sexta-feira, 31 de julho de 2015

O que se deve fazer quando sua igreja segue doutrinas do Velho Testamento?

Quase 2.000 anos depois da morte de Jesus, pela qual ele deu um Novo Testamento (Hebreus 9:15-17), muitas igrejas continuam seguindo doutrinas do Velho Testamento. Algumas adotam sistemas de sacerdócio do padrão levítico. Outras justificam o batismo de recém-nascidos pelo fato que meninos judeus de 8 dias foram circuncidados. Muitas exigem o dízimo e usam instrumentos musicais no louvor. Algumas ainda guardam o sábado e observam regras alimentícias da antiga aliança. Todas essas práticas e doutrinas faziam parte da lei dada ao povo de Israel, mas nenhuma delas faz parte da nova aliança dada por Jesus. O que uma pessoa deve fazer se a sua igreja continua ensinando e praticando tais coisas?
Sabemos que, aqui na terra, não existe igreja perfeita, no sentido que qualquer igreja é composta de pessoas imperfeitas. A própria Bíblia diz que devemos aceitar pessoas fracas (Romanos 14:1) e trabalhar com longanimidade para ampará-las (1 Tessalonicenses 5:14).
Mas os exemplos citados acima não são questões de indivíduos imperfeitos na igreja, e sim de doutrinas e práticas erradas que envolvem a congregação toda. Jesus encravou o antigo sistema na cruz, dissipando a sombra e revelando a luz (Colossenses 2:14-17). As pessoas ou igrejas que procuram se justificar pela antiga lei se desligam de Cristo e da graça dele (Gálatas 5:4). O Senhor ensina que não devemos ser cúmplices dos pecados de outros. Paulo falou para Timóteo que não apoiasse outros (impondo as mãos a eles) precipitadamente (1 Timóteo 5:22). Antes de participar ativamente de uma igreja, devemos examinar o trabalho e o ensinamento dela, comparando tudo com a palavra de Deus (1 Tessalonicenses 5:21-22). João instruiu que não apoiássemos professores que ultrapassam a doutrina de Cristo, para que não tornássemos cúmplices de suas obras más (2 João 9-11). Quando uma igreja insiste em manter doutrinas ou práticas não autorizadas por Jesus, o servo que quer se conservar puro precisa ficar fora (ou sair) dela.
Quando uma pessoa sai de uma igreja que não está seguindo a palavra do Senhor, terá que enfrentar algumas decisões difíceis. Onde vai congregar? Não deve se isolar, pois Deus mandou que nos reuníssemos com outros cristãos (Hebreus 10:24-25). Ao mesmo tempo, não deve pular de uma igreja errada para outra igualmente errada. O que pode fazer? Há duas opções: 1. Encontrar uma congregação que segue fielmente às Escrituras, ou 2. Começar uma nova congregação, junto com uma ou mais pessoas com o mesmo desejo de fazer somente a vontade do Senhor. Não é fácil sair do conforto de uma igreja humana para fazer a vontade de Deus, mas o sacrifício é pequeno em comparação com aquele que Jesus fez por nós!

quinta-feira, 30 de julho de 2015

É a vontade de Deus que seus filhos sejam prósperos e saudáveis?

 Não necessariamente. A Bíblia não ensina que Deus sempre deseja a abundância material ou a boa saúde para seus filhos. Apesar dos ensinamentos das Escrituras, vários pregadores de grande acesso ao público estão agora pregando "evangelhos da saúde e da riqueza". Esta ênfase que as pessoas dão à prosperidade e à saúde física é, na verdade, o materialismo disfarçado de religião.

Os que servem a Deus freqüentemente são pessoas de renda muito baixa. Neste mundo, Cristo foi pobre (Lucas 9:58). Paulo várias vezes o foi (2 Coríntios 11:23-27). Os cristãos hebreus também foram (Hebreus 10:37). Homens fiéis à vontade divina, algumas vezes ficaram desamparados, necessitados de recursos (Hebreus 11:37).
Os que servem a Deus são freqüentemente doentes e enfermos. Paulo deixou Trófimo doente em Mileto (2 Timóteo 4:20). Timóteo foi aconselhado a usar um pouco de vinho medicinal "por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades" (1 Timóteo 5:23). Somos encorajados a orar por aqueles que estão doentes e sabemos que, se for a vontade de Deus, eles poderão ser curados. Mas nem sempre esta é a vontade de Deus! Aqueles que ensinam o evangelho da saúde perfeita muitas vezes encorajam as pessoas a "reinvidicar" por milagres, acreditando que a reinvidicância os pertence a qualquer momento, desde que a façam com fé. É claro que isto seria muito confortante, mas onde é que na Bíblia está se referindo que podíamos sequer "reinvidicar" por milagres?
A popularidade dos evangelhos da saúde e da riqueza é uma boa evidência de como anda a orientação em nosso mundo. Devemos aprender a fixar nossas esperanças completamente na graça divina que está por vir de acordo com a revelação de Cristo (1 Pedro 1:13), e não na riqueza e na saúde desta vida.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Deus pode arrepender-se?

Números 23:19 diz: "Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará?" Mas outras passagens dizem que ele tem se arrependido. "... Então se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra ..." (Gênesis 6:6-7). "Então, se arrependeu o Senhor do mal que dissera havia de fazer ao povo" (Êxodo 32:14). Como podem estas afirmações ser conciliadas?

