sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Comentário Bíblico Mensal: Dezembro/2017 - Capítulo 5 - A Importância do Estudo da Bíblia



Comentarista: Matheus Gonçalves

Introdução

O estudo bíblico é o modo de conhecer a revelação de Deus. O Estudo Bíblico é algo muito antigo, este foi um meio utilizado pela igreja primitiva para a divulgação do evangelho cristão e para fortalecer a fé dos convertidos. Através do ensinamentos, eles seguiam os passos de Jesus e acreditavam que as palavras da escritura os levariam ao encontro de Deus. 
O estudo bíblico foi um meio utilizado pela igreja primitiva na divulgação do evangelho e no fortalecimento da fé dos convertidos (At 8.35; 17.2-3,11; 18.27-28). Eles seguiam os passos de Jesus e acreditavam, como ele, que a pesquisa das Escrituras levaria os homens ao encontro de Deus.

I. A Meditação na Bíblia

Um estudo bíblico inaugurou o ministério terrestre de Jesus, e com um estudo bíblico ele o encerrou. Esta é a ênfase do evangelho segundo Lucas (Lc 4.14-22; 24.27,32,44). Lucas é o livro bíblico que chama Jesus de Mestre o maior número de vezes. Jesus pressupunha que o homem só pode aproximar-se de Deus por meio da sua revelação. O estudo bíblico é o modo de conhecer a revelação de Deus.
O próprio evangelho de Lucas é o resultado do estudo bíblico de evangelhos anteriormente escritos, conforme declara o autor no prefácio da obra (Lc 1.1-4). A leitura do Novo Testamento certamente confirma a tese de que o estudo bíblico era uma das principais atividades desenvolvidas pela igreja nascente e missionária, no primeiro século.
Estas poucas observações bastam para ressaltar nosso dever de estudar a Bíblia. É um dever e não uma opção, visto que este era o proceder de nosso Mestre, da igreja antiga e dos próprios escritores inspirados. O que conhecemos de Jesus está na forma de um livro que necessita ser estudado para obter dele uma plena compreensão da sua obra e pessoa. Todos os que se aproximam da Bíblia, utilizam-se de um método de estudo da mesma, consciente ou inconscientemente. Não há problema em ter um método de estudo bíblico, desde que ele seja válido e nos conduza a resultados verdadeiros.

É necessário verificar se o método que utilizamos para estudar a Bíblia é bom. Alguns conscientes da necessidade de estudo, utilizam-se de comentários, livros de estudo dirigido e de outras obras, para obter maior compreensão do texto bíblico. Ouvir palestras, aulas e pregações é para a maior parte das pessoas o único método de estudar a Bíblia que conhecem.

II. Benefícios ao Estudo da Bíblia

Alguém pode perguntar: Porque devo estudar a Bíblia por mim mesmo? Uma infinidade de pessoas já não fez esse estudo? Qual a razão de tentar fazer isto de novo?

1: A primeira razão para estudar a Bíblia por si mesmo é simples: não devemos absorver a “teologia” dos que nos rodeiam. Esta sempre foi a causa da apostasia e idolatria de Israel. Usaremos, porém, um exemplo moderno para ilustrar esse ponto: Os primeiros missionários de determinada denominação batizavam para a remissão de pecados. Hoje em dia, porém, a prática mais comum desta denominação não é esta. Qual a razão? Simples: como os primeiros obreiros diziam não ter necessidade de estudar a Bíblia (mas pregavam “inspirados” pelo Espírito, sem preparo prévio), com o tempo, esta denominação foi absorvendo a teologia evangélica mais forte no país que ensinava a não essencialidade do batismo. Moral da história: quem não estuda para aprender o que é certo, vai aprender de muitos modos o que é errado.

2: Outra razão para fazer um estudo bíblico independente é a má exegese encontrada na literatura sobre a Bíblia. Se um professor da escola bíblica preparar suas aulas consultando comentários, vai acabar ensinando mentiras em nome de Deus.

3: Estudar a Bíblia faz com que deixemos de usar os textos como “textos-prova” de doutrinas, e busquemos a mensagem íntegra que o Espírito Santo quis transmitir através do escritor do texto sagrado.

4: Um estudo bíblico renovado impede aquela tendência de ser eclético e dar ao texto bíblico vários sentidos. Um estudo sério leva em conta o fato do escritor original ter tido em mente algo que precisamos saber. Não adianta somar tudo o que se diz sobre um texto; precisamos determinar o que o texto diz.

5: Por último, cremos que a razão mais importante para um estudo bíblico sério é a vontade de Deus. Deus quer que nos apropriemos da sua vontade. A Bíblia é o registro dela. Logo, é essencial que estudemos a palavra de Deus e procuremos compreendê-la. Não existe conselho mais repetido nas Escrituras, direta e indiretamente. Deus é eternamente sábio. Se ele, nesta sabedoria, deixou sua vontade revelada em um livro, então temos a certeza de que é possível compreender a vontade dele pelo estudo deste livro. Se não o fizermos ou desistirmos da tarefa, estaremos blasfemando contra a sabedoria de Deus.

A Palavra de Deus é alimento para nossa alma, para nossa “saúde espiritual”; faça parte de um grupo de estudo bíblico, convide pessoas para fazerem parte e assim “conhecer e prosseguir em conhecer a vontade do Senhor”.

III. Como estudar a Bíblia

Determinar o significado das Escrituras é uma das tarefas mais importantes que um crente tem nesta vida. Deus não nos diz que devemos simplesmente ler a Bíblia. Devemos estudá-la, lidar com ela corretamente. Estudar as escrituras é tarefa árdua. Uma olhadela superficial das Escrituras pode às vezes nos levar a tirar conclusões erradas a respeito do que Deus quer dizer. Por isso, é crucial compreender vários princípios a respeito de como determinar o correto significado das Escrituras.

1. Ore e peça ao Espírito Santo que dê a você entendimento. João 16.13 diz: “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.” Jesus, em João 16, se refere ao Espírito Santo e diz que quando Ele viesse (O Espírito Santo veio no Pentecostes, conforme Atos 2), Ele os guiaria até a verdade. Da mesma forma com que o Espírito santo guiou os apóstolos na autoria do Novo Testamento, Ele também nos guia para que compreendamos as Escrituras. Lembre-se, a Bíblia é livro de Deus, e precisamos perguntar a Ele o que significa. Se você é um cristão, o autor das Escrituras, o Espírito Santo, habita em você... e Ele quer que você compreenda o que escreveu.

2. Não isole a passagem dos versículos que o cercam, achando que o significado da passagem não é dependente dos versos ao redor. Você deve sempre ler os versos que estão ao redor e capítulos, e estar familiarizado com o propósito do livro. Mesmo sendo as Escrituras vindas de Deus (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21), Deus usou homens para escrevê-las. Estes homens tinham um tema em mente, um propósito para escrever, uma questão ou questões específicas às quais se referiam. Leia o contexto para o livro da Bíblia que está estudando para descobrir quem o escreveu, para quem foi escrito, quando foi escrito e por que foi escrito. Então leia os capítulos anteriores ao verso ou versos que está estudando para sentir exatamente o tópico sobre o qual o autor humano estava escrevendo. Tenha cuidado também e deixe o texto falar por si mesmo. Às vezes as pessoas colocam um significado particular em palavras com o fim de obter a interpretação que bem desejam.

