sábado, 29 de setembro de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Setembro/2018 - Capítulo 5 - Deus é Amor




Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: 1 João 5.1-11

1. Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido.
2. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos.
3. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados.
4. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.
5. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?
6. Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade.
7. Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um.
8. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num.
9. Se recebemos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior; porque o testemunho de Deus é este, que de seu Filho testificou.
10. Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu.
11. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho.

Momento Interação

Prezados estudantes da Palavra do Senhor, chegamos ao final de mais um Comentário Bíblico Mensal.Como já estamos vendo e estudando  até agora, estamos no último capítulo da primeira epístola de João. O apóstolo amado, escreveu sua primeira epístola para alertar sobre os falsos mestres que ensinavam que Cristo não tinha verdadeiramente vindo em carne e incentivar um estilo de vida apropriado para os seguidores do Cristo encarnado. 

Quem lê e estuda João, o discípulo amado, o discípulo do amor, fatalmente vai se deparar com uma pessoa cheia do Espírito Santo cujo discurso, resumidamente, é Jesus é Deus, veio em carne, nasceu de uma virgem, cresceu, morreu e ao terceiro dia ressuscitou. Deus é amor,  e sendo  amor, devemos amar a nossos irmãos e os seus mandamentos são para serem vividos. Bons Estudos!

Introdução

Em 1 João 5, o apóstolo João começa tratando, mais uma vez sobre a relação entre o amor a Deus e a obediência. Existe uma batalha espiritual sendo travada, seu quisermos vencer precisamos crer. A única arma capaz de vencer o mundo é a nossa fé.

O testemunho de que essa fé é eficaz é dado pelo Espírito Santo através das Escrituras e da ressurreição de Jesus Cristo. Em comunhão sincera com Deus podemos orar a ele sobre qualquer necessidade real que tivermos e com certeza ele nos ouvirá. João encerra dando um ensinamento sobre a questão do pecado. De fato, há pecados mais graves que outros e ele dá uma orientação sobre como agir em cada caso.

I. O Amor à Deus

Os cristãos expressam o amor por Deus e pelos seus filhos ao obedecerem aos seus mandamentos. O amor pelo povo de Deus deve ser claramente definido. João fez isso em termos da obediência aos mandamentos de Deus. Todos os mandamentos de Deus foram designados para dar a honra que é devida a Deus e ao seu povo. Portanto, não foi deixado aos cristãos especular sobre o que significa amar os outros. Seguir os mandamentos de Deus (isto é, guardar o sábado, não roubar, e assim por diante) é a maneira correta de demonstrar amor pelos outros.

A prova de que amamos os filhos de Deus é o fato de que amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Esse amor de Deus deve ser expresso em que guardemos os seus mandamentos, os quais não são penosos. João esclarece que todo aquele que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Ele explica então que aquele que vence o mundo é justamente aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus (1 Jo 5.2-5). Quem duvida disso, aposta que Deus é mentiroso e isso o afasta de Jesus e o aproxima do diabo.

É natural amarmos a Cristo. Na realidade, amamos a Deus porque ele nos ama. A Bíblia expressa isso da seguinte maneira: "Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro" (1 Jo 4.19). Foi Jesus quem nos amou primeiro. Ele nos deu um lindo lar terrestre. Cuida de nossas necessidades físicas e materiais (Mt 5.43-48). Mais importante ainda, supre nossas necessidades espirituais. Ele nos deu a sua Palavra, a Bíblia. Além disso, Jeová nos convida a orar a ele com a garantia de que seremos ouvidos e de que receberemos a ajuda do seu espírito santo (Sl 65.2; Lc 11.13). Acima de tudo, ele enviou seu Filho mais querido como Resgatador para nos livrar do pecado e da morte. Que grande amor Jeová tem por nós!

Jesus quer que nos beneficiemos de seu amor para  sempre. Mas se seremos beneficiados ou não dependerá exclusivamente de nós. A Palavra de Deus nos aconselha a nos ‘mantermos no amor de Deus, . . . visando a vida eterna’ (Jd 21). A expressão “nos mantermos” indica que para permanecer no amor de Deus é necessário ação da nossa parte. Precisamos corresponder ao Seu amor de maneiras práticas. Assim, é importante nos perguntar: ‘Como posso demonstrar que amo a Deus?’ A resposta encontra-se nas palavras inspiradas do apóstolo João: “O amor de Deus significa o seguinte: que obedeçamos aos seus mandamentos; contudo, os seus mandamentos não são pesados” (1 Jo 5.3) Devemos analisar  com atenção o sentido dessas palavras, pois queremos mostrar ao nosso Deus quanto o amamos.

II. A Fé em Jesus

Experimentar o renascimento em Deus conduz à fé em Jesus como o Cristo. Se nascemos de Deus, amaremos outros aos quais ele ama. Vemos que "Jesus é o Cristo" e suas implicações morais. João retornou para as afirmações doutrinárias de que Jesus é o Cristo e Filho de Deus para enfatizar os resultados dessas crenças na vida dos cristãos. 

Crer que Jesus é o Cristo leva ao renascimento que leva os cristãos invariavelmente a amar os outros filhos de Deus. Todos os que confessam que Jesus é o Cristo (1 Jo 2.22) é nascido de Deus. Aqui João se referiu ao ensino de Jesus sobre o renascimento de cima, do mesmo modo que ele havia relatado isso anteriormente no seu Evangelho (Jo 3.1-18,31). Assim, todo aquele que ama ao que gerou também ama ao que dele é nascido. Seguindo a analogia do nascimento e ascendência, João observou que aqueles nascidos de Deus o amam como seu pai. Além disso, se os cristãos amam a Deus como seu pai, então eles amarão os outros filhos de Deus, os quais ele ama.

O apóstolo João está afirmando que a nossa fé é a vitória e ela vence o mundo (o sistema de satanás). Durante anos eu vivi correndo atrás da vitória até que um dia esse texto caiu no meu coração como revelação. De fato, quando um cristão aprende a viver segundo a medida da fé que ele recebeu do Senhor, esse cristão aprendeu a viver em vitória. E é exatamente nesse ponto, que tenho visto muitos cristãos falharem.

Muitos querem a vitória sem exercer a sua fé! Poderíamos ler esse texto, de 1 João 5.4, de outra forma sem alterar a verdade: “a minha fé é a minha vitória que vence o mundo!”. Na verdade, a vitória de Cristo na cruz do calvário também é a minha vitória, é a nossa vitória! Na obra de Cristo Jesus deposito a minha fé e, por isso, posso vencer o sistema maligno de satanás todo o tempo! O “mundo”, nesse texto, se refere ao sistema podre do diabo que todos os dias tenta nos tirar do caminho da verdade, através dos pensamentos errados e vários tipos de influência.