Em qualquer estudo de textos difíceis da Bíblia, precisamos primeiro olhar para o contexto. Números 23:19 é uma afirmação da fidelidade de Deus em cumprir suas promessas. Foi impossível para Balaão amaldiçoar os israelitas porque Deus os tinha abençoado e lhes prometido prosperidade. Cada vez que ele tentou amaldiçoá-los, Deus transformou suas palavras em mais bênçãos. Deus nunca mente e nunca quebra uma promessa. Paulo afirmou sua confiança na fidelidade de Deus: "Fiel é esta palavra: se já morremos com ele, também viveremos com ele; se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos negará; se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo" (2 Timóteo 2:11-13). A fidelidade de Deus dá segurança ao obediente.

Os contextos de Gênesis 6 e Êxodo 32 são diferentes. Em ambos casos, Deus é fiel. Sua "mudança de sentimento" é por causa das mudanças feitas pelos homens. Em Gênesis 6, ele se preparou para destruir aqueles que o abandonaram. Em Êxodo 32, ele estava pronto para destruir o povo mas arrependeu-se por causa do apelo penitente de Moisés. Estes casos ilustram o que Paulo disse: "... se o negamos, ele, por sua vez, nos negará".

Uma das explicações mais claras deste assunto na Bíblia é encontrado em Jeremias 18:1-10. Os planos de Deus para abençoar ou destruir são condicionais.  Se uma nação que está sendo abençoada se volta para o pecado, Deus irá condená-la a ser destruída. Se o povo desobediente se converte ao Senhor, ele o poupará da destruição. Isto não é vacilação por parte de Deus. Ele está simplesmente sendo fiel ao seu justo caráter.

Deus não quer que ninguém morra em pecado. Ele quer que todos se arrependam para receber a bênção da vida eterna (2 Pedro 3:9).

terça-feira, 28 de julho de 2015

Havia perdão de pecados antes da morte de Jesus?

O Novo Testamento afirma que Jesus Cristo é o único caminho à salvação. Ele disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). Pedro acrescentou: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4:12).
Antes de Jesus, houve pecado e condenação. Todos pecaram (Romanos 3:23) e mereceram a morte espiritual (Romanos 6:23). Paulo diz que a lei do Antigo Testamento mostrou o problema (Romanos 3:20; Gálatas 3:22), e que a fé em Jesus Cristo é a solução (Gálatas 3:23-27; Romanos 3:24-26). Nesta última citação, ele comenta sobre a necessidade do sangue de Jesus para fazer propiciação pelos nossos pecados.
Como, então, pode se falar de perdão antes da morte de Jesus? Quando Moisés revelou as instruções sobre holocaustos e outros sacrifícios, ele disse que os pecados do povo seriam perdoados por meio dessas ofertas (Levítico 4:20,26,31,35; 5:10,13,16,18; 6:7; etc.). João Batista, alguns anos antes do derramamento do sangue de Jesus, pregou “batismo de arrependimento para remissão de pecados” (Marcos 1:4).
Se já existiam meios para perdoar pecados, por que Jesus se sacrificou na cruz? O livro de Hebreus esclarece esta questão. Ele nos ensina que:
 
1. Os sacrifícios anteriores não foram suficientes para perdoar pecados: “Nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos, porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados” (10:3-4).
 
2. Os pecados cometidos sob o Velho Testamento foram perdoados pela morte de Jesus: “Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados” (9:15).
Para ilustrar o significado destes trechos, podemos usar a prática comum de pagar dívidas com cheques pré-datados. Os sacrifícios do Antigo Testamento e o batismo de João foram como cheques pré-datados assinados com a confiança que o sangue de Jesus seria “depositado na conta” na data certa. Foram condicionados no sacrifício futuro de Jesus.
Hoje, é diferente. Quando demonstramos a fé pelo arrependimento e o batismo para remissão dos pecados (Atos 2:38), confiamos no depósito que já foi feito no Calvário, e recebemos o perdão dos nossos pecados.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Os apóstolos esperavam a volta de Cristo na época deles?

Alguns trechos do Novo Testamento parecem sugerir que Jesus já voltaria naquela época. Paulo, por exemplo, disse: "Nós, os vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo algum procederemos os que dormem" (1 Tessalonicenses 4:15). Pedro afirmou: "Ora, o fim de todas as coisas está próximo" (1 Pedro 4:7). Quase 2.000 anos já se passaram, e Jesus ainda não voltou. Sabemos que não devemos temer o profeta cuja palavra não se cumpre (Deuteronômio 18:21-22). Daí vem a pergunta: os apóstolos se tornaram falsos profetas?
Antes de descartar a autoridade da palavra apostólica, precisamos examinar bem vários fatos:
Jesus disse, e os apóstolos relataram, que o dia da volta dele pertence exclusivamente ao Pai (Mateus 24:36,42,44,50; etc.)
A linguagem de profecia na Bíblia, às vezes, apresenta eventos futuros no presente ou no passado para certificá-los, e não necessariamente para mostrar o tempo de seus cumprimentos. Salmo 2:6, por exemplo, fala sobre a coroação de Cristo como Rei em Sião como já feita, mas Davi escreveu este salmo 1.000 anos antes do cumprimento da profecia.
Embora Paulo tenha se colocado entre os vivos, esperando a volta de Cristo (1 Tessalonicenses 4:15), em outro lugar, ele se incluiu entre aqueles que seriam ressuscitados (2 Coríntios 4:14). Em nenhum desses trechos, devemos entender que o apóstolo esteja predizendo a iminência ou a distância da vinda de Jesus, nem que esteja comentando sobre o seu próprio estado no Dia do Senhor. Ele está confortando os fiéis ao afirmar que Deus não esquecerá de ninguém.
O próprio Paulo corrigiu as pessoas que anunciaram a vinda imediata do Senhor (2 Tessalonicenses 2:1-6).
No contexto em que escreveu sobre o fim de todas as coisas, Pedro falou também do tempo que restou para seus próprios leitores (1 Pedro 4:2). Para cada um deles, como para cada um de nós, o fim não tardaria (veja Romanos 13:11). Alguns interpretam 1 Pedro 4:7 em relação à destruição de Jerusalém (70 d.C.), mas não temos espaço suficiente aqui para examinar essa possibilidade.
O próprio Pedro disse que Deus não falhou na sua promessa, mesmo se alguns achem demorada a volta de Jesus. Ele usou a mesma linguagem empregada pelo Senhor (veja as citações de Mateus 24 acima) para mostrar que ninguém seria capaz de predizer o dia. Pedro entendeu muito bem que Deus não se limita ao cronograma dos homens (2 Pedro 3:8-13).
Tanto Paulo como Pedro esperavam pelas próprias mortes, confiando na futura vinda de Jesus (2 Timóteo 4:6-8; 2 Pedro 1:13-15).
Considerando todos esses fatos, podemos manter a nossa confiança na veracidade da palavra apostólica. As profecias sobre a segunda vinda de Jesus não foram cumpridas no primeiro século, e ainda não se realizaram até o início do século XXI. As palavras reveladas pelos apóstolos são confiáveis (Hebreus 2:1-4), e as promessas de Deus seguras (2 Pedro 3:9).

