segunda-feira, 30 de março de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Março/2020 - Capítulo 5 - Um Caminho Sobremodo Excelente




Comentarista: Pedro Nunes



Texto Bíblico Base Semanal: 1 Coríntios 13.1-13

1. Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
9. Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10. Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
11. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
13. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

Momento Interação

A mais bela definição do amor em um texto bíblico, em 1 Coríntios 13, é introduzida por esta frase: “passo a mostrar-vos um caminho sobremodo excelente” (1 Co 12.31). Sabemos que “Deus é amor” (1 Jo 4.8) e que Jesus disse: “eu sou o caminho” (Jo 14.6). Se você for para um lugar poderá optar por um caminho mais curto ou mais longo, mas rápido ou mais demorado. Com certeza optará pela melhor direção. Assim o Caminho Sobremodo Excelente é o melhor de todos, com a certeza de chegar ao destino desejado. O Caminho que aponta para o amor nos ensina a tomar outra direção em nossas vidas. Se você já tentou por todos os lados e formas, comece a agir de forma mais amorosa e buscando a presença de Deus. Deus vos abençoe neste estudo!

Introdução

A mais bela definição do amor em um texto bíblico, em 1 Coríntios 13, é introduzida por esta frase: “passo a mostrar-vos um caminho sobremodo excelente” (1 Co 12.31). Sabemos que “Deus é amor” (1 Jo 4.8) e que Jesus disse: “eu sou o caminho” (Jo 14.6). Se você for para um lugar poderá optar por um caminho mais curto ou mais longo, mas rápido ou mais demorado. Com certeza optará pela melhor direção. Assim o Caminho Sobremodo Excelente é o melhor de todos, com a certeza de chegar ao destino desejado. O Caminho que aponta para o amor nos ensina a tomar outra direção em nossas vidas. Se você já tentou por todos os lados e formas, comece a agir de forma mais amorosa e buscando a presença de Deus. 

O Caminho do Amor não é uma ideologia em palavras bonitas de uma canção, poesia ou romance. Todas estas histórias são passageiras, mas a mais bela de todas que é a história da salvação não passa nem pode ser superada pela grandeza do amor de Deus ao nos dar seu único filho Jesus Cristo para nossa redenção (Jo 3.16). A demagogia se baseia em promessas e sonhos que não passam de palavras. São projetos que nunca saem do papel. Mas o verdadeiro amor de Deus tem atitudes poderosas. Deus não está parado. Seu amor não é inerte, mas Ele veio em nossa direção nos mostrando o seu amor.

I. Os Dons Espirituais

Quando Paulo escreveu para as igrejas de Éfeso, Filipos, Colossos e Tessalônica, ele agradeceu a Deus pelo amor existente entre aqueles irmãos. Mas, quando escreveu para Corinto, não o fez. Pelo contrário, ele agradeceu pelos dons. Corinto era uma igreja cheia de dons (1.7). Mas era uma igreja imatura e carnal (3.3). Paulo não agradece pelo amor, porque esta era a grande deficiência da igreja de Corinto. Quando lemos toda a carta descobrimos que eles não tinham amor. O amor deles era raso e inexpressivo. E isso nos levou a 1 Coríntios 13, o grande capítulo do amor. Infelizmente, costumamos ler este capítulo sem considerar o contexto total da carta. Quando entendido dentro do contexto, vemos que 1 Coríntios 13 é antes uma condenação da carnalidade dos crentes de Corinto. 
Paulo diz que a vida comunitária sem o amor não é nada (1-3). 

A seguir ele descreve o que é amor, o que não é amor e o que o amor faz (4-7). Finalmente, Paulo descreve vividamente a natureza duradoura e eterna do amor (8-13). O amor é superior a todos os dons extraordinários. O amor é melhor do que o dom de línguas (v. 1). O amor é melhor do que o dom de profecia e conhecimento (v. 2). O amor é melhor do que o dom de milagres (v. 2). As maiores obras de caridade são de nenhum valor sem amor (v. 3). O amor é melhor por causa da sua excelência intrínseca e também por causa da sua perpetuidade. Todos os dons mais dramáticos e mais maravilhosos que podemos imaginar são inúteis, se não há amor. O exercício mais generoso dos dons espirituais não pode compensar a falta de amor. Paulo menciona cinco dons espirituais: línguas, profecia, conhecimento, fé, contribuição sacrificial (dinheiro e vida). Mas ele diz que o exercício desses dons sem o amor não tem nenhum valor.

Em 1 Coríntios 8.1 Paulo já havia ensinado que o amor edifica. Quando os dons são exercidos em amor eles edificam a igreja. Mas quando os dons não são usados com amor, magoamos as pessoas. Paulo expõe esse assunto por meio de uma referência indireta aos devotos dos cultos de mistérios gregos em Corinto, que adoravam Dionísio (deus de natureza) e Cibele (deusa dos animais selvagens). Nas ruas de Corinto ecoavam o toque dos gongos barulhentos e dos címbalos estridentes, instrumentos que caracterizavam esses adoradores. Esse som monótono e pesado incomodava as pessoas como o latido constante de um cão.

II. Bons Despenseiros dos Mistérios Divinos

Paulo em 1 Coríntios 12, apresenta muitos dons que os homens podem obter da parte de Deus, e versa a respeito de diversos dons espirituais; mas ao falar do Amor, no capítulo 13, o chama de “caminho mais excelente”. Que caminho é este? Jesus disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida”. Logo, este caminho mais excelente, O Amor, é o próprio Cristo em nós, pois Deus é Amor. Portanto, o Amor não é uma simples vocação, mas uma “atitude” em Cristo, correspondente a uma exigência de Deus, pautado na obediência; os dons não são suficientes para a salvação, pois se exteriorizam como aptidões naturais ou espirituais, e “porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (Rm 11.29); já o amor, é necessário para a salvação, sendo uma das 09 facetas do “fruto” do Espírito (Gl 5.22), e uma transmissão da vontade de Deus através do ser humano, tendo como principal fundamento o “relacionamento”. Podemos então correlacionar o “Amor” ao “Dom” peculiar de Deus somente através da pessoa de Cristo, e não a tendências individuais instintivas. Dom é dádiva, e a dádiva maior de Deus aos homens é Cristo; desta forma, obter o Dom do Amor não é obter um “talento”, mas é obter a própria pessoa de Cristo em nossas vidas, e somente através de um relacionamento com Ele, poderemos agir em Amor, sendo que o próprio Jesus Cristo disse: “… porque sem mim nada podereis fazer” (Jo 15.5)! “O Dom mais precioso é o Amor”. O Dom mais precioso é Cristo.

III. Os Dons Espirituais e o Fruto do Espírito

Deus é o autor e a fonte máxima do Amor, sendo o Amor em si mesmo. Jesus Cristo, como Filho de Deus, sempre foi objeto de um amor peculiar do Pai, pois sempre existiu com o Pai, não tendo princípio de dias, sendo eterno. Deus, provando o seu amor à humanidade, enviou ao mundo quem mais amava, Jesus Cristo, mostrando através da ação seu sentimento: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Cristo, por sua vez, se deu a si mesmo, sendo submisso ao Pai, obediente até a morte, e morte de cruz, também mostrando seu amor pela humanidade através da ação de se entregar, para resgate das almas fadadas à perdição. Jesus Cristo disse que toda a lei e os profetas (toda escritura, a Bíblia Sagrada), dependem de dois mandamentos: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. […] E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.37-40). Quanto mais amarmos, com o amor de Cristo, mais nossa vida será um resplendor do Mestre, tendo os nossos corações compungidos a agir sempre em amor, como em atos de gratidão ao amor com que Ele nos amou: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação” (Tg 1.17).