III. A Eficácia da Oração

para a nossa oração ser ouvida é necessário que oremos para estarmos em alinhamento com a vontade de Deus, que é como Romanos 12.2 nos diz: “boa, agradável, e perfeita”. Assim, é necessário conhecer a vontade de Deus para que possamos saber o que devemos esperar dele. Agora, para conhecer a vontade de alguém ele tem primeiro fazer essa vontade conhecida a nós de alguma forma. Da mesma forma, para conhecer a vontade de Deus, Deus tem que revelar para nós, seja através da Bíblia, Sua palavra escrita, ou através do Espírito Santo que Ele nos deu quando nascemos de novo. Sobre o assunto anterior, quando, por exemplo, diz que não devemos nos preocupar com o que vamos comer ou o que beberemos, ou que vestiremos, mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas nos serão acrescentadas (Mt 6.25-34), isto nos dá a vontade de Deus sobre preocupações e prioridades: colocar Deus e seu Reino em primeiro lugar, nos diz, não ficar inquieto por coisa alguma; ao em vez de lançar todas as suas preocupações sobre Ele, e “todas estas as coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). O mesmo também acontece com muitas outras coisas que têm aplicação geral para todos, como a salvação, cura, etc. Por estas e por qualquer outra coisa que a Palavra de Deus define como a vontade de Deus, não é necessário esperar para que Deus venha e anuncie a nós em particular que eles estão disponíveis. 

João está se dirigindo à comunidade cristã. Ele está falando sobre a importância dos cristãos orarem uns pelos outros, especialmente quando um deles cai em pecado. Depois de dar a certeza de que os Cristãos podem orar que são atendidos, João passa a dar um exemplo específico de oração. A oração de um irmão em favor de outro. Ele explica em que circunstâncias ela pode ser eficaz. “Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda a iniquidade é pecado, e há pecado que não é para morte” (1 Jo 5.16,17). Muito melhor do que os membros da igreja ficarem comentando sobre os pecados de um determinado irmão, João está sugerindo que o melhor seria orar por e com o irmão. Esta atividade de oração intercessora encaixa-se muito bem na responsabilidade que têm os membros do corpo de Cristo de cuidarem uns dos outros em amor (Mt 18.15-18). Procurar o pecador, adverti-lo do seu erro, e principalmente apontar-lhe um Salvador, é uma tarefa delicada. Entretanto este tipo de diálogo serve para construir a igreja. Totalmente diferente de fofocas, cujo resultado é o esfacelar da igreja. Aí vem a pergunta: “O que é um pecado para a morte?” Os estudiosos bíblicos sustentam que o pecado para a morte é o pecado imperdoável do qual Jesus falou em Mateus 12.31,32.

João discute dois tipos de pecado. Aqueles em que há esperança para o pecador, e aqueles em que não há esperança. Nos casos de pecados para os quais há esperança, a oração pode ser muito eficaz na recuperação. Já, sem a esperança, caso dos “pecados para a morte”, não há garantia de que a oração venha a se tornar eficaz. João não está aqui definindo um ato de pecado em particular que leva inevitavelmente à morte. Ele se refere a um tipo de pecado. Se ele tivesse em mente um pecado específico capaz de levar alguém à perda da salvação, certamente ele o teria identificado, para que todos nós pudéssemos nos desviar deste e assim ficarmos longe da consequência tão terrível. Mas João não indicou um pecado específico como sendo “o pecado para a morte”. Isso nos leva a concluir que João está falando não de um ato específico de pecado, mas sim de um “tipo” de pecado, uma atitude. A Bíblia considera com muita seriedade o pecado.

Comentário Bíblico Mensal: Setembro/2018 - Capítulo 4 - Orientações Espirituais




Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: 1 João 3.1-11; 4.1-5

1. Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele.
2. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.
3. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.
4. Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; porque o pecado é iniquidade.
5. E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado.
6. Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.
7. Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo.
8. Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.
9. Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.
10. Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus.
11. Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros.
1 João. 4.1-5
1. Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.
2. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus;
3. E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo.
4. Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo.
5. Do mundo são, por isso falam do mundo, e o mundo os ouve.

Momento Interação

Os seres humanos não têm privilégio maior que se tornarem filhos de Deus. Este ponto não é disputado por aqueles que professam afeição por Jesus como o Cristo. Aqueles que acreditam na Bíblia como a palavra inspirada por Deus concordam em relação à necessidade de serem “filhos de Deus mediante a fé”. Sabemos que os filhos de Deus são “co-herdeiros com Cristo” (Rm 8.12-17). Os filhos de Deus têm o direito de clamar “Aba, Pai” (Rm 8.15; Gl 4.6). Estes filhos devem receber a “glória a ser revelada” (Rm 8.18-19). Graças a Deus que podemos ser seus filhos!

Muitos de nós concordamos com a necessidade de sermos filhos de Deus, mas nem sempre concordamos em relação a quem são os filhos de Deus. Um estudo detalhado do nosso texto deve esclarecer um pouco este assunto. Se repararmos expressões equivalentes a “vós sois filhos de Deus mediante a fé” podemos entender melhor o que envolve ser filhos de Deus.

Introdução

Paulo também escreveu aos filhos de Deus, “também sois descendentes de Abraão”. Quem é filho de Deus hoje goza este privilégio por causa da promessa que Deus fez a Abraão há muito tempo (Gn 12.3). Os fiéis são herdeiros desta promessa. São filhos (herdeiros) por causa das suas ligações espirituais com Abraão e não por causa de ligações carnais. Aqueles ainda envolvidos na tradição judaica (que se orgulhava das suas ligações carnais com Abraão) acharam difícil aceitar isso – muitas vezes, depois de terem aceitado a Cristo. É o objetivo de Paulo em Gálatas 3 mostrar a tais pessoas que é possível alguém ser um filho de Deus, um herdeiro, e um descendente de Abraão sem fazer parte da sua descendência carnal e separado da sua lei nacional, a lei de Moisés. Ele mostra que a promessa de Deus a Abraão incluía mais do que seus herdeiros carnais – incluía “todos os povos”, os gentios (Gl 3.8-9). Cristo era a semente através da qual as nações do mundo seriam abençoadas (Gl 3.16). Assim, aqueles em Cristo são descendentes de Abraão. Esta bênção veio através de uma promessa dada muito antes da lei de Moisés (Gl 3.17-18), assim mostrando que se é filho de Deus pela fé em Cristo, de acordo com a promessa, e não de acordo com a lei. Então, qualquer pessoa, seja judeu ou grego, pode pela fé ser recipiente da bênção prometida à descendência de Abraão sem ser descendente pela carne ou estar sujeito à lei dada aos seus descendentes carnais. Esta lei desde então serviu o seu propósito (Gl 3.23-27).

I. Os Filhos de Deus

A Bíblia é bem clara que todas as pessoas são criação de Deus (Cl 1.16), mas que apenas aqueles nascidos de novo são filhos de Deus (Jo 1.12; Jo 11.52; Rm 8.16; 1 Jo 3.1-10). As Escrituras nunca chamam os que não são salvos de filhos de Deus. Efésios 2.3 nos diz o seguinte sobre nossas vidas antes de sermos salvos: “Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.” Ao invés de nascermos como filhos de Deus, nascemos em pecado, o qual nos separa de Deus e nos alinha com Satanás como inimigos de Deus (Tg 4.4; 1 Jo 3.8). Jesus disse: “Se Deus fosse, de fato, vosso pai, certamente, me havíeis de amar; porque eu vim de Deus e aqui estou; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou” (Jo 8.42). Alguns versículos depois, em João 8.44, Jesus disse ao fariseus: “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos.” O fato de que aqueles que não são salvos não são filhos de Deus também é visto em 1 João 3.10: “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão.”