domingo, 26 de julho de 2015

Por onde começar para entender a Bíblia?





 Muitas pessoas sabem que a Bíblia é boa e importante, e até gostariam de entendê-la. Mas quando começam ler, ficam confusas e, muitas vezes, desistem do estudo quase antes de iniciar. Por onde começar para entender a Bíblia? Quero oferecer algumas sugestões práticas.

(1) Prepare o coração para aceitar e aplicar a palavra (Tiago 1:21-22)

(2) Comece com uma vista panorâmica da Bíblia. Observe que a Bíblia tem duas divisões principais: o Antigo Testamento, que é composto de livros escritos antes do nascimento de Jesus, e o Novo Testamento, que foi escrito depois da vinda dele.
O Antigo Testamento pode ser dividido em (a) livros da Lei (Gênesis - Deuteronômio), que falam sobre as origens do povo judeu e da lei que Deus lhes deu, (b) livros de História (Josué - Ester) que registram fatos importantes sobre os israelitas entre 1.400 e 400 anos a.C.), (c) livros de Sabedoria (Jó - Cântico dos Cânticos) e (d) livros de Profecia (Isaías - Malaquias), que relatam mensagens especiais de Deus para os homens ao longo de 500 anos.
O Novo Testamento se divide em (a) relatos do Evangelho (Mateus - João) que falam da vida de Jesus na terra, (b) um livro de História (Atos dos Apóstolos) que fala dos primeiros 30 anos da igreja primitiva, (c) cartas aos cristãos (Romanos - Apocalipse), escritos para orientar e encorajar igrejas e indivíduos no seu serviço ao Senhor.

(3) Desenvolva o costume de leitura. Escolha uma abordagem à leitura e separe algum tempo cada dia para ler e conhecer o conteúdo da Bíblia.

(4) Estude o texto de livros específicos. Além da leitura, dedique um tempo para regularmente estudar livros da Bíblia. Boas escolhas para iniciar são livros como Gênesis, ou um dos relatos do Evangelho. Pela leitura, vai conhecer outros livros e já poderá escolher outros para estudar depois de terminar os primeiros. O estudo dos textos bíblicos, especialmente estudando livros completos, é uma das coisas mais importantes para evitar os erros que resultam de distorções e aplicações erradas. É importante compreender os textos no seu contexto.

(5) Faça estudos de assuntos importantes para esclarecer dúvidas e entender como agir. Na leitura, nos estudos textuais, e nas conversas com outros, surgirão perguntas. Procure respostas por meio de estudo cuidadoso, verificando o sentido de palavras, juntando informações de vários textos, e sempre lembrando do contexto.
Com paciência, disciplina e dedicação, você terá o prazer de aprender muito sobre a vontade de Deus!

sábado, 25 de julho de 2015

O que significa “galardoador” ?


Algumas boas traduções bíblicas usam palavras que não são muito comuns nas nossas conversas diárias.
Vamos usar a palavra “galardoador” para ilustrar como esclarecer dúvidas quando encontramos palavras desconhecidas na leitura bíblica. Em Hebreus 11:6, o autor disse: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (da versão Almeida Revista e Atualizada, 2ª edição – RA2).
Se você já conhece a palavra, o versículo fará sentido e você continuará a sua leitura. Se não, há várias maneiras simples de esclarecer a dúvida para compreender a leitura.

(1) Consultar outras versões. Há várias traduções da Bíblia na língua portuguesa. Algumas são melhores do que outras, mas nenhuma é perfeita para todos os leitores. Quando encontra uma palavra difícil, pode procurar outras versões para achar uma palavra mais comum. No caso da palavra galardoador em Hebreus 11:6, algumas (como a Revista e Corrigida) usam a mesma palavra. Mas se comparar algumas outras versões (neste caso, a NVI ou a NTLH), vai encontrar uma frase mais simples – “que recompensa”.

(2) Consultar um dicionário comum. Se não tiver acesso a outras versões, pode consultar um dicionário como o Aurélio ou Houaiss e descobrir que um galardoador dá um galardão, que significa recompensa ou prêmio.

(3) Procurar o sentido da palavra original. Em alguns casos, consegue-se um entendimento melhor por meio de dicionários bíblicos ou léxicos que tratam do significado da palavra no idioma original. O Novo Testamento foi escrito em grego, e quase todo o Velho Testamento, em hebraico. Bons dicionários bíblicos (como o Dicionário Vine) são caros, mas podem ajudar o estudante esforçado. Vine define “galardoador”, citando a palavra grega (misthapodotes) e explicando seu significado: “aquele que paga salário”. Depois, ele fala das origens da palavra e comenta sobre o uso dela em Hebreus 11:6 (Dicionário Vine, página 671).
Com estas informações, o versículo citado se torna fácil. Devemos crer em Deus e acreditar que ele dá a recompensa para aqueles que o buscam. Agora, a parte difícil não é a compreensão, e sim, a aplicação. Você realmente está buscando Deus?