IV. A Sublimidade do Amor

O amor não é melindroso. Não está predisposto a ofender-se. O amor está sempre pronto para pensar o melhor das pessoas, e não lhes imputa o mal. Os crentes de Corinto estavam levando uns aos outros aos tribunais diante de juízes não-cristãos (6.5-7). Eram egoístas e carnais. "O amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade". É tremendamente característico da natureza humana sentir prazer com os infortúnios dos outros. Grande parte das colunas de notícias dos nossos jornais é dada a relatar injustiças. O amor não se alegra com o mal de nenhuma espécie. Havia imoralidade na igreja, coisa que não acontecia nem entre os gentios (5.1). Pior: Eles se orgulhavam do próprio pecado em vez de lamentar (5.2). "O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta". Além da imoralidade sexual muitos desses cristãos eram insensíveis para com os membros mais fracos do grupo. Usavam a liberdade para provocar escândalos (8.9). Na realidade alguns chegaram a praticar idolatria (10.14). Eles davam crédito à mentira, mesmo contra o seu pai espiritual, o apóstolo Paulo (4.3-5; 9.1-3).

Paulo encerra a exposição falando sobre A ETERNIDADE DO AMOR – vs. 8-13. Ele menciona os três dons que ocupam o alto da lista de prioridade dele: línguas, profecia e conhecimento. Cada um deles passará a ser irrelevante ou será absorvido na perfeição da eternidade (13.10). Paulo ilustra esta verdade geral de duas maneiras diferentes: 1) Ele menciona o crescimento desde a infância até a maturidade – a diferença entre a infância e a maturidade; 2) ele contrasta o reflexo de uma pessoa no espelho com a visão dela mesma, face a face – a diferença entre se ver uma imagem obscura (espelho polido) e a imagem verdadeira. Enquanto não virmos a Jesus como Ele é, teremos pouca maturidade. Enquanto não virmos a Jesus não veremos com total clareza as coisas de Deus! Enquanto vivemos nossas vidas nesta terra, a nossa visão das coisas é, na melhor das hipóteses, indistinta. Todos os dons que temos são para esta vida. Mas o amor vai reinar no céu. Dentre as maiores virtudes: fé, esperança e amor, o amor é a maior de todas!

Conclusão

Às vezes exigimos muito das pessoas e nem mesmo somos capazes de fazer o que requeremos. O verdadeiro amor aprende a suportar, perdoar e relevar muitas coisas. Quando amamos verdadeiramente, o nosso sentimento não se desgasta com o tempo, mas é alimentado e reforçado a cada dia, a cada palavra, a cada olhar. O Caminho do Amor não é apenas palavras, porque seria apenas ideologia ou demagogia, mas o amor é verdadeiro e puro. O Caminho do amor tem atitudes maravilhosas e não faz coisas ruins, mas busca o que é melhor para o outro. Por isso o amor supera o perfeccionismo e o tempo, podendo vencer os maiores obstáculos com sua força invencível. Através do amor somos capacitados por Deus para vencer tudo. O amor humano pode ser passageiro, mas o amor Divino jamais terá fim. Então não podemos desistir, quando buscamos o amor que vem de Deus para nos renovar e fortalecer.



Sugestão de Leitura da Semana: ROGÉRIO, Marcos; PEREIRA, Leonardo. No Mundo Tereis Aflições. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

Comentário Bíblico Mensal: Março/2020 - Capítulo 4 - Dons de Elocução




Comentarista: Pedro Nunes



Texto Bíblico Base Semanal: 1 Coríntios 14.26-33

26. Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
27. E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete.
28. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus.
29. E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
30. Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
31. Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros; para que todos aprendam, e todos sejam consolados.
32. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.
33. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.

Momento Interação

Segundo o Aurélio a palavra “elocução” vem do latim “elocutione” e significa: “maneira de exprimir-se, oralmente ou por escrito, escolha de palavras ou de frases, estilo” (FERREIRA, 2004, p. 725). Os dons de elocução que tratam da utilização da fala ou linguagem estão relacionados diretamente ao batismo com o Espírito Santo. Nesta lição estudaremos a respeito dos três “dons de elocução” que formam o último grupo dos dons espirituais mencionados pelo apóstolo Paulo em 1 Coríntios 12.10, à sabermos: profecia, variedade de línguas e interpretação de línguas. Analisaremos quais os propósitos destes dons tão cruciais para a Igreja de Jesus Cristo. Veremos também como utilizá-los para glória de Deus e edificação da Igreja.

Introdução

Os Dons são originados na graça de Deus e são ministrados, doados e distribuídos pelo Espírito Santo; eles são dados não para projeção pessoal, mas para o serviço; sua finalidade é a realização de alguma obra e ajuda concreta a alguém; não é uma espiritualidade intimista e subjetiva. Neste capítulo estudaremos a respeito dos três Dons de Elocução, a saber, Dom de Profecia, Dom de Variedade de Línguas e o Dom de Interpretação das Línguas. Os principais propósitos destes Dons são: edificação, exortação e consolação da Igreja (1 Co 14.3). A igreja precisa ter muito cuidado com a manifestação destes Dons, pois atualmente, há muita confusão e falta de sabedoria no uso dos mesmos, principalmente  o de profecia. Por isso é assaz oportuno o estudo sobre este tema, a fim de que não sejamos enganados pelos falsos profetas que têm ardilosamente se infiltrados no meio do povo de Deus.

I.  Dom de Profecia

O Dom de Profecia, relacionado por Paulo em 1 Coríntios 14.3, é um Dom de manifestação sobrenatural de mensagem verbal pelo Espírito, para a edificação, exortação e consolação do povo de Deus. Ao dizer que a profecia edifica, exorta e consola, o apóstolo Paulo não fornece uma definição, apenas cita os resultados da mensagem transmitida em uma linguagem que as pessoas conhecem. O maior valor da profecia é que ela, uma vez proferida, sendo de Deus, edifica a coletividade e não unicamente o que profetiza. Em nossos dias, temos visto que os termos ”profecia“ e ”profetizar“ têm sido mal utilizados. Muitas pessoas falam de si mesmas palavras boas como se elas fossem verdadeiras profecias, e ainda motivam outras pessoas a fazerem o mesmo. Paulo perguntou: “... Porventura são todos profetas?“ (1 Co 12.29). 

Essa pergunta foi feita para mostrar que nem todas as pessoas são profetas, ou seja, nem toda pessoa possui o Dom de Profecia dado pelo Espírito Santo. Desejar uma bênção para o próximo ou ter palavras de vitória tem sido encarado como uma profecia, o que é um erro terrível, pois os verdadeiros profetas falavam o que recebiam do Senhor: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”(2 Pe 1.21). Portanto, à luz da Bíblia, nem todas as pessoas são profetas e a vontade do homem, por mais bondosa que seja, não pode originar uma profecia verdadeira. Também, profetizar não é pregar um sermão preparado, mas transmitir palavras espontâneas sob o impulso do Espírito Santo, para a edificação do indivíduo ou da igreja local, bem como levar à convicção do pecado e a consciência da presença de Deus (1 Co 14.24,25).