Tornamo-nos filhos de Deus quando somos salvos porque somos adotados à família de Deus através do relacionamento com Jesus Cristo (Gl 4.5-6; Ef 1.5). Podemos ver isso claramente em versículos como Romanos 8.14-17: “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, {Aba; no original, Pai} Pai. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados.” Aqueles que são salvos são “filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 3.26) porque Deus “nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef 1.5).

II. Os Nascidos de Deus

João pelo Espírito Santo, fala de três características daquele que é nascido de Deus. Sobre elas, porém, discorreremos nas próximas postagens, conforme a permissão do bom Deus. No entanto, a partir de agora, quero comentar, pela Palavra, sobre como se tornar um legitimo filho de Deus. Segundo as escrituras sagradas, para que nós possamos bater no peito e proclamarmos aos quatro ventos que somos filhos de Deus, existem algumas coisas básicas que precisamos observar. A primeira delas é crer em Jesus e recebê-lo como o nosso Senhor.

Logo no inicio de seu evangelho, João diz que o Senhor Jesus veio para o seu povo, ou seja, para os israelitas, porém, estes o rejeitaram e não creram nele. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” (Jo 1.12). A incredulidade dos que dantes eram eleitos, não impediu que Deus fizesse seus filhos àqueles que agora creem naquele que ele enviou para salvar este mundo.

Em sua primeira epístola universal João ratifica o mesmo ensino: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido” (1 Jo 5.1). O Apostolo ratifica o seu primeiro ensino, porém, acrescenta aqui outro detalhe de suma importância. Além de crer no Jesus ressurreto, que nossos olhos humanos não podem ver, também precisamos amar os irmãos com quem nós convivemos.

A ideia de simplesmente professar fé em Jesus poderia tornar algo muito fácil o ser filho de Deus, já que, pelo menos nos países considerados cristãos, a maioria esmagadora da população afirma crer Nele. No entanto, um exame um pouco mais cuidadoso das escrituras revelará que esta fé precisa absolutamente estar acompanhada de atitudes que agradem a Deus. Paulo foi outro instrumento usado pelo Espírito Santo para nos ensinar que não é o fato de ter sido criado por Deus que faz do homem seu filho. Mas a verdade é que: “... todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Rm 8.14). Mais uma vez João diz: “Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1 Jo 2.29). Existe uma tendência muito grande para que o filho imite o caráter do pai. No caso dos filhos de Deus, é inevitável que eles não apresentem as características do caráter extremamente justo do Pai celestial. Esta influência neles é tão forte por que alguém da parte do Pai mora dentro deles, e trabalha para forjar neles o mesmo caráter daquele que o enviou.

III. Os Anticristos

A volta de Cristo para a Sua igreja tem sido sempre considerada como um acontecimento iminente, mesmo quando esta epístola foi escrita (1 Jo 2.28). A expressão "já é a última hora" é, portanto, válida sempre que é lida, e os ensinamentos dados aqui se aplicam à atualidade até que Ele venha. Estamos vivendo na última hora aqui na terra, e tem sido assim através de quase dois milênios. Durante todo este tempo Deus tem estado chamando um povo ao Seu nome, e ainda podemos dizer que "hoje é o dia em que não devemos endurecer o nosso coração se ouvirmos a Sua voz" (Hb 4.7). Existe urgência na palavra "hoje": amanhã poderá ser muito tarde, pois não sabemos se estaremos mais aqui.

A Bíblia nos ensina que, ao fim deste período em que a igreja está se completando, um líder político se levantará definitivamente contra Cristo, e esse é o anticristo que recebe vários nomes na Bíblia, incluindo o de besta (Dn 7.24,25; 8.23-25, 9.26,27; Mt 24.15, 2 Ts 2.3, 1 Jo 2.18,22; 4.3; 2 Jo 1.7, Ap 13.1-10). Ele será acompanhado por um líder religioso, um lobo disfarçado de cordeiro em imitação de Cristo, chamado de falso profeta (Ap 13.11-18). Mas havia na antiguidade, e através dos tempos até hoje, os anticristos que saíram do meio da própria igreja de Deus: foram batizados em resultado à sua falsa profissão de fé em Cristo, tomaram sobre si o nome de Cristo e se identificaram com alguma igreja local, ali participando da Ceia do Senhor. Mas depois deixaram a comunhão dos crentes, provando que não eram filhos de Deus. O seu novo estado se tornou pior do que se nunca tivessem conhecido o Evangelho (Hb 10.26,27, 2 Pe 2.21). Existem muitos descrentes que se dizem cristãos mas não podem suportar a comunhão com os que seguem fielmente a Cristo. Na realidade não creem na divindade do Senhor Jesus. São anticristos.

Não nos deixemos enlevar por ensinadores que vêm com novidades plausíveis mas falsas, mas perseveremos naquilo que foi ensinado desde o princípio, a fundação que foi colocada pelos apóstolos quando eles começaram a pregar o Evangelho. O Evangelho de João prova a divindade do Senhor Jesus com muita clareza. É essencial ter uma fé viva depositada sobre Aquele que veio a este mundo e viveu entre nós (Jo 1.14), para que possamos vir a conhecer a Deus.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Setembro/2018 - Capítulo 3 - A Separação do Cristão com o Mundo




Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: 1 João 2.1-12

1. Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.
2. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.
3. E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos.
4. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade.
5. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele.
6. Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou.
7. Irmãos, não vos escrevo mandamento novo, mas o mandamento antigo, que desde o princípio tivestes. Este mandamento antigo é a palavra que desde o princípio ouvistes.
8. Outra vez vos escrevo um mandamento novo, que é verdadeiro nele e em vós; porque vão passando as trevas, e já a verdadeira luz ilumina.
9. Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu irmão, até agora está em trevas.
10. Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo.
11. Mas aquele que odeia a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos.
12. Filhinhos, escrevo-vos, porque pelo seu nome vos são perdoados os pecados.

Momento Interação

Em 1 João 2, o apóstolo João inicia ensinando que amor a Deus e obediência estão completamente ligados. Não há como dizer que ama a Deus e viver de maneira que o desagrade. Da mesma maneira, devemos amar ao nosso irmão. Muitos cristãos vivem em guerra com outros, por muitos motivos. Isso não é agradável ao Senhor. Ele tem prazer na nossa comunhão. Ele prossegue dando recomendações aos pais e aos jovens e nos alerta sobre o fato de que não devemos amar ao mundo. Pois tudo o que há no “mundo”, o sistema de pecado dominado pelo diabo, não provém do Pai.

Não devemos nos envergonhar de Jesus Cristo, pelo contrário devemos fazer confissão pública do seu nome, palavra e ensino. Faremos isso com a unção que temos recebido dele e que nos ensina todas as coisas.

