamento semelhantes.

Conclusão

Este é um dos capítulos mais difíceis da Bíblia. Não no sentido de compreender, mas de praticar. Os pecados relacionados à língua podem alcançar maiores proporções do que os pecados cometidos pelo corpo, ou pode nos levar a cometê-los também. Tiago chama de “perfeito varão” todo aquele que consegue refrear a língua, porque, assim fazendo, será “capaz de refrear também todo o corpo” (Tg 3.2). Ao ilustrar tal situação com o “freio na boca dos cavalos” (Tg 3.3), a ideia central é de que nós também precisamos de um “freio”, de um aio que nos indique o caminho e nos livre de tropeçar. Este Aio especial chama-Se Espírito Santo. Como está escrito: “Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele” (Is 30.21).

Por outro lado, a comparação da língua com o leme de um navio, indica que, apesar de pequena, se ela não for governada pelo Timoneiro celestial, mas pelo “impulso do timoneiro” (Tg 3.4) do próprio “eu”, trágicas serão as consequências. Pois assim “como uma fagulha põe em brasas tão grande selva” (Tg 3.5), “a língua é fogo; é mundo de iniquidade… e contamina o corpo inteiro” (Tg 3.6). E o pior: “nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero” (Tg 3.8). O perfeito varão, portanto, a que Tiago se refere, não é aquele que consegue, por sua força de vontade, refrear a língua, mas aquele que, pelo poder do Espírito Santo é capacitado a fazê-lo; que, por conhecer a sua própria natureza caída, reconhece que depende da ajuda do alto.

É totalmente incoerente (para não dizer detestável) diante de Deus, os lábios que O louvam e ao mesmo tempo amaldiçoam aqueles que criou à Sua semelhança (Tg 3.9). Sobre estes, disse Jesus: “Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim” (Mt 15.8). “Meus irmãos, não é conveniente que as coisas sejam assim” (Tg 3.10). Precisamos clamar ao Senhor, todos os dias, para que de nossa boca só proceda bênção. Para que o Espírito Santo governe nossas intenções, palavras e ações. Jesus foi bem claro ao afirmar: “porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” (Mt 12.37). Ou uma coisa, ou outra, amados. Não há meio termo. Da fonte que jorra água salgada não pode jorrar água doce, e vice e versa (Tg 3.12).

“Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins” (Tg 3.16). Quem permite ser governado por tais sentimentos jamais passará no crivo do Céu com aqueles que amam a Deus e buscam viver piedosamente.



Sugestão de Leitura da Semana: SANTOS, Matheus. O Viver do Cristão. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.


terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Recomendação de Leitura do Mês - Sentimentos que Aprisionam a Alma - Gilmar Vieira Chaves




Por Leonardo Pereira,



Cada livro possui um conteúdo ímpar que o faz ser relevante e necessária na vida de uma pessoa. Obras tão marcantes e emblemáticas em gerações como Nascido Escravo de Martinho Lutero, O Peregrino de John Bunyan e A Igreja do Século XX de John Walker, são literaturas que atingem no âmago do ser de um indivíduo. Livros que dialoguem com pessoas e não somente fique acumulando poeira depois de uma leitura que pode ser esquecida rapidamente, ou apenas ser usado como pesquisa, sendo utilizado somente em algumas ocasiões. Autores que se esmeram em levar suas obras à um patamar de uma reflexão interna do leitor para com o que escreve e apresentem pontos essenciais na jornada humana, especialmente na olimpíada cristã, ultrapassam a barreira do pensamento próprio para o incentivo à uma profunda autoanálise entre o que lemos e compreendemos na vida. Um livro da atualidade que traz todo este conteúdo completo de vida e leitura em si próprio para os que buscam refletir como ardor sobre os acontecimentos e desafios do cotidiano, certamente é a obra Sentimentos que Aprisionam a Alma do escritor e professor de Teologia, pastor Gilmar Vieira Chaves.