II. Variedade de Línguas

O Dom de Variedades de Línguas é o dom dado pelo Espírito Santo para que as pessoas sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu povo. Este Dom é evidência da Onipresença divina no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação. Este Dom é diferente das línguas estranhas como evidência do Batismo com o Espírito Santo. Segundo a Bíblia, as línguas estranhas são um sinal para os não crentes (1 Co 14.22). 

Quem possui este Dom deve orar pedindo que o Senhor também conceda o Dom de Interpretação. O que profetiza edifica o outro, mas o que fala línguas estranhas edifica a si mesmo. Parece que na igreja de Corinto havia uma desordem no culto quanto aos Dons de Línguas. Paulo exorta os crentes dizendo que eles estavam “como que falando ao ar” (1 Co 14.9), ou seja, não havia proveito algum, já que ninguém era edificado. Portanto, segundo Paulo, aquele que fala em outras línguas fala a Deus e não aos homens. Ele não é um Dom público, mas íntimo, particular, e pessoal. Portanto, o Dom de Variedades de Línguas é um Dom para sua intimidade com Deus.

III. Dom de Interpretação de Línguas

É uma habilidade sobrenatural, concedida pelo Espírito Santo, que torna o crente capaz de interpretar, na sua própria língua, aquilo que é falado pelo crente em linguagem celestial. Não se trata de “tradução de línguas”, mas de “interpretação de línguas”. Este Dom opera juntamente com o Dom de línguas, formando ambos uma profecia (1 Co 14.5,13,27,28). Há pregadores que emocionam seus auditórios ordenando que falem todos em línguas, ao mesmo tempo, como sinal da presença de Deus na reunião. 

Paulo, porém, recomenda que, em cultos públicos, quem fala em línguas: (a) ore para que possa interpretá-las(1 Co 14.13); (b) que ore também com o entendimento quando orar em línguas(1 Co 14.15); (c) fale, no culto, dois, no máximo três, e que haja intérprete (1 Co 14.27), e (d) na ausência de interpretação, que se cale o falante(1 Co 14.28). Portanto, é preciso reavaliar as atitudes de certos pregadores que contradizem o que a Bíblia diz no tocante ao falar em línguas no culto. Na igreja de Corinto, se não houvesse intérprete, o irmão devia permanecer calado na igreja. Podia ficar em seu lugar e falar silenciosamente em outra língua consigo mesmo e com Deus, mas não tinha permissão de se expressar em público – “Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus” (1 Co 14:28). Essa exortação cabe muito bem no quadro exortativo das igrejas hodiernas.

Conclusão

Observamos, portanto, que cada Dom Espiritual tem uma finalidade específica no meio do povo de Deus; tem um propósito, que é o de dar condições para que o crente prossiga a sua jornada em direção à Jerusalém celestial. Tem-se, portanto, no exercício dos dons espirituais, uma inequívoca demonstração do poder de Deus (1 Co 2.4), mas sem qualquer oportunidade de exibicionismo ou de glorificação humana, mas única e exclusivamente para a glória de Deus e para pregação do Cristo crucificado (1 Co 2.2). O Dom deve ser usado livre de escândalos, engano, falsificação, e dentro da decência e da ordem que a Palavra de Deus preceitua (1 Co 14.26-40). Amém!



Sugestão de Leitura da Semana: RIBEIRO, Anderson. O Sermão da Montanha. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.

domingo, 29 de março de 2020

A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO À LUZ DA PSICOLOGIA

ENTENDENDO O PECADO E A PSICOPATOLOGIA

E disse: Um certo homem tinha dois filhos; E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de  fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.  E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;  Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.


Lucas 15.11-24



Jesus nos diz na parábola do filho pródigo que a principal causa do pecado é o egoísmo. Ele nos mostra nesta passagem que o pecado resulta uma separação, ou seja, um relacionamento rompido, tendo como a salvação o momento em que este relacionamento rompido é renovado. O filho pródigo se mostra alguém independente, que parte para aproveitar a vida com seu dinheiro, acabando sozinho e sem o dinheiro. Quando decide voltar para a casa de seu pai, o filho se depara com um pai que não menciona a vida desregrada em que ele estivera e nem mesmo lhe diz que o seu comportamento mereça uma severa punição, pelo contrário, o filho vê um pai alegre, porque o relacionamento foi restabelecido. 

O egocentrismo situa-se dos problemas espirituais e psicológicos, porque ambos resultam da autopreservação a qualquer custo. A história do filho pródigo nos revela que tanto o pecado quanto a psicopatologia, são causados por relacionamentos rompidos e a salvação e a saúde psicológica acontecem quando esses relacionamentos são reconstruídos.  O ponto de vista da psicologia e da salvação é  reconhecer que necessitamos dos outros. Reconhecer que precisamos de Deus e também precisamos do relacionamento com o próximo, pois só através de nosso relacionamento com Deus seremos completos e só através do bom relacionamento com o próximo, teremos nossa saúde mental saudável. 

Embora o filho pródigo e indisciplinado tenha voltado para casa e insistia em afirmar para o pai o seu pecado, Jesus mostrou que o arrependimento na verdade não estava no sentimento de culpa expressado no filho, mas, na atitude que o filho teve: mudar de ideia e voltar para casa. Muitas pessoas confundem ressentimento com arrependimento. No ressentimento  existe uma  mágoa que se guarda por algo que fez ou recebeu- um rancor, como autopunição por te feito algo desagradável que não deveria ter feito.  No arrependimento o que ocorre é uma reação emocional para atos passados e comportamentais, ou seja, há uma mudança de atitude àquela tomada posteriormente. No grego a palavra arrependimento é entendida como metanoia, que significa conversão e mudança de direção e atitude. Entendemos então, que o pai não estava dando uma festa porque o filho se sentiu culpado, ressentido, mas, porque ele mudou de atitude e direção, restabelecendo o relacionamento antes rompido através do arrependimento. Na psicologia, para que a terapia desempenhe um resultado, é preciso que o indivíduo reconheça a necessidade de mudar. 





Bibliografia: BAKER,Mark, Jesus, o maior psicólogo que já existiu. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Saúde mental em tempos de Coronavírus


O que é coronavírus? (COVID-19)

Para começar vamos entender o que é realmente o Coronavírus segundo o Ministério da Saúde : " Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China. Provoca a doença chamada de coronavírus (COVID-19).

Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa. A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus."   Fonte : https://coronavirus.saude.gov.br/



Em Janeiro o novo coronavírus estava com sua concentração na China, com poucas ocorrências em outros países, sendo propagado por pessoas infectadas que viajaram de avião ou navios. No Brasil, o primeiro caso foi registrado em 26 de fevereiro, sendo confirmado 1.500 casos em um mês, sendo considerado uma epidemia global em 11 de março pela OMS (Organização Mundial da Saúde).  

Em meio a este caos de epidemia, sem notarmos (as vezes até notamos), nosso psicológico fica abalado pelo grande fator de risco que muitos países estão enfrentando. Muitos de nós estamos quebrando rotinas de trabalho, escola e até sendo proibidos de estar adorando no templo (vale ressaltar que isso é valido para a prevenção). Como tudo isso acontecendo eu te pergunto: Como não se desesperar?!
Realmente a situação é difícil, mas precisamos manter a nossa confiança no Senhor, pois, como relata todo o Salmos 91 é Ele quem nos guarda. Destaco aqui o versículo primeiro deste Salmos 91:" Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará." Irmãos quero te dizer que você e toda sua família está escondida à sombra do Todo Poderoso e por isso te aconselho a descansar sua alma no Senhor e ocupar sua mente em coisas que fazem bem a sua saúde mental. 