3. Não tente ser totalmente independente em seu estudo da Bíblia. É arrogância pensar que você não pode alcançar entendimento através do longo trabalho de outros que estudaram as Escrituras. Algumas pessoas, equivocadamente, se achegam à Bíblia com a ideia que vão depender apenas do Espírito Santo e descobrirão todas as verdades ocultas das Escrituras. Cristo, ao dar o Espírito Santo, providenciou pessoas com dons e dons espirituais ao corpo de Cristo. Um desses dons espirituais é o do ensino (Ef 4.11-12; 1 Co 12.28). Estes mestres são dados pelo Senhor para nos ajudar a corretamente compreender e obedecer as Escrituras. Também é sábio estudar a Bíblia com outros crentes, ajudando uns aos outros a compreender e aplicar a verdade da Palavra de Deus.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Comentário Bíblico Mensal: Dezembro/2017 - Capítulo 4 - A Bíblia e o seu Caráter Divino



Comentarista: Matheus Gonçalves

Introdução

Antes que possamos estudar efetivamente a Bíblia, precisamos considerar sua fonte e abordar o estudo com profundo respeito pelo Deus que nos criou e nos revelou sua vontade nas Escrituras. É importante estudar com absoluto respeito pela palavra de Deus.
Samuel aceitou a instrução de Eli e recebeu as palavras de Deus com uma atitude de humildade: "Fala, Senhor, porque o teu servo ouve" (1 Sm 3.9-10). Cada vez que abrirmos as páginas das Escrituras, deveremos demonstrar exatamente esta atitude. O estudante humilde tem que ter também um coração aberto. Pedro nos diz que precisamos esvaziarmo-nos do mal para que possamos aceitar o puro evangelho com o ardente desejo dos recém-nascidos querendo leite (1 Pe 2.1-3). Com humildade e corações abertos, procuramos cumprir o compromisso de cada servo fiel de Cristo: obedecer tudo o que Jesus nos ordenou (Mt 28.19-20).
O estudo proveitoso também depende de uma valorização correta do texto que estamos estudando. A Bíblia contém a completa, suficiente e final revelação da vontade de Deus para o homem, por isso deverá ser estudada cuidadosa e respeitosamente. O estudante fiel da palavra deverá estar familiarizado com as afirmações de textos tais como 2 Timóteo 3.16-17; 2 Pedro 1.3; Judas 3; Hebreus 1.1-4; 2.1-3 e Gálatas 1.6-9.
Devemos estudar também com respeito pelo silêncio das Escrituras. Muitos erros podem ser evitados se temos o cuidado de não falar presunçosamente quando Deus não falou. Agir quando Deus não disse nada é mudar sua palavra (veja a ilustração em Hebreus 7.12-14, onde o escritor mostra que Jesus não foi um sacerdote de acordo com a lei do Velho Testamento, mas que ele mudou a lei ao tornar-se um sacerdote de uma tribo que não estava autorizada a servir desta maneira). Jesus tinha o direito de mudar a lei, mas nós não. Tais passagens como 2 João 9; 1 Coríntios 4:6 e Apocalipse 22.18-19 nos lembram do perigo de ir além ou acrescentar à palavra revelada.
Uma outra prática importante, quando entramos no estudo das escrituras, é a oração. Devemos orar como o salmista o fez: "Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei" (Sl 119.18).

I. Deus Vela pela sua Palavra 

O capítulo 1 de Jeremias, são-lhe reveladas duas visões que servem para explicar as razões da escolha deste homem, ainda tão jovem, para levar a Palavra ao povo, que Deus ama e não quer que se perca.
Este é o povo que Deus, por meio de Abraão, tirou de Ur dos Caldeus para ser uma bênção maravilhosa para a humanidade (Gn 12). Deus fez um pacto com este povo, que teria de se cumprir.
Agora, Deus chama Jeremias para relembrar a Sua Palavra e, antecipadamente, diz que vela sobre ela para que se cumpra, mesmo contra as potestades demoníacas operando nos homens.
Jeremias seria atormentado, preso e impedido de pregar a Palavra, mas Deus zelava por ela, de tal maneira que, mesmo depois de queimada no fogo, Deus a tornou a pôr nos lábios do profeta que, desde o fundo do poço, a ditou ao seu servo Baruque. Ainda que todos os demónios e homens da terra se juntem para destruir os planos de Deus, estes subsistirão e cumprirão a tarefa para que Deus os deu. Nada, nem ninguém, nem mesmo toda a comunidade infernal, podem qualquer coisa contra a Palavra. "Passarão os céus e a terra, mas a Minha Palavra nunca passará" e não há ninguém que a possa destruir.
O mundo de hoje, tal como o povo de Judá há 2500 anos, precisa da Palavra de Deus, viva e eficaz, sem mesclas, nem interpretações espúrias, para operar nos homens e fazer deles seres perfeitos e preparados para toda a boa obra.
Ao longo dos séculos Deus tem velado pela Sua Palavra, de tal maneira que ela continua a operar, hoje, nos corações, como sempre o fez.
Deus tem feito a Sua parte em relação à Sua Palavra, e nós, como a temos tratado? Como a temos disseminado pelo mundo? Como a estamos praticando no nosso dia a dia?
Que cada um se deixe usar nas mãos de Deus, para que a Palavra da vida tenha livre curso em muitos corações.

II. Jesus Cumpriu toda a Lei

Em Mateus 5.17-18, Jesus disse: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas, não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo, até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra”. Alguns citam esta afirmação para tentar obrigar as pessoas de hoje a guardarem o sábado e outros mandamentos da Antiga Aliança.  
Para compreender este comentário de Jesus, precisamos prestar atenção especial a três palavras que ele usou. A palavra revogar vem de uma palavra grega que significa derrubar, subverter ou destruir. Jesus não veio para subverter a Lei, ele veio para cumprir. A palavra traduzida cumprir significa completar, levar até o fim, realizar ou obedecer. Jesus não pretendia subverter a lei, ele pretendia cumpri-la, assim a levando até o seu determinado fim. A terceira palavra importante é a preposição até. Os céus e a terra poderiam passar, mas a lei não passaria até ser cumprida. Esta palavra (traduzida até, até que, ou enquanto) significa algo que chega até um certo ponto e termina. Deus falou para José ficar no Egito até que ele fosse avisado (Mt 2.13). José não “conheceu” Maria “enquanto ela não deu à luz um filho” (Mt 1.25). Na morte de Jesus, houve trevas até à hora nona (Lc 23.44). A Lei não perdeu sua força até ser cumprida por Jesus.  
O autor de Hebreus usou uma palavra diferente, embora traduzida em algumas Bíblias pela mesma palavra portuguesa, quando disse: “Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus” (Hb 7.18-19). Revogar, neste trecho, significa anular, abolir, ou remover. No mesmo capítulo, ele falou da mudança (ou remoção) da lei (Hb 7.12).  
Os cristãos não estão “subordinados” à Lei (Gl 3.24-25). Mesmo os cristãos judeus, que estavam sujeitos à lei, foram libertados dela (Rm 7.6). O escrito da dívida foi removido inteiramente na cruz, pois Jesus cumpriu aquela Lei (Cl 2.14). Após a morte do Testador, a Nova Aliança tomou seu lugar (Hb 8.6-13; 9.15-17). 
Se, no entanto, a lei de Moisés tem a mesma relação (em termos de sua posição) com os homens de hoje como tinha antes de Cristo vir, então ela não foi cumprida, e Jesus falhou em sua missão. Por outro lado, se o Senhor realizou o que Ele veio cumprir e a lei foi realmente cumprida, então ela não é uma instituição jurídica vinculativa para os hoje. Além disso, se a lei de Moisés não foi cumprida por Cristo e, portanto, ainda permanece como um sistema jurídico vinculativo, então ela não é apenas um sistema vinculativo parcial. Pelo contrário, ela é um sistema totalmente obrigatório. Jesus disse claramente que nem um "i ou um til" (representantes das menores marcações do hebraico) passariam até que todas as suas palavras fossem cumpridas. Por conseguinte, nada da lei era para falhar até que tivesse alcançado seu objetivo por completo. Jesus cumpriu a lei. Jesus cumpriu toda a lei. Não podemos dizer que Jesus cumpriu o sistema de sacrifício, mas deixou de cumprir os outros aspectos da lei. Ou Jesus cumpriu todas as obrigações legais, ou nada cumpriu. O que a morte de Jesus significa para o sistema de sacrifício também significa para os outros aspectos da lei.
 Jesus não subverteu a Lei do Antigo Testamento; ele cumpriu e removeu aquela e nos deu a Nova Aliança.