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Precisamos estudar a Bíblia? Precisamos ser ensinados?





Você precisa ser ensinado? Precisa estudar a Bíblia? Algumas igrejas e alguns líderes religiosos não incentivam o estudo da Bíblia, até dizem que a busca de conhecimento da palavra prejudica. Vamos considerar argumentos usados para desestimular o estudo das Escrituras, em contraste com as instruções da própria Bíblia.

1. Alguns afirmam que o crente não precisa de ensino, pois o Espírito o guia. Procuram apóio das Escrituras. Por exemplo, João diz “Não tendes necessidade de alguém que vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas...” (1 João 2:27). Olhando melhor o contexto, percebemos que João alerta os discípulos sobre o perigo de deixar a verdade que já aprenderam para seguir enganadores (1 João 2:26-28).
Alguns aplicam às pessoas erradas as orientações que Jesus deu aos apóstolos: “O Espírito Santo ... vos ensinará todas as coisas” (João 14:26); “ele vos guiará a toda a verdade” (João 16:12); “não cuideis em como ou o que haveis de falar, porque ... vos será concedido o que haveis de dizer, visto que não sois vós os que falais, mas o Espírito ... que fala em vós” (Mateus 10:19-20). O Espírito revelou o evangelho direta-mente aos apóstolos, mas eles deixaram esta mensagem escrita para as gerações posteriores (João 20:30-31; Hebreus 2:1-4; 2 Pedro 1:12-15). A pessoa que não estuda negligencia a palavra de Deus!

2. Alguns dizem que o estudo é perigoso, porque “a letra mata”. Uma tática para fugir do ensinamento da Bíblia é citar 2 Coríntios 3:6 – “a letra mata, mas o espírito vivifica”. Mas o contexto mostra que a “letra” representa a Antiga Aliança, e o “espírito”, a mensagem do Novo Testamento. Devemos estudar para ter a vida!

3. Muitos desestimulam o estudo para manter seu poder sobre os “leigos”. Os sacerdotes e fariseus, na época de Jesus, desprezaram as pessoas comuns (João 8:49), e muitos pastores hoje usam seus diplomas e títulos para manter suas posições de superioridade. E muitas ovelhas se contentam com a própria ignorância, exaltando seus líderes.
Mas Jesus não quer seus seguidores ignorantes”! “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32); O evangelho “é o poder de Deus para a salvação” (Romanos 1:16); “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Romanos 10:17); “tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine” (Hebreus 5:12); “acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.... Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar” (Tiago 1:21-25). As Escrituras servem para nos ensinar e nos habilitar para toda boa obra (1 Timóteo 3:16-17). Devemos estudá-las com diligência.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

É errado romper um noivado?

Acontece com uma certa frequência, e muitos consideram normal desistir do casamento durante o período que conhecemos como noivado. Mas, outros têm perguntado se não seria pecado cancelar o casamento depois de ficarem noivos.
O noivado, como normalmente entendido na cultura atual, é uma expressão de intenção que quase sempre termina no casamento. Não é visto pelo governo como um contrato fechado, tanto que os dois continuam solteiros independentes até o casamento. Terminar o noivado não exige nenhum processo legal parecido com o divórcio. No geral, as pessoas entendem o noivado como uma afirmação de intenção, mas entendem que este período é um tempo para se preparar e refletir sobre a seriedade do compromisso do casamento.
No compromisso mais sério nos tempos bíblicos, quando os homens “desposavam” as mulheres como um passo para o casamento, ainda existia a possibilidade de terminar, como José pretendia fazer com Maria (Mateus 1:18-19).
Mesmo quando se trata de contratos legais, o Antigo Testamento aconselhava os fiéis a procurar uma saída honesta dos compromissos irrefletidos que trariam prejuízo (Provérbios 6:1-5). A solução foi pedir que a outra parte livrasse a pessoa do seu compromisso. É normalmente entendido que qualquer dos dois pode pedir cancelamento do noivado. Enquanto não firmar o compromisso do casamento, existe a possibilidade de terminar.
Antes de casar, ou até antes de ficar noivo, deve pensar bem nas implicações deste passo na vida. O casamento é para a vida toda: “Ora, a mulher casada está ligada pela lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da lei conjugal” (Romanos 7:2).
Há muitas coisas que devem ser examinadas antes de se casar, mas vamos resumir as questões em duas:
(1) Você está realmente preparado para assumir o compromisso do casamento e ser absolutamente fiel durante toda a sua vida?
(2) A pessoa com quem você quer casar está preparada para assumir e cumprir este mesmo compromisso?
Se respondeu “não” para uma ou as duas perguntas, não se case!
“Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado” (Provérbios 19:2).

terça-feira, 21 de julho de 2015

É errado participar de comemorações sociais e familiares?