Saúde mental em meio ao coronavírus

Essa situação apesar de não ser agradável, tem nos dado oportunidades ímpares que precisamos aproveitar, como por exemplo, ler livros, estar mais tempo com a família e entre outros. Para que não desenvolvemos crises de pânicos, estresse e ansiedade, devemos nos manter ocupados com fatores que nos ajuda a enfrentar essa epidemia sem que nos tornemos pessoas depressivas e desesperadas, por isso, quero te indicar seis maneiras para aproveitar o seu tempo durante esse período.

1- EVITE O EXCESSO DE INFORMAÇÃO
Não fique assistindo noticiários durante todo o dia. Procure acessar e assistir noticiários apenas uma vez durante o dia, até porque a maioria deles são notícias repetidas, então, acesse ao noticiário durante a noite, onde a maioria das informações já foram atualizadas. Fique atento as fakes news, que são informações falsas que só servem para nos deixar ainda mais angustiados. Essas hiper informações podem nos prejudicar, pois podem nos deixar sempre ansiosos, deprimidos e sempre em estado de perigo constante ( síndrome do pânico).

2- CUIDE DE VOCÊ
Se alimente de forma saudável, beba bastante água, estabeleça uma rotina de exercícios (mesmo estando em casa), faça alongamentos, hidrate os cabelos, se livre de pensamentos pessimistas e coloque o seu sono em dia.

3- COLOQUE AS COISAS EM ORDEM
Sabe aquele quarto bagunçado? Então, ele precisa ser arrumado rs. Faça uma faxina geral em sua casa, tire roupas do armário que não servem mais, cuide de suas plantas, esvazie a caixa de entrada do e-mail, exclua fotos e documentos desnecessários do computador e também do celular. 

4- FAÇA SUAS RECEITAS FAVORITAS
Sabe aquela receita que você viu na televisão ou no youtube e te deixou com água na boca?! Esta é a hora de fazê-la (uhúu). Mesmo que a cozinha não seja sua amiga, use ente tempo para aprender a cozinhar (ao menos tentar né?! Rs). Faça os pratos preferidos, prepare um almoço ou um jantar em família e junto com seus filhos ou esposo (a), prepare uma sobremesa deliciosa. 

5- TENHA COMUNHÃO COM SUA FAMÍLIA
Nada melhor do que um lar onde os membros se dão bem e vivem em comunhão. Aproveite este tempo para fazer um cine pipoca, relembrar histórias engraçadas, entender as dúvidas escolares de seus filhos e seus questionamentos bíblicos também. Para os pais, chame seus filhos para conversar sobre as dificuldades que estejam passado e para entender como seu filho projeta o futuro e o que ele pensa sobre o Reino de Deus. E filhos, aproveite para desabafar com seus pais sobre o que tem te preocupado e peça conselhos para atravessar certa situação. Diga para sua família o quanto você a ama e mostre o qual importante ela é na sua vida.

6- PRESERVE UM TEMPO COM DEUS
Muitas pessoas relatam que durante sua rotina de trabalho, estudos, e afazeres de casa os deixam sem tempo para estarem a sós com Deus. Como disse, apesar de ser uma epidemia global, estamos tendo oportunidades ímpares e uma delas é reservar um tempo com Deus (ou acrescentar um tempo a mais com Ele). Leia a bíblia, escute louvores atuais e relembre os hinos de sua infância, jejue , ore , faça culto doméstico com sua família e tire suas dúvidas a respeito do Evangelho. Permita-se também neste tempo, buscar pela libertação de traumas do passado, decepções, rancores e culpas. Pra quem ainda não sabe qual o chamado de Deus para sua vida, peça neste tempo para que Deus lhe mostre qual o seu papel na obra Dele.


Quero finalizar lembrando -vos que nada saiu do controle de Deus. Apesar de muitas das vezes não entendermos o que está acontecendo e porquê está acontecendo, precisamos entender que Deus está no controle e Ele está presente conosco em todas as horas como diz Mateus 28.2b: "...e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém."  


Que a Paz de Deus esteja com você e toda a sua família.

O Relógio está Certo?




Por Felipe Pereira



Reflexões preliminares: Escrito por volta de 940-950 a.C. o livro de Eclesiastes retrata a vida reflexiva de um dos reis mais sábios de Jerusalém, Salomão, no auge da sua carreira e prudência expõe na obra pensamentos de como proceder na vida e desfruta-la de forma sábia e produtiva, tendo também a consciência da morte e que o tempo está determinado. Assim como a mitologia grega, as histórias egípcias, os tempos nórdicos, os teatros e romances de Shakespeare não podendo esquecer-se das tragédias, tiveram o seu lugar no passado em que estavam situadas e ainda reverberam no presente com uma importância significativa. De forma bíblica vê-se a sessão de sabedoria sapiencial que são os textos de reflexões, poesias, composições, canções e meditações servindo até mesmo de devoção para muitos em nosso tempo e um incentivo a arte espontânea. Sua simbologia e relevância estão abertas e latentes. Pois se tratam de verdades que não vemos assim expostas em outros livros, mas ao mesmo tempo condizem com eles.

A mensagem para o seu público: Fala na assembleia dos jovens, um pregador sábio, bem vivido. Nascido num lar judeu, bem sucedido e ainda assim passa por suas dificuldades familiares com certa omissão do pai, que por mais estranho possa parecer era um homem que adorava como ninguém, e tinha o coração como o de Deus, amo mesmo tempo em que era um poeta, foi um feraz guerreiro invicto nas batalhas. Esse é o cenário de onde cresceu o agora velho pregador, que está quase no fim de seu reinado e se recuperando de uma repentina apostasia batendo e fixando em seu discurso numa ótica debaixo do sol, significado assim uma vida terrena, humana com sofrimentos e injustiças e erros, entretanto, com sabedoria, retidão, devoção e arrependimento. A eternidade está no nosso coração e essa é a esperança para além de tudo isso que se passa como um sopro, um vazio semelhante ao respirar de fôlego profundo para tomar um ar devido à agitação e correria do que é a existência. Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!

Um toque de Atualidade: O advento da pós-modernidade afeta a todos na sociedade atual tanto em relações humanas, quanto em consumo de mercadorias, serviços e informações que me grande parte são rasas e instantâneas. Já não dispomos de muito tempo para ir profundo em nossas relacionamentos, por exemplo os diálogos são por meios de programas de androides e ios, tendo com isso pouco contato olho no olho. Relações duradouras, conversas sadias e produtivas já são preciosos em nossa época, além da agitação do dia a dia tem também a jornada de trabalho que é maçante para quem se desloca e sutilmente estressante para quem trabalha em casa. O avanço tecnológico é cada vez mais pulsivo, e agressivo no sentido de nos distanciar os que estão perto dando a sensação de estarmos mais integrados e atualizados. Não digo isso para que voltemos aos tempos antigos, nem tão pouco sendo saudosista ao ponto de querer voltar à internet discada ou aos telefones tijolão, contudo mostro o que acontece de fato na atualidade.

