sábado, 31 de julho de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Julho/2021 - Capítulo 5 - Orientações Morais e Espirituais aos Tessalonicenses

 




Comentarista: Eliezér Gomes



Texto Bíblico Base Semanal: 2ª Tessalonicenses 3.11-18


11. Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs.

12. A esses tais, porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão.

13. E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.

14. Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe.

15. Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão.

16. Ora, o mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda a maneira. O Senhor seja com todos vós.

17. Saudação da minha própria mão, de mim, Paulo, que é o sinal em todas as epístolas; assim escrevo.

18. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amém.


Momento Interação

Paulo finalizou a carta com uma bênção e a assinou. Paulo concluiu com uma bênção e acrescentou uma mensagem de próprio punho para validar a sua epístola. Esse título “Senhor da paz” era particularmente importante para os tessalonicenses, visto que eles enfrentavam perseguição. Enquanto eles estivessem vivendo neste mundo, Jesus era a fonte de paz dentro de seus corações (Fp 4.7; Cl 3.15). Além disso, ele era a esperança deles para um mundo futuro no qual a paz substituiria todas as tribulações, tanto as interiores como as exteriores (Rm 14.17). Embora o apóstolo Paulo tenha feito uso de amanuenses para redigir suas epístolas, ele muitas vezes escrevia uma saudação final ou uma bênção de próprio punho. Ele chamou a atenção para essa prática como um sinal adicional de autenticidade, para contra-atacar os falsificadores que já tinham aparecido em Tessalônica ou que poderiam vir a aparecer ali no futuro (cf. 1 Co 16.21; GI 6.11; Cl 4.18; Fm 19).

Introdução

Ainda que ciente da fidelidade e do amor dos irmãos tessalonicenses, Paulo ficou sabendo que estava infiltrando-se no meio deles irmãos que viviam desordenadamente, “porque a fé não é de todos” (v.2). A desordem quanto ao labor e ao serviço cristão provoca ociosidade, que é preenchida com preguiça e maledicência. Quando Paulo pediu oração para que o Senhor os livrasse “dos homens perversos e maus” (v.2), não se referia aos incrédulos, mas aos falsos crentes que disseminavam uma forma de vida contrária aos ensinamentos paulinos. Ao dizer: “convém imitar-nos” (v.7), Paulo não usou de soberba, mas da autoridade de quem vivia o evangelho de Cristo.

I. Exortações aos que não ouvem a Orientação Moral e Espiritual

Notem que Paulo não os exortou, nem os aconselhou, mas lhes deu uma expressa ordem, em nome de Jesus, para que eles se apartassem dos irmãos que não estavam buscando viver o evangelho; não somente com a finalidade de não sofrerem influência, mas também para que os irmãos infiéis, envergonhados, pudessem reconhecer o seu pecado. Paulo não os considerava como inimigos, mas como irmãos que necessitavam ser advertidos acerca de seu mau procedimento (v.15). A genuína conversão dos tessalonicenses os fazia viver piedosamente conforme o exemplo que encontramos no livro de Atos: “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). Isto os unia, mas também era um risco à medida que alguns, aproveitando-se da generosidade dos fiéis, deixavam de trabalhar para viver às custas da liberalidade de outros, e ainda se achavam no direito de intrometer-se “na vida alheia” (v.11).

Precisamos levar em grande consideração o pedido inicial de Paulo, quando disse: “orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada” (v.1), para que não só oremos pelos pastores e obreiros de nossa igreja, como também a nossa vida seja uma manifestação das verdades do evangelho, “por termos em vista” oferecer ao mundo “exemplo em nós mesmos” (v.9) para nos imitarem assim como buscamos imitar a Cristo. Eu sei que este é um padrão no qual nenhum de nós cogita conseguir alcançar, mas é justamente por isso que precisamos que “o Senhor conduza o [nosso] coração ao amor de Deus e à constância de Cristo” (v.5). E esta é uma obra do Espírito Santo. A nossa parte é apenas aceitar esta obra em nossa vida, “porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Rm 5.5). “Quando, porém, vier o Consolador, que Eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dEle procede, Esse dará testemunho de Mim”, disse Jesus (Jo 15.26).