III. A Igreja Edificada pelos Profetas e os Apóstolos

Em qualquer construção, dá-se atenção especial ao alicerce, pois se este não for bom, toda a estrutura ficará comprometida. O mesmo se aplica em termos espirituais.
Os apóstolos e profetas, inspirados pelo Espírito Santo para transmitir a verdade do evangelho por todos os tempos, cumpriram papel único no plano de Deus, tanto que Paulo os chama de alicerce da igreja. Não temos apóstolos e profetas hoje porque, além de ensinar o modelo divino às pessoas daquela época, escreveram os livros da nova aliança, os quais nos foram preservados no Novo Testamento. Transmitiram-nos “toda a verdade” que Jesus prometeu e tudo o que foram relembrados pelo Espírito (Jo 14.26). O evangelho “foi revelado pelo Espírito aos santos apóstolos e profetas de Deus” (Ef 3.5). Desta forma, não são as pessoas dos apóstolos e profetas, mas o ensino deles que serve como alicerce, e este ensino, como afirma Paulo no verso, diz respeito ao Senhor Jesus como a peça fundamental. Assim, não existe contradição entre este verso e 1 Coríntios 3.11.
Paulo afirmou que os cristãos efésios, como filhos na família de Deus e membros do corpo de Cristo, são também como um edifício construído sobre este alicerce.
Alguns acham que a carta aos Efésios não foi escrita por Paulo, mas que mostra uma perspectiva posterior que não tinha na igreja nos primeiros anos. Contudo, muito cedo na história os apóstolos estavam cientes do seu papel, pois o próprio Jesus lhes tinha falado que sentariam sobre 12 tronos para julgar Israel (Mt 19.28). Quem constrói em cima de outro alicerce não está construindo o edifício de Deus. É necessário ter o fundamento certo para existir a igreja do Senhor Jesus. São as palavras deles no passado que devemos recordar (2 Pe 3.1-2). É preciso lembrar-se “do que foi predito pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo” (Jd 17).
Tudo isso nos lembra que o edifício de Deus hoje nada tem a ver com construções físicas, mas sim com as pessoas redimidas pelo sangue de Jesus. Como disse Pedro: “Vocês também, como pedras vivas, estão sendo usados na construção de um templo espiritual, para servirem como um sacerdócio santo” (1 Pe 2.5a).

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Comentário Bíblico Mensal: Dezembro/2017 - Capítulo 3 - A Inerrância da Bíblia




Comentarista: Matheus Gonçalves

Introdução

Vivemos numa época que tem a tendência de ser indiferente quando confrontada com erro. Ao invés de perguntar, como Pilatos: “O que é verdade?”, o homem pós-moderno diz: “Nada é verdade” ou talvez “A verdade existe, mas não podemos conhecê-la”. Já ficamos acostumados com mentiras e muitas pessoas já não se incomodam com a idéia de que a Bíblia também contém erros.  A doutrina de inerrância bíblica é extremamente importante porque a verdade faz diferença. Esse assunto reflete no caráter de Deus e é fundamental ao nosso entendimento do que a Bíblia ensina.

I.  A Bíblia é de Autoridade Divina

A Bíblia mesmo diz ser perfeita: “As palavras do SENHOR são palavras puras, prata refinada em cadinho de barro, depurada sete vezes” (Sl 12.6). “A lei do SENHOR é perfeita” (Sl 19.7). “Toda palavra de Deus é pura” (Pv 30.5). Essas declarações de pureza são relatos absolutos. Note que a Bíblia não diz que “Quase toda palavra de Deus é pura” ou “A lei do SENHOR é quase perfeita”. A Bíblia argumenta sua perfeição completa, não deixando nenhum espaço para teorias de “perfeição parcial”. 
A Bíblia se sustenta como um todo ou cai como um todo. Se um jornal importante fosse conhecido por conter erros constantemente, perderia sua credibilidade facilmente. Não faria diferença nenhuma dizer: “Todos os erros são encontrados na página 3 apenas.” Para um jornal ser confiável em quaisquer de suas partes, tem que ser verdadeiro como um todo. Da mesma forma, se a Bíblia é inexata quando fala de geologia, por que a sua teologia deveria ser confiada? A Bíblia ou é um documento confiável ou não. 
A Bíblia é uma reflexão do seu Autor. Todos os livros da Bíblia são. Ela foi escrita por Deus mesmo à medida que Ele trabalhava com autores humanos através de um processo chamado de “inspiração”. 2 Timóteo 3.16 diz: “Toda a Escritura é inspirada por Deus” (literalmente, “respirada por Deus”).Veja também 2 Pedro 1.21 e Jeremias 1.2. 

II. A Bíblia tem seu Cumprimento Histórico

A mensagem da Bíblia deve ser aceita como um todo. Não é uma mistura de várias doutrinas das quais podemos escolher. Muitas pessoas gostam dos versículos que dizem que Deus os ama, mas não gostam dos versículos que dizem que Deus vai julgar os pecadores. Não podemos sair escolhendo o que gostamos da Bíblia e jogar fora o resto. Se a Bíblia está errada sobre o inferno, por exemplo, então quem pode dizer que ela esta correta sobre o céu – ou qualquer outra coisa? Se os detalhes da Bíblia sobre criação não são corretos, então talvez os detalhes sobre salvação também não podem ser confiados. Se a história de Jonas é um mito, então talvez a história de Jesus também o seja. Ao contrário, Deus disse o que disse, e a Bíblia nos apresenta um retrato completo de quem Deus realmente é: “Para sempre, ó SENHOR, está firmada a tua palavra no céu” (Sl 119.89). Também é importante dizer que A Bíblia nos julga, não o contrário: “Porque a palavra de Deus é ......apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12). Note o relacionamento entre “coração” e “a palavra”. A palavra examina; o coração é examinado. Descontar partes da Palavra por qualquer razão é tirar a credibilidade da Bíblia. Nós nos tornamos os examinadores, e a Palavra de Deus precisa se submeter ao nosso “conhecimento superior”. Deus ainda diz: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?!” (Rm 9.20).

III. A Ciência Comprova toda a Bíblia

Acreditamos que o Deus que criou o universo é capaz de escrever um livro. E o Deus que é perfeito é capaz de escrever um livro perfeito. O problema não é só: “A Bíblia contém algum erro?”, mas sim “Pode Deus cometer um erro?” Se a Bíblia realmente contém erros, então Deus não é onisciente e é capaz dEle mesmo cometer erros. Se a Bíblia contém informação incorreta, então Deus não fala a verdade e é, portanto, um mentiroso. Se a Bíblia contém contradições, então Deus é o autor de confusão. Em outras palavras, se inerrância bíblica não é verdade, então Deus não é Deus. 
A Bíblia é a nossa única regra para fé e prática. Se não é confiável, então em que baseamos nossas crenças? Jesus pede por nossa confiança, e isso inclui confiança no que Ele diz em Sua Palavra. João 6.68-69 é uma linda passagem. Jesus tinha acabado de testemunhar a partida de muitos que tinham clamado segui-lo. Então Ele se vira para os doze discípulos e pergunta: “Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?” Pedro então responde por todos quando diz: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna.” Que também tenhamos a mesma confiança no Senhor e em Suas Palavras de vida.

