sexta-feira, 29 de maio de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Maio/2020 - Capítulo 4 - Jesus Cristo - O Profeta por Excelência




Comentarista: Oliveira Silva



Texto Bíblico Base Semanal: Deuteronômio 18.15-22

15. O Senhor teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis;
16. Conforme a tudo o que pediste ao Senhor teu Deus em Horebe, no dia da assembléia, dizendo: Não ouvirei mais a voz do Senhor teu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra.
17. Então o Senhor me disse: Falaram bem naquilo que disseram.
18. Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar.
19. E será que qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, eu o requererei dele.
20. Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá.
21. E, se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou?
22. Quando o profeta falar em nome do Senhor, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele.

Momento Interação

Como profeta, Jesus tem a grande função de revelar o caráter do Pai. João diz: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo 1.18). Jesus revelou o caráter do seu Pai, especialmente por meio do seu ensino. Suas explicações sobre Deus, bem como o seu amor, a sua misericórdia, a sua graça, a sua justiça, a sua santidade, o seu propósito, a sua natureza e pessoa, foram manifestações do seu ofício profético. Cristo é a eterna sabedoria do Pai, ele se tornou o tradutor de Deus para a raça decaída, que não conseguia falar a linguagem de Deus. Tentar entender Deus à parte de Cristo é como tentar entender uma nação estrangeira sem um embaixador. Cristo disse: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). 

Jesus Cristo precisava ser Deus, para poder falar a verdade sobre o Pai, e, ao mesmo tempo, precisava ser homem a fim de que entendêssemos o que ele estava dizendo. Cristo é a ponte que liga o finito ao infinito, a sua cruz liga os céus à terra, atravessa o imenso abismo entre o bem e o mal, entre a santidade e a iniquidade. Lloyd-Jones está certo em assegurar a importância disso, pois de fato “uma parte de nossa salvação consiste em nossa recepção desse conhecimento que nosso Senhor nos tem comunicado”.

Introdução

O tríplice ofício de Cristo (“Munus triplex”), o qual ele exerceu tanto em seu estado de humilhação como no de exaltação, está figurado no Antigo Testamento nos ofícios profético, sacerdotal e real – ofícios que eram consagrados através de unção (sendo “ungido” o significado do termo grego “Cristo” e hebraico “Messias”). Como Profeta, ele nos revela a vontade e a pessoa de Deus. Como Sacerdote, ele é nosso mediador diante de Deus, oferecendo a si mesmo, uma só vez, em sacrifício para satisfazer a justiça divina e nos reconciliar com o Pai e vivendo sempre para interceder por aqueles que se achegam a Deus. Como Rei, ele governa como o vice-regente do Pai sobre o mundo, protege o seu povo e conquista sobre seus inimigos. Ressalta-se que, apesar de vermos tais sombras no Antigo Testamento, não devemos supor que Deus se aproveitou “a posteriori” desses ofícios para ilustrar a obra messiânica, mas que foram decretados antes da fundação do mundo para nos revelar o Cristo. Primeiro vem a realidade eterna do Filho, depois os ofícios terrenos. Ele é o Logos, o Cordeiro que foi morto e o braço direito do Pai antes da fundação do mundo.

I. O Messias Prometido

Moisés foi o primeiro grande profeta do A.T e escreveu os cinco primeiros livros da Bíblia, o Pentateuco. Depois vieram outros que transmitiam a palavra de Deus. Mas Moisés profetizou que um dia viria outro profeta como ele (Dt 18.18): “Suscitar-lhe-ei um profeta...”. Mas se olharmos a história de Jesus nos evangelhos, ele não é visto como um profeta ou O Profeta semelhante a Moisés, apesar de que em algumas referências as pessoas o chamavam de profeta, eles conheciam pouco sobre Ele. Por ex. quando Jesus disse a mulher samaritana um pouco da sua vida passada, ela imediatamente disse que Ele era profeta (Jo 4.19), o cego de nascença também falou que Jesus era profeta (Jo 9.17). Mas havia uma expectativa de que viria o profeta predito por Moisés, como por exemplo, na multiplicação dos pães e peixes, alguns exclamaram “Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo” (Jo 6.14).

As cartas paulinas não citam Jesus como profeta. Apesar de Jesus ser o profeta predito por Moisés, Ele é infinitamente maior que todos os profetas, tanto do A.T como do N.T. Jesus era aquele sobre quem os profetas falavam e escreviam. Ele não era meramente um mensageiro da revelação de Deus (como todos os profetas), mas ele era a própria fonte de revelação de Deus. Em vez de dizer como os profetas “Assim diz o Senhor”, Jesus podia dizer com toda autoridade divina “Eu, porém, vos digo”. Jesus é o verbo eterno de Deus (Jo 1.1), é o resplendor da glória e a expressão exata de Deus, Ele é a verdadeira luz que ilumina a todo homem, todas as coisas foram feitas por intermédio Dele. No sentido genérico da palavra profeta, Cristo é verdadeiramente um profeta, mas Ele é também aquele profetizado por Moisés, Ele é maior que todos os profetas.