É comum para pessoas sinceras enfrentarem algumas dúvidas sobre práticas comuns como participação de feriados nacionais, comemoração de casamentos, aniversários de nascimento, etc. Há vários fatores que geram tais perguntas. Primeiro, pelo estudo das Escrituras aprendemos a importância de agir conforme a vontade de Deus (Colossenses 3:17; 1 Coríntios 4:6; etc.). Segundo, não queremos ser contaminados pelas coisas do mundo (Tiago 1:27), e facilmente identificamos elementos contaminados em festividades que enfatizam a sensualidade, bebedices, etc. Terceiro, alguns grupos religiosos especificamente proíbem comemorações de aniversários de nascimento.
É pecado participar de comemorações sociais e familiares?
Para responder a esta pergunta, devemos primeiro lembrar de uma distinção entre a casa de Deus e as nossas próprias casas. A igreja é a casa de Deus (1 Timóteo 3:15), e as atividades da igreja devem ser limitadas àquelas que o chefe da casa autorizou na sua palavra. Não estamos falando aqui de fazer festas de aniversário ou de outras comemorações sociais como obras da igreja. Há responsabilidades que pertencem à família carnal e não à igreja (1 Timóteo 5:16 ilustra esta distinção prática). Neste artigo, não estou sugerindo que igrejas façam festas deste tipo, estou tratando de comemorações no contexto familiar e social.
Na Bíblia, servos fiéis a Deus participavam de comemorações sociais e familiares. Desde o livro de Gênesis, era comum comemorar casamentos com banquetes especiais (Gênesis 29:21-23). O próprio Jesus participou de comemorações deste tipo (João 2:1-2). Famílias fiéis comemoravam outros eventos importantes, como o desmamamento de um filho (Gênesis 21:8). Não temos registro específico de servos de Deus comemorando aniver-sários de nascimento, mas sabemos que registravam os anos de vida (Gênesis 21:5; 25:20,26; etc.). Alguns citam pecados cometidos no contexto de festas de aniversário (por exemplo, Herodes mandou matar João Batista durante sua própria festa de aniversário – Marcos 6:21-27). Mas este raciocínio poderia ser usado para condenar alguém que senta na casa do outro (1 Samuel 19:9-10) ou até para condenar reuniões de irmãos em Cristo (Atos 5:1-10).
Quanto a outras comemorações sociais, encontramos o exemplo de Jesus indo para Jerusalém para a Festa da Dedicação, um feriado nacional instituído pelos judeus no 2º século a.C. (João 10:22-23).
Não devemos criar festas, que Deus não autorizou, na sua igreja, e não devemos nunca participar de práticas imorais e indecentes, mas não temos base bíblica para condenar a mera participação com familiares e compatriotas em festas e comemorações comuns e decentes.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Como devemos entender as bem-aventuranças?

Seria difícil imaginar uma pregação mais revolucionária ou mais importante do que o Sermão do Monte, relatado em Lucas 6 e, na versão mais completa, em Mateus 5, 6 e 7. Jesus já estava pregando o evangelho do reino (Mateus 4:23) quando sentou num monte na Galileia e começou a falar algumas das palavras mais desafiadoras de todos os tempos.
Ele introduz esta mensagem com uma lista de qualidades espirituais conhecidas como as bem-aventuranças (Mateus 5:3-12). Nestes versículos ele diz que os abençoados no reino de Cristo são: os humildes/pobres de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores, os perseguidos.
Vale a pena estudar o significado de cada qualidade para compreender melhor este desafio, mas neste artigo quero comentar sobre o valor geral destes versículos como um todo. Algumas sugestões para ajudar no entendimento das bem-aventuranças:

(1) Não devem ser tratadas separadamente, ou seja, não deve imaginar que teria algum benefício em chorar sem ser misericordioso, ou em ser perseguido se não tiver fome e sede de justiça. Jesus lança um desafio importante: cultivar todas estas qualidades em nossas vidas.

(2) Não são qualidades naturais. Jesus não descreve pessoas que são naturalmente choronas ou mansas. Ele fala das disposições de corações aptos para o reino dele. São características espirituais que exigem autonegação na vida de cada discípulo.

(3) Não devem ser entendidas em termos materiais. O reino de Cristo é espiritual, não uma nação física com fronteiras geográficas. Ele fala de pessoas humildes ou pobres de espírito, uma atitude que não tem nada a ver com sua situação financeira. Ele não fala de pessoas que negociam tratados entre países, mas de pessoas que contribuem à paz entre o pecador e seu Criador. No mesmo sentido, as bênçãos mencionadas nestes versículos devem ser entendidas como descrições da abençoada comunhão com o Senhor, e não como promessas materiais. Não devemos imaginar a ocupação perpétua deste planeta, mas devemos buscar e manter comunhão com seu dono!
Para ter o privilégio de participar do reino de Jesus Cristo, precisamos desenvolver as qualidades descritas nas bem-aventuranças.

O que quer dizer “culto racional” em Romanos 12:1?

Apresentar os nossos corpos a Deus é o nosso “culto racional” (Romanos 12:1). Qual o significado desta expressão? Para entender o termo usado por Paulo, devemos compreen-der as duas palavras que ele empregou.
Culto traduz uma palavra grega (latreia) que aparece cinco vezes no Novo Testamento. Na Almeida Revista e Atualizada 2ª Edição, é traduzida “culto” em João 16:2; Romanos 9:4 e 12:1 e “serviço(s) sagrado(s)” em Hebreus 9:1 e 6. Significa serviço. Pode ser o serviço de obediência a Deus em geral, ou pode se referir, como nas duas citações em Hebreus 9, aos atos específicos de louvor dirigidos a Deus. Assim, a palavra culto, em nosso uso hoje, corretamente descreve o serviço dado ao Senhor quando cristãos o adoram. Mas, a mesma palavra pode abranger qualquer ato de obediência que honra o nome de Deus.
Racional vem da palavra grega logikos. Nesta palavra, não é difícil ver a idéia da lógica ou raciocínio. Este adjetivo aparece, no Novo Testamento, somente aqui e em 1 Pedro 2:2, onde descreve o leite espiritual. A forma do substantivo (logos), porém, aparece mais de 300 vezes no NT, e é traduzida por termos como palavra, conta, ensinamento, modo, ditado, testemunho, verbo, etc. A idéia principal tem a ver com discurso e raciocínio.
O que é, então, o nosso culto racional? Uma vez que entendemos o que Deus tem feito por nós, faz sentido nos dedicar a ele em obediência e serviço. O uso da palavra “pois” em Romanos 12:1 mostra que este serviço razoável se baseia nas coisas ditas anteriores. Paulo acabou de falar sobre a profundidade da riqueza de Deus, que nos criou e nos deu a salvação de graça (Romanos 11:33-36). Por isso, devemos nos dedicar ao Senhor.
Nenhuma outra resposta faz sentido. Rejeitar o Deus que nos deu a vida – duas vezes! – seria loucura. Não amar aquele que nos ama tanto não seria sensato. Rebelar-se contra o soberano que tem demonstrado sua bondade e severidade (Romanos 11:22) seria totalmente ilógico.
Romanos 12:1 frisa um fato importante no estudo da palavra de Deus. Nosso estudo nunca deve se reduzir a um exercício acadêmico – aprendendo só para saber. O conhecimento da palavra de Deus exige uma aplicação prática. A maioria das cartas do NT, como é o caso de Romanos, contém uma série de aplicações práticas no final, depois de estabelecer a base doutrinária. Tiago disse: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra, e não somente ouvintes” (Tiago 1:22). Este é o nosso culto racional!