O tempo e o Profético: Em diversos momentos percebe-se que Deus através dos seus profetas se importa em comunicar a todos sobre o há de vir quando a um futuro bem perto ou distante. A proclamação deles era no fundo um convite a estarem atentos a isso, pois o prazo era limitado para se arrepender, suplicar, se humilhar, viver uma vida que vale a pena em função de sentido e significado sólido e até receber determinado juízo ou recompensa diante do que se plantou. Na literatura bíblica, desde o principio temos na entrelinha que haverá também um fim. Com isso, Deus vem descortinando a eternidade que é além do que nomeamos como temporalidade. A palavra tempo aponta também para as estações, isso é, fases em momentos específicos que não há como burlar ou pular etapas deixando de experimentar os amargos e os suaves amores; o fervor e a frieza das almas; a abundância seja do que for e a necessidade do que tanto se espera; os autos e os baixos das passagens; os dias quentes e frios; as vitórias e as frustrações, pois não se limita pelo fato de quem é o ser e sim que ele é humano, sujeito limitado ao tempo e a sorte.

Voltando as coisas mesmas: Retomo a pergunta inicialmente feita: o relógio está certo? Não tenho a coragem para te responder, porque é você caro leitor quem sabe. O relógio é um ciclo que antes era o sol que ditava, depois passou para as torres das igrejas, em seguidas veio parar nas fábricas e por fim está nas mãos das tecnologias com os seus moderníssimos relógios digitais bonitos e estilosos para variados gostos ou desgostos de alguns que sabem e nem querem lidar com isso, outros até se adaptaram, mas não sabem nem ver a hora no ponteiro. TIC TAC! Como a hora passa rápido ou você é que está devagar?

sábado, 21 de março de 2020

A Documentação da Bíblia Sagrada




Por Leonardo Pereira



Há atualmente muitos que têm a impressão de que as Bíblias que temos hoje em dia não são fiéis aos documentos originais. Além do mais, há alguns que ainda pensam que os seus vários livros não foram escritos quando esses próprios livros declaram ter sido escritos. Algumas pessoas pensam que os Evangelhos, por exemplo, não foram relatos de testemunhas oculares como declaram ser, mas são antes narrativas míticas escritas muito mais tarde de modo a estabelecer a doutrina dos cristãos. Perseguindo este tipo de questão, não estamos tentando estabelecer se a Bíblia é inspirada, mas se é autêntica: se o texto é fiel ao original, e se os livros originais foram escritos quando eles declaram ter sido. Neste artigo, olharemos para algumas das evidências que podem nos ajudar a responder a este tipo de questão.

Para se entender a evidência para a Bíblia, é necessário ter-se uns poucos conhecimentos. Primeiro, sabemos que a Bíblia é uma coleção de livros escritos num período de alguns séculos por aproximadamente 40 diferentes autores. Estes livros são divididos em duas seções principais, que chamamos o Velho e o Novo Testamento. Há um período de centenas de anos entre a escrita do último livro do Velho Testamento e o primeiro livro do Novo Testamento. Os estudiosos que se ocupam das questões relacionadas com a autenticidade da Bíblia aplicam a ela exatamente os mesmos testes que aplicam a todos os documentos antigos (ainda que tendam a aplicá-los um pouco mais rigorosamente a um livro que se declara ser inspirado por Deus). Estes testes cobrem uma variedade de assuntos, incluindo tanto evidência interna quanto externa. Evidência interna é a que pode ser determinada olhando-se dentro das páginas dos próprios livros. Evidência externa inclui evidência arqueológica e científica, evidência histórica e cultural, e evidência do manuscrito, que é um documento escrito à mão. Para nossos propósitos correntes, um manuscrito é um documento escrito antes do advento do processo de impressão mecânico (cerca de 1450 d.C.). Por causa das circunstâncias da escrita da Bíblia, o estudo da evidência do manuscrito é geralmente dividida em duas áreas separadas, uma para cada Testamento. No interesse do espaço disponível, examinaremos alguma evidência somente do Novo Testamento.

Primeiro, é interessante notar que os mais antigos manuscritos do Novo Testamento, ainda em existência, datam mais proximamente do tempo da autoria do que é o caso com outros livros antigos. Os mais antigos manuscritos dos escritos de Heródoto, por exemplo, datam aproximadamente de 1300 anos depois de sua morte; e isto não é incomum em livros antigos. Em contraste, há um fragmento do Evangelho de João na Biblioteca da Universidade John Rylands, em Manchester, Inglaterra, que é datado de cerca de 125 d.C. Uma vez que os estudiosos geralmente concordam que João escreveu seu Evangelho numa data mais tardia (entre 60 e 90 d.C.) do que os outros três escritores do Evangelho, este fragmento é especialmente significante. Mais ainda, há um fragmento do Evangelho de Mateus encontrado entre os manuscritos do Mar Morto, datando de antes de 68 d.C. – menos do que 35 anos depois da morte de Jesus! Somando-se a estes, há manuscritos contendo o Evangelho de João, a Epístola aos Hebreus, e a maioria das Epístolas de Paulo, datadas de cerca de 200 d.C. Há manuscritos de todos os quatro evangelhos, bem como outros livros do Novo Testamento, de 200 e tantos d.C. E na sala de manuscritos da Biblioteca Britânica está o manuscrito chamado Sinaiticus, que é datado de 350 d.C., o qual contém o Novo Testamento inteiro. Concluindo, a evidência do manuscrito aponta para a conclusão de que o Novo Testamento foi escrito quando ele declara ter sido escrito: entre cerca de 50 a 100 d.C.

Mas as datas dos vários manuscritos não são o único fator importante. A mera quantidade deles é nada menos do que impressionante. Os mais antigos manuscritos do Novo Testamento foram escritos em papiro, que é relativamente frágil e sujeito a deterioração, nisso não diferindo do papel. Se você viu um recorte de jornal de data tão recente como 1970, percebeu que ele mostra sinais de deterioração depois de apenas 30 anos. Com isto em mente, é uma maravilha que qualquer dos antigos manuscritos em papiro do Novo Testamento tenha sobrevivido a um período de 1500 anos ou mais. De fato, há cerca de 80 de tais manuscritos. E estes são apenas o princípio. No quarto século d.C., o pergaminho substituiu o papiro como o principal meio para cópias da Bíblia. Há próximo de 3000 manuscritos de pergaminho do Novo Testamento Grego, datando do quarto século até o décimo quinto século, quando a imprensa passou a dominar. Em contraste, temos apenas uma cópia manuscrita dos Anais de Tácito, que viveu certa de 55 a 120 d.C., a mesmíssima era dos escritos do Novo Testamento.

Até aqui, em nossa discussão, olhamos somente para os manuscritos do Novo Testamento em Grego, que é a língua na qual foram originalmente escritos. Somando-se aos gregos, há também uma grande quantidade de manuscritos que são versões, traduções para outras línguas. O simples fato que o Novo Testamento foi traduzido é impressionante quando consideramos que era muito incomum traduzir livros no tempo antigo. E o Novo Testamento não foi traduzido somente uma vez, nem foi muito tempo depois da escrita que as traduções começaram a aparecer. A Bíblia foi traduzida independentemente tanto para o Latim como para o Siríaco, algo entre 100 e 150 d.C. Foi traduzida para o Copta (um dialeto egípcio) nos anos 200, para o Armênio e o Georgiano nos anos 400, etc. No todo, há 5000 manuscritos do Novo Testamento ainda em existência. Com tão grande número de manuscritos, foi inevitável que aparecessem variações entre eles. A questão que fica, então, é a extensão e a significância destas variações. Para responder a esta questão, primeiro consideraremos mais alguns fatos a respeito das versões.