Introdução

João não quer permitir espaço para o pecado. O motivo ou propósito dessa carta, é “dissuadir-vos e afastar-vos do pecado”. Observe a interpelação familiar e carinhosa com que introduz a admoestação: “Meus filhinhos”. Pelo fato de talvez terem sido gerados pelo seu evangelho, filhinhos pelo fato de terem menor idade e experiência do que ele, meus filhinhos como sendo preciosos para ele nos laços do evangelho. 

Certamente o evangelho prevaleceu mais quando esse amor ministerial esteve presente. Ou talvez o leitor criterioso encontrará razão para pensar que o significado do apóstolo nessa dissuasão ou advertência redunda na seguinte interpretação: “…estas coisas vos escrevo para que não pequeis”.

I.  Guardando os Mandamentos

Sabemos que temos conhecido nos fala de algo que fica evidenciado, bem visível na vida da pessoa. Quem conhece  Jesus assume um  compromisso sério com ele. O Apóstolo está ensinando que não devemos ser somente ouvintes. Aquele que diz que conhece Jesus deve guardar os seus mandamentos.

Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou. Devemos imitar Jesus (1 Pe 2.21). O nosso objetivo deve ser o mesmo de Paulo,sede meus imitadores como eu sou de Cristo. Andar como cristo andou é colocar a nossa vida a disposição de Deus, e aceitar as modificações que ele deseja fazer em nossas vidas mudando de uma vez por todas o nosso caráter, se Jesus toma, essas iniciativas nós conheceremos verdadeiramente a vontade de Deus e a sua presença em nós. Precisamos assumir a responsabilidade de por em prática o que já temos aprendido da palavra de Deus (Rm 6.8-14).

II. O Amor aos Irmãos

Uma pessoa pode dizer que conhece a Deus. De fato, muitos fazem assim, desde os dias de João. Muitos também fazem isso hoje. Mas falar é fácil.

Guardar os mandamentos era muito importante para João e é para Jesus. A expressão ocorre frequentemente nos escritos de João. Guardar os mandamentos é sinal de que conhecemos a Deus/Jesus e O amamos. Aqui, amor e obediência são relacionados. Esse verso pode se referir tanto a Deus, o Pai, como a Jesus e é um pouco ambígua – provavelmente de propósito. 1 João 2:4 afirma a mesma verdade em condições negativas, e pode se referir à falsa afirmação feita pelos que dizem que você pode vir a conhecer Deus e ainda negligenciar a guarda dos mandamentos. João ataca essa ideia em linguagem muito forte, chamando de mentiroso quem ensina assim.

O tipo de conhecimento de Deus de que a Bíblia fala não é um conhecimento de fatos, apenas. É o conhecimento que forma a base de uma relação de amor. Você não pode amar verdadeiramente alguém que não conhece. E se você ama uma pessoa, vai agir de certa maneira. Um homem que ama verdadeiramente a esposa não vai enganá-la. Ele pode professar dia e noite seu amor, mas se seus atos não revelam esse amor, usando as palavras de João, ele é “um mentiroso”.

Depois de destacar a importância da obediência aos mandamentos (1 Jo 2.3, 4), João introduz nos versos 7 e 8 a ideia de um “novo mandamento”. Que “novo mandamento” é esse? A resposta se encontra em João 13.34, em que aparece a mesma expressão: “novo mandamento”.  Depois de ter mostrado aos discípulos o que significa servir; isto é, rebaixar-Se e executar a humilde tarefa de lavar os pés de alguém, Jesus deu Seu “novo mandamento”. Seus discípulos deviam amar uns aos outros assim como Jesus os amava.

Situação semelhante acontece em 1 João 2.6-8. Depois de ter falado em andar como Jesus andava, João apontou para o mandamento de Jesus em João 13. É essa conexão literária com João 13:34, 35 que nos ajuda a desvendar o significado de 1 João 2.7, 8. O mandamento de que João está falando é o do amor fraternal. Mas por que ele afirma que não dá um novo mandamento, mas um antigo? É porque o mandamento do amor ao próximo já estava presente no Antigo Testamento (Lv 19.18). Quando João escreveu sua epístola, “o novo mandamento de Jesus” de João 13.34 já existia havia muitos anos.

III. A Vontade de Deus que Permanece para Sempre

Corremos atrás de muita coisa temporária. Assim que adquirimos, temos que tentar preservá-la porque sabemos que logo terminará. Deus nos prometeu que assim como Ele é eterno e viverá para sempre, aqueles que têm um relacionamento com Ele e estão comprometidos a fazer a vontade do Pai também viverão para sempre. Vamos sentar e estudar como gastamos nosso tempo, dinheiro e esforços, e perguntar se o que estamos perseguindo realmente vale a pena. Depois vamos fazer mais uma pergunta importante: “Mesmo que valha a pena ter, vai durar o suficiente para fazer uma diferença?”

A Bíblia afirma que  a marca do verdadeiro cristão é não amar o mundo. O apóstolo João nos vários motivos pelos quais os cristãos não devem amar o mundo. O cristão está no mundo (Jo 17.11), mas não é do mundo (Jo 17.14). O cristão é chamado do mundo e enviado de volta ao mundo como luz e testemunho (Jo 17.18). Temos que ter cuidado porque o mundo entra no cristão pela porta do coração: “Não ameis o mundo...” (1 Jo 2.15). Que possamos viver sempre  lembrando que o amor ao mundo é o amor que Deus odeia. Aquele que faz a vontade do Senhor permanece para sempre. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

"O aqui e o Agora"! Perigos reais de um Pragmatismo Moral e Social




Por Leonardo Pereira



O pragmatismo ¹ em sua essência original, atingiu grande das comunidades evangélicas brasileiras, com uma poderosa onda de idéias, relacionamentos, atitudes, pensamentos e reflexões sobre o ter e também sobre o ser, e é aqui aonde muitos problemas surgem para pessoas que buscam respostas e confortos em sua vida aqui na terra. Entre as ondas de rádios, de aparelhos de televisores e smartphones neste tempo tão diversificado, a humanidade demonstra grandes sinais de mudanças éticas, morais e sociais, tanto para o bem, quanto para o mal. Um olhar mais criterioso nos aponta pelo menos três razões básicas para que essas mudanças ocorram com grande intensidade nesse tempo tão rápido e urgente aonde o importante é ter agilidade e conhecimento.

A primeira razão pode ser apontada como os propósitos na vida das pessoas nos dias de hoje. Até a década de 80, o objetivo em si era trazido como crescimento do núcleo familiar para o bem maior da nação. Atualmente, os objetivos são múltiplos e muitos deles, não há qualquer sentimento para com os planos de Deus envolvidos em sua vida, muito menos, os objetivos dentro do seio familiar. Aonde o pragmatismo entrou, matou grandes relacionamentos familiares, conjugais, e principalmente, relacionamentos eclesiásticos.

A segunda razão que pode ser apontada  é a cultura do humanismo em nosso tempo. O que é o humanismo? É a ideia de que você tem o controle total em sua vida, e que a sua vida só vale a pena se for investida em sí mesmo e em mais ninguém. Não há espaço algum para uma frutífera relação entre Deus, Igreja, família e amigos. Este é um forte reflexo de como são os tempos trabalhosos (2 Tm 3.1-5).