II. Evitando aos que não escutam as Recomendações

Quando alguém faz bem, é certo apoiar e incentivar que continue. Mas o desejo pela aprovação pode ser prejudicial, e até fatal. “Aquele que quer aprender gosta que lhe digam quando está errado; só o tolo não gosta de ser corrigido” (Pv 12.1). A correção é uma parte necessária do crescimento de qualquer um. Se ninguém corrigisse nossos erros de gramática, nunca aprenderíamos comunicar bem. Se ninguém mostrasse erros de adição, subtração e outras operações simples, nunca conseguiríamos fazer cálculos mais complexos. Não duvido que todos os alunos gostariam de tirar notas perfeitas na escola, mesmo se seu empenho não merece tal aprovação. E funcionários gostam de elogios e aumentos salariais, mesmo quando não há motivo que justifica esses gestos. Mas não aprendemos quando outros apoiam os nossos erros. Não aperfeiçoamos nosso desempenho em nenhuma área sem o benefício da correção.

A necessidade da correção para progredir se aplica, especialmente, nas questões espirituais. Filhos precisam de pais. Ovelhas precisam de pastores. Todos nós precisamos das orientações que Deus deixou nas Escrituras para nos ajudar a corrigir os nossos erros e acertar o caminho que ele tem traçado para nós. “Como o cão que volta ao seu próprio vômito, assim é o insensato que repete a sua tolice” (Pv 26.11). Com certeza, há bons motivos por trás do instinto que causa o cachorro a lamber seu próprio vômito, mas não sentimos o desejo de imitar seu comportamento. Entendemos que o vômito geralmente é provocado como medida protetora, o corpo expulsando algo que lhe faz mal. A pessoa que vive repetindo seus erros nunca se livra das consequências indesejáveis.

“Você viu alguém que é sábio aos seus próprios olhos? Há mais esperança para um tolo do que para ele” (Pv 26.12). A pessoa que não quer ser criticada e corrigida deixa de buscar conselho e confia cada vez mais na sua própria sabedoria. Ela se acha sábia e, consequentemente, só piora na sua insensatez. “Não havendo direção sábia, o povo fracassa; com muitos conselheiros, há segurança” (Pv 11.14). Bons conselheiros questionam, discordam e ajudam a aprimorar ideias, assim fortalecendo as pessoas que procuram sua ajuda. Quando procuramos ouvir de várias pessoas, pesamos os argumentos e ganhamos da experiência de todas. Mas quando agimos sozinhos, corremos maior risco de errar. Como recebemos a correção? Os sábios a recebem com gratidão!

III. Bênçãos Espirituais aos leitores da Epístola

As bênçãos espirituais nas regiões celestiais dizem respeito à obra de Deus nos eleitos, e é a fonte divina de todas as demais bênçãos na vida dos crentes. Então essas bênçãos espirituais nas regiões celestiais incluem três aspectos: passado (eleição), presente (redenção) e futuro (herança eterna). Na Bíblia, é o apóstolo Paulo quem emprega essa expressão ao declarar: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1.3).

Algumas pessoas consideram que o Antigo Testamento coloca as riquezas materiais em maior valor que as riquezas espirituais. Isso porque é possível encontrar com frequência no Antigo Testamento as promessas de Deus prometendo bênçãos materiais ao povo de Israel como recompensa por sua obediência. Mas esse tipo de interpretação é um erro. Na verdade o Antigo Testamento ensina claramente o valor mais elevado das bênçãos espirituais (cf. Sl 37.16; 73.25; Pv 3.13). Além disso, o próprio Novo Testamento afirma que os verdadeiros crentes do Antigo Testamento tinham consciência da sublimidade das bênçãos espirituais. Na galeria dos heróis da fé, por exemplo, o escritor de Hebreus escreve que a esperança de Abraão não estava depositada numa cidade terrena, mas que ele viveu como estrangeiro e peregrino neste mundo, pois esperava pela cidade celestial, cujo Arquiteto e Edificador é Deus (Hb 11.9,10).

Mas de fato na antiga dispensação havia uma ênfase diferenciada acerca das bênçãos materiais quando comparada ao Novo Testamento e sua maior ênfase nas bênçãos espirituais. Deus, sendo sábio Pedagogo, sabia que naquele tempo era necessária a descrição circunstancial das bênçãos materiais a fim de que, por meio destas, como símbolos o Seu povo escolhido pudesse chegar à justa apreciação do espiritual. Então podemos dizer que as principais bênçãos materiais prometidas a Israel no Antigo Testamento apontavam para a sublimidade das bênçãos espirituais. Por exemplo: a terra de Canaã era símbolo do lar celestial que aguarda o povo de Deus. 

