domingo, 30 de janeiro de 2022

Andando na Verdade



João ao escrever sua segunda epístola a senhora eleita e ao seus filhos, fica extremamente alegre pelo fato deles estarem andando, na verdade. Como João identificou que eles estavam andando, na verdade? Três pontos são importantes analisarmos sobre como aqueles irmãos colocaram isso em prática.

1. Conhecer a verdade   

O presbítero à senhora eleita e aos seus filhos, a quem eu amo na verdade e não somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade (2Jo 1:1).

É impossível andar na verdade, sem primeiro conhece-la. Jesus em sua oração sacerdotal orou pelos discípulos: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17:3). Jesus sabia que se os discípulos não conhecessem a verdade que é o próprio Cristo, eles não andariam, na verdade (Jo 14:6). Dessa forma, conheceremos a verdade (Cristo) somente se nos dedicarmos ao estudo da palavra de Deus. É por meio da Escritura que conhecemos a pessoa do Deus trino.

2. Praticar a verdade  

Fiquei sobremodo alegre em ter encontrado dentre os teus filhos os que andam na verdade, de acordo com o mandamento que recebemos da parte do Pai (2 João 1:4).

O primeiro passo para andar, na verdade, é conhece-la, mas não basta apenas conhecer, é necessário colocá-la em prática. João ficou alegre ao ver aqueles irmãos colocando a palavra de Deus em prática, eles estavam guardando os mandamentos de Deus através do seu amor ao próximo (2 Jo 1:5,6).  Assim, fica claro que Deus não quer apenas que conheçamos a sua palavra, mas que pratiquemos. Jesus disse que se o amarmos de verdade, guardaremos a sua palavra (Jo 14:23).

3. Defender a verdade

Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo (2Jo 1:7).

Após João enfatizar a importância de praticar a verdade, ele faz uma defesa. Aqui, o apóstolo estava combatendo uma heresia da época chamada Gnosticismo que não reconhecia a humanidade de Cristo, ele o chamava anticristo. Aqueles irmãos deveriam se acautelar dessa heresia e não ultrapassar a doutrina de Cristo como esses falsos mestres haviam feito (2 Jo 1:8,9). Portanto, além de praticar a palavra, devemos também defende-la; seja em nosso local de trabalho, casa e escola. Hoje, a verdade das Escrituras está sendo atacada constantemente pelo o pluralismo e relativismo. Como disse Pedro:

“Estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência” (1Pe 3:15,16).

Conclusão

Em resumo, podemos afirmar que para um cristão andar, na verdade, primeiramente é importante ele ter conhecimento da palavra de Deus. O cristão que não se interessa em conhecer a Deus, não andará, na verdade. Segundo, colocar os ensinos de Cristo em prática. Não podemos ser ortodoxo como a igreja de Éfeso e perder o primeiro amor. Terceiro, defender a verdade. Não basta apenas dizer ser cristão se você é omisso quando a verdade é atacada.

 

Sidney Muniz 


 

sábado, 29 de janeiro de 2022

Comentário Bíblico Mensal: Janeiro/2022 - Capítulo 5 - A Ressurreição de Jesus

 




Comentarista: Henrique Lins



Texto Bíblico Base Semanal: Mateus 28.1-10


1. E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.

2. E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra da porta, e sentou-se sobre ela.

3. E o seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes brancas como neve.

4. E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados, e como mortos.

5. Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado.

6. Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia.

7. Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dentre os mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito.

8. E, saindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos.

9. E, indo elas a dar as novas aos seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram.

10. Então Jesus disse-lhes: Não temais



Momento Interação

A ressurreição de Jesus foi o evento mais importante da história da humanidade. A ressurreição de Cristo é uma doutrina fundamental para a Fé Cristã. Sem a ressurreição de Jesus não há Evangelho, não há Cristianismo, não há Igreja, não há salvação e não há esperança de vida eterna. Se alguém se diz cristão, mas nega que literalmente Jesus ressuscitou dos mortos, então essa pessoa pode ser qualquer coisa, menos um cristão genuíno. A história da ressurreição de Jesus está registrada nos quatro Evangelhos (Mt 28.1-8; Mc 16.1-8; Lc 24.1-10; Jo 20.1-8). Um túmulo, uma pedra, ou qualquer outra barreira não podia mais mantê-lo prisioneiro. Naquele domingo, antes do romper da manhã, Jesus saiu daquele túmulo como vencedor sobre a morte e o inferno.

Introdução

O ponto central do Evangelho é a ressurreição de Jesus. Só por meio da morte e ressurreição de Cristo temos acesso ao Pai, temos salvação, vida eterna, se crermos (Jo 3.16). Se Jesus não tivesse ressuscitado, seria em vão a pregação, a fé e não haveria esperança de vida eterna, não haveria salvação, como diz o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 15.14-17. Com a ressurreição de Jesus, todo crente teve vitória. É importante, pois assim há vitória sobre o pecado e sobre a morte. Jesus ressuscitou e, com isso fomos ressuscitados com Ele (Ef 2.6), fomos justificados (Rm 4.25) e a morte não tem vitória sobre o crente (Jo 11.25). Portanto, Jesus ressuscitou para que todo crente fosse justificado, resgatado, tivesse salvação e vida eterna por meio Dele (Rm 4.25; Jo 3.16).

Podemos encontrar os versículos sobre a ressurreição de Cristo em: Mateus 28.1-20, Marcos 16.1-20, no capítulo 24 de Lucas, João 20.1-21 e em Atos dos Apóstolos 1.1-11. Os episódios registrados na Bíblia sobre testemunhas que viram Jesus ressuscitado foram diversos, começando com Maria Madalena em João 20.16-18. Apareceu também aos discípulos enquanto caminhavam para o povoado de Emaús (Lc 24.13-15). Em João 20.19-23, Jesus apareceu aos discípulos, sem a presença de Tomé, entretanto em João 20.24-29, novamente Jesus apareceu e desta vez Tomé estava presente.

Em João 21, Jesus apareceu aos seus discípulos à margem do mar de Tiberíades e também no monte da Galiléia (Mt 28.16-20). Ainda assim, muitas pessoas viram Jesus ressuscitado (Mt 28.5-9; Mc 16.9; Lc 24.13-34; At 1.6-8; 1 Co 15.5-7). A ressurreição de Cristo veio cumprir e revelar as profecias e o poder de Deus. Jesus veio para cumprir as profecias (Mt 5.17). Os relatos em Isaías e outras profecias ligados à ressurreição de Jesus foram cumpridas (Is 50.6; 53.5). Alguns temas importantes ligados à ressurreição de Cristo que trouxeram um significado para todos, sendo eles: salvação, pois fomos resgatados por Jesus da morte espiritual por causa do pecado; fomos libertos pela verdade, temos paz em Jesus, temos vitória em Cristo e temos vida eterna.