Conclusão

Nada do que apresentamos aqui deve se entendido como uma rejeição ao estudo verdadeiro. Inerrância bíblica não significa que devemos parar de usar nossas mentes ou aceitar de forma cega tudo que a Bíblia diz. Somos comandados a estudar a Palavra (2 Tm 2.15), e aqueles que a estudam com avidez são elogiados (At 17.11). Além disso, reconhecemos que há passagens bíblicas que são difíceis de entender, e que há desacordos honestos sobre certa interpretação. Nosso objetivo é nos aproximar das Escrituras com reverência e oração, e quando achamos algo que não entendemos, oramos mais ainda, estudamos mais e; se a resposta ainda não é clara; humildemente aceitamos nossas limitações em face à perfeita Palavra de Deus.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Sugestão de Leitura da Semana: Células-Tronco, de Elinaldo Renovato



De Leonardo Pereira

À respeito da sugestão de leitura desta semana, é de notável consideração que esta sugestão, se decorreu e ainda decorre acerca deste assunto que tem gerado polêmicas, e os mais variados debates teológicos, acadêmicos, científicos e sociais que surgiram sobre este assunto muito importante à todos nós: As Células-Tronco. Mas antes de comentar sobre a sugestão de leitura desta semana, vamos saber um pouco sobre as células-tronco e os seus efeitos em suas diversificadas áreas em que ela tem sido mencionada e pesquisada.

Células-Tronco

As células-tronco são células com a capacidade de se transformar (diferenciar) em qualquer célula especializada do corpo, ou seja, células características de uma mesma linhagem. Elas são capazes de se renovar por meio da divisão celular mesmo após longos períodos de inatividade e induzidas a formar células de tecidos e órgãos com funções especiais. Diferente de outras células do corpo, como as células musculares, do sangue ou do cérebro, que normalmente não se reproduzem, células-tronco podem se replicar várias vezes. Isso significa que a partir de uma cultura de células-tronco é possível produzir milhares. Contudo, os pesquisadores ainda não têm conhecimento vasto do que induz a proliferação e autorrenovação dessas estruturas.
Outro enigma que desafia os cientistas é a questão da diferenciação: como células indiferenciadas simplesmente passam a ter funções especializadas, como os gametas e células sexuais? Sabe-se que, além dos sinais internos controlados por genes, o processo é ativado também por sinais externos, incluindo a secreção de substâncias químicas por outras células, o contato físico com células vizinhas e a influência de algumas moléculas.
Embora muitos laboratórios de pesquisa consigam induzir a diferenciação pela manipulação de fatores de crescimento, soro e genes, os mecanismos detalhados que regem o processo não são claros. Entretanto, encontrar a resposta para o problema pode ampliar o potencial terapêutico das células-tronco, já que células, tecidos e órgãos poderiam ser produzidos em laboratório ou recuperados no próprio corpo. Além disso, forneceria uma compreensão bem maior sobre doenças como o câncer, desencadeadas pela divisão anormal das células.¹
O livro do Pr. Elinaldo Renovato
o livro do pastor Elinaldo Renovato trata sobretudo, em respeito a vida humana. Células, embriões, defesa de inocentes e sobretudo a ética e a vida cristã. O livro trata desde o conceito das células-tronco, até aonde os cientistas, pesquisadores, entendedores do assunto podem ir com relação ao conceito de vida humana, em seus propósitos benéficos, evitando o engano e o erro. É um livro que busca ao leitor refletir sobre a vida humana, e se o estudo e a utilização das células-tronco está dentro ou fora do padrões divinos que o próprio Senhor instituiu (Jr 9.23,24).²
Por isso, Células-Tronco: Uma visão Ética e Cristã é a sugestão de leitura para esta semana. Deus abençoe a sua leitura!


Notas
1. Para mais informações e pesquisa acerca das Células-Tronco e os seus efeitos desde a existência até pesquisas em vários locais do mundo, acesse: http://saude.ig.com.br/celulastronco/ (Acesso dia: 17/12/2017).

2. O livro Perigos da Pós-Modernidade (CPAD, 2008), também de autoria do pastor Elinaldo Renovato, aborda este assunto de maneira mais objetiva, mostrando dados e informações.




quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Comentário Bíblico Mensal: Dezembro/2017 - Capítulo 2 - O Deus da Bíblia



Comentarista: Matheus Gonçalves

Introdução

A humanidade fez grandes progressos nos últimos anos. Podemos, hoje, viver mais tempo do que nossos ancestrais; voar mais rápido que a velocidade do som e ter acesso ao mundo inteiro a partir de um teclado de computador. Mas enquanto tivemos progressos em algumas direções, parecemos ter regredido em muitas outras. Considere que desde 1960, houve um aumento de 560% de crimes violentos. A taxa de divórcio triplicou. A taxa de suicídio entre adolescentes aumentou 200%. 6.000 pessoas em torno do globo contraem HIV todo o dia. Cerca de 750 milhões de pessoas sofrem de fome crônica.
Infelizmente, a lista poderia continuar. Por exemplo, nas décadas recentes, testemunhamos um número recorde de guerras mundiais. Se a humanidade é o próprio Deus, parece que não está fazendo um trabalho muito bom. Mesmo com uma altíssima tecnologia, ainda temos crime, divórcio, conflitos raciais e fome imposta pelos governos. Desta forma, não seria ótimo ter um Deus que é maior do que a humanidade, um Deus que tem a capacidade de nos levar além de onde podemos ir sozinhos?
O Deus descrito na Bíblia é este Deus: Ele afirma ser o Criador do universo -transcendente, onisciente, todo poderoso, que sempre existiu e é o sustentador de todas as coisas. Ele diz: “Fui eu que fiz a terra e nela criei a humanidade. Minhas próprias mãos estenderam os céus; eu dispus o seu exército de estrelas.” (Is 45.12) “Eu sou Deus, e não há nenhum outro; eu sou Deus, e não há nenhum como eu”(Is 46.9). “Eu sou … o que é, o que era e o que há de vir, o Todo-poderoso” (Ap 1.8).

I. O Deus da Bíblia é Santo

Santo quer dizer “separado”. Deus é separado de nós em dois sentidos. Primeiro, ele é o Criador e nós somos suas criaturas. Ana louvou o Deus único, porque “É o que tira a vida e a dá” (1 Sm 22.6). Esta diferença excede nossa imaginação. Como Criador, ele está acima de todos os povos (Sl 99.1-3). Isaías fala da grandeza de Deus em relação à criação. Ele é “o eterno Deus, o SENHOR, o Criador...” (Is 40.28). No mesmo capítulo, Deus desafia suas criaturas com estas palavras: “A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? — diz o Santo” (Is 40.25). A conclusão importante de Isaías é que as criaturas não são nada em comparação com o Criador: “Eis que as nações são consideradas por ele como um pingo que cai de um balde e como um grão de pó na balança; as ilhas são como pó fino que se levanta. Nem todo o Líbano basta para queimar, nem os seus animais, para um holocausto. Todas as nações são perante ele como coisa que não é nada; ele as considera menos do que nada, como um vácuo. Com que comparareis a Deus? Ou que coisa semelhante confrontareis com ele?” (Is 40.15-18). Deus é separado de nós porque ele nos criou do nada.

O segundo sentido em que Deus é santo trata de sua relação com o pecado. Ele é puro e certo, acima de todo pecado e toda maldade. Por esse motivo, ele é separado dos homens pecadores. “Então, Josué disse ao povo: Não podereis servir ao SENHOR, porquanto é Deus santo, Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados. Se deixardes o SENHOR e servirdes a deuses estranhos, então, se voltará, e vos fará mal, e vos consumirá, depois de vos ter feito bem” (Js 24.19-20). Deus é separado de nós porque ele nos criou com livre arbítrio, e nós decidimos pecar. Deus nos convida a ser santos, livres do pecado, pela graça e pelo amor dele (1 Pe 1.15,16).