A terceira e última razão que podemos apontar é a multiplicação da iniquidade ao redor de todo o planeta terra. As fiéis e verdadeiras palavras de Jesus Cristo deixam mais do que claro o que aconteceria nos últimos tempos: "Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão. E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará" (Mt 24.10-12). Hoje mais do que nunca sentimos os intensos efeitos da falta de amor com a decorrência da grande multiplicação do pecado em nosso meio. ²

Muitos infelizmente estão entrando por um caminho relativista e sincretista deixando de lado a certeza daquele que morreu e ressuscitou: Jesus Cristo! E não são poucos os irmãos de nossa nação que já foram cooptados pelas ideias de um viver relativista, especialmente no que se refere à Cristo e em sua Palavra (Jo 17.17). ³

Certamente, todos nós teremos algum dia, dúvidas que nos colocaram em uma bifurcação da vida. Mas quando este momento chegar, devemos agir de acordo com as palavras do Senhor Jesus: Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens" (Mt 24.45-47). 

Irmãos, oremos pela nossa nação!


Notas:

1. O relativismo é ponto de vista epistemológico (adotado pela sofística, pelo ceticismo, pragmatismo etc.) que afirma a relatividade do conhecimento humano e a incognoscibilidade do absoluto e da verdade, em razão de fatores aleatórios e/ou subjetivos (tais como interesses, contextos históricos etc.) inerentes ao processo cognitivo.

2. ATAÍDE, Romulo. O Cristão e a Pós-Modernidade. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.

3. CÉSAR, Marília de Camargo. Feridos em nome de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2009.

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Setembro/2018 - Capítulo 2 - O Senhor Deus é Luz




Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: 1 João 1.5-10

5. E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas.
6. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade.
7. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.
8. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.
9. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.
10. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.

Momento Interação

Em seu livro, João escreve a respeito de assuntos importantes para a vida cristã. Trata de dizer que a vida cristã é vida em união com Deus e com Jesus Cristo e também em união de uns com os outros. Esta união se manifesta no amor que os cristãos tem uns pelos outros em obediência ao mandamento que Jesus deu aos seus seguidores. João também mostra que esta união com Deus resulta da atuação do Espírito Santo, que Deus derramou sobre nós. Em último lugar, ele trata de mostrar que o que somos nesta vida não é nada comparado com a vida que nos espera no futuro. Agora de fato, já somos filhos de Deus; mas quando Cristo aparecer, no Dia final, “ficaremos parecidos com Ele, pois o veremos como Ele realmente é”.

Introdução

Em 1 João 1, o apóstolo João começando falando sobre a autoridade do seu testemunho. Ele escreve acerca daquilo que ouviu, viu, contemplou e tocou com as mãos, isto é o Senhor Jesus Cristo. A primeira mensagem que ele deseja transmitir é que Deus é luz. Se queremos ter intimidade e compromisso com Deus precisamos, também andar na luz como ele está.

Isso ocorre primeiramente por meio do reconhecimento de que somos pecadores. Não podemos cair na tentação de achar que somos perfeitos, mais santos que qualquer outro cristão. Devemos confessar os nossos pecados e manter sempre a consciência dependente de Deus, dessa forma o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado e temos comunhão com Deus.

I. Em Deus não há Trevas

Deveríamos receber com alegria uma mensagem da Palavra da vida, da Palavra eterna: e a mensagem atual é essa (relativa à natureza de Deus, a quem devemos servir e com quem deveríamos ansiar toda comunhão concedida) – “…que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1 Jo 1.5). Esta descrição declara a excelência da natureza divina. Ele é toda a beleza e perfeição que podem ser representadas a nós pela luz. Ele é a espiritualidade, pureza, sabedoria, santidade e glória auto ativas e não compostas. E, por conseguinte, a inteireza e plenitude dessa excelência e perfeição.

Não há defeito ou imperfeição, nenhuma mistura de nada oposto ou contrário à absoluta excelência, nenhuma mutabilidade nem capacidade de qualquer deterioração nele: “…e não há nele treva nenhuma” (1 Jo 1.5).

Ou, então, essa descrição pode estar relacionada mais imediatamente ao que é comumente chamado de a perfeição moral da natureza divina, que devemos imitar ou que deve nos influenciar mais diretamente no nosso trabalho no evangelho. E, assim, ela irá compreender a santidade de Deus, a absoluta pureza de sua natureza e vontade, seu conhecimento penetrante (particularmente dos corações), seu zelo e justiça, que queimam como uma chama extremamente brilhante e impetuosa. E apropriado que o grande Deus seja representado por uma luz pura e perfeita neste mundo em trevas. E o Senhor Jesus que melhor abre as nossas mentes para o nome e natureza do Deus insondável. “O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer (cf. Jo 1.18). E a prerrogativa da revelação cristã trazer-nos o mais nobre, o mais respeitável e apropriado relato do Deus santo, da forma mais adequada à luz da razão e o que é demonstrável por meio disso, mais adequada à grandeza das suas obras em nós e à natureza e missão daquele que é o administrador, governador e juiz supremo do mundo.

II. Andando em Comunhão com o Senhor

No capitulo 1.1-4, João fala em nome dos apóstolos que foram testemunhas que acompanharam o ministério de Jesus, e viram e ouviram o que Ele fez e ensinou. Assim sendo, João testifica sobre experiências vivenciadas com Cristo. Nós também precisamos compartilhar o que experimentamos. Precisamos falar daquilo que realmente temos recebido. João nos mostra em 1.3, que seu objetivo em compartilhar suas experiências é que possamos ser levados a ter comunhão. Ao pensar na necessidade de comunhão, João se preocupa em ter comunhão com seus irmãos em Cristo, e ao mesmo tempo deixa claro que esta comunhão terminava por estabelecer também comunhão entre eles e o Pai. Assim, a mensagem de João deve nos levar a priorizar a comunhão com os nossos irmãos em Cristo. Somos um corpo, e este corpo só avança quando desfruta de verdadeira comunhão.

III. O Senhor Jesus nos Purifica de Todo o Pecado 

A nova vida em Cristo nos tira das trevas e nos conduz a comunhão de luz e verdade uns com os outros em Cristo Jesus. Portanto, a comunhão com Deus é possível por causa do valor eterno do sangue de Cristo. 

Um verdadeiro cristão anda habitualmente na luz que equivale a verdade e santidade, e não na escuridão, que é a mentira e o pecado. Sua caminhada também resulta em purificação do pecado porque o Senhor perdoa continuamente Seus filhos. Já que aqueles que andam na luz compartem no caráter de Deus, eles vão ser habitualmente caracterizados por Sua santidade (3 Jo 11), indicando a sua verdadeira comunhão com Ele (Tg 1.27). Um cristão genuíno não andará em trevas, mas somente na luz. Jesus é a luz. Se andarmos no reflexo de Sua luz, vamos cumprir a Escritura que diz que somos a luz do mundo (Mt 5.14).  









quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Comentário Bíblico Mensal: Setembro/2018 - Capítulo 1 - Conhecendo a 1ª Epístola de João




Comentarista: Maxwell Barbosa



Texto Bíblico Base Semanal: 1 João 1.1-4

1. O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida.
2. (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada);
3. O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.
4. Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra.