sexta-feira, 17 de julho de 2015

O que devo fazer com as minhas dúvidas sobre Deus?



Dúvidas surgem. Injustiças no mundo nos levam a questionar os fatos revelados. Algumas pessoas até negam a bondade ou a própria existência de Deus, não conseguindo compreender as imperfeições no universo criado e governado por um Deus perfeito.
Freqüentemente, alguém se exalta e justifica a sua desistência espiritual, dizendo que não consegue acreditar num Deus que permite males no mundo, ou que não sente ânimo de continuar servindo ao Senhor em face de tribulações na vida.
Várias pessoas expressaram, na Bíblia, suas dúvidas sobre as obras de Deus. Davi perguntou sobre a justiça de Deus e pediu a resposta de Deus (Salmos 6:3; 69:16). Habacuque tentou compreender os atos de Deus em relação aos povos de Judá e Babilônia. João Batista enviou mensageiros a Jesus para buscar respostas às suas próprias dúvidas (Mateus 11:2-3). Tomé insistiu em ver as evidências de Jesus ressuscitado (João 20:24-28). Esses servos de Deus questionaram, mas procuraram respostas no lugar certo. Olharam para Deus.
Asafe abre a janela de sua própria alma no Salmo 73, expressando os seus pensamentos mais íntimos ao enfrentar tais desafios. Disse que quase se desviou espiritualmente por ver os perversos prosperarem enquanto os servos de Deus sofriam (2-14). Ele lutou para responder às perguntas dos incrédulos; “Como sabe Deus? Acaso, há conhecimento no Altíssimo?” (11). É normal enfrentar dúvidas. Asafe nos ensina como agir nesses momentos de insegurança espiritual.
  • Não adianta negar as nossas dúvidas, nem correr das questões difíceis. Bons homens questionam e buscam respostas nas suas crises espirituais.
  • Não devemos expor as nossas dificuldades aos mais frágeis, pois correremos o risco de derrubar a fé dos outros: “Se eu pensara em falar tais palavras, já aí teria traído a geração de teus filhos” (15).
  • Precisamos encarar as nossas perguntas com humildade, lembrando das nossas próprias limitações: “Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim” (16). Não devemos confiar no nosso próprio raciocínio para entender as experiências da vida.
  • As respostas vêm de Deus, e cabe a nós procurá-las: “...até que entrei no santuário de Deus” (17); “Tu me guias com o teu conselho...” (24); “Quem mais tenho eu no céu?” (25); “Os que se afastam de ti, eis que perecem” (27).
Decidimos como enfrentar as nossas dúvidas. “O perverso, na sua soberba, não investiga” e nega a Deus (Salmo 10:4). “Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no SENHOR Deus ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos” (Salmo 73:28). Davi aprendeu, por meio de muitas angústias, a confiar no Senhor: “Eu creio que verei a bondade do SENHOR na terra dos viventes. Espera pelo SENHOR, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo SENHOR” (Salmo 27:13-14). “Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa; dele vem a minha salvação” (Salmo 62:1).

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Os Ensinamentos de Jesus Devem Ser Aplicados Hoje?




                                                                 
Para muitos leitores, esta pergunta vai soar estranho, porque a maioria respeita o ensinamento de Jesus como a expressão perfeita da vontade de Deus para todos os homens. Outros, porém, diminuem ou até negam o valor destes ensinamentos, dizendo que não são aplicáveis nos dias de hoje. Vamos considerar alguns fatos importantes.
Como em qualquer parte da Bíblia, encontramos nos relatos do evangelho certas instruções que se aplicavam a pessoas específicas. Quando Jesus mandou que alguém se apresentasse ao sacerdote (Lucas 17:14), pagasse o imposto do templo (Mateus 17:24-27), continuasse fiel nos dízimos (Mateus 23:23) ou preparasse a Páscoa (Mateus 26:17-19), ele simplesmente reconhecia a responsabilidade dos judeus de cumprirem a lei que Deus lhes havia dado, e que ele ainda estava cumprindo. Outras passagens mostram claramente que ele cumpriu aquela lei e revelou uma nova aliança (veja o artigo “Jesus Revogou a Lei do Antigo Testamento?” na edição de Julho de 2006).
A maior parte do ensinamento de Jesus, porém, foi dada a todos, e deve ser respeitada hoje. Os ouvintes no primeiro século entenderam que Jesus ensinava uma nova doutrina (Marcos 1:27). Freqüentemente, Jesus introduziu seus preceitos com palavras de autoridade como “Eu, porém, vos digo...” (veja alguns exemplos em Mateus 5:22,28,32,34,39,44; 19:9). Falou várias vezes de sua própria palavra, mostrando a necessidade de ouvir e obedecê-la, porque seremos julgados por ela (João 5:24; 8:31,51,52; 12:47-48; 14:23).
Jesus afirmou, também, ter recebido toda a autoridade e citou este fato como base das instruções aos apóstolos de ensinar as pessoas “de todas as nações ...a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mateus 28:18-20). A palavra que os apóstolos pregaram não foi uma outra mensagem, e sim, a confirmação do mesmo evangelho anunciado “inicialmente pelo Senhor” (Hebreus 2:3). Esta mensagem, universalmente aplicável, exige o arrependimento de “todos, em toda parte” (Atos 17:30). Ela é “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16).
Quando Jesus veio ao mundo e falou, ele falou a todas as pessoas. Cada um de nós precisa ouvir e obedecer a palavra dele.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Por que os cristãos foram chamados de “seita dos nazarenos”?