Deus é Santo

Deus ama a justiça. Salmo 24 mostra que Deus aceita os puros e justos. Pela santa natureza dele, não há outra possibilidade. “Porque a palavra do SENHOR é reta, e todo o seu proceder é fiel. Ele ama a justiça e o direito; a terra está cheia da bondade do SENHOR” (Sl 33.4-5). Da mesma forma que ele ama os justos, ele rejeita a iniquidade e os malfeitores. As palavras de Salmo 5:4-5 são claras e até duras: “Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade, e contigo não subsiste o mal. Os arrogantes não permanecerão à tua vista; aborreces a todos os que praticam a iniquidade.” Quando Habacuque procurou entender os atos de Deus, ele baseou sua pergunta na justiça de Deus: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar...” (Hb 1.13).
Porque Deus é santo, ele usa linguagem revoltante para descrever o pecado. Ele diz que idolatria é “coisa abominável que aborreço” (Jr 44.4). Ele compara o pecado ao lamaçal no qual a porca se revolve e ao vômito que o cachorro lambe (2 Pe 2.22). Nas Escrituras, não se pode separar o pecado da morte e da corrupção de decomposição que associamos com a morte. Se tais imagens nos enjoam, é porque o pecado é nojento para Deus.

A santidade de Deus é revelada na palavra dele

O homem aprende discernir entre o bem e o mal através da revelação de Deus (Is 1.16-17; 2.3). Nas Escrituras, o Espírito Santo tem revelado para nós as coisas de Deus para que possamos desenvolver a mente de Cristo (1 Co 2.10-16). É importantíssimo entender que a desobediência a qualquer mandamento que Deus nos tem dado é ofensa contra a própria pessoa dele. Pense nesse fato na próxima ocasião que você enfrenta a tentação de deixar de lado algum mandamento do Senhor, dizendo que “Deus não se importa com isso”. Ele se importou em falar. Ele se importou em mandar seu Filho para ensinar e para morrer. Ele se importou em enviar os apóstolos ao mundo. 
O pecado é desobediência da vontade de Deus (Sl 51.4; 1 Jo 3.4). Qualquer pecado, o menor que seja nas opiniões dos homens, é traição e ingratidão em relação ao nosso Criador. Jesus disse que o amor a ele exige obediência aos seus mandamentos (Jo 14.15). O Pai havia falado a mesma coisa quase 1500 anos antes (Êx 20.6).

A santidade de Deus é revelada na ira dele

Encontramos nas Escrituras diversas ocasiões em que Deus mostrou sua ira contra pecadores. Considere alguns exemplos. “Pelo que, como a língua de fogo consome o restolho, e a erva seca se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do SENHOR dos Exércitos e desprezaram a palavra do Santo de Israel. Por isso, se acende a ira do SENHOR contra o seu povo, povo contra o qual estende a mão e o fere, de modo que tremem os montes e os seus cadáveres são como monturo no meio das ruas. Com tudo isto não se aplaca a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão” (Is 5.24-25). Na mesma época, Deus explicou o castigo do povo desobediente: “O SENHOR advertiu a Israel e a Judá por intermédio de todos os profetas e de todos os videntes, dizendo: Voltai-vos dos vossos maus caminhos e guardai os meus mandamentos e os meus estatutos, segundo toda a Lei que prescrevi a vossos pais e que vos enviei por intermédio dos meus servos, os profetas.... e venderam-se para fazer o que era mau perante o SENHOR, para o provocarem à ira. Pelo que o SENHOR muito se indignou contra Israel e o afastou da sua presença; e nada mais ficou, senão a tribo de Judá” (2 Rs 17.13,17-18). Estas consequências do pecado foram previstas por Samuel no início do reino de Israel, 300 anos antes de Isaías. Samuel disse: “Se, porém, não derdes ouvidos à voz do SENHOR, mas, antes, fordes rebeldes ao seu mandado, a mão do SENHOR será contra vós outros, como o foi contra vossos pais” (1 Sm 12.15). Às vezes, pessoas descartam tais exemplos da ira de Deus, sugerindo que o Deus do Velho Testamento é diferente do que o do Novo Testamento. Enquanto a aliança realmente mudou, o Deus que nos governa é o mesmo. A santidade dele não diminuiu, e ele continua rejeitando pecado e pecadores. O Novo Testamento nos assegura que Deus ainda responde ao pecado com ira. Romanos 11.22 diz: “Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte, também tu serás cortado.” O livro de Hebreus diz que Deus é até mais severo hoje do que na época da antiga aliança (Hb 2.2-3). Depois, ele reafirma este fato: “Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós sereis considerados digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10.28-31). A ira de Deus é inseparável de sua santidade. Se Deus aceitasse o pecado, ele não seria santo.

II. O Deus da Bíblia é Perfeito

Mateus 5.48 nos diz: “Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus.”
SEDE VÓS PERFEITOS. O padrão que Deus exige de seu povo é seu próprio caráter perfeito. A perfeição de Deus inclui o amor da graça benevolente (v.45). Mesmo que essa perfeição não seja atingida nesta vida, ela é o objetivo daqueles que se tornaram filhos do Pai (Fl. 3.12-14).  “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco” (2 Co 13.11).
O recebimento da perfeição ou mesmo a busca por esse elevado alvo, em breve “restauraria” aos crentes coríntios, corrigindo sua falta de comunhão e seus partidos facciosos, levando-os a se tornarem um todo harmonioso: “Pelo que todos quantos já somos perfeitos sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa doutra maneira, também Deus vo-lo revelará” (Fp 3.15). Talvez haja aqui a sugestão de que a única perfeição possível, nesta esfera terrena, seja a “dedicação intensa” aqui descrita. Aqueles que demonstram essa forma de perfeição e maturidade mostram que se acham bem avançados, na estrada da obtenção da perfeição celestial: “E estais perfeitos nEle, que é a cabeça de todo principado e potestade” (Cl 2.10). Haveremos de participar da própria natureza de Deus, de sua “modalidade de vida”, conforme se aprende em João 5.25,26 e 6.57. Portanto, a diferença entre Deus e os remidos não consiste do “tipo” de natureza, mas apenas de “extensão” dessa natureza. Naturalmente, Deus é um ser infinito, e os remidos, apesar de terem sua natureza, por serem verdadeiros filhos de Deus, nunca atingirão toda a plenitude absoluta de Deus; não obstante, esse será sempre o nosso alvo.
“Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus” (Cl 4.12). Os remidos deverão possuir a perfeita natureza moral de Deus; devem tornar-se a plenitude de Cristo (ver Ef.1.23); devem ter “toda a plenitude do próprio Deus” (ver Ef. 3.19). Essa é a perfeição na direção da qual nos esforçamos, e esse era o tema das orações de Epafras: “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” (Hb 5.14).
A doutrina mais avançada é adaptada aos crentes maduros, cujos sentidos espirituais são capazes de discernir entre a doutrina íntegra e a infundada e entre a conduta perfeita e imperfeita: “Para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2 Tm 3.17). .…Perfeito… No grego é “artios”, que significa “capaz”, “eficiente”, “completo” e, por conseguinte, capaz de satisfazer todas as exigências que lhe forem impostas como ministro de Cristo. A santidade pessoal dos ministros do evangelho, a sua eficiência no conhecimento bíblico, a sua utilidade nos dons espirituais, tudo faz parte desse aprimoramento. E isso ocorre através do ministério do Espírito Santo. O homem de Deus deve ser equipado espiritualmente, através de sua dedicação a Cristo, mediante as Sagradas Escrituras: “Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma” (Tg 1.4).
SEJAIS PERFEITOS. “Maduros” (gr. teleios) transmite a idéia bíblica de perfeição no sentido de relacionamento correto com Deus, que frutifica no empenho sincero de amá-lo de todo o coração em obediência irrestrita e uma vida inculpável (Dt.6.5; 18.13; Mt.22.37; ver 1 Ts. 2.10).