I. Jesus Ressuscita ao Terceiro Dia

O primeiro evento da ressurreição de Jesus aconteceu na madrugada do domingo. Mateus descreve que, os guardas que guardavam a entrada do túmulo foram surpreendidos por um terremoto, causado por um anjo que desceu do céu (Mt 28.2-4). Ele, pousou à entrada do sepulcro e rolou a pedra. Obviamente, os guardas ficaram tremendo de medo e desmaiaram do susto.Enquanto isso, as mulheres que seguiam a Jesus, estavam a caminho do sepulcro com o objetivo de cuidar do corpo morto do Mestre. Mas chegando lá, foram recebidas pelo anjo que lhes disse que o Senhor havia ressuscitado (Mt 28.1; Mc 16.1-4; Lc 24.1-3; Jo 20.1).

Surpreendida com o fato, Maria Madalena saiu correndo. Seu objetivo era encontrar Pedro e João e lhes contar a MARAVILHOSA NOTÍCIA (Jo 20.1,2). As outras mulheres permaneceram no sepulcro e foram surpreendidas com a chegada de um segundo anjo. Eles se colocaram ao lado delas, o que lhes causou grande susto e perguntaram o que elas estavam procurando Jesus entre os mortos? O anjo assegurou que o Senhor não estava mais ali, pois havia ressuscitado e estava indo para a Galileia, como havia dito antes que tudo isso acontecesse (Lc 24.4-8).

Enquanto isso, atordoados e cheios de expectativa, estavam Pedro e João correndo a caminho do sepulcro. João chegou primeiro, e ficou olhando da entrada do túmulo. Pedro, chegou em seguida e entrou no sepulcro. Ele percebeu os as faixas de linho e o lenço que estava envolto ao corpo do Mestre. Observando a cena e as evidências, João foi convencido de que Jesus havia ressuscitado, mesmo sem saber direito o que estava acontecendo (Lc 24.12; Jo 20.3–10). O relacionamento entre Jesus e Maria Madalena é intenso. Ele era horrivelmente afligida por sete demônios havia muito tempo. Tendo a encontrado, o Senhor Jesus a curou e libertou da opressão do Diabo (Lc 8.2). Desde então, ele se tronou seguidora do Mestre.

Havia um turbilhão de sentimentos inundando a todos e com ela, não era diferente. Depois que convenceu Pedro e João a virem ao sepulcro, Madalena começou a refletir sobre o que havia acontecido. Ela não acreditava ainda que o Senhor havia ressuscitado. Isso fica ainda mais evidente, quando na porta do sepulcro, ela foi questionada por dois anjos sobre o motivo de estar de chorando. Maria Madalena respondeu “Levaram embora o meu Senhor”, respondeu ela, “e não sei onde o puseram”” (Jo 20.13). Em seguida, ela se virou e outro “personagem” lhe perguntou porquê estava chorando.

Pensando que era o jardineiro, Madalena respondeu “Se o senhor o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu o levarei” (Jo 20.15). O “jardineiro” era na verdade o Senhor Jesus ressurreto, que lhe disse: “Maria!”. O som inconfundível da voz de amor do Mestre, a fez compreender. ERA JESUS! Maria Madalena, exclamou em aramaico Rabôni! (Mestre). Com certeza ela quis abraçá-lo e chamar todo mundo para vê-lo vivo. Mas o Senhor a orientou de uma maneira diferente. Disse-lhe que voltasse ao discípulos e contasse o que tinha acontecido (Mc 16.9-11; Jo 20.11-18). Madalena foi a primeira pessoa a ver Jesus ressurreto. Não sem razão. Sua devoção e amor, eram inconfundíveis e incomparáveis.

II. Jesus aparece à muitos

Estavam os guardas que estavam guardando o túmulo e desmaiaram com a chegada do anjo. Ao recobrar os sentidos, eles foram até os chefes dos sacerdotes para dizer o que havia acontecido. Tendo dito tudo, os sacerdotes os orientaram a mentir, dizendo que os discípulos haviam roubado o corpo enquanto eles estavam dormindo, o que era uma história absurda para qualquer soldado, ainda mais para a elite romana. Mas os soldados sabiam que isso poderia custar suas vidas, Roma não tolerava este tipo de erro. Mas sobre isso os sacerdotes também lhes deram segurança, dizendo que falariam com o Governador se fosse necessário.

Para selar o acordo, deram uma grande quantia em dinheiro, e espalharam esta versão da história da ressurreição de Jesus. Inacreditavelmente, essa é a versão na qual eles acreditam ainda hoje. Não reconhecendo que Jesus Cristo é o Messias (Mt 28.11-15). A terceira aparição do Senhor Jesus ressurreto foi a Simão Pedro. O relato é feito pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 15.5. Contudo, não há muitos detalhes de como isso aconteceu. Mas é fato, que após a Sua ressurreição, o Senhor apareceu primeiro a Pedro, depois aos outros.            

III. Jesus proclama o Ide aos seus Discípulos

Antes subir ao céu, Jesus deu a seguinte ordem: “Portanto ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mateus 28:19). Este versículo é um dos mais conhecidos da Bíblia. Ele é muito lembrado principalmente quando o assunto é a evangelização. Embora sua aplicação sirva corretamente a esse propósito, poucas pessoas conhecem um detalhe interessante nessa passagem. Por conta disto, ultimamente é comum ver pessoas interpretando e aplicando a frase “ide e fazei discípulos” de uma forma equivocada. É comum ouvir alguém dizer que temos que fazer o “ide” que Jesus ordenou, porque o “ide” é a tarefa da Igreja. Normalmente quando se interpreta esse versículo, a ênfase é colocada sempre no “ide”. O mesmo acontece com a passagem correlata em Marcos, onde geralmente é destacado o “ide por todo o mundo” (Mc 16.15).

Confesso que nunca tinha visto problema nessa interpretação até que certa vez fui questionado por uma aluna acerca de um “excelente” trabalho evangelístico que uma determinada denominação estava realizando. O problema é que tal denominação é um centro de heresias. Ao expor a essa aluna a verdade sobre as heresias pregadas por tal denominação, ela me respondeu o seguinte: “Ah, pelo menos eles estão fazendo o ide que o Senhor ordenou”. Foi aí que eu percebi que talvez houvesse um problema com essa interpretação tão popular. Minha resposta para ela foi em forma de outra pergunta, a mesma que agora repito para você que está lendo este texto: Qual é o verdadeiro significado desse “ide”?