Paulo ensina que os crentes foram eleitos e consequentemente predestinados para a adoção. Através da graça mediante a fé, os crentes – que outrora estavam mortos em delitos e pecados e eram inimigos de Deus – foram ressuscitados espiritualmente e receberam o perdão superabundante de seus pecados. Agora tendo sido reconciliados com Deus, os crentes ainda recebem a garantia de que, de fato, são filhos e herdeiros de uma herança inviolável. Essa garantia é o próprio Espírito Santo.

Conclusão

Quanto a nós, não nos cansemos “de fazer o bem” (v.13), procurando seguir o incomparável exemplo de Cristo. E, tendo em mente que todos nós somos pecadores e que, igualmente, carecemos da graça de Jesus, nos acheguemos, “portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb 4.16). Pois ali, no lugar Santíssimo do santuário celeste, Jesus, o nosso Sumo Sacerdote, intercede por todos nós, de onde está a assinatura de Deus, “de próprio punho” (v.17). “Este é o sinal” (v.17), que o Criador nos deixou nas “tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus” (Êx 31.18). Que quando for revelado “o homem da iniquidade” (2 Ts 2.3), nossa fé prática seja um testemunho de nossa aceitação e obediência “a toda a verdade” (Jo 16.16) e, seguindo os passos do Salvador (Jo 15.10), façamos parte do seleto grupo dos “que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Ap 14.12).



Sugestão de Leitura da Semana: RIBEIRO, Anderson. A Mensagem de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2020.



sexta-feira, 30 de julho de 2021

Por que pessoas na Bíblia vestiam-se de pano de saco?

 




Por Leonardo Pereira



Pano de saco era um tecido rústico usado em várias aplicações, citado frequentemente na Bíblia como um tipo de vestimenta. Roupas de pano de saco serviam para comunicar certas emoções ou atitudes às outras pessoas. Em termos gerais, a roupa de pano de saco mostrava a angústia da pessoa. Mas, angústia e perturbação podem ser resultados de vários fatores e, por isso, observemos alguns motivos mais específicos para o uso desse tecido.

1. Sinal de tristeza e lamentação, especialmente devidas à morte ou às calamidades (Sl 35.13,14; Is 15.1-3; 32.9-12; Ez 27.29-32; Jl 1.8,13; Am 8.10). Quando Jacó recebeu a notícia (falsa) da morte de José, seu filho predileto, ele "rasgou as suas vestes [outro sinal de angústia], e se cingiu de pano de saco, e lamentou o filho por muitos dias" (Gn 37.34). Quando Abner foi morto, Davi ordenou ao povo: “Rasgai as vossas vestes, cingi-vos de panos de saco e ide prateando diante de Abner” (2 Sm 3.30-32). Quando saiu a ordem do rei da Pérsia autorizando a aniquilação dos judeus, Mordecai “se cobriu de pano de saco e ... clamou com grande e amargo clamor”. Os outros judeus mostraram sua angústia com o mesmo sinal de luto (Et 4.1-3). Este sinal, às vezes, acompanhava a mensagem triste de profetas (Ap 11.3-6).

2. Evidência de humildade, especialmente de um suplicante (Sl 30.8,10-11). Ezequias e os outros líderes de Judá se vestiram de pano de saco quando este entrou na presença de Deus para pedir livramento da ameaça assíria (2 Rs 19.1-3,14-19). Ben-Hadade e seus soldados se vestiram de pano de saco e pediram a clemência do rei Acabe de Israel (1 Rs 20.31,32). Daniel disse: “Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza” (9.3).

3. Demonstração de arrependimento (Mt 11.21; Lc 10.13). Os ninivitas ouviram as advertências do profeta de Deus e se converteram, cobrindo-se de pano de saco (Jn 3.5-9). Depois do cativeiro babilônico, os filhos de Israel jejuaram, trouxeram terra sobre si e se vestiram de pano de saco quando chegaram a confessar seus pecados diante do Senhor (Ne 9.1-4). Na aliança de Cristo, não achamos ordens exigindo o uso de pano de saco, cinzas, etc., mas ainda devemos mostrar mudanças no nosso comportamento como pessoas transformadas pela palavra do Senhor (Rm 12.1,2). Isaías advertiu os israelitas do perigo de usar atos externos insincera mente; a verdadeira conversão precisa ser acompanhada de frutos do arrependimento (Is 58.1-10; cf. Mt 3.8).






quarta-feira, 28 de julho de 2021

Qual foi o propósito dos milagres na Bíblia?