Momento Interação

Pela graça do Senhor iniciaremos mais um Comentário Bíblico Mensal. Depois de estudarmos acerca da Epístola de Paulo aos Filipenses, estudaremos neste mês de setembro acerca da 1ª Epístola de João com o tema: "Andando como Ele andou" - A Mensagem do Amor de Cristo na 1ª Epístola de João. O comentarista deste mês é Maxwell Barbosa. Escritor, articulista, editor e diretor da equipe editorial do Evangelho Avivado. Deus vos abençoe e bons estudos!

Introdução

Nessa epístola, o Apóstolo João falou da perigosa disseminação das influências apóstatas na Igreja. Ele advertiu os santos para não se associarem às trevas e para permanecerem na segurança da luz do evangelho. Estudar 1 João pode ajudá-lo a ter um discernimento maior dos falsos ensinamentos sobre Jesus Cristo, e seguir o conselho de João o ajudará a manter uma forte comunhão com o Senhor ao permanecer na verdade. Além disso, estudar esse livro vai ajudá-lo a entender o grande amor que o Pai Celestial tem por todos os Seus filhos, que Ele manifestou ao oferecer Seu Filho, Jesus Cristo, como sacrifício por toda a humanidade.

I. Autoria e Data 

Embora a longa tradição da igreja atribua esta epístola ao apóstolo João, ainda assim podemos observar algumas outras evidências que irão confirmar (ou, em alguns casos, até mesmo exceder) a exatidão dessa tradição.

Parece que o autor fazia parte do colégio apostólico pela confiança sensível e palpável que tinha acerca da verdade da pessoa do Mediador em sua natureza humana: “…o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida” (1 Jo 1.1). Ele cita a evidência que o Senhor deu a Tomé de sua ressurreição, ao convidá-lo para tocar as marcas dos pregos e da lança, que foi registrada por João. E ele deve ter sido um dos discípulos presentes quando o Senhor veio no mesmo dia em que ressuscitou dos mortos e mostrou a eles suas mãos e seu lado (Jo 20.20). Mas, para que estejamos seguros em relação à identidade desse apóstolo, raramente existe uma crítica ou um especialista competente de estilo de argumento e espírito, que não vá concordar que esta epístola foi escrita pelo mesmo apóstolo que escreveu o Evangelho de João.

Não se sabe ao certo quando e onde foi escrito o livro de 1 João. É provável que tenha sido escrito no final do primeiro século d.C.

Embora João tenha passado grande parte de sua juventude na Palestina, a área se tornou hostil aos cristãos e aos judeus, após a destruição de Jerusalém e de seu templo em 70 d.C . Diz a tradição que João saiu da Palestina para viver seus últimos anos em Éfeso. Se isso estiver correto, João teria escrito a carta em Éfeso, entre 70 e 100 d.C .

II. O Propósito da 1ª Epístola de João

O objetivo de João ao escrever era expor a heresia dos falsos mestres e confirmar a fé dos verdadeiros crentes. João declara ter escrito para dar garantia da vida eterna àqueles que Creem “no nome do Filho de Deus (1 Jo 5.13). A incerteza de seus leitores sobre sua condição espiritual foi causada por um conflito desordenado com os mestres de uma falsa doutrina. João refere-se ao ensinamento como enganosos (1 Jo 2.26; 3.7) e aos mestres como “falsos profetas” (1 Jo 4.1), mentirosos (1 Jo 2.22) e anticristos (1 Jo 2.18,22; 4.3). Eles um dia tinha estado com a igreja, mas tinha se afastado (1 Jo 2.19) e tinha se “levantado no mundo” (1 Jo 4.1) para propagar sua perigosa heresia.

Este falso ensinamento me parece ser precursor do Gnosticismo (do termo grego gnosis, que significa conhecimento), e reivindicavam possuir um conhecimento especial sobre Deus, a teologia e Jesus Cristo. Sua base doutrinária incluía: I) que Jesus fosse realmente o Cristo (1 Jo 2.22), II) a pré-existência do Filho de Deus (1 Jo 1.1; 4.15 e 5.5,10), III) eles negavam a Encarnação de Cristo (1 Jo 4.2) IV) que seu objetivo fosse vir para salvar os homens (1 Jo 4.9). Porém, segundo alguns estudiosos, a forma exata dessa heresia, é incerta.

Geralmente é afirmado que tinha alguma afinidade com os pontos de vista mantidos por Cerinto, na Ásia Menor, no fim do primeiro século, ainda que não fosse inteiramente idêntico com aquilo que se sabe sobre seu ensino. De acordo com Cerinto, Jesus foi um homem bom, no qual o Cristo celestial viera habitar desde o tempo de seu batismo até pouco antes de sua crucificação. Isto é combatido em diversas passagens da epístola, que afirma que Jesus é o Cristo (1 Jo 5.6) o Filho de Deus (1 Jo 2.22, 5.1,5). O ensino de Cerinto baseava-se no dualismo gnóstico entre o espiritual e o material, que negava a possibilidade de Deus (Espírito) ter se tornado homem (Matéria). Outra versão desta heresia, o Docetismo (do grego dokeo, parecer) afirmava que a Encarnação foi aparente, não uma realidade concreta. A posição de Cerinto, que fica entre essas duas, afirma que a Encarnação foi temporária, ou seja, desde o batismo até o momento da crucificação. 

O método de João em expor os erros dos hereges e confrontá-los com a verdade. Cristo Jesus é a fonte da vida e nós podemos receber a vida eterna que Ele nos prometeu. E essa vida é oferecida a todos, indistintamente, não somente a um grupo de iniciados na doutrina gnóstica.

III. O Valor da 1ª Epístola de João para os Dias Atuais

1 João têm um propósito duplo: expor e rebater os erros doutrinários e éticos dos falsos mestres e exortar seus filhos na fé a manter uma vida santa de intimidade com Deus, na verdade e na justiça, cheios de alegria e de certeza da vida eterna. Isto ocorre, mediante a fé obediente em Jesus Cristo, o Filho de Deus e pela habitação interior do Espírito Santo. Alguns creem que a epístola também foi escrita como uma sequência do Evangelho segundo João.

Em 1 João a fé e a conduta estão fortemente entrelaçados. Os falsos mestres, aos quais João chama aqui de “anticristos”, apartaram-se do ensino apostólico sobre Jesus Cristo e a vida de retidão. De modo semelhante a 2 Pedro e Judas, 1 João refuta e condena com veemência os falsos mestres com suas crenças e conduta destruidoras.

Do ponto de vista positivo, 1 João expõe as características da verdadeira comunhão com Deus e revela cinco evidências específicas pelas quais o crente poderá “saber”, com confiança e certeza que tem a vida eterna.