III. O Único Deus Verdadeiro

Há muitos deuses criados pelos homens ou pelo maligno, mas o Deus da Bíblia é o único Deus verdadeiro, soberano, criador dos céus, da Terra, dos homens e de todas as coisas. As pessoas ímpias têm dificuldade em aceitar a indispensável ideia da existência real do Ser Supremo, que existe antes do tempo e fora do tempo. O ser humano com a mente prejudicada pelo pecado, prefere acreditar que Deus não existe e que se trata de uma invenção das pessoas religiosas, com o objetivo de manter as pessoas sob seu controle, com normas e regras, estabelecidas pelas religiões. Infelizmente, muitos estão enganando e sendo enganados pelos ensinos materialistas e ateístas, como bem disse o apóstolo Paulo: “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados” (2Tm 3.13).

Os cientistas, em geral, sentem-se obrigados a crer no que é estabelecido nas teorias sobre as origens da vida, do homem e de todos os demais seres e coisas que existem no universo. Para eles, há mais lógica em aceitar a não provada e falaciosa Teoria da Evolução do que aceitar o que a Bíblia diz sobre as origens de tudo. É mais fácil um cientista aceitar e propalar o absurdo de que o homem veio de um macaco, que, por sua vez, surgiu de um réptil, que surgiu de um anfíbio, que se originou de um peixe ou vertebrado, que, por sua vez, surgiu de um invertebrado, que teve origem em um animal unicelular ou protozoário, do que aceitar o que a Bíblia diz que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança.  No entanto, após todos os séculos de pesquisa, de teoria em teoria, até hoje, não foi encontrado um único elo entre os estágios da chamada evolução das espécies. Somente a Bíblia tem a resposta mais consistente, segura e compatível com a origem da vida e dos seres criados: "No princípio, criou Deus os céus e a terra. E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra" (Gn 1.1,26). Deus, o Deus da Bíblia, é o Criador, o Preservador, o Senhor e o Salvador do Homem. É o Deus que é Juiz do Universo, e chamará os homens à prestação de contas no tempo do fim. A crença ou não no Deus da Bíblia é fator marcante, decisivo e determinante, não só do comportamento do homem na Terra, como do seu destino, na eternidade. 

1. O Shemá. “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6.4). Esta simples declaração de Moisés iniciou o que hoje é comumente referido como o Shemá (palavra hebraico para “ouvir”). Foi citado por Jesus Cristo como parte do primeiro e grande mandamento da lei (cf. Mc 12.29,30). Há aqui um significado teológico importante, porque a mensagem não se restringe apenas ao monoteísmo, mas a ideia de existir um só Deus, e de Deus ser um só; diz respeito tanto à "singularidade" quanto à "unidade" de Deus (Zc 14.9; Sl 86.10). Essa é a confissão de fé do judaísmo e, ainda hoje, os judeus religiosos recitam-na três vezes ao dia. No Shemá, Moisés pode ter simplesmente dito aos israelitas que o verdadeiro Deus, seu Deus, era para estar em primeiro - em mais alta prioridade - em seus corações e mentes. A jovem nação tinha saído da escravidão de uma cultura egípcia na qual se acreditava em muitos deuses, e eles estavam prestes a entrar numa terra cujos habitantes estavam mergulhados na adoração de vários supostos deuses e deusas da fertilidade, da chuva, da guerra, das jornadas, etc. Através de Moisés, Deus advertiu severamente os israelitas sobre os perigos de abandoná-lo para seguir os falsos deuses.

2. O monoteísmo. É a crença em um só Deus; se distingue do politeísmo, a crença em vários deuses. O primeiro mandamento do Decálogo é: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3). Deus é enfático: Israel não devia adorar, nem invocar nenhum dos deuses doutras nações. Deus lhe ordenou a temer e a servir somente a Ele (Js 24.14,15). Aqui está a essência do monoteísmo judaico. É o fundamento da vida em Israel, a base de toda a lei e de toda a Bíblia. Jesus ratificou o monoteísmo judaico, e também afirmou que o Deus Javé de Israel, mencionado em Deuteronômio 6.4-6, é o mesmo Deus que Ele revelou à humanidade (Jo 1.18), a quem todos os cristãos servem e amam acima de todas as coisas (Mc 12.29,30). Assim, o Deus de Israel é o mesmo Deus do cristianismo, é o nosso Deus. O apóstolo Paulo pregava para os judeus e gentios o mesmo Deus revelado por Jesus - "O Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças a sua vontade, e vejas aquele Justo, e ouças a voz da sua boca" (At 22.14).

"Não terás outros deuses diante de mim" atinge diretamente a idolatria. Quando Deus fez essa proibição, Seu povo estava envolvido com o bezerro de ouro (Êxodo 32). Os ídolos são artifícios em forma de imagens, eles nada são, não têm nenhum préstimo, nada entendem, confundem-se, têm olhos e não veem, têm ouvidos e não escutam, têm lábios e não falam, têm cabeça e não pensam, têm braços que não se movimentam e pés que não andam; são deuses inúteis e sem vida, condenados ao ridículo. Repetidas vezes encontramos a loucura da idolatria em termos sarcásticos e enfáticos (Jr 2.26-28; 10.1-16; Is.40.18-20; 41.4-7; 44.9-20; Sl.115; 135.15-18). Quando esquecemos a aliança do Senhor nosso Deus e negligenciamos a devoção diária, podemos ser levados a substituí-lo por alguma imagem esculpida ou por algo de que o Senhor nos proibiu (Dt 4.23). Apostasia, esquecimento ou mornidão espiritual são as doenças preponderantes deste século. Quando o Deus vivo e verdadeiro é olvidado, volta-se para a superstição, misticismo e os cultos esotéricos, que têm prosperado muito em nossos dias.

Repetidas vezes os profetas se levantaram contra a idolatria do povo de Deus (cf. Is 57.5-8; Jr 2.20,24; 3.6; Ez 6.1-14), condenando de forma específica a prostituição espiritual nos "lugares altos", em Israel e Judá. As trágicas consequências da desobediência ao Primeiro Mandamento foram: pestilência, morte, fome, rejeição, deportação, pragas e, pior, separação da comunhão com o Senhor.
Conforme Deuteronômio 11.16, existem quatro quedas consecutivas no caminho da idolatria: o engano do coração, o desviar-se, o servir a outros deuses e, finalmente, o prostrar-se diante deles. O dinheiro e o poder estão entre os "deuses" deste século. Mamom foi o único "deus" que o nosso Senhor chamou pelo nome. Muitos são os elementos produzidos por Mamom: o "deus" dinheiro, a competição, o "deus" televisão, o "deus" internet, o “deus” smartphone, o consumismo, etc. O convite de Deus para o seu povo é o de amá-lo de todo coração, com toda a força do pensamento e de toda a alma. Ele é o único, verdadeiro e eterno Deus das nossas vidas. Feliz o homem que guarda seu coração no caminho do Senhor. “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3). Para nós cristãos, este mandamento importa pelo menos três princípios:

A nossa adoração deve ser dirigida exclusivamente a Deus. Não deve haver jamais adoração ou oração a quaisquer “outros deuses”, espíritos ou pessoas falecidas, nem se permite buscar orientação e ajuda da parte deles (cf. Lv.17.7; Dt.6.4; 1Co 10.19,20).