Na sua acusação perante o governador Félix, Tértulo disse que o apóstolo Paulo era “o principal agitador da seita dos nazarenos” (Atos 24:5).
A palavra seita significa “grupo religioso que se separa de um corpo maior” (Dicionário da Bíblia de Almeida). Por ter suas raízes entre os judeus, muitas pessoas consideravam a igreja primitiva uma seita judaica.
Foram chamados nazarenos porque Jesus foi criado em Nazaré, um pequeno povoado na Galiléia (Mateus 2:13-23). Esta cidade não foi mencionada no Antigo Testamento, e foi vista como um local pouco importante no Novo Testamento.
A pergunta de Natanael reforça a insignificância do lugar. Quando Filipe falou sobre Jesus de Nazaré, Natanael perguntou: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (João 1:45-46).
Entendimento desta atitude nos ajuda a compreender Mateus 2:23 – “E foi habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno.”
Alguns explicam este versículo procurando palavras semelhantes, como nazireu (Juízes 13:5,7) ou renovo, que vem do hebraico neser, em Isaías 11:1. Mas estas explicações não parecem muito satisfatórias.
Observamos que, neste versículo, Mateus não citou uma profecia específica, como fez em várias outras ocasiões (cf. Mateus 1:22-23; 2:5-6,15; 3:3; 4:14-16; etc.). Ele falou de ensinamento dado por intermédio dos profetas que foi salientado pela residência de Jesus neste lugar pouco importante. Esta citação pode ser comparada com o ensinamento de Jesus em Lucas 24:25-27,44-47. Ele não citou profecias específicas, mas apresentou a imagem do Cristo conforme o ensinamento geral sobre o Messias. Da mesma forma, Mateus 2:23 não cita uma profecia específica, mas fala sobre a imagem geral do Messias como uma pessoa desprezada. Por exemplo, ele “era desprezado e o mais rejeitado entre os homens ... e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso” (Isaías 53:3; cf. 49:7). Davi profetizou do Messias: “Mas eu sou verme e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo” (Salmo 22:6).
Descrever Jesus como nazareno era uma maneira de resumir as profecias sobre o Salvador desprezado. Identificar seus seguidores como a “seita dos nazarenos” comunicou o mesmo desprezo dos discípulos.
Jesus, o nazareno desprezado e rejeitado, é o Rei e Senhor de todos!

terça-feira, 14 de julho de 2015

Por que a Bíblia contém quatro evangelhos ?



 Os primeiros quatro livros do Novo Testamento são conhecidos como "evangelhos", porque relatam as boas novas (o sentido da palavra "evangelho") sobre Jesus. Mas, por que quatro, e não somente um relato autorizado?

Podemos ver, pelo menos, quatro motivos para o Espírito Santo escolher mais de uma pessoa para escrever sobre os mesmos eventos.

1. A confiança de ter várias testemunhas. "Por boca de duas ou três testemunhas, toda questão será decidida" (2 Coríntios 13:1). A palavra anunciada por Jesus "foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram" (Hebreus 2:3). Dois dos autores dos evangelhos eram apóstolos (Mateus e João), testemunhas oculares dos eventos relatados.

2. A repetição enfatiza a mensagem. Muitas coisas na Bíblia são repetidas. Pedro falou da importância de relembrar os seus ouvintes das coisas que já haviam aprendido. "Também considero justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar_vos com essas lembranças,  certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou. Mas, de minha parte, esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que, a todo tempo, mesmo depois da minha partida, conserveis lembrança de tudo" (2 Pedro 1:13-15).

3. Ninguém falou tudo. Não foi possível escrever tudo que Jesus fez (veja João 20:30; 21:25). Os vários relatos complementam um ao outro.

4. Ouvintes diferentes. Cada livro sobre a vida de Jesus foi destinado a ouvintes diferentes. Lucas escreveu para Teófilo (Lucas 1:1-4). Mateus enfatiza o cumprimento da lei, sugerindo que ele escreveu aos cristãos judeus. Marcos fala muito pouco sobre a lei, e tinha a experiência de trabalhar entre os gentios (nas viagens com Paulo e Barnabé). O livro dele foi direcionado mais aos não-judeus. João apresenta provas destinadas a defender o Cristo como Deus na carne.

Infelizmente, algumas pessoas não respeitam a sabedoria do Espírito Santo na revelação das boas novas. Alguns enfatizam as diferenças nos evangelhos para tentar evitar alguma doutrina que não agrada a eles. Outros especulam que um autor copiou o trabalho dos outros, até ao ponto de esquecer que todos foram inspirados por Deus (2 Timóteo 3:16-17).