São elas: verdade apostólica a respeito de Jesus Cristo, uma fé obediente que guarda os mandamentos de Jesus Cristo, um viver santo, afastar-se do pecado, para comunhão com Deus, amor a Deus e aos irmãos na fé e o testemunho do Espírito Santo no crente. João afirma, por fim, que a pessoa pode ter certeza da vida eterna quando estas cinco evidências são manifestas na sua vida.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Avivamento




de Carlos Vagner




Quando oramos por avivamento, precisamos entender o porquê que estamos orando. Queremos orar por avivamento? Sabe o que isso significa? Estamos dizendo a Deus que estamos mortos, porque qual o sentido de pedir avivamento se estamos vivos. Se queremos avivamento temos que dizer francamente diante de Deus, eu estou morto espiritualmente, estou seco, estou muito abaixo daquilo que eu deveria ser. Eu não estou te buscando, não estou orando, não estou me entregando a Ti, não tenho o amor pelas suas coisas, pela tua palavra, a ousadia e a coragem para o que eu tenho que fazer, por isso eu preciso de um avivamento! Se não temos essa consciência não adianta orar por avivamento. Deus dá avivamento em ocasiões de crise e necessidades.

O que é o avivamento? 

A lógica que alguns pensam, é que seriam as manifestações de línguas estranhas, profecias, dons, curas e etc. Alguns pensam que avivamento está ligado ao louvor e adoração, excluindo a santidade, como é isso? Alguns pensam que avivamento é mudança litúrgica, louvar mais avivado, expressões espontâneas no culto. O ponto central de um avivamento é a santidade de vida, quebrantamento, arrependimento. Com certeza a vida é impactada, trazendo como conseqüência comunhão e um desejo mais profundo com Deus. Avivamento é uma renovação da aliança que temos com Deus, quando voltamos a obediência, quando voltamos a afirmar que Ele é o nosso único Deus, que nos dedicamos a Ele e somos abençoados de maneira extraordinária. 

Um avivamento espiritual

Um avivamento espiritual não pode ser produzido pelo esforço humano. Nenhuma igreja, pastor ou denominação pode organizar um derramamento do Espírito Santo. Podemos nos reunir, para estudar sobre o assunto, meditar sobre o assunto, clamar a Deus por um avivamento espiritual, mas quem faz o Avivamento espiritual é Deus, nenhum “avivalista” (concepção equivocada, pois pregadores/pastores não produzem avivamento) é capaz de fazer. Avivamento é obra de Deus. É Deus quem opera em nos nossos corações, através da ação do Espírito na nossa vida, nos enchendo e nos habilitando cumprir a vontade do Senhor.


Começo de um Novo Mês - Desafios e Lutas que se Iniciam




de Leonardo Pereira



Estamos pela graça do Senhor iniciando mais um mês em nossa jornada. Neste trajetória, inúmeros acontecimentos estão se decorrendo em nossas vidas e muitos outros podem aparecer, seja aqueles que esperamos e aqueles que não. Em tudo, damos graças ao Senhor da Glória que nos permite abrirmos os nossos olhos e contemplarmos tudo o que fazes em meio as coisas visíveis e invisíveis. Sem dúvidas, Deus continuamente trabalhado em nosso favor (Jo 5.17).
Os inúmeros desafios da humanidade em meio à presente pós-modernidade tem surgido dos mais diversos lugares. E são esses desafios que todos nós devemos sempre rogar ao Senhor para superá-los; haja vista os inúmeros problemas que a nação brasileira vem sofrendo. A lista é numerosa e bastante complicada: problemas familiares, sociais, éticos, trabalhistas, eclesiásticos e crises espirituais.
A família conservadora cristã, cuja as raízes se firmam no Senhor, tem sido atacada constantemente pelos mais diversos meios possíveis, seja na internet, na televisão, nos jornais e entre a diversidade populacional. É um desafio buscar firmar a família ante a correria do dia a dia; sai de casa bastante cedo para se chegar em casa de noite, sobrando pouco tempo para diálogos na família e entre os cônjuges.
A crise do desemprego é um fantasma que ataca a vida de muitos que dependem do trabalho necessário para sustentar famílias, pagar faculdades, granjear bens e contribuições para a casa, e fundamentalmente, ajudar os mais necessitados com o que precisam. Muitos já desistiram de procurar um trabalho e em meio a uma crise interna, entra o desânimo e angústia na alma.
A crise ética, moral, social e espiritual campeia os assuntos mais comentados na atualidade. É triste vermos como um castelo de areia desabando, os valores éticos, sociais e morais do brasileiro indo de cima a baixo, em meio à más influências e a valores que contrariam a Palavra de Deus (Jo 17.17). A crise espiritual é um dos maiores problemas não somente para a nação, como também para a igreja evangélica brasileira. Pessoas que não sabem mais de onde vem, nem para onde vão. Pessoas que não possuem mais raízes da fé, e raízes da sua identidade. São desafios que surgem constantemente na nação brasileira.

Precisamos de Deus Constantemente

Precisamos de Deus sempre em nossas vidas. Em meio a tudo que temos visto e ouvido não podemos deixar de anunciar a Cristo (At 4.20) a todo aquele que o Senhor chamar (At 2.39) para estar com Ele (Jo 14.3). Somente em Cristo é que pode sim com o seu supremo poder, superar todas as dúvidas e lutas de nossas vidas e enfrentar com coragem o inimigo de nossas almas.
Não digo aqui que logo os seus problemas se resolverão, ou que em um abrir e piscar de olhos, tudo em sua vida irá mudar. Dizer isto seria um engodo e não seria de maneira alguma coerente com o contexto brasileiro em que nos encontramos. O fundamental para todos nós em temos tão difíceis e angustiantes de vivermos e convivermos, é confiarmos totalmente nas doces Palavras de Cristo Jesus que é a Luz do Mundo e nele não há trevas (Jo 8.12). Entre ouvir o mundo e ouvir a voz de Cristo, escutemos a voz divina, que nos diz pelas Escrituras Sagradas: "E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós. Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse. Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade" (Jo 17.11-19).


Fontes: 

Bíblia Sagrada Almeida Revista e Corrigida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.

ROGÉRIO, Marcos. Família Cristã. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

SANTOS, Matheus. O Homem Segundo o Coração de Deus. São Paulo: Evangelho Avivado, 2018.




segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Viés Platônico nas Cartas Paulinas