A Obra e o Autor

Sentimentos que Aprisionam a Alma é um livro que apresenta um conjunto de 13 vícios e males que atormentam a vida do homem e de seus pares. A partir da leitura dos capítulos, você entenderá a origem, as manifestações e os traços característicos de males comuns a todos, porém, nem sempre admitidos por quem os manifesta. Aprendemos nesta obra também sobre como analisar, identificar e superar estes distúrbios, que trazem tanta dor e prejuízos à pessoa individualmente e, em geral, aos seus relacionamentos. O livro também questões sentimentais importantes para a atualidade como Orgulho, Ira, Estresse, Depressão, Angústia, Ansiedade, Culpa, Luxúria, Cobiça, Medo, Ciúme e Inveja. Cada sentimento representa um conceito à ser explorado pelo autor para levar aos leitores um panorama bem objetivo sobre o que são estes sentimentos e o que os motivam e como podemos superá-los pela Palavra de Deus, no poder do nome de Jesus Cristo. O escritor tem como objetivo um tripé magno nesta obra: apresentar estes sentimentos como eles realmente são, o que motiva estes sentimentos a se aprofundarem cada vez mais nos seres humanos, e como podemos superá-los à luz das Escrituras, na autoridade e supremacia de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

O Autor e a sua Obra

Gilmar Vieira Chaves é Pastor, educador, psicanalista e conferencista; Bacharel em Teologia — IBAD, Pindamonhangaba, SP; Licenciatura Plena em Pedagogia com Habilitação para Supervisão e Administração Escolar — Universidade Católica de Mato Grosso; Pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior — Faculdade Salesiana de Ensino Superior, Lorena, SP; Pós-graduado em Docência do Ensino Superior — Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, RJ; Mestre em Teologia — Universidade da Flórida, USA. É autor dos livros Educação Cristã - Uma Jornada para toda a Vida, Temas Centrais da Fé Cristã, Sentimentos que Aprisionam a Alma, Reforma Protestante - História, Ensino e Legado e Questões da Atualidade, todos estes livros editados pela Editora Central Gospel.

A Recomendação desta Obra

A recomendação desta obra se faz aos leitores pela sua auto apresentação em contribuir para a nação brasileira como um todo. Sentimentos que Aprisionam a Alma dialoga com o público brasileira, indo muito além de somente se restringir aos evangélicos. Todo o brasileiro pode ter acesso à esta obra pois ela trata das questões bíblicas, mas aborda com muito equilíbrio nas áreas das humanas, da pedagogia e da psicologia. O pastor Gilmar Vieira Chaves traz à todos uma obra muito proveitosa em um momento muito conturbado para o público brasileiro, que tem se envolvido em muitas questões negativas exatamente pelo título que este incrível livro traz: Sentimentos que Aprisionam a Alma. A recomendação também fica especialmente para aqueles que se sentem afligidos por estes sentimentos perigosos que contaminam o coração, afeta o corpo e denigre aos poucos a mente. Para estas pessoas, esta obra é mais que vital, pois encontramos valores bíblicos afim de obtermos um viver com sentimentos maravilhosos na vida, e não com o que desagrada ao Senhor e nos afeta negativamente. Esta obra o incentiva á se libertar destes sentimentos que afeta sua vida de forma obscura, e buscar a paz e a segurança na presença daquele que é capaz de nos guiar pelo caminho eterno: O Deus Vivo, pai de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.


Que o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, possa abençoá-lo ricamente na compreensão destes sentimentos que nos afligem de uma maneira tão profunda e intensa. Sentimentos que Aprisionam a Alma é uma obra que busca nos orientar dentro da Palavra sobre como agem estes sentimentos em nós e como podemos nos libertar dos mesmos pela Palavra do Senhor, no poder do Cristo da Glória!