Cada uma das traduções, naturalmente, começou uma nova tradição. Por exemplo, quando fizesse cópias da Bíblia em Armênio, o copista geralmente não teria acesso ao manuscrito grego do qual a tradução original foi feita. Assim, ele teria que copiar diretamente da própria tradução armênia. E do mesmo modo, ao fazer mais tarde revisões da tradução: os revisores teriam que ir buscar a armênia existente, junto com quantas edições Gregas eles tinham disponíveis para eles; mas não teriam acesso ao manuscrito do qual a tradução tinha sido feita originalmente. E é assim com cada uma das línguas para as quais a Bíblia foi traduzida. Então, quando olhar para a tabela anexa, tenha em mente que cada uma das linhas verticais representa uma linha separada de transmissão. Ao determinar a exatidão do texto, então, os estudiosos modernos podem comparar cópias do Novo Testamento em um número de diferentes línguas, representando diferentes culturas e diferentes pontos de vista religiosos.

Quando consideramos as grandes diferenças entre as várias culturas representadas pelas traduções antigas, e o grande número das doutrinas variantes existentes nas religiões dessas culturas, esperaríamos haver tremendas diferenças nos textos bíblicos. Mas esse não é o caso. Ao contrário, mesmo com o enorme número de manuscritos e a diversidade das línguas, aproximadamente 85% do texto do Novo Testamento nem mesmo é questionado: em outras palavras, não há discordância entre os manuscritos para esta porção do texto. Quanto aos 15% para os quais existem interpretações variantes entre os manuscritos, a maioria dessas interpretações variantes é facilmente reconhecida como falsa, simplesmente por causa da esmagadora evidência dos manuscritos contra elas. Quanto à pequena porção restante, a maioria das interpretações variantes que não são facilmente descartadas como não autênticas, são tão insignificantes que não mudam substancialmente o significado das passagens nas quais elas ocorrem. De fato, o renomado estudioso da Bíblia F. J. A Hort estima que as variações “substanciais” (aquelas que afetam o significado da passagem) afetam apenas um milésimo do texto. E, ainda nestas poucas instâncias onde o sentido da passagem é afetado ela interpretação variante, o ensino atual da escritura continua incontestado.

Em conclusão, podemos notar que a evidência do manuscrito para o Novo Testamento é verdadeiramente avassaladora. Se abordarmos o assunto objetivamente, temos que admitir que toda a evidência do manuscrito aponta para a veracidade e autenticidade dos livros. Foram escritos quando declaram ter sido escritos, e por quem eles declaram ter sido escritos. E mais ainda, o texto que temos hoje é fiel aos documentos originais. Qualquer declaração, então, de que “a Bíblia foi mudada”, ou que “os Evangelhos foram escritos gerações depois do fato” é demonstrável como falsa. Em conseqüência, qualquer argumento ou doutrina construídos sobre uma tal declaração se desintegra. Sempre que pegamos uma tradução literal da Bíblia, temos em nossas mãos uma versão substancialmente apurada de alguns documentos antigos autênticos e muito importantes.



Obras Citadas: 

1 - International Standard Bible Encyclopedia. G. W. Bromily, redator geral. 1988. Wm. B. Eerdmans Publishing Co. Vol. IV, p. 818.

2 - Kenneth L. Chumbley. The Gospel Argument For God. 1989. Página 26.

sexta-feira, 20 de março de 2020

Comentário Bíblico Mensal: Março/2020 - Capítulo 3 - Dons de Poder




Comentarista: Pedro Nunes



Texto Bíblico Base Semanal: 1 Coríntios 12.4,9-11.

4 - Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
9 - e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10 - e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.
11 - Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

Momento Interação

Quando estudamos as Escrituras Sagradas, observamos que existem muitos assuntos para serem compreendidos. Entre eles, encontramos a temática que trata acerca da atuação do Espírito Santo. Entender à luz da Bíblia, como o Espírito de Deus atua, é crucial para nossa vida, haja vista que uma má compreensão resulta em conclusões erradas ou desfocadas e esses resultados geram implicações práticas erradas para nós. Por isso, estudar esse assunto é bastante importante! Hoje, falaremos um pouco da atuação do Espírito Santo no meio dos cristãos, à guisa de introdução, acerca dos Dons de Poder. Bons Estudos!

Introdução

A cura do corpo doente pela fé é um fruto da morte de Cristo Jesus na cruz do Calvário (cf Is 53.4,5; 1 Pe 2.24,25; Mt 8.16,17 e 9.35,36). Os dons de curar consistem em uma operação do Espírito Santo, pela qual o poder de cura que Jesus Cristo ganhou é transmitido ao doente de modo abundante, imediato, para a cura completa. [...] Esse dom não significa uma capacidade de curar quando e como a pessoa quer, porém é sempre uma transmissão de poder do Espírito Santo. Por isso, é indispensável que o portador do dom esteja ligado a Cristo Jesus e siga a sua direção. O dom é dado à Igreja e constitui uma confirmação de Deus à pregação da Palavra (cf. Mc 16.20; At 14.1-4; 10.38 e 5.11,12). 
Por esse motivo, Jesus Cristo deve sempre ser o único glorificado. Esses dons são concedidos à igreja para a restauração da saúde física, por meios divinos e sobrenaturais (Mt 4.23-25; 10.1; At 3.6-8; 4.30). O plural (“dons”) indica curas de diferentes enfermidades e sugere que cada ato de cura vem de um dom especial de Deus. Os dons de curas não são concedidos a todos os membros do corpo de Cristo Jesus (cf. 1 Co 12.11,30), todavia, todos eles podem orar pelos enfermos. Havendo fé, os enfermos serão curados. Pode também haver cura em obediência ao ensino bíblico de Tg 5.14-16 (cf. Tg 5.15).

I. Dom da Fé

O dom espiritual da fé é encontrado na lista dos dons do Espírito em 1 Coríntios 12. O versículo 9 diz que algumas pessoas recebem o dom da fé, mas esse dom não é especificamente explicado. Todos os verdadeiros crentes têm recebido de Deus a fé salvadora como o único meio de salvação (Ef 2.8,9), mas nem todos os crentes recebem o dom espiritual da fé. Como todos os dons do Espírito Santo, o dom espiritual da fé também foi dado para um "fim proveitoso", e esse fim é a edificação do corpo de Cristo (1 Co 12.7). O dom da fé pode ser definido como o dom especial através do qual o Espírito fornece aos cristãos uma confiança extraordinária nas suas promessas, poder e presença para que possam tomar posições heroicas para o futuro da obra de Deus na igreja. 

O dom espiritual da fé é exibido por alguém com uma confiança forte e inabalável em Deus, sua Palavra e suas promessas. Exemplos de pessoas com o dom da fé são os enumerados no capítulo 11 de Hebreus. Este capítulo, muitas vezes chamado de "o capítulo da fé", descreve aqueles cuja fé foi extraordinária, o que lhes permitiu fazer coisas extraordinárias e super-humanas. Aqui vemos Noé passando 120 anos construindo um barco enorme quando, até aquele momento, a chuva ainda não existia, e vemos também Abraão acreditando que seria pai de uma criança quando a capacidade natural de sua esposa já tinha terminado. Sem o dom especial da fé dado por Deus, essas coisas teria sido impossíveis.