O problema não está no entendimento do significado do “ide” ou na forma com que ele é aplicado. O problema está na falta de compreensão acerca do que realmente é a ordem “fazei discípulos”. Qualquer um pode “ir”. Uma seita pode ir. Uma denominação que prega heresias pode ir. Até mesmo um incrédulo pode ir! Mas o “fazei discípulos” é que não é para qualquer um. Para que não houvesse dúvida, o próprio Jesus nos esclarece que é somente pela pregação do Evangelho que podemos fazer discípulos (Mc 16.15). Sem o Evangelho verdadeiro é possível fazer espectadores para os cultos. É possível fazer público para as apresentações da igreja. É possível fazer consumidores para o mercado gospel, clientes para as “campanhas santas”, e ativos para o relatório financeiro do mês. Só não será possível fazer discípulos como Jesus ordenou.

Conclusão

Somente a mensagem que expõe a verdade sobre o pecado e aponta para o Cristo ressuscitado é que pode gerar discípulos verdadeiros para o reino de Deus. Essa mensagem não é seletiva. Ela não está interessada em quem pode oferecer mais ou menos. Ela não está fundamentada no mérito humano. Mas essa mensagem iguala todos os pecadores à condição de inimigos de Deus, a menos que sejam reconciliados com Ele através de Cristo. Daí entendemos o ordem: “Ide e fazei discípulos de todas as nações”.

O povo comprado por Cristo provém de todos os povos, línguas e nações. Estes discípulos então devem ser batizados como sinal de que foram regenerados, remidos de seus pecados e unidos com Cristo. Apenas ir não basta. A ordem do Mestre é que façamos discípulos. Como faremos isto? Simples! Indo pelo mundo, pregando o Evangelho! Até podemos continuar encarando o “ide” como imperativo, desde que esse nosso “ir” necessariamente resulte no “ir” de pecadores a Cristo através da Palavra genuína.

Recomendação de Leitura da Semana: BARROS, Emanuel; SOUZA, Éverton. O Progresso do Evangelho. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.


sábado, 22 de janeiro de 2022

Comentário Bíblico Mensal: Janeiro/2022 - Capítulo 4 - A Crucificação de Jesus

 




Comentarista: Henrique Lins



Texto Bíblico Base Semanal: Mateus 27.33-50


33. E, chegando ao lugar chamado Gólgota, que se diz: Lugar da Caveira,

34. Deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber.

35. E, havendo-o crucificado, repartiram as suas vestes, lançando sortes, para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançaram sortes.

36. E, assentados, o guardavam ali.

37. E por cima da sua cabeça puseram escrita a sua acusação: este e³ jesus, o rei dos judeus.

38. E foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à esquerda.

39. E os que passavam blasfemavam dele, meneando as cabeças,

40. E dizendo: Tu, que destróis o templo, e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz.

41. E da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam:

42. Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e creremos nele.

43. Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus.

44. E o mesmo lhe lançaram também em rosto os salteadores que com ele estavam crucificados.

45. E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona.

46. E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?

47. E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Este chama por Elias,

48. E logo um deles, correndo, tomou uma esponja, e embebeu-a em vinagre, e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber.

49. Os outros, porém, diziam: Deixa, vejamos se Elias vem livrá-lo.

50. E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito.



Momento Interação

A crucificação era o modo mais cruel, humilhante e vergonhoso de pena de morte daquela época. Apesar de a origem da cruz ser discutida, acredita-se que a crucificação já era utilizada desde a Pérsia, e foi adotada como forma de execução pela civilização cartaginesa. Mais tarde, os romanos também passaram a aplicar a crucificação em suas condenações capitais. Porém, ficava proibido que um cidadão romano fosse executado em uma cruz. Por isto a crucificação era usada principalmente na condenação de escravos e insurgentes que se levantavam contra o Império Romano.

A morte de Jesus na cruz foi o evento que marcou para sempre História. A crucificação de Jesus e sua ressurreição revelaram ao mundo a grandeza da misericórdia de Deus e a imensidão de seu amor (Ef 2.4-6). O Cristo crucificado ensinou ao pecador o significado da graça divina. Diante deste importante tema, muitas pessoas ficam curiosas em saber o que aconteceu com Jesus na cruz. Neste estudo bíblico iremos meditar em todos os eventos relacionados à crucificação e os eventos em sequência para o nosso entendimento no estudo.

Introdução

Muito provavelmente Jesus foi crucificado numa sexta-feira. Então esse será o dia da semana que iremos considerar neste estudo. Nos dias anteriores à crucificação de Jesus, ocorreu uma série de eventos importantes. Vamos citar aqui os mais significativos. No domingo antes da crucificação, Jesus entrou em Jerusalém cavalgando em um jumentinho. Nesse evento ele foi aclamado pela multidão como o Messias. Mas apesar de o povo reconhecê-lo como o Filho de Davi e gritar “Hosana nas alturas!“, eles não entenderam o verdadeiro propósito do ministério de Cristo. A prova disto é que os mesmos que o aclamaram no domingo, gritaram crucifica-o na sexta-feira. Essa rejeição explica por que Jesus chorou quando olhou para Jerusalém (Lc 19.28-44).

A purificação do Templo foi o evento mais importante da segunda-feira antes da crucificação de Jesus (Mt 21.12-17). Na terça-feira, Ele proferiu seu sermão profético (Mc 13). Na quarta-feira Jesus foi ungido por uma mulher com unguento que ela trazia num vaso de alabastro (Mc 14.3-9). Nesse dia a conspiração para matar Jesus começou tomar sua forma final. O traidor Judas Iscariotes se reuniu com os sacerdotes para firmar o acordo de traição (Mt 26.14,15). Na quinta-feira antes da crucificação, Jesus celebrou a última Páscoa com seus discípulos e instituiu a Ceia como uma ordenança que seu povo deveria observar. Ele também lavou os pés de seus discípulos, e depois de suas últimas instruções, partiu para o Monte das Oliveiras. Ali Ele orou ao pai num jardim chamado de Getsêmani. Sua agonia foi tão profunda que seu suor tornou-se como sangue. Essa já era a noite de sua prisão (Lc 22.7-46).

I. A Prisão de Jesus Cristo

Na quinta-feira à noite Judas Iscariotes formalizou sua traição ao se aproximar de Jesus e saudá-lo com um beijo no rosto. Então rapidamente a guarda do Templo e os legionários romanos que acompanhavam Judas, se aproximaram de Jesus para prendê-lo (Mt 26.47-56; Mc 14.43-50; Lc 22.47-53; Jo 18.2-11). Naquela ocasião o apóstolo Pedro até tentou impedir a prisão de Jesus, chegando a cortar uma das orelhas do servo do sumo sacerdote, mas Jesus o repreendeu. A crucificação de Jesus não poderia ser evitada. Jesus estava comprometido com o cumprimento das Escrituras que revelam os decretos de Deus. Curiosamente, conforme Jesus havia avisado, no mesmo dia o vigoroso Pedro negou o Senhor (Mt 26.69-75; Mc 14.66-72; Lc 22.54-62; Jo 18.15-27). Após ser preso, Jesus foi levado ao Sinédrio. O Sinédrio era uma assembleia com funções relacionadas à política, religião e jurisdição. Devido à inocência de Jesus, o Sinédrio teve dificuldade em formular uma acusação contra Ele. Por isto Ele acabou sendo condenado sob falso testemunho (Mt 26.59-61; Mc 14.58).