de Larissa Stefany da Silva Santos



      No presente trabalho, busca-se apresentar sob a perspectiva Platônica o que se refere ao âmbito dos Sentidos e, do Inteligível, dando ênfase à principal reflexão do diálogo Teeteto, no que diz respeito ao modo de alcançar o conhecimento tido por verdadeiro. Dessa forma, procuro explicar o conceito e analisar a relação entre eles, ao fim terminarei fazendo uma reflexão, tudo dentro do seguinte trecho da narrativa platônica: 185e – 186d do Teeteto.
      Para Sócrates, todos os seres vivos desde seu nascimento são dotados de sentidos, que o pensador julga ser o âmbito sensível. Dessa forma, as impressões que o mundo externo exerce nos seres, são percebidas por meio dos sentidos (audição, tato, olfato, visão, paladar). Todavia, em seu diálogo, o filósofo parece indicar que o conhecimento verdadeiro só será possível por meio da racionalização, ou seja, a alma consegue por meio do pensamento abstrato alcançar a realidade em si - não antes sem ter feito um contato com o mundo externo -  operando assim o processo dialético, que segundo o autor, é a única forma de obter o conhecimento verdadeiro.
      Para Platão, conhecido como o mais importante discípulo de Sócrates, O Âmbito das Idéias (EIDOS), ou o mundo inteligível, das formas, o mundo Ideal, é de onde todas as coisas manifestadas no mundo sensível tem raiz. Isso ocorre para todas as coisas que existem no mundo sensível, para todos os seres, isto é dizer que essa lógica ocorre em toda realidade. Há uma correlação necessária, que se faz do mundo sensível para o inteligível, pois é através do mundo sensível, que temos acesso às Ideias.
      Para Sócrates, todo conhecimento é um relembrar (reminiscência), através dos objetos sensíveis, que a rigor são imperfeitos, se corrompem, enfim, são paradoxais, pode se chegar ao questionamento dos mesmos, e assim, pender para o  conhecimento de uma forma perfeita (âmbito inteligível), pois essas formas, ou ideias, a nós já são familiares – nossa alma já as conhece antes de adentrar ao mundo sensível, ou seja, antes de nosso nascimento, que em prática, é quando a alma possui o corpo. Por sua vez, o âmbito sensível, é uma forma espelhada das Ideias, olhando pela imagem copiosa que podemos ver o mundo que existe de fato. No entanto, como vimos, conhecer é relembrar, ou seja, é do mundo sensível que se ascende ao mundo inteligível, mundo verdadeiro. No mundo sensível, no qual estamos inseridos, só podemos conhecer pelos modos que lhe são próprios, o acesso a esse mundo se dá pela mediação dos sentidos. O mundo que podemos perceber - âmbito sensível, não nos traz segurança alguma, é instável e mutável, no qual tudo se pode esperar. Não há permanência, é como o fogo de Heráclito de Éfeso, muda constantemente a si e ao resto.
      Sendo assim, através da imagem espelhada podemos ver o mundo Inteligível e nos aproximar dele;  Demiurgo,  teria feito o mundo à imagem e semelhança das formas, uma sombra imperfeita, mutável, instável e apagada. Para Platão, as coisas preexistem no Âmbito das ideias, no mundo ideal, e este mundo é o mundo real. O âmbito sensível é só uma sombra do âmbito ideal, é imperfeita, sujeita a mutação, ilusão, ou seja, (δόξα) Doxa, o que nada de certo e verdadeiro pode nos deixar, porque, à verdade pertence à estabilidade a fixidez, a forma (epistemé), a eternidade não a opinião passageira, sem rumo, desgovernada, pois, está fora do logos, embora orbite em seu redor Na perspectiva platônica, o conhecimento precisa ser efetivo, verdadeiro, não-relativo, ou seja, eterno imutável e imperecível. É possível atingi-lo, através do elemento ou lei universal, uma ideia que está associada ao conceito de forma, modelo que tem as características do Ser de Parmênides, uma forma pura e igual a si mesma.   
      Segundo Platão, só somos capazes de chegar a algum conhecimento verdadeiro, porque temos uma alma.
      Só podemos tomar conhecimento do âmbito do inteligível, por conta do que Platão diz ser o Bem (representada pelo ser do Sol, no diálogo A Republica), donde a Verdade emana, é a Ideia das Ideias, aquilo que permite a alma visualizar as coisas-em-si. Do mesmo modo que a luz do sol nos permite ver os objetos sensíveis através da visão.
      Venho por meio do presente texto, propor uma reflexão do viés platônico na teologia do Apostolo Paulo em um trecho especifico na primeira carta escrita, quando ainda estava em Éfeso, aos adeptos da religião cristã que residia em Corinto. Uma importe cidade cosmopolita, que possuía uma próspera economia, e por este motivo, grande número de marinheiros e mercadores de todas as nações, inclusive moradores de Atenas, afluía à cidade, onde havia dezenas de religiões sendo praticadas. A mais conhecida era a adoração a Afrodite, deusa do amor e da beleza, a qual tinha um templo numa colina chamada Acrocorinto, ponto mais proeminente da cidade de, na província Romana da Acaia (a parte sul da atual Grécia), em um grande istmo, aproximadamente oitenta quilômetros a oeste de Atenas (cidade onde nascera Platão provavelmente em 427-428 a.C).  Para Paulo era um centro estratégico, pois assim, ele poderia influenciar e/ou alcançar, um maior número de pessoas. Uma vez que os viajantes que ali o ouvissem, poderiam levar a doutrina, Epistemé (crença justificada), pautada pelo viés Platônico, para todas as partes do mundo. Ao que tudo indica, na primeira epístola do apostolo Paulo aos corintos, o escritor parece ter se apropriado da perspectiva platônica para sistematizar sua teologia. De acordo com Paulo:

Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que é em parte, será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, mas, logo cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido (1 Co 13.10-12).

      Paulo, nesta parte do texto bíblico, ao usar expressão “quando vier o que é perfeito” refere-se à Revelação registrada nas escrituras (cânon), a respeito do Cristo e seu Reino. Este argumento aferente, que leva, conduz, ao conceito platônico: Âmbito inelegível, ou seja, mundo perfeito e/ou verdadeiro.
      Ao Analisar a expressão “O que é em parte” vemos que Paulo, tem como viés o conceito platônico de: Âmbito Sensível (mundo em que vivemos), ou seja, A sombra do que haveria de vir, ele usa de forma metafórica a expressão “espelho” (em enigma).  Porque, o espelho que era usado em sua época (aproximadamente 52-53 d.C.) não era tão polido quanto hoje, era embaçado, ofuscado, a imagem refletida no metal, bronze, prata entre outros, era destorcida pela sua superfície irregular. Sendo assim, era necessário que buscasse uma posição de onde se pudesse ver com mais precisão. Dessa forma, poder-se-ia ver, contemplar, o que é perfeito, através das coisas, sombras, ou, Âmbito sensível. Diante desse quadro, chegar-se-ia perto do inteligível, ao perfeito, nos tornando então, sábios.
      Dessa maneira, o que Paulo, usa como exemplo para expressar tal ideia, a palavra homem em contraste com a palavra menino, para se referir à maturidade, ou, idade da sabedoria (Demiurgo), onde se é capaz de ver as coisas reais, não mais os reflexos. Ao chegar à maturidade podemos por meio, da opinião racional (logos), possuir o conhecimento, que para Paulo, como já foi dito acima, é referente à Cristo e o seu Reino. Há também, outras muitas referências bíblicas, escritas pelo Apostolo, em que podemos ver claramente o viés Platônico, como estas:

Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferece cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam (Hb 10.1). 

Ora, a suma do que temos dito é que temos um sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o senhor fundou, e não o homem.  Porque todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifício; pelo que era necessário que este também tivesse alguma que oferecer. Ora, se ele tivesse na terra, nem tampouco sacerdote seria, havendo inda sacerdote, que oferecem dons segundo a lei, os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: olha, faz tudo conforme o modelo que no monte se mostrou (Hb 8.1-5). 

Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de cristo (Cl 2.16,17).

      Em termos gerais, Paulo diz que o antigo pacto, ou, primeira aliança, era um símbolo transitório, e, Cristo é o mediador de um pacto melhor e eterno. Vemos que o argumento platônico parece ter influenciado diretamente na construção e compreensão da teologia paulina.