Tal como acontece com todos os dons espirituais, o dom da fé é dado a alguns cristãos que, em seguida, usam essa habilidade para edificar os outros no corpo de Cristo. Aqueles com o dom da fé são uma inspiração para os seus irmãos na fé, exibindo uma confiança simples em Deus que se mostra em tudo o que dizem e fazem. Os que são extraordinariamente fiéis mostram uma humilde piedade e confiança nas promessas de Deus, muitas vezes tanto que passam a ser conhecidos por serem quietamente destemidos e zelosos. Eles são tão convencidos de que todos os obstáculos ao evangelho e aos propósitos de Deus serão superados e são tão confiantes de que Deus vai garantir o avanço de sua causa, que muitas vezes conseguem fazer muito mais na promoção do reino de Deus do que os pregadores e professores mais talentosos e eruditos.

II. Dons de Curar

O dom espiritual da cura é a manifestação sobrenatural do Espírito de Deus que milagrosamente traz cura e libertação de doenças e/ou enfermidades. É o poder de Deus que destrói o trabalho do pecado e/ou do diabo no corpo humano, tais como as curas que Jesus e os discípulos fizeram (Mt 4.24; 15.30; At 5.15,16; 28.8,9). O dom da cura dado à igreja é observado principalmente em 1 Coríntios 12, onde os dons espirituais são listados. Os dons espirituais são poderes, competências, habilidades ou conhecimentos dados por Deus através do Espírito Santo aos cristãos. 

Paulo diz à igreja que o propósito dos dons espirituais é edificar outros crentes e, de fato, glorificar a Deus. Deus dá estes dons para que possa trabalhar através dos crentes, mas na igreja de Corinto, eram aparentemente um tipo de símbolo de status sendo usado para indicar superioridade. Curiosamente, 1 Coríntios 12.9 refere-se a "dons" de cura no plural, o que pode indicar que existem diferentes dons de cura. Esses dons podem significar uma gama muito ampla de competências ou habilidades. Essas habilidades podem ser ordenadas desde o poder de curas milagrosas ou dramáticas, como fazer que os coxos andem, ao bom uso ou compreensão da medicina. Pode até ser a capacidade de empatia e mostrar amor aos outros ao ponto de curar uma ferida emocional.

Tem havido muito debate sobre o uso do dom espiritual de cura entre os cristãos. Alguns acreditam que o dom da cura e alguns outros dons de sinais não sejam mais operatórios hoje, enquanto outros acreditam que os dons miraculosos ainda estejam sim em uso hoje. É claro que o poder de curar nunca foi realmente da própria pessoa. O poder de curar é de Deus, e somente Deus. Embora Deus ainda cure hoje, acreditamos que a sua cura através desse dom pertencia principalmente aos apóstolos da igreja do primeiro século para que pudessem afirmar com confiança que a sua mensagem era de Deus (At 2.22; 14.3).

Deus ainda executa milagres. Deus ainda cura as pessoas. Não há nada que impeça Deus de curar uma pessoa por meio do ministério de outra pessoa. No entanto, o dom miraculoso de cura, como um dom espiritual, não parece estar funcionando hoje. Deus certamente pode intervir de qualquer maneira que achar melhor, seja na forma "normal" ou através de um milagre. A nossa própria salvação é um milagre. Estávamos mortos em pecado, mas Deus entrou em nossas vidas e nos fez novas criaturas (2 Co 5.17).

III. Dom de Operação de Maravilhas

É o segundo dos três dons de poder, precedendo os dons de cura em importância, como relata claramente o versículo 28 do primeiro livro de Coríntios, capítulo 12. Por isso, propomo-nos a tratá-lo como o segundo dom de poder. Ele tem sido entendido de várias maneiras, como outros dons do Espírito: para incluir experiências que não são expressamente sobrenaturais e costuma ser confundido com os dons de cura. Como já dissemos, um dom não se sobrepõe ao outro. Cada dom é separado e diferente dos outros, assim como as velas estão destacadas no castiçal. Podemos dizer que é a demonstração sobrenatural do poder de Deus pela qual as leis da natureza são alteradas, suspensas ou controladas (com exceção é claro, na esfera da doença). 

Porque era utilizado como um sinal de presença e do poder de Jeová, e o profeta realizava um milagre estabelecia sua autoridade divina diante do povo. A Moisés foi concedido esse dom como credencial ao ser enviado pelo Senhor à corte de Faraó (Êx 2.1-10).  As curas predominam, sem dúvida, porque o Senhor tem-se revelado em Cristo como o Deus do amor, e o amor sempre se preocupa com os sofrimentos dos homens e das mulheres. Os milagres demonstram o poder do Altíssimo, e as curas demonstram Seu amor e Sua compaixão. 

Eis um exemplo de destaque: quando Israel se voltou para adorar a Baal e, espiritualmente, apostatou da pura adoração a Jeová (Jz 2.13), Deus levantou o grande profeta Elias. Após trazer um terrível seca sobre a terra, ele reuniu as pessoas no monte Carmelo e pediu que decidissem, a partir de um sinal milagroso de fogo vindo do céu, se Baal ou Jeová era o verdadeiro Deus. Os sacerdotes e profetas de Baal erigiram seu altar, e Elias construiu o seu para o Deus de Israel. Após horas de orações infrutíferas, os adoradores de Baal não produziram fogo algum. Elias, confiante no Todo-Poderoso, fez sua simples oração, crendo: "Ó SENHOR, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra fiz todas estas coisas. Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo conheça que tu, SENHOR, és Deus e que tu fizeste tornar o seu coração para trás (1 Rs 18.36b,37). Então, um clarão de fogo riscou através da formação de sombras do céu vespertino e consumiu o altar, o boi, as pedras e a madeira; e o povo gritou: Só o SENHOR é Deus" (1 Rs 18. 39). Esse é um exemplo extraordinário da operação de maravilhas.

Conclusão

O dom pode ser usado como um sinal da presença e do poder de Deus, a fim de prover uma necessidade temporal ou confirmar a Palavra pregada. Além disso, pode dar evidências de uma comissão divina, como no caso de Moisés e sua vara. As leis da natureza são alteradas pela operação de maravilhas. A lei natural, por exemplo, a qual faz o ferro afundar, foi invertida no caso da viga que Eliseu fez nadar (2 Rs 6.5,6). Ademais, seu grande predecessor, Elias suspendeu as leis da natureza por um tempo, e o fluir do Jordão cessou, até que ele e seu servo tivessem passado (2 Rs 2.8). Moisés também controlou as leis da natureza quando o Egito foi infestado pelas pragas. 



Sugestão de Leitura da Semana: CAMPOS, Ygor. Panorama Bíblico - Volume 5: Os Evangelhos. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

domingo, 15 de março de 2020

Honra na Família




Por Leonardo Pereira



Peço licença para transcrever um texto em um artigo do estimado articulista e teólogo americano Mike Bozeman, cujo princípios desenvolvo mais abaixo. 

Há princípios críticos para o sucesso na família. Considere alguns:

1: O plano de Deus é sempre melhor. Como criador da família, Deus tem a autoridade e sabedoria para fazer leis e dar liderança para os melhores relacionamentos possíveis.