 



Por Leonardo Pereira



Muitas pessoas hoje estão procurando milagres por motivos egoístas. Querem curas físicas, mas não se preocupam com a saúde espiritual. Querem prosperidade, mas não buscam as riquezas eternas. Igrejas que enfatizam milagres e negligenciam a pregação da palavra de Deus estão alimentando tais apetites. Jesus fortemente condenou atitudes iguais (João 6:26).

Por que Jesus e outros servos de Deus realizaram milagres? O movimento pentecostal, que pegou fogo desde o início do século XX, tem dado grande ênfase às experiências de manifestações do Espírito Santo de uma maneira que os ensinamentos bíblicos são frequentemente esquecidos. Considere as afirmações bíblicas sobre o propósito dos milagres que Jesus e outros realizaram. Os milagres provaram a fonte da mensagem. Quando Deus enviou Moisés ao Egito, ele lhe deu sinais milagrosos para provar que sua mensagem era realmente divina (Êx 4.1-17).

Os milagres de Jesus provaram seu poder para perdoar pecados. Estude o relato de Marcos 2.1-12, observando especialmente as palavras de Jesus nos versículos 10 e 11: "Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa". O povo entendeu que os sinais introduziram uma nova doutrina. As pessoas em Cafarnaum perguntaram: "Que vem a ser isto? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!" (Mc 1.27).

O Espírito Santo deu poderes miraculosos aos apóstolos para confirmar a palavra que eles pregaram (Mc 16.20). Paulo descreveu esses sinais como "as credenciais do apostolado" (2 Co 12.12). Alguns anos depois, o autor de Hebreus falou que a palavra dos apóstolos foi confirmada junto com o testemunho de "sinais, prodígios e vários milagres" (Hb 2.3,4). A palavra foi revelada, confirmada, e entregue aos santos uma vez por todas (Jd 3). Já recebemos, nas Escrituras, tudo que precisamos para servir ao Senhor (2 Pe 1.3,4; 2 Tm 3.16,17).

Algumas pessoas vão continuar pedindo sinais, como os incrédulos do primeiro século. Mas nós devemos estar contentes em pregar "Cristo crucificado" (1 Co 1.22,23).


domingo, 25 de julho de 2021

Como os discípulos entenderam a Grande Comissão



Depois de Cristo morrer na cruz e ressuscitar ao terceiro dia, disse aos seus discípulos:

Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século (Mt 28:19,20).

Como os discípulos entenderam a “grande comissão” e como eles colocaram em prática? O objetivo desse texto, é responder essas duas questões de forma simples e resumida.

A ordem de Jesus    

A princípio, Jesus deu uma ordem aos seus discípulos: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações”. Ele disse isso, após afirmar que toda a autoridade lhe foi dada no céu e na terra (Mt 28:18), ou seja, os discípulos poderiam pregar o Evangelho porque o trabalho evangelístico daria certo.

A ordem de Jesus era “fazei discípulos” e não simplesmente pregar o Evangelho por pregar. Fazer discípulos demanda tempo, não é nada que se faz da noite para o dia, Jesus é maior prova disso, ele demorou a cerca de três anos e meio para treinar os apóstolos. Além disso, essa “grande comissão” tinha como incumbência de batizar e ensinar a guardar os ensinos de Cristo. Portanto, os discípulos deveriam colocar essa ordem em prática.

Como os discípulos entenderam a ordem de Jesus

Como os discípulos entenderam e colocaram essa ordem de Jesus em prática? Primeiro, eles foram obedientes à palavra de Jesus: “ficai em Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24:49). Segundo, eles oraram porque entendiam que para cumprir a grande comissão era necessário ter uma vida de oração (At 1:13,14; 4:27-31). Terceiro, eles pregavam mensagem de salvação e fazia discípulos. Quando Pedro pregou para uma multidão e quase três mil almas se converteram em Atos 2, eram 14 nações que estavam em Jerusalém celebrando a páscoa, essas pessoas precisavam voltar aos seus lares. Entretanto, os apóstolos inciaram o discipulado com aquelas pessoas que se converteram, deram todo o suporte que elas precisavam, a prova disso está que eles vendiam as suas propriedades para ajudar aqueles que necessitavam. A Bíblia nos informa que não havia necessitado entre eles (At 4:34). Os apóstolos entenderam que, “fazei discípulos de todas as nações”, não era simplesmente pregar uma mensagem de salvação, mas suprir também as necessidades físicas das pessoas. Dessa forma, será que nós como igreja estamos entendendo essa ordem de Jesus igual os discípulos?