Além disso, na sequencia Jesus fez uma declaração profunda de sua divindade ao ser interrogado pelo sumo sacerdote. Ele afirmou ser o Filho do Homem, Aquele que virá sob as nuvens e reinará como o Todo-Poderoso, conforme as Escrituras anunciam (cf. Sl 10.1; Dn 7). Diante disto o sumo sacerdote o acusou de blasfêmia. Depois de o Sinédrio conseguir sua acusação formal, Jesus foi entregue a Pôncio Pilatos, o governador romano da Judeia. Diante de tantas acusações, Jesus permaneceu calado, conforme as palavras do profeta Isaías (Is 53.7). Naquele tempo Pilatos estava enfrentando uma situação política complicada. Para evitar qualquer transtorno, ele até enviou Jesus a Herodes Antipas, que era a autoridade sobre a tetrarquia da Galileia. Depois de outro interrogatório em que permaneceu completamente calado, Jesus foi devolvido a Pilatos.

A resistência que Pilatos demonstrou em condenar Jesus à morte, não tinha por base a compaixão. Antes, era muito mais por não querer complicações políticas. Ele temia se indispor com Roma, e por isto queria evitar problemas. Ele propôs surrar Jesus e depois liberá-lo. Também ofereceu a alternativa de o povo escolher entre Jesus e um criminoso conhecido, Barrabás. Nada disto deu certo. A multidão exigia a crucificação de Jesus.

II. A Condenação de Jesus Cristo

Além da coroa, os soldados deram-no um caniço como cetro, e começaram a simular uma reverência diante dele. Eles o saudavam dizendo: “Salve, rei dos judeus!” (Mt 27.29). Como se não bastasse tudo isto, eles conseguiram levar aquela injúria até o seu limite mais baixo e degradante. Eles começaram a cuspir em Jesus. Depois, ainda não satisfeitos, tomaram dele o caniço que tinham dado e passaram a golpeá-lo na cabeça enquanto o insultavam. Por fim, mais uma vez eles despiram Jesus, vestiram-no com sua roupa e o levaram para ser crucificado. Depois de ter sido açoitado e maltratado pelos soldados, Jesus foi conduzido à crucificação. De acordo com a Lei, a execução devia ser realizada fora da cidade (cf. Lv 24.14; Nm 15.35,36; 19.3; 1 Rs 21.13; Jo 19.20; Hb 13.12,13). Além disso, um homem condenado à crucificação era obrigado a carregar seu próprio instrumento de execução, isto é, a cruz.

Na maioria das vezes, acredita-se que os condenados carregavam pelo menos a trave horizontal da cruz. O peso dessa viga de madeira variava entre treze e dezoito quilos. Já a viga vertical ficava preparada no próprio local da crucificação. No entanto, os estudiosos indicam que havia casos em que a cruz inteira era carregada pelo condenado. Seja como for, Jesus carregou sua própria cruz (Jo 19.16,17). Porém, por causa das limitações de seu corpo físico completamente debilitado àquela altura, Jesus não conseguiu carregá-la por muito tempo. Quando Jesus chegou à exaustão física, os legionários obrigaram um homem chamado Simão de Cirene, a carregar a cruz de Jesus pelo caminho restante (Mc 15.21).

Durante o percurso até o local de sua crucificação, Jesus foi seguido por uma grande multidão. O evangelista Lucas informa que nessa multidão havia mulheres que se lamentavam sentido grande dor pelo que estava ocorrendo com Jesus (Lc 23.27). Jesus foi crucificado num lugar chamado Gólgota, que quer dizer “lugar da caveira” (Mc 15.22). Ele foi crucificado entre dois criminosos, um à sua direita e o outro à esquerda (Lc 23.32,33). Apesar de aquela ser mais uma afronta contra Aquele que sempre foi justo, ali se cumpria as Escrituras que dizem que Ele “foi contado com os transgressores” (Is 53.12).

No momento da crucificação de Jesus, deram-lhe vinho com fel, ou mais precisamente, vinho com mirra (Mt 27.34; Mc 15.23). Os estudiosos acreditam que essa mistura possuía um efeito anestésico, no sentido de que entorpecia a vitima. Seja como for, Jesus recusou essa mistura. Depois, já crucificado, alguns soldados lhe ofereceram uma esponja embebida com vinagre (Mt 27.47-49; Lc 23.36,37). Em ambos os casos, mesmo que talvez tivessem motivações diferentes, a sede de Jesus seria aumentada pelo fel amargo que tornava o vinho intragável, e pelo vinagre ácido. Mas o principal é que de forma impressionante as palavras do Salmo 69.21 foram cumpridas.

III. Sofrimento e Morte de Jesus

Antes da crucificação de Jesus, houve uma seção de tortura. Jesus foi açoitado antes de seguir para a cruz. A seção de açoites feita pelos romanos era muito cruel e dolorosa. O instrumento de tortura possuía um pequeno cabo de madeira no qual era preso um chicote feito com um combinado multirretorcido de tiras de couro. Em suas pontas, eram colocados pedaços de ossos cortantes e ganchos de metal. Esse castigo era tão pesado, que não era raro um homem morrer em decorrência dos ferimentos causados pelos açoites. A vitima ficava despida e encurvada, enquanto dois homens, um de cada lado, aplicavam os açoites. Com a violência do impacto, o cordão de couro criava profundos hematomas e cortes, enquanto que as pontas de ossos e os ganchos de metal, cravavam e rasgavam a pele. 

A carne do açoitado ficava tão dilacerada, que veias e até órgãos internos ficavam expostos entre os profundos ferimentos. Depois de Jesus ter sido injuriado pelo povo e açoitado violentamente, os soldados do governador se reuniram em torno dele. O objetivo daqueles soldados era se divertir às custas de Jesus. Eles queriam zombar do “Rei dos Judeus”. A Bíblia diz que primeiramente os soldados despiram Jesus. Depois o vestiram com um manto de púrpura que provavelmente estava muito velho e desgastado. Talvez tivesse sido as vestes já descartadas de um soldado. De qualquer forma, o objetivo era representar as vestes da realeza. Aqui devemos nos lembrar de que o corpo de Jesus estava completamente ferido pelos açoites. Esse simples ato de despi-lo e vesti-lo novamente, deve ter sido extremamente doloroso.