Usando os quatro evangelhos como relatos paralelos, entenderemos melhor a vida do maior homem que já viveu.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Um camelo pode passar pelo fundo de uma agulha?


Jesus disse:  ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus (Mateus 19:24). Este comentрrio apresenta desafios de, pelo menos, quatro tipos:  

(1) A tentação de aceitar explicações convenientes inventadas por homens. Durante muito tempo, tem se circulado algumas explicações para tornar possível o que Jesus disse. Alguns tem dito que a palavra certa não seria camelo e sim, cabo. Outra explicação mais difundida é que o fundo da agulha se refere a um porto baixo que supostamente existia em Jerusalém, pelo qual os camelos passavam de joelhos. Mas as evidências para estas explicações são muito fracas. Não devemos nos perder com explicações formadas e inventadas.  

(2) O problema com interpretações literais de linguagem figurada. Muitas coisas na Bíblia são literais, e normalmente aceitamos as palavras exatamente como foram dadas. Mas, Deus também usa linguagem figurada, e corremos o risco de errar em nсo compreendê-la. Jesus criticou seus discípulos por não compreenderem linguagem figurada (Mateus 16:6-12). Muitas pessoas erram por não reconhecer o sentido figurado de referências a 144.000 selados (Apocalipse 7:4; 14:3). Erramos, também, quando não reconhecemos o uso de hipérbole, linguagem intencionalmente exagerada para enfatizar um ponto. Não podemos tratar hipérbole como linguagem literal sem cair em contradito. Por exemplo, as avaliações de Ezequias (2 Reis 18:5) e Josias (2 Reis 23:25) seriam contraditórias se a linguagem fosse literal. E a promessa a Abraão sobre descendentes tão numerosos como as estrelas e a areia do mar (Gênesis 22:17) não pode ser tratada como uma afirmação literal. O comentário de Jesus sobre o camelo e a agulha é mais  um exemplo de exagero proposital.  

(3) O perigo de interpretar um versículo de uma maneira que contradiga outros ensinamentos bíblicos. Outros trechos esclarecem o sentido. A dificuldade das riquezas vem nas prioridades (Mateus 6:19-21,24; Colossenses 3:1-5) e na confiança (Mateus 6:25-33; 1 Timóteo 6:17-19), não apenas na questão de possuí-las.  
(
4) O desafio principal das palavras de Jesus: o perigo de buscar ou confiar em riquezas. Talvez o maior perigo de todos seja o erro de não prestar atenção na lição que Jesus ensinou. Tantas pessoas buscam prosperidade, e tantos pastores incentivam estes desejos. Mas Jesus avisa que muitos perderão as suas almas por causa do dinheiro. Quer se tornar rico? Cuidado! Você está entrando numa área de grande perigo!  

sábado, 11 de julho de 2015

Deus excluiu algumas pessoas do seu plano da salvação?

Alguns "teólogos" não conseguem, em seu próprio raciocínio, reconciliar a onipotência de Deus (Salmo 91:1) com seu convite para todos os homens a se arrependerem (Atos 17:30). Se Deus é Todo-Poderoso, pensam eles, como é que o homem pode exercer o livre-arbítrio e participar ativamente de sua própria salvação? A solução para alguns, mais notavelmente João Calvino e seus seguidores, é rejeitar a idéia de livre-arbítrio e concluir que Deus, em seu capricho, decide salvar alguns e condenar a outros. Conforme tais doutrinas, a expiação pelo sangue de Cristo é limitada aos poucos predestinados por Deus à salvação e não ajuda aqueles que Deus deseja punir eternamente.
Outras pessoas, por causa de dúvidas mais práticas, questionam também a justiça de Deus. Será que ele condenará multidões que, ao que parece, não tiveram a oportunidade de serem salvas? Esse questionamento surge quando ouvimos de povos indígenas isolados em cantos remotos do mundo, surge esse questionamento.
Para ajudar-nos com tais dúvidas, Deus nos revelou vários fatos importantes:
Ele não explica tudo que gostaríamos de saber, e sim tudo o que precisamos compreender para sermos salvos (Deuteronômio 29:29; 2 Pedro 1:3).
As nossas dúvidas não negam a grandeza de Deus e não nos dão direito de questionar o caráter dele (Jó 38:1-2; 40:1-8; 42:1-6).
Deus é verdadeiro, mesmo quando o homem não compreende a sua sabedoria e justiça (Romanos 3:4).
Deus não deseja a condenação de ninguém (2 Pedro 3:9). Por querer a salvação de todos, ele os chama ao arrependimento.
Desde o princípio, Deus se revelou aos homens. A própria criação serve como testemunha em todos os cantos do mundo (Salmo 19:1-4; Romanos 1:20).
Ele promete àquele que o buscar, de coração bom e honesto, o encontro com seu Senhor (Mateus 7:7-8; Atos 17:27; Lucas 8:15).
Além da responsabilidade de cada um em buscar a Deus, ele deu mais ajuda enviando seus servos para anunciar as boas novas (Mateus 28:18-20; 2 Timóteo 2:2). Sabemos um pouco da história de alguns pregadores de várias épocas, mas não conhecemos todos os meios empregados por Deus para ajudar os buscadores encontrarem pessoas capazes de lhes ensinar. Não sabemos quem pregou a quem, mas Deus o sabe.
Deus, sendo perfeitamente justo, banirá de sua presença os que não lhe conhecem e os que não obedecem ao evangelho (2 Tessalonicenses 1:7-9).
Devemos nos lembrar de que o pecado traz a morte espiritual, e que Deus oferece o dom da salvação (Romanos 6:23). O fato de nós - homens míopes - não vermos tudo o que Deus faz para salvar os outros não nega a graça e a bondade do Salvador.