Devemos plenamente nos consagrar a Deus. Somente Deus, mediante sua vontade revelada e Palavra inspirada, pode guiar a nossa vida (Mt 4.4).

Nós cristãos devemos ter como propósito na vida: amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todas as nossas forças, confiando nEle para nos conceder aquilo que é bom para a nossa vida (cf. Mt 6.33; Fp 3.8; Cl 3.5).

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Sugestão de Leitura da Semana - Morte na Panela, de Hernandes Dias Lopes



De Leonardo Pereira


Recentemente (ao longo destes 15-20 anos) temos visto em nossa nação um alvorecer de uma gama de literatura em base completamente apologética, com a ênfase máxima de defender a Bíblia, a Igreja e as Famílias. Não muito raro, pregadores constantemente tem ido as redes sociais e as mídias (televisão, rádio) com forte frequência visando cumprir o que disse o Judas, irmão de Tiago: "batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Jd 3b). Na penúltima recomendação de leitura da semana, recomendamos aqui o livro Supercrentes, do renomado Pastor e Teólogo Paulo Romeiro, livro este que se trata das raízes da Teologia da Prosperidade e os seus efeitos tanto no Brasil, quanto afora. Por isso é necessário abrirmos nosso olhos para o que tem acontecido no Brasil, tanto dentro das igrejas quanto fora delas. Por isso temos como sugestão de leitura para esta semana o livro do pastor Hernandes Dias Lopes que se intitula Morte na Panela - Uma ameaça real à igreja.

O livro diferentemente do conteúdo apologético demonstrativo como vemos em sua maior parte¹, nos é apresentado como um alerta não somente para as heresias, mas para as diversas e conturbadas polêmicas que tem feito muitos irmãos em Cristo se entristecerem e visarem argumentos para ficar contra igrejas, e contras muitos irmãos em Cristo também. O pastor Hernandes coloca-nos em um momento de reflexão sobre nossas vidas, doutrinas e destino eterno, visando assim efeitos significativos para a igreja evangélica brasileira, e assim, uma próxima geração robusta na Palavra de Deus e cheia do Espírito Santo. Reflexão é o tema principal nesta obra, que devemos sempre nos examinar e olhar ao nosso redor o que tem acontecido, o que temos visto e ouvido, e assim, pela Palavra do Senhor, mudarmos de vida, mudarmos de conduta, mudarmos de rumo. Esta sim é a preciosidade do viver cristão: Novo Nascimento (Jo 3.1-36). 

Por isso, recomendamos esta obra que certamente enriquecerá muito em sua vida!

Notas:

1. Sobre estas obras apologéticas no sentido sistemáticas destacamos aqui: Defendendo o Verdadeiro Evangelho (CPAD), de José Gonçalves; Apóstolos (Editora Fiel), de Augustus Nicodemus Lopes; Fundamentos da Fé Cristã (Editora Central Gospel), de James M. Boice; e Cristianismo Puro e Simples (Editora Martins Fortes), de C.S. Lewis.


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Comentário Bíblico Mensal: Dezembro/2017 - Capítulo 1 - A Bíblia – O Livro Completo e Perfeito




Comentarista: Matheus Gonçalves


Introdução

A partir deste capítulo e nos próximos, vamos estudar sobre o processo formação da Bíblia. Por que temos 66 livros na Bíblia, e quanto aos livros apócrifos? A canonicidade vai tratar disto.
A inspiração é meio pelo a Bíblia recebeu sua autoridade; a canonização é o processo pelo qual a Bíblia recebeu sua aceitação definitiva.

A palavra cânon deriva do grego kanōn (“cana, régua”), que por sua vez vem do hebraico "kaneh", que significa vara de medir (Ez 40.3). Era usada antes do cristianismo de modo mais amplo com o sentido de padrão ou norma. O Novo Testamento emprega o termo em sentido figurado referindo-se a padrão ou regra de conduta. (Gl 6.16). No começo do cristianismo, a palavra cânon significava “regra” de fé ou Escrituras autorizadas. O conceito de cânon, como o conhecemos hoje, estava em desenvolvimento na época de Atanásio (c. 350 d.C.).

Temos dois sentidos para a palavra cânon:

Ativo: a Bíblia é o livro pelo qual tudo mais deve ser julgado.

Passivo: Significava a regra que um escrito deveria ter para ser considerado inspirado ou tendo autoridade.

I. A Formação da Bíblia

A Bíblia que temos hoje é um livro único e completo, porém, para quem não sabe, ela é formada por vários livros que foram escritos e colecionados ao logo da história. Mas a questão é: quem escreveu, colecionou e definiu quais seriam estes livros?
Bom, para saber mais sobre todo este processo, precisamos começar falando sobre a inspiração divina das Escrituras. Deus, o autor da Bíblia (Js 24.26), se revelou de forma especial para alguns homens durante a história (Hb 1.1, At 3.21), e os inspirou a escrever o conteúdo bíblico (Dn 9.2,9-10, Is 30.8).

Toda a Bíblia é inspirada por Deus (2 Tm 3.16). Mas isso não significa dizer que Deus a ditou, palavra por palavra. Afinal, pela variedade de gênero, estilo e vocabulário, percebemos que, durante a escrita, os autores humanos mantiveram sua personalidade (Lc 1.1-4, 1 Co 7.12). Todavia, de forma alguma, os escritores se utilizaram de ideias, conceitos ou opiniões próprias, mas foram inspirados, ou seja, movidos pelo Espírito Santo (2 Pe 1.20-21), para utilizarem palavras aprovadas por Deus (2 Sm 23.2, Dt 4.2). Deus guiou e supervisionou os escritores da Bíblia, para que eles, dentro de suas limitações e circunstâncias, compusessem e registrassem, sem erros, a mensagem do Criador para a sua criação (1Co 2.13). Mas, se os povos antigos não sabiam qual seria o desfecho da história bíblica e não conheciam a Bíblia como nós conhecemos hoje (Ef 3.5–6), como eles poderiam definir quais livros fariam parte dela ou não?
Bom, este processo é conhecido como a formação do cânon sagrado. E, como não poderia ser diferente, contou com a providência divina em recrutar homens conscientes e piedosos para identificar e preservar os livros inspirados (2Rs 23.24, Ne 8.8, 2Cr 17.9).

II. O Antigo Testamento

No Antigo Testamento, por exemplo, após a redação de um texto inspirado por parte dos profetas (1 Sm 10.25), o povo de Deus reconhecia nessa obra a autoridade divina (Êx 24.3), e colecionava este conteúdo como literatura sagrada (2 Cr 34.30, Dt 31.24-26). E mesmo antes de apresentar sinais de desgaste, em virtude dos materiais que eram utilizados, como plantas ou peles de animais, o conteúdo era preservado através de cópias, feitas com extremo cuidado, pelos escribas (Ed 7.6). Por volta de 400 a.C., todos os livros do Antigo Testamento já haviam sido escritos, categorizados e agrupados segundo suas características em comum, formando o cânon hebraico.

III. O período Interbíblico

Depois disso, houve um período de 400 anos entre o Antigo e o Novo Testamento, onde vários outros livros foram escritos. Dentre eles, os livros apócrifos ou deuterocanônicos, que tem sua inspiração divina rejeitada pelos judeus e cristãos protestantes, mas aceita pelos católicos. Apesar de serem historicamente autênticos e, inclusive, terem feito parte da Septuaginta (LXX), que foi a tradução do Antigo Testamento para o grego, estes livros não fazem parte da Bíblia hebraica, pois não tiveram sua inspiração divina reconhecida pelos judeus. Verdade é que, por questões históricas e metodológicas, a igreja católica incluiu estes livros em seu cânon sagrado, enquanto os protestantes permaneceram com o mesmo conteúdo do cânon hebraico.