Os soldados também providenciaram uma coroa de espinhos e colocaram-na sobre Jesus. O propósito dos soldados, além de escarnecer de Jesus, era feri-lo ainda mais. Os espinhos da coroa obviamente causaram intensos sangramentos em sua fronte. Mas o significado daquela coroa era ainda mais profundo. Os espinhos da coroa de Jesus estavam em conexão com os espinhos que resultaram da maldição do pecado sobre a natureza (Gn 3.18). Ele tomou essa maldição sobre si. Foi colocada em acima da cabeça de Jesus na cruz, uma placa que dizia: “Este é Jesus, o Reis dos Judeus” (Mt 27.37). Suas vestes foram divididas entre os soldados que lançaram sorte. Provavelmente isto incluía o manto que cobria sua cabeça, suas sandálias, seu cinto, sua capa e sua túnica sem costura. Dessa forma se cumpriu a profecia do Salmo 22.18.

Durante a crucificação, parece que Jesus foi acompanhado de poucas pessoas que se compadeciam dele. Alguns seguidores olhavam de longe, e algumas das mulheres que acompanharam fielmente o seu ministério também estavam ali ao lado do apóstolo João (Jo 19.25-27). Os nomes que se destacam são: Maria, mãe de Jesus; Maria Madalena; Salomé e Maria, esposa de Cleofas. João é o único dos apóstolos mencionados próximos a Jesus na cruz.

Conclusão

Jesus foi crucificado às nove horas da manhã, e morreu por volta das três horas da tarde. Durante esse tempo houve um período de trevas que durou do meio-dia até às três horas (Lc 23.44,45). Essas trevas significaram o juízo de Deus sobre os pecados que Cristo expiava naquela cruz. Além das pessoas que verdadeiramente sofriam por ver Jesus na cruz, muitas outras presenciaram a crucificação de Jesus. Vale lembrar que havia muitos peregrinos que tinham ido até Jerusalém por ocasião da festividade da Páscoa. A Bíblia também destaca que mesmo com Jesus na cruz, os insultos contra sua pessoa não cessavam. As pessoas blasfemavam contra Ele principalmente atacando sua divindade. Até mesmo os ladrões que foram crucificados ao lado de Jesus o insultavam (Mt 27.39-44).

Com relação a tanta injúria, o silêncio tomou conta dos lábios de Jesus na cruz. A única coisa que Ele disse em conexão aos seus algozes foi a oração para que o Pai perdoasse aquelas pessoas (Lc 23.34). Por fim, um dos ladrões que estavam crucificados, se arrependeu de seu pecado e reconheceu Cristo como seu Senhor. Esse ladrão ouviu de Jesus as doces palavras: “Hoje você estará comigo no Paraíso” (Lc 23.43). Quando Jesus entregou seu espírito a Deus e morreu, o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo. Isto significa que por meio de sua morte o caminho para o santuário celestial foi aberto. Houve também um tremor de terra que partiu as rochas e abriram-se os sepulcros.

Sem maiores explicações, o texto bíblico informa que em conexão com a morte de Jesus muitos corpos de santos que dormiam ressuscitaram. Nada é dito sobre quem eram essas pessoas, apenas que elas apareceram a muitos em Jerusalém (Mt 27.51-53). Então o centurião e os que com ele guardavam Jesus na cruz, foram acometidos de grande temor. Eles começaram a glorificar a Deus e disseram: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus” (Mt 27.54; Lc 23.47).

Recomendação de Leitura da Semana: LINHARES, Gustavo. Tempos Trabalhosos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

5 Sinais que Indicam se Sou Salvo



Como você sabe se é verdadeiramente salvo? Talvez você já tenha se deparado com essa pergunta na sua caminhada cristã. Para muitos cristãos, isso é facilmente confirmado, mas para outros, a dúvida permanece. Na primeira epístola de João, ele demonstra 5 sinais de um cristão que é, de fato, salvo.

1. Pratica a justiça

Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele (1Jo 2:29).

O primeiro sinal enfatizado por João é aquele que nasceu de Deus (salvo) “pratica a justiça”. O que seria essa justiça? Praticar a justiça significa uma pessoa que observa as leis divinas. Num sentido mais amplo, é uma pessoa reta, justa, virtuosa e guarda os mandamentos de Deus. Portanto, um cristão alcançado pela graça de Deus, terá o prazer de andar no caminho da justiça, seu coração estará inclinado a guardar os mandamentos do Senhor.

2. Não vive na prática do pecado

Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus (1Jo 3:9).

Segundo sinal, o cristão salvo não “vive na prática do pecado”. João deixa claro que um salvo não é perfeito em sua caminhada cristã (1Jo 1:8-10), ele pode cair em pecados e dos mais horríveis, mas ele não permanecerá no erro. Por exemplo, Davi escondeu seu pecado com Bate Seba por um tempo, porém, ele não permaneceu no erro. Assim, um salvo em Cristo Jesus não sentirá prazer em permanecer no pecado.

3. Ama o próximo

Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus (1 João 4:7).

Terceiro sinal, o seu “amor ao próximo”. A epístola de João está cheia de ensinos sobre o amor ao próximo. Ele ensinou à igreja que o verdadeiro amor não se mostra apenas em palavras, mas em obras (1Jo 3:18), o nosso amor a Deus é evidenciado ao amamos o nosso próximo (1Jo 4:20). Logo, é impossível afirmar ser cristão e nutrir ódio no coração pelo próximo.

4. Crê que Jesus é o Cristo

Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido (1Jo 5:1).

Quarto sinal, “crê que Jesus é o Cristo”. Para uma pessoa alcançar a salvação, é necessário crê em Jesus como o seu Salvador, não basta apenas nascer em um lar cristão, ser batizado, frequentar uma igreja ou praticar obras de caridade. Deste modo, é impossível ser um salvo sem ter confessado Jesus como Senhor de sua vida.

5. Vence o mundo com a fé

Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé (1Jo 5:4).

Ultimo sinal de um salvo é que ele “vence o mundo com a fé”. Qual seria esse mundo que o cristão vence com a fé? O desejo da carne, dos olhos e a soberba da vida (1Jo 2:16). João escreveu: “Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno” (1Jo 2:14). Aqueles jovens venceram o Maligno não por sua juventude, mas, porque a palavra de Deus permanecia na vida deles, isto é, eles guardavam e praticavam a palavra. E você querido leitor vence o Maligno com a fé e a palavra?

Conclusão

Em suma, a epístola de João ensina esses 5 sinais para sabermos se somos salvos realmente. A vida cristã será sempre caracterizada por uma vida de transformação, essa certeza da salvação é confirmada por um caminhar de arrependimento. Que essas evidências possam trazer certeza ao seu coração quanto a salvação!  

 

Sidney Muniz


 

sábado, 15 de janeiro de 2022

Comentário Bíblico Mensal: Janeiro/2022 - Capítulo 3 - A Mensagem do Reino dos Céus

 




Comentarista: Henrique Lins



Texto Bíblico Base Semanal: Mateus 10.24-42


24. Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor.

25. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos?

26. Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se.

27.O que vos digo em trevas dizei-o em luz; e o que escutais ao ouvido pregai-o sobre os telhados.

28. E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.

29. Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai.

30. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.

31. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.

32. Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.

33. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus.

34. Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada;

35. Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;

36. E assim os inimigos do homem serão os seus familiares.

37. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.

38 E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.

39. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á.

40. Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.

41. Quem recebe um profeta em qualidade de profeta, receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo.

42. E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.



Momento Interação

Jesus pregou a maravilhosa mensagem da chegada iminente do reino. “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo” (Mt 4.23). A palavra de Deus e a palavra do reino podem ser usadas indiferentemente. “A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho” (Mt 13.19; Lc 8.11). Os discípulos são guiados pela “doutrina dos apóstolos” (At 2.42), porque Deus lhes deu a obra de ordenar a vontade do céu sobre os cidadãos do reino na terra (cf. Mt 18.18). E por essa razão, Jesus disse aos seus discípulos: “Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio” (Lc 22.29).

Introdução

O Reino de Deus é basicamente o domínio, o reinado ou a soberania de Deus sobre tudo. A doutrina acerca do Reino de Deus permeia a Bíblia como um todo. Por isso é preciso entender que a expressão “Reino de Deus” traz um conceito bastante amplo, cujo significado e sentido devem ser compreendidos à luz do contexto de toda Escritura. As profecias acerca do Reino de Deus estão presentes desde o Antigo Testamento. Mas é no Novo Testamento que a mensagem sobre o Reino de Deus se desenvolve de uma forma ainda mais clara, principalmente sendo o tema mais frequente da pregação de Jesus. No Sermão do Monte, por exemplo, Jesus tratou explicitamente sobre a ética do Reino de Deus; bem como em suas parábolas ele ensinou sobre os princípios que caracterizam a natureza desse reino. Grande parte das parábolas de Jesus é introduzida com o objetivo de revelar algum aspecto do Reino de Deus (“E o Reino de Deus é como […]”).

O conceito do Reino de Deus pode ser trabalhado tanto de forma mais ampla quanto mais restrita; tanto em seu significado mais geral quanto mais específico. Como foi dito, seu significado geral fala do reinado eterno e soberano de Deus sobre tudo. Do começo ao fim a Bíblia mostra Deus como o rei supremo que governa todas as coisas (cf. Sl 103.19; 113.5; Dn 4.34,35; Mt 5.34; Ef 1.20; Cl 1.16; Hb 12.2; Ap 7.15). Já o Reino de Deus em seu significado mais restrito fala de tudo o que envolve a ação soberana de Deus na redenção de seu povo. Por isso inclui-se no conceito de “Reino de Deus” a obra de Cristo, a realidade presente da Igreja e as bênçãos da salvação, e a consumação de todas as promessas na bem-aventurança eterna no universo redimido.

Nesse sentido é impossível dissociar a ideia de salvação do conceito de Reino de Deus. A entrada no Reino de Deus expressa justamente a realidade de ser redimido por Cristo e habitado pelo Espírito Santo. Então ninguém pode entrar no Reino de Deus por seus próprios méritos. Os discípulos entenderam a intima conexão entre salvação e Reino de Deus. Quando Jesus disse que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus, eles logo questionaram: “Então, quem pode ser salvo?” (Mc 10.25,26).

I. Os Sermões de Cristo

No cristianismo, o termo Cinco discursos de Mateus é uma referência a cinco discursos específicos proferidos por Jesus no Evangelho de Mateus. São eles: o "Sermão da Montanha", o "Discurso Missionário" (ou "da Missão"), o "Discurso das Parábolas", o "Discurso sobre a Igreja" e o "Discurso sobre o Fim dos Tempos". Estudiosos geralmente concordam com a existência de cinco diferentes discursos no Evangelho de Mateus, embora existam discussões e diferentes opiniões sobre detalhes específicos. No início do século XX, estudiosos tem argumentado que existem de fato cinco narrativas (mais um prólogo e um epílogo) em Mateus, enquanto outros defendem três grandes segmentos em Mateus nos quais os cinco discursos se desenrolam. Cada um dos discursos tem também paralelos, mais curtos, nos evangelhos de Marcos e Lucas. O primeiro se relaciona com Lucas 6.20-49. O segundo, com Marcos 67-13, Lucas 9.1-6 e Lucas 10.1-12. O trecho correspondente ao terceiro discurso é Marcos 4.3-34. O quarto está em Marcos 9.35-48 e o último, em Lucas 21.5-36 e Marcos 135-37.

Os cinco discursos

Sermão da Montanha

O primeiro discurso, que se estende pelos capítulos 5, 6 e 7, é chamado de "Sermão da Montanha" e é uma das mais conhecidas e citadas partes do Novo Testamento. Ele inclui as Bem-aventuranças e o Pai Nosso. Para a maior parte dos fieis, o Sermão da Montanha contém os principais pilares da fé cristã. As Bem-aventuranças são um elemento chave do sermão, na forma de "bençãos", Jesus apresenta um novo conjunto de ideais cristãos baseados no amor e na humildade e não na força e na obediência, ecoando os mais altos ideais da doutrina de Jesus sobre a misericórdia, espiritualidade e compaixão.

Discurso da Missão

O segundo discurso em Mateus 10 é uma instrução aos doze apóstolos e é, por vezes, chamado de "Discurso da Missão" ou "Discurso Missionário" ou ainda "Comissão Menor", num contraste com a mais famosa Grande Comissão. Direcionado aos doze nomeados em Mateus 10.2,3, Jesus aconselha-os sobre como viajar de cidade em cidade, a não levarem nada consigo e a pregarem apenas para comunidades israelitas. Ele pede ainda que tenham cuidado com os adversários, mas que não tenham medo, pois saberão o que dizer para se defender quando for necessário «porque o Espírito Santo vos ensinará naquela hora o que deveis dizer (Lc 12.12).

Discurso das Parábolas

O terceiro discurso, em Mateus 13, é uma reunião de diversas parábolas sobre o Reino dos Céus e é geralmente chamado de "Discurso das Parábolas" ou "Discurso Parabólico". A primeira parte do discurso, em Mateus 13.1-35, se passa quando Jesus deixa uma casa e se senta à beira de um lago para falar aos discípulos e à multidão que se aglomerou para ouvi-lo. Neste trecho estão O Semeador, O Joio e o Trigo, O Grão de Mostarda e O Fermento. Na segunda, Jesus volta para dentro da casa e fala apenas aos discípulos, um trecho que contém O Tesouro Escondido, A Pérola e A Rede.