II. O Ministério Profético de Cristo Jesus

A grande função do profeta era anunciar algo da parte de Deus para o ser humano. O profeta não tinha uma mensagem de si mesmo para transmitir, ele transmitia a Palavra de Deus, a qual precisaria ter recebido de Deus anteriormente. O profeta comunicava a vontade de Deus ao povo por meio de admoestações, exortações, promessas ou ameaças. Jesus é o profeta por excelência. Moisés, o grande profeta de Israel anunciou a vinda de um profeta que devia ser ouvido: “O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15). Quando as pessoas viram os milagres de Jesus, especialmente a multiplicação dos pães e dos peixes, declararam: “Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo” (Jo 6.14). Não há dúvida de que eles estavam pensando na promessa de Moisés. Pedro entendeu que o anúncio de Moisés se referia a Jesus, e deixou isso bem claro no seu primeiro sermão: “Disse, na verdade, Moisés: O Senhor Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser” (At 3.22).

O Novo Testamento diz que todos os profetas do Antigo Testamento eram movidos pelo Espírito de Cristo, ou seja, era o caráter profético de Jesus que dava aos profetas a revelação, conforme as palavras de Pedro na sua Primeira Epístola: “Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam” (1Pe 1.10,11). Ele está dizendo que os profetas puderam antever as coisas futuras porque o Espírito de Cristo estava neles e lhes concedia a revelação.

III. Jesus Cristo - Profeta por Excelência

Como profeta, Jesus tem a grande função de revelar o caráter do Pai. João diz: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo 1.18). Jesus revelou o caráter do seu Pai, especialmente por meio do seu ensino. Suas explicações sobre Deus, bem como o seu amor, a sua misericórdia, a sua graça, a sua justiça, a sua santidade, o seu propósito, a sua natureza e pessoa, foram manifestações do seu ofício profético. Cristo é a eterna sabedoria do Pai, ele se tornou o tradutor de Deus para a raça decaída, que não conseguia falar a linguagem de Deus.
Tentar entender Deus à parte de Cristo é como tentar entender uma nação estrangeira sem um embaixador. Cristo disse: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). Jesus precisava ser Deus, para poder falar a verdade sobre o Pai, e, ao mesmo tempo, precisava ser homem a fim de que entendêssemos o que ele estava dizendo. Cristo é a ponte que liga o finito ao infinito, a sua cruz liga os céus à terra, atravessa o imenso abismo entre o bem e o mal, entre a santidade e a iniqüidade. Lloyd-Jones está certo em assegurar a importância disso, pois de fato “uma parte de nossa salvação consiste em nossa recepção desse conhecimento que nosso Senhor nos tem comunicado”.

Desse modo, o mediador estava fazendo a ponte entre Deus e o ser humano, revelando-nos um pouco da maravilhosa pessoa do Pai. Toda a revelação está, de certo modo, na pessoa de Cristo como profeta. Assim, de fato, “desde o início, tanto em seu estado de humilhação quanto de exaltação, tanto antes quanto depois do seu advento na carne, Cristo executa o ofício de profeta ao revelar-nos, por meio de sua Palavra e seu Espírito, a vontade de Deus para nossa salvação”. Deus ordenou aos homens, no monte da transfiguração que ele fosse ouvido (Mt 17.5). Se ele devia ser ouvido é porque de fato é o portador da revelação. Na pessoa de Cristo, segundo Paulo, estão escondidos “todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Cl 2.3), e nas sábias palavras de Calvino “fora dele não há nada que valha a pena conhecer”.

Conclusão

Os três cargos mais importantes que poderiam existir para o povo de Israel no Antigo Testamento eram: o de Profeta (como Isaías, Jeremias, Natã), o de Sacerdote (como Arão, Samuel), e o de Rei (como Davi, Josafá). O profeta falava as palavras de Deus ao povo, o sacerdote oferecia sacrifícios e orações a Deus em favor do povo, e o rei governava o povo como representante de Deus. Cristo preenche esses três ofícios da seguinte maneira: como profeta ele transmite a palavra de Deus a nós, como sacerdote ele tanto oferece sacrifício em nosso favor quanto ele mesmo é o sacrifício; e como rei governa a Igreja e todo o universo.

Jesus nasceu para ser o Rei dos judeus, mas não aceitou ser um rei do jeito que o povo queria: um rei terreno com poder militar, com espada, com um exército de soldados, um rei que libertasse o povo judeu do domínio de Roma. Eles queriam um rei político, cheio de fama e de pompa, mas Jesus recusou tudo isso, Ele disse a Pilatos em (Jo 18.36): “O meu reino não é deste mundo...”).  Mas Jesus tem um reino, cuja vinda ele anunciou em sua pregação aqui na terra, é um reino celestial, Jesus é o “Rei que vem em nome do Senhor”, é o “Rei dos reis e Senhor dos senhores”, está sentado à direita do Pai, está acima de todo nome, tem todas as coisas debaixo dos seus pés, Ele é o cabeça de todas as coisas, esse oficio de Rei será reconhecido pelas pessoas quando Jesus voltar com poder e grande glória para reinar, Filipenses 2.10-11 diz que: “Todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus Pai”.



Sugestão de Leitura da Semana: GONÇALVES, Matheus. O Evangelho do Médico Amado. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.

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