IV. O Novo Testamento

Já no caso da formação do Novo Testamento, o processo foi um pouco mais complexo do que no Antigo, pois a revelação divina se expandiu por diversos povos em diferentes regiões (At 1.8), e já não havia um povo, zeloso como os judeus (Rm 10.1-2), que fosse responsável por colecionar estes livros.

Contudo, algo que facilitou a identificação do conteúdo inspirado do Novo Testamento, foi que, durante a maior parte deste processo, aqueles que receberam autoridade divina (Mt 28.18-20, Ef 2.20) e foram testemunhas oculares da vida e da ressurreição de Cristo (At 10.39-41), estavam vivos. E foi, principalmente por recomendação dos apóstolos (1 Co 11.2, Fp 3.1-2, 2 Pe 2.1) que, desde o princípio, os cristãos tinham a preocupação em identificar, reunir e preservar os escritos inspirados (Cl 4.16, 2 Pe 3.1-2), que, inclusive, serviam como base doutrinária para as igrejas (1 Ts 2.13, 1 Co 14.37). Afinal, diversos ensinamentos falsos a respeito de Jesus Cristo, começaram a circular na época (2 Ts 2.1-2, 2 Co 11.4). Exigindo que os cristãos fossem extremamente cautelosos ao receber ensinamentos e doutrinas (1 Tm 4.1, 2 Co 11.12-15, 1 Tm 6.3-4). Sendo assim, antes mesmo da promulgação oficial do cânon do Novo Testamento, em meados do século IV, os livros inspirados já eram devidamente identificados pelas comunidades cristãs.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Reta Final de 2017: O que aprendemos com o passar deste ano?



Estamos chegando ao fim de mais um ano, e desta feita, ao ano de 2017. No ano passado um evento muito triste, a respeito da morte de muitos que estiveram no trágico acidente do avião do Clube de Futebol da Chapecoense, rumo a Colômbia, pegou a todos nós de surpresa, levando muitos a um desânimo muito profundo e um triste fim de ano para muitas famílias que passaram de 2016 para 2017, com grande angústia na alma, com uma profunda dor no coração. Ao final daquele ano, em uma pregação de um pastor, ouvi a seguinte pergunta, a qual com liberdade, repito-a aqui: O que aprendemos com o passar deste ano?

Vimos neste ano como um todo momentos bons e ruins, tristes e alegres, de boas notícias e de más notícias. Pessoas que se aproximaram de nós, e pessoas que se afastaram de nós. Momentos de reflexão com Deus, e momentos de afastamento do mundo, momentos de lutas e momentos de paz. Nas palavras do pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes: "a nossa vida é como uma gangorra. Damos passos corajosos e também recuamos covardemente"¹ . Assim como neste ano, temos de examinar tudo e reter o bem, conforma nas palavras do Apóstolo Paulo (1 Ts 5.21), vejo nas palavras do apóstolo a necessidade vital de um autoexame das nossas vidas, de tal maneira que possamos claramente e coerentemente analisarmo aonde erramo, e aonde acertamos. Se em um ano como o de 2017 vimos escândalos de corrupções, guerras, rumores de guerras, terrorismo, vemos também neste ano, a poderosa mão de Deus capacitando as nossas vidas, nos purificando, restaurando, regerando e nos resgatando das ardilosas mãos de Satanás (1 Pe 5.7,8).

Como reflexão sobre as nossas vidas, temos como exemplo o grande legislador de Israel, Moisés, que antes do povo peregrinar rumo a terra prometida, ele juntou o povo e recapitulou todas as coisas que o Senhor Deus fez através do povo, e no meio do povo (Dt 8-11)². Do mesmo modo, seu sucessor Josué, o fez assim ao fim da sua vida, outorgando ao povo o grande legado de uma profunda união e comunhão com Deus nos momentos de conquistas em meio a terra prometida (Js 24.1-13).

Estes dois exemplos extraídos do Antigo Testamento nos mostram que o valor de aprendermos com nossos erros e acertos para nos preparar para o ano que vem, possam nos exemplificar valores espirituais para que venhamos nos capacitar cada vez mais acerca do nosso viver, conduta e atitudes na vida.

Leonardo Pereira

Notas: 

1: Hernandes dias Lopes: Pedro - Pescador de Almas - Editora Hagnos.

2: Alexandre Coelho e Silas Daniel: Uma Jornada de Fé - Moisés, o Êxodo, e o Caminho à Terra Prometida - CPAD.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Livro - Texto do Mês de Dezembro de 2017 - Comentário Bíblico Mensal



Neste mês de dezembro no Comentário Bíblico Mensal estudaremos acerca sobre a Bíblia Sagrada e os seus fundamentos. É de devida importância à todos nós voltarmos a uma reflexão muito importante do que se tem visto e ouvido hoje: o papel da Bíblia Sagrada em nossas vidas, nação e fundamentalmente, na sociedade.

O comentarista também escreveu o livro de apoio deste mês fundamentado em suas bases teológicas e devocionais dentro da Palavra de Deus, nos proporcionando um entendimento panorâmico acerca do assunto. O livro do autor Matheus Gonçalves Conhecendo o Deus da Bíblia - Os firmes fundamentos revelados nas Escrituras Sagradas mostra-nos uma visão da compilação da Bíblia, suas várias formas interpretativas, o Deus da Bíblia - o Único Deus Verdadeiro, e a importância e a necessidade do estudo da Bíblia Sagrada, entre outros assuntos.
Devemos estudar com muito afinco a Palavra de Deus para que não possa ocorrer conosco, quatro situações que em uma hora ou outra, possa contecer como:

1) Falta de entendimento e discernimento espiritual: Muitos irmãos em Cristo Jesus hoje, vivem um momento de completa falta de entendimento e discernimento espiritual. Tem suas mentes ligadas no que vê e ouve, mas não no que a Palavra de Deus e o Espírito Santo está dizendo às igrejas. Estão entendendo das coisas da terra, e incompreendendo das coisas do céu.

2) Não estarmos preparadas para defender a nossa fé em Cristo Jesus: Isto infelizmente tem acontecido aos montes tanto no Brasil como afora. A falta da meditação na Palavra do Senhor e busca do conhecimento bíblico no poder do Espírito Santo tem afligido a Igreja de Cristo com muitas polêmicas, debates, perguntas que estão sendo trazidas de assuntos já resolvidos, e uma das mais graves denúncias: não sabermos como apresentar Cristo Jesus a nossa família e ao mundo.

3) Não conhecermos a Deus: Hoje muitos falam de Deus, colocam o nome de Deus nas camisas, nas janelas dos carros, em capa de muitas redes sociais, mas não o conhecem mais profundamente (Sl 139. 1-9). Claro que jamais conheceremos em sua completude, mas sim, como diz o profeta Oséias: "Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra" (Os 6.3).

4) Não estarmos preparados para a vinda do Senhor Jesus Cristo: Esta última razão para meditarmos na Palavra do Senhor com dedicação e empenho, é uma máxima de todo cristão, ministro do Evangelho e estudante da Palavra do Senhor. O povo perece em muito por não focar os olhos nas coisas espirituais, nas coisas de Deus. Jesus Cristo nos deixou uma importantíssima lição sobre os últimos tempos, e sobre o que devemos fazer: "E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane;Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos(...); Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vo-lo tenho predito" (Mt 24. 4,5, 23-25). Devemos assim como o apóstolo Paulo especificou com clareza acerca da vinda de Cristo: "Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios" (1 Ts 5.6).

Recomendo a leitura deste livro, e nos acompanhe neste mês, neste grandioso estudo bíblico acerca da Bibliologia (O Estudo das Escrituras). 

Deus vos abençoe!