2: Esforçando-se para o ideal. Devemos esforçar-nos para deixar as nossas famílias o mais próximo possível do ideal, em vez de procurar brechas ou exceções como desculpas para nossas preferências ou falhas

3: Eu sou responsável por mim. O plano de Deus é baseado em cada indivíduo fazer o melhor. Cada um deve cumprir com suas responsabilidades pessoais independente daquilo que cônjuges/filhos/pais/sociedade... fazem.

4: Olhar para os outros. A chave para relacionamentos bem-sucedidos e satisfatórios é considerar que os outros são mais importantes do que nós mesmos. Ter a segurança pessoal capaz de sacrificar pelos outros é a única base certa para uma família ideal..

5: Com Deus, todas as coisas são possíveis. Pela deterioração da família na sociedade pareceria que é impossível ter uma família devota. Mas o cristão acredita em Deus, não em si mesmo. Confiar em Deus e seguir seus planos é o único caminho ao sucesso verdadeiro.

Quando esses princípios são negligenciados, famílias falham

Quando uma família cresce e prospera não é por acaso. Da mesma forma quando famílias falham não é por acaso. Muitas vezes é porque algum princípio na palavra de Deus tem sido negligenciado. Um princípio crítico para o crescimento espiritual de uma família, no entanto frequentemente negligenciado é o da honra. Os apóstolos ensinaram que os cristãos deviam honrar uns aos outros. “Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida...” (1 Pe 3.7 Rc). “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra” (Ef 6.1-3). “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12.10).

A definição de honra

No Velho Testamento, a palavra honra literalmente significava “pesado”. No Novo Testamento, honra significava “um apreço”. O apóstolo Pedro disse que o sangue do Filho de Deus era pesado, extremamente precioso e muito mais valorizado do que “coisas corruptíveis, como prata ou ouro” (1 Pe 1.18). Honrar a Deus é colocar um valor maior nele do que em qualquer coisa na terra ou no céu. Da mesma forma, quando “honramos” uma pessoa falamos que ela é extremamente valiosa aos nossos olhos. Dizemos que quem ela é e o que ela diz tem um peso grande. O apóstolo Paulo disse, “e os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra” (1 Co 12.23). Paulo disse aos filipenses sobre Epafrodito, “Recebei-o, pois, no Senhor, com toda a alegria, e honrai sempre a homens como esse” (Fp 2.29).

A definição de desonra

O oposto aplica-se à desonra. Podemos, pelo o que falamos e a maneira que tratamos uma pessoa, comunicar a ela que ela é de pouco valor para nós; que as suas palavras e seus esforços tem “pouco peso” no nosso modo de ver. A palavra desonra nos dias de Jesus significava “neblina” ou “vapor” que sobe de uma panela de água fervente. Era a coisa mais insignificante para os gregos. Uma grande ilustração de desonra está em Mateus 27.9,10: “…Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi estimado aquele a quem alguns dos filhos de Israel avaliaram; e as deram pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor” (a palavra preço era a mesma palavra grega que honra). Em outras palavras, eles colocaram o valor do precioso Filho de Deus em trinta moedas de prata. A desonra está no preço. Seu valor para Judas era apenas um pouco mais do que o vapor que sobe de uma panela de água. Ele não tinha valor para Judas.

Ilustrações de desonra na família 

A gora vamos fazer algumas aplicações concretas na família. Uma pesquisa foi feita com famílias nos Estados Unidos e perguntaram às pessoas “Quais são os dez atos mais desonrosos no lar?” Aqui estão os resultados: 

1. Ignorar ou não considerar as opiniões, os conselhos ou as crenças de outras pessoas.

2. Envolver-se na televisão ou no jornal enquanto outra pessoa tenta se comunicar conosco.

3. Fazer piadas sobre as fraquezas ou falhas de uma outra pessoa.

4. Fazer ataques verbais regulares contra um amado: criticar severamente, julgar, dar broncas sem carinho.

5. Não dar a devida importância à família do cônjuge ou a outros parentes no seu planejamento e comunicação.

6. Ignorar ou simplesmente não expressar gratidão por atos bons feitos para nós.

7. Praticar hábitos de mal gosto em frente da família – mesmo quando pedem que paramos.

8. Comprometer-nos exageradamente com outros projetos ou pessoas de maneira que tudo fora do lar pareça ser mais importante do que aquilo dentro do lar.

9. Lutas pelo poder que deixam uma pessoa se sentindo que é uma criança ou que está sendo severamente dominada.

10. Falta de vontade de admitirmos que estamos errado ou de pedir perdão.

E se as pessoas não merecem honra?

É verdade que algumas pessoas possam não merecer honra devido a sua conduta. Talvez um cônjuge agiu com ódio ou sem amor, ou um filho foi rebelde. Mas é interessante o que Pedro disse: “tratai todos com honra” (1 Pe 2.17). Ele continuou a dar exemplos de quem devemos respeitar. Ele disse “Servos, sede submissos, com todo o temor ao vosso senhor...também ao perverso” (1 Pe 2.18). Ele disse “Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa,” (1 Pe 3.1). Parece que Pedro estava indicando que nossa obrigação a mostrar honra aos outros não depende da maneira que eles nos tratam.. Paulo disse a Timóteo “Não repreendas ao homem idoso” quando ele precisasse de correção (1 Tm 5.1), e para “Todos os servos que estão debaixo de jugo considerem dignos de toda honra o próprio senhor, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados” (1 Tm 6.1). As pessoas talvez não mereçam honra, mas nossa preocupação com Deus e sua glória nos levará a tratar até as pessoas desonrosas com respeito.

Vale a pena observar que o próprio Deus nos deu valor quando não merecíamos nada. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). Isso torna todos os homens iguais. Somos todos pecadores. Nenhum de nós merece honra pela virtude de obediência perfeita ao Senhor. O apóstolo João disse, “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros” (1 Jo 4.10,11). Apenas quando nos vemos como receptores do favor não merecido de Deus, podemos decidir a amar e honrar as pessoas da nossa família mesmo que elas não “mereçam” nosso amor.

Olhando para várias famílias na Bíblia Sagrada

No Velho Testamento, muitas vezes, Deus nos deixou olhar pela janela de várias famílias – Adão e Eva, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Davi. Suas janelas freqüentemente eram deixadas abertas para que pudêssemos ver como elas foram abençoadas quando obedeciam a Deus e como tiveram dificuldades quando desobedeciam. Frequentemente sofreram porque não estavam olhando para as coisas uns dos outros, mas apenas para as próprias. Às vezes, pelo fato de não honrarem uns aos outros, havia amargura, ciúmes e até assassinato. O que uma pessoa veria se olhasse pela sua janela? Mais importante ainda é: o que Deus vê quando observa os pais e filhos no seu lar? Ele vê amor, respeito, consideração, valorização e honra? Se não, você deve considerar o primeiro princípio mencionado neste artigo – o plano de Deus é sempre melhor. Se queremos famílias fortes, saudáveis e felizes, teremos de reconhecer que o plano de Deus é o melhor, implantar esse plano nas nossas próprias vidas e depois dividir esse plano com os outros na nossa família.




Referências:


ATAÍDE, Romulo; MUNIZ, Sidney; PEREIRA, Leonardo; ROGÉRIO, Marcos. Comentário Bíblico Evangelho Avivado - Volume 1 - Antigo Testamento. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.

NEVES, Natalino das. Cobiça e Orgulho. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.

RENOVATO, Elinaldo. A Família Cristã e os Ataques do Inimigo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.

ROGÉRIO, Marcos. Família Cristã. São Paulo: Evangelho Avivado, 2017.