Discurso sobre a Igreja

O quarto discurso, em Mateus 18, é geralmente chamado de "Discurso sobre a Igreja" e inclui as parábolas da Ovelha Perdida e do Credor Incompassivo, que também são referências ao Reino dos Céus. O tema geral do discurso é uma antecipação de uma futura comunidade de fieis e o papel dos apóstolos, que a liderarão. Falando aos seus apóstolos em Mateus 18.18, Jesus afirma que "tudo o que ligardes sobre a terra, será ligado no céu; e tudo o que desligardes sobre a terra, será desligado no céu". Este poder é dado primeiro a Pedro no capítulo 16 depois de sua confissão de fé. Além do poder de ligar e desligar, Pedro recebeu as chaves do Reino dos Céus e é considerado a "rocha" sobre a qual Cristo construiu sua Igreja. O discurso destaca a importância da humildade e do auto-sacrifício como virtudes elevadas na comunidade cristã e ensina que, no Reino de Deus, é a humildade das crianças que importa e não a proeminência social ou as aparências.

Discurso das Oliveiras

O discurso final, em Mateus 24, é geralmente chamado "Discurso das Oliveiras" por ter sido proferido no Monte das Oliveiras, "Discurso sobre o Fim dos Tempos" ou ainda como "Sermão profético" e corresponde aos capítulos Marcos 13 e Lucas 21. Ele trata basicamente do julgamento e da conduta esperada de um seguidor de Jesus, além da necessidade de vigilância destes seguidores em vista do iminente juízo que se aproxima. Jesus inicia o discurso depois de receber uma pergunta dos discípulos sobre o "fim dos tempos" (o "fim do mundo" e o início do mundo que virá), sua mais longa resposta à qualquer pergunta no Novo Testamento. O discurso é geralmente visto como sendo uma referência à destruição futura do Templo em Jerusalém e também ao fim do mundo e à Segunda Vinda de Cristo, mas muitas opiniões acadêmicas sobrepõem estes dois episódios e decidir qual versículo se refere ao qual evento permanece um tema complexo e discutível

II. As Parábolas de Cristo

‘Parábola’ é uma pequena narrativa que transmite lições de moral ou ensinamentos para a vida através de alegorias. Esse tipo de narrativa literária construída com figuras é muito comum nas sociedades orientais, e cada elemento da parábola é associado a um significado especifico. Na sua grande maioria, os ensinamentos de Jesus foram transmitidos através de parábolas, entretanto, as narrativas de Jesus não tinham por objetivo transmitir lições de ordem moral ou comportamental, e nem estabelecer uma filosofia de vida. Qual o motivo de Jesus fazer uso de parábolas? Era somente uma predileção do Mestre dos mestres? Tem relação com o gosto das pessoas, que preferiam ouvir boas estórias?

Jesus fez uso de parábolas ao ensinar o povo de Israel devido as profecias do Antigo Testamento, que vaticinava que o Cristo ensinaria utilizando especificamente esse recurso. “Abrirei a minha boca numa parábola; falarei enigmas da antiguidade” (Sl 78.2); “Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta, que disse: Abrirei em parábolas a minha boca; Publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo” (Mt 13.35). Uma das maneiras que os filhos de Israel dispunham para identificar quem era o Cristo enviado de Deus, era observar qualquer dentre os seus irmãos que anunciasse as palavras de Deus por intermédio de parábolas, e comparar com o que foi predito pelos profetas.

Desde que Deus falou ao povo de Israel através do profeta Moisés, ficou evidente que  Deus falava abertamente somente com Moisés, e com o restante do povo, Deus falava através de enigmas. “E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do SENHOR; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?” (Nm 12.6-8). O motivo de Jesus fazer uso de parábolas é bem claro: “E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, E, vendo, vereis, mas não percebereis. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem” (Mt 13.12,13).

III. As Exortações de Cristo

Na Bíblia exortar significa motivar alguém a seguir Jesus da maneira correta. Assim, dependendo da situação, exortar implica ensinar, aconselhar, consolar ou até repreender. Exortar significa motivar ou insistir com alguém para fazer algo. A Bíblia nos exorta a seguir Jesus e obedecer a Deus fielmente, sem desistir. A exortação ajuda a manter os olhos fixos no alvo. Os líderes têm uma responsabilidade especial de exortar a igreja. Como são mais maduros e conhecem mais da palavra de Deus, eles têm autoridade para exortar outros a viver de maneira que agrada a Deus (2 Tm 4.1,2). Mas a exortação não é trabalho exclusivo dos líderes. A Bíblia diz que os crentes devem exortar uns aos outros, para se fortalecerem e crescerem juntos na caminhada cristã (1 Ts 5.11). Exortar não é o trabalho de apenas uma ou duas pessoas na igreja; é o trabalho de todos. Precisamos partilhar nossa motivação.

O objetivo da exortação é ajudar outra pessoa a seguir Jesus fielmente, sem desistir (1 Ts 5.14). Isso pode ser feito de muitas maneiras mas o mais importante é o amor. A exortação deve ser feita com amor, e o desejo de ver o bem da pessoa, não para machucar nem forçar. Também é importante ter respeito. Insultar não é humilhar. Por isso, é bom pedir sabedoria a Deus para dizer a coisa correta para exortar da melhor maneira. Quem exorta também precisa estar aberto para ser exortado. A exortação ajuda a crescer e ficar mais maduro. Todos precisamos exortar e ser exortados.

Conclusão

Apesar de Deus governar todo o universo soberanamente de seu trono, por causa do pecado a humanidade caída se recusa a reconhecer o governo de Deus. Desde o início da história do mundo os ímpios têm se levantado em rebelião contra o Reino de Deus. Mas isso um dia isso chegará ao fim. O Reino de Deus durará para sempre e toda oposição a ele caíra em ruína. Mas segundo as Escrituras, tudo isso envolve um longo processo histórico. O compromisso com o Reino de Deus foi primeiramente guardado na linhagem piedosa de Sete, que culminou na obediência de Noé. Depois, num novo estágio, ele foi mantido com Abraão e sua descendência. Então é possível dizer que no Antigo Testamento a revelação do Reino de Deus limitava-se ao povo de Israel. Enquanto isso, as demais nações estavam em trevas e em completa rebelião contra Deus.

Mas havia um propósito muito mais amplo; o Reino de Deus não haveria de ficar restrito apenas ao povo de Israel. Aquele era somente um estágio temporário que daria lugar a um novo estágio, um estágio final e superior do Reino de Deus. Por isso os profetas profetizaram sobre a expansão do Reino de Deus sobre toda a terra, onde judeus e gentios haveriam de se juntar em total rendição e obediência a Deus, cujo reino jamais teria fim (cf. Gn 17.17-20; 18.18; 1 Cr 16.23-36; Sl 67; 97; Is 52.7-15; Ml 4; Rm 4.13-17).