 



segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

2021 - Um Ano de Propósitos com Deus

 




Por Leonardo Pereira



Mais um ano se têm um novo começo para todos nós. 2021 chegou com um alvorecer de um novo tempo. Passamos pelo ano de 2020 com desafios, conflitos, problemas em diversas áreas de nossas vidas. Um ano atípico tanto pelo surgimento no que ficou conhecida como a Pandemia do Coronavírus (COVID-19), quanto pelas mudanças sociais, morais e éticas não somente da nação brasileira, como de todo o mundo. O ano de 2020 foi marcado pelos dilemas aos quais muitas pessoas levantaram, seja mencionados pelas mídias digitais, por jornais e outros veículos de comunicações. As igrejas também passaram e ainda passam por um período difícil. Com a pandemia em atuação mundial e também chegando ao Brasil, as igrejas ficaram fechadas por aproximadamente seis meses. Durante este tempo, muitas lives (transmissões de estudos bíblicos e cultos ao vivo) foram realizadas com enorme frequência e pastores, educadores e pessoas ligadas à igreja e setores de educação cristã tiveram de se adaptar como forma de se tornar o acesso á Palavra do Senhor de maneira fiel, zelosa, íntegra e plenamente doutrinária. Logicamente, durante este período, muitos abusos bíblicos e teológicos foram ditos e ensinados ao vivo através da internet. Debate teológicos ferrenhos surgiram e muitas disputas de líderes religiosos e doutrinadores por inúmeros seguidores se prosseguiram ao período de um forte distanciamento social, resultado da pandemia.

Neste artigo, longe de qualquer pretensão sobre tratar de metas, planos ou objetivos para este ano, é muito proveitoso trazermos á tona um tema que devido aos acontecimentos do ano passado, muitos deixaram de falar, que é acerca de buscarmos propósitos com Deus. É sempre necessário recordarmos dos necessitados, dos aflitos, dos quebrantados e dos desanimados, pois à eles devemos tratá-los como gostaria que fôssemos tratados. Não devemos fechar os olhos a fim de evitarmos 2020 como se pudéssemos apagar da história. Não podemos fazer tal coisa por duas razões: a primeira é porque passamos por 2020 pela misericórdia e pela graça do Senhor, ainda que seja com perdas e lágrimas. A segunda razão é pelo fato de que, além de ter sido um ano longe do comum aos nossos olhos e ouvidos, 2020 foi e continua sendo um ano de aprendizado em múltiplas áreas de nossa vida, como convivência, saúde, educação, família, igreja e especialmente, em nosso relacionamento com o Senhor. Aqueles que passaram por 2020 de cabeça erguida deve levar este conhecimento e maturidade na bagagem para as próximas gerações, com o objetivo de serem melhores que nós em suas vidas, e aprendendo sempre á dependerem do Senhor em toda e qualquer situação conforme ensina-nos o apóstolo dos gentios, Paulo (cf. Fp 4.11-13).

O conhecimento do passado é a chave da sabedoria para glória no futuro, principalmente no provir. Regressarmos em acontecimentos de nossas vidas sobre o que aconteceu ou deixou de acontecern nos é muito importante para nos tornarmos fortes na caminhada da vida. Mas, ainda que estejamos com toda a sabedoria do mundo para tornar cidades, país e nações um lugar melhor, se não tivermos um relacionamento genuíno e autêntico com o Senhor perder-nos-íamos em nosso princípios fundamental de existência: vivermos para a sua honra e glória! Quando sempre resgatarmos á tônica de nossa existência continuamente, compreendemos o motivo de respirarmos e caminharmos nesta terra. Muito além de superar uma pandemia, é-nos mister prosseguirmos em nossa maratona cristã, pois Paulo diz: "Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado" (1 Co 9.24-27).

Que este ano de 2021 seja na sua vida um maravilhoso período de crescimento espiritual em sua vida, tendo sempre a certeza que o Senhor está sempre presente a atuante em nosso viver, pois à Ele pertence toda a honra e toda glória, conforme o Profeta Isaías nos fala: "Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade" (Is 46.9,10).



Soli Deo Glória!