Recomendação de Leitura da Semana: JUNIOR, Carlos Alberto. A Obra da Redenção. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.


terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Como orar e receber respostas de Deus



Jesus ensinou no Evangelho de Mateus como orar e receber respostas nas orações. Ele disse: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-áPois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á” (Mt 7:7,8). Jesus ensinou por meio dessas palavras como orar de forma eficaz e obter respostas de Deus na oração.

Portanto, o objetivo do texto é analisar de forma objetiva o que Jesus queria dizer ao falar: pedir, buscar e bater.

Pedir

A princípio, Jesus ensinou que para receber respostas nas orações, a primeira atitude é pedir. E de que forma um cristão deve pedir a Deus? Ele deve pedir com fé, Jesus disse:

Porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele” (Mc 11:23).

Deus responde as nossas orações quando pedimos com fé e não duvidamos em nosso coração. “Porque a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb11:1). Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11:6). Portanto, como disse Charles Spurgeon: “sendo assim, tendo recordado essas coisas, a declaração de nosso Senhor não possui outro requisito senão esse, todo aquele que pede, recebe”.[1]

Buscar

Após Jesus dar ênfase sobre pedir, ele demonstra a importância de buscar. Se por um lado pedimos algo e não recebemos resposta, o importante diante disso é persistir em buscar mais a Deus. A Bíblia nos ensina a buscar a Deus de todo o coração:

Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29:13).

Sobre “buscar” a Deus, o puritano Matthew Henry afirmou: “busquem como se busca uma coisa de valor que perdemos; ou como o mercador que procura por pérolas boas”. [2] Dessa forma, se Deus ainda não respondeu a nossa oração, necessário é buscarmos mais ao Senhor.

Bater

Por último, Jesus ensinou que mesmo pedindo, buscando e não encontrando respostas, a solução é bater na porta. O que Jesus estava se referindo sobre “bater na porta”? John Bunyan explica: “eu te digo: continue a bater, chorar, gemer e prantear; se Ele se não levantar para te dar, porque és seu amigo, ao menos por causa da tua importunação, levantar-se-á para dar-te tudo o que precisares”.[3]

Se o Senhor ainda não respondeu a sua oração, continue perseverando, não pare de bater na porta, mesmo que seja de forma agonizante ou desesperada. Mas a promessa é que todas essas orações serão recompensadas”[4] Enfim, Jesus ensinou nas suas parábolas que devemos perseverarmos sempre na oração para recebermos respostas (Lc 18:1-8; Lc 11:5-8).

Conclusão

Jesus nos ensina que pedirbuscar e bater, são basicamente três estágios da oração. Como disse Bruce: “temos aqui a pessoa que está separada de Deus batendo, o que se desviou de Deus buscando e a criança que está em casa pedindo; todos são igualmente atendidos”.[5] Além disso, essas três expressões nos ensina a disposição amorosa de Deus e o amor paternal de Deus de nos atender nossas orações. Portanto, devemos confiar no amor paternal de Deus, pois Ele é o nosso Pai.

 

Sidney Muniz

 



[1] A certeza da oração atendida – Charles Spurgeon

[2] Comentário Bíblico de Matthew Henry

[3] Heróis da fé – vinte homens extraordinários que incendiaram o mundo

[4] Comentário Bíblico Beacon

[5] Comentário Bíblico NVI – Antigo e Novo Testamento – F.F. Bruce


 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

A natureza da divindade

 




Por Leonardo Pereira



Deus é uno (Dt 6.4; Is 40-48; Mc 12.29; 1 Tm 1.17; Tg 2.19; 4.12).  A natureza de sua unidade é o assunto em pauta. Com base mesmo no que se evidenciou acima, deve estar claro que a unidade de Deus é uma união, não uma unidade absoluta. A palavra equivalente a Deus no Antigo Testamento (elohim) é uma formação no plural. A palavra equivalente a um, empregada em referência a Deus no Antigo Testamento (echad) também é uma forma plural. Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança . . ." (Gn 1.26). A quem se refere esse "nossa"? Somos criados à imagem de Deus, mas há mais de uma pessoa que compôs Deus. Atente para essas afirmações: "Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente" (Gn 3.22). "Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro" (Gn 11.7). Desde os primeiros capítulos da Bíblia, vemos Deus revelado como uma unidade plural (veja também Isaías 6.8). Existe até mesmo diálogos registrados entre Deus e Deus na Bíblia: veja Salmos 110.1, por exemplo.

Em que sentido o Pai e o Filho são um? São uma só pessoa? Ou são um em unidade e em propósito? Observe atentamente João 17.20-23: "Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim." Esse texto ensina que os cristãos devem ser um como o Pai e o Filho são um. Os cristãos devem passar a ser uma só pessoa? Ou será que devem ser um em unidade e em propósito? Já que a unidade que os cristãos devem ter não é a de ser uma só pessoa, então a unidade do Pai e do Filho não significa que são a mesma pessoa. A Bíblia muitas vezes trata de coisas que são unas. Marido e mulher são um (Mt 19.4-6; Ef 5.31). O que planta e o que rega são um (1 Co 3.6-8). Os cristãos são um (1 Co 12.14). E também o Pai e o Filho (e o Espírito Santo) são um.
Embora nos tenhamos concentrado principalmente no Pai e no Filho, as Escrituras mostram que o Espírito Santo também é uma pessoa divina. O Espírito Santo é revelado como um ser pessoal. Ele faz o que somente uma pessoa pode fazer: fala (1 Tm 4.1); ensina (Jo 14.26); reprova (Jo 16.8); orienta (Gl 5.18); intercede (Rm 8.26); chama (At 13.2); pensa (Rm 8.27; 1 Co 2.10,11); toma decisões (At 13.12; 15.28). Os sentimentos que tem só uma pessoa pode ter: é alvo de mentiras (At 5.3); é resistido (At 7.51); é desprezado (Hb 10.29); fica entristecido (Ef 4.30); fica irado (Is 63.10); é blasfemado (Mt 12.31). O Espírito Santo tem características divinas: é onisciente (1 Co 2.10,11) e onipresente (Sl 139.7-10).

O Novo Testamento une Pai, Filho e Espírito Santo de modo impressionante. Muitos textos mencionam os três: "A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós" (2 Co 13.13). "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19). "Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas." (1 Pe 1.2; Rm 15.30; 1 Co 12.4-6; 6.11; 2 Co 1.20,21; Gl 4.6; Ef 2.18; 3.14-17; 5.18-20; 1 Ts 5.18,19; 2 Ts 2.13; Tt 3.4-6; 1 Jo 4.13,14; Jd 20-21; Ap 1.4,5). Embora a Bíblia em momento algum apresente uma definição teológica de Deus, é possível entender alguns aspectos de seu ser estudando a revelação dada nas Escrituras. O que podemos concluir é: Deus é o nome dado à natureza divina, a há três seres que partilham dessa mesma natureza divina: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.