As igrejas na atualidade

Atualmente, muitas igrejas se desviaram dessa ordem de Jesus. Muitas delas não tem investido no discipulado, a prova disso são membros fracos na fé, pessoas que vivem um cristianismo superficial, cristãos que não sabem defender sua fé diante do ateísmo propagado pelo mundo. A igreja primitiva crescia de forma saudável porque investia no discipulado, os novos convertidos não eram alimentados com mensagens de auto ajuda, teologia da prosperidade e confissão positiva, mas “perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2.42).

Conclusão

Portando, os discípulos de Jesus entenderam a “Grande de Comissão” no seu sentido amplo. Semelhantemente, devemos entender que o Evangelho não é apenas para contemplar as necessidades espirituais do homem, mas físico e social também. Hoje, muitas igrejas têm deixado de colocar em prática a ordem de Jesus, pelo fato de não investir no discipulado. Se a igreja olhasse mais para o “ide” de Jesus, teríamos um impacto maior em nossa sociedade como: na cultura, política, educação e economia.

 

Sidney Muniz


 

sábado, 24 de julho de 2021

As Coisas de Deus ou as dos Homens?

 




Por Leonardo Pereira



Porque Pedro, que era tão firme pela verdade, às vezes tropeçava?

Pedro é um dos mais fascinantes personagens da Bíblia. Jesus viu o potencial deste "diamante bruto" e trabalhou para lapidá-lo num apóstolo eficiente, que mais tarde se tornou qualificado para servir como presbítero (1 Pe 5.1). Houve momentos de brilho na vida de Pedro. Ele não hesitou de modo nenhum em confessar Jesus, mesmo quando outros estavam inseguros a respeito dele (Mt 16.13-20). Ele proclamava ousadamente o evangelho em Jerusalém, apesar das ameaças dos dirigentes judeus (At 4.18-31; 5.27-32). Ele tinha coragem para obedecer a Deus e pregar aos gentios, mesmo quando isso significava voltar-se contra 1500 anos de tradição religiosa (At 10; 11 e 15).

Mas Pedro também cometeu alguns erros importantes. Ele agia, frequentemente, sem parar para escolher cuidadosamente seu rumo. Nesses momentos, Pedro repreendeu Jesus por falar de sua morte que se aproximava (Mt 16.21-23), e até negou Cristo na sua hora mais difícil (Mt 26.69-75); uma vez agiu como hipócrita ao recusar associar-se com os cristãos gentios (Gl 2.11-17).

Por que o mesmo homem, que era tão firme pela verdade, às vezes tropeçava? Encontramos a chave para o entendimento de Pedro, e talvez de nós mesmos, em Mateus 16. Quando Jesus elogiou a grande confissão de Pedro, disse: "Pois isso não lhe foi revelado por carne nem sangue, mas por meu Pai que está nos céus" (v. 17). Quando Jesus repreendeu Pedro por sua interferência no plano de Deus, disse: "Não tem em mente as coisas de Deus, mas as dos homens" (v. 23). Esta é a chave para nós entendermos Pedro: Quando pensava e agia com base na revelação de Deus, ele luzia brilhantemente. Mas quando permitia à sabedoria humana dirigir, ele tropeçava e pecava.

Pedro aprendeu, finalmente, esta lição. Ele veio a entender a importância do domínio próprio, perseverança e amor, e disse que aqueles que desenvolvessem tais qualidades não tropeçariam (2 Pe 1.3-11). Este é o conselho de um apóstolo que cresceu em Cristo. É a chave para o sucesso espiritual. Precisamos enraizar firmemente nossas vidas na sabedoria da revelação de Deus. Se o fizermos, entraremos no reino eterno de nosso Salvador.


Comentário Bíblico Mensal: Julho/2021 - Capítulo 4 - Exortações na Caminhada Cristã

 




Comentarista: Walter Menezes



Texto Bíblico Base Semanal: 2ª Tessalonicenses 3.1-10


1. No demais, irmãos, rogai por nós, para que a palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada, como também o é entre vós;

2. E para que sejamos livres de homens dissolutos e maus; porque a fé não é de todos.

3. Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno.

4. E confiamos quanto a vós no Senhor, que não só fazeis como fareis o que vos mandamos.

5. Ora o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus, e na paciência de Cristo.

6. Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu.

7. Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós,

8. Nem de graça comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós.

9. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes.

10. Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.


Momento Interação

O encorajamento de Paulo aos tessalonicenses o levou a pedir o encorajamento que vem da oração para ele mesmo e para os demais pregadores do evangelho. Em 1 Tessalonicenses 5.25, encontraremos também um versículo no qual Paulo pede orações. Durante os seus anos de ministério, o apóstolo Paulo enfrentou constantes ameaças de perigos físicos. Paulo está finalizando a Segunda Epístola aos Tessalonicenses pedindo a eles oração para que a Palavra do Senhor seja propagada como estava sendo propagada entre eles. Também fez questão de pedir para que fossem livres de homens perversos e maus, sabem porquê? Por que a fé não é de todos! Ora, quem primeiro nos disse que a fé não é de todos foi o próprio Senhor quando nos contou e nos ensinou a parábola do joio e do trigo. Não há dúvida, enquanto estivermos aqui, conviveremos com o joio e ele nos dará certo trabalho, mas não é para desanimarmos como ensinou um pai a seu filho querido em 1 Crônicas 28.20.

Introdução

Paulo está finalizando a Segunda Epístola aos Tessalonicenses pedindo a eles oração para que a Palavra do Senhor seja propagada como estava sendo propagada entre eles. Também fez questão de pedir para que fossem livres de homens perversos e maus, sabem porquê? Por que a fé não é de todos! Ora, quem primeiro nos disse que a fé não é de todos foi o próprio Senhor quando nos contou e nos ensinou a parábola do joio e do trigo. Não há dúvida, enquanto estivermos aqui, conviveremos com o joio e ele nos dará certo trabalho, mas não é para desanimarmos como ensinou um pai a seu filho querido em 1 Crônicas 28.20.

O encorajamento de Paulo aos tessalonicenses o levou a pedir o encorajamento que vem da oração para ele mesmo e para os demais pregadores do evangelho. Em 1 Tessalonicenses 5.25, encontraremos também um versículo no qual Paulo pede orações. Durante os seus anos de ministério, o apóstolo Paulo enfrentou constantes ameaças de perigos físicos. Essa passagem (juntamente com Rm 15.30-31; 2Co 1.11; Fp 1.19) deixa claro o quanto ele contava com as orações do povo de Deus para a continuação do seu ministério e para a sua própria sobrevivência. Três pedidos se destacam em seu pedido de oração:

(1)   Que a palavra do Senhor se propague rapidamente.
(2)   Que o Senhor receba a hora merecida.
(3)   Que sejam libertos dos homens perversos e maus, pois a fé não é de todos.

Nota-se a preocupação com a palavra, com a glória devida ao nome do Senhor e o cuidado com as perseguições. Em contraste com a infidelidade dos homens mencionados no versículo anterior está a inabalável fidelidade do Deus imutável (2 Ts 3.3). Sendo o Senhor fiel, ele tem certeza de que Deus os fortalecerá e os guardará do Maligno. Também confiam no Senhor que eles fariam e continuariam a fazer as coisas que eles tinham ordenado e que era para o bem deles.

I. A Importância da Oração pelos Ministros da Palavra de Deus

Havendo falado muito sobre o reto juízo de Deus contra os rebeldes (2 Ts 1.6-10; 2.7-12), Paulo agora mostra como os irmãos podem ajudá-los antes que seja tarde demais. Para escapar do juízo, é necessário conhecer a Deus e obedecer ao evangelho (2 Ts 1.8). Consciente disso, Paulo pede que os tessalonicenses orem a favor de seu trabalho. Antes ele elogiou o exemplo deles em propagar a palavra (1 Ts 1.6-10). Agora pede as suas orações para que possa pregar com a mesma coragem e fé (2 Ts 3.1). Antes ele ensinou que Deus julgará os que perturbam os servos fiéis (2 Ts 1.6). Agora pede orações para que os "homens perversos e maus" que rejeitam a fé não impeçam que ele pregue livremente (2 Ts 3.2; At 17.1-5, 10-13). Mesmo que alguns desprezem o evangelho, o Senhor se mantém fiel. Assim, os que aceitam e continuam na palavra serão espiritualmente confirmados e protegidos contra o diabo, a fim de conseguirem maior amor e firmeza no Senhor (2 Ts 3.3-5; Fp 4.4-9).

Enquanto alguns são rebeldes contra Deus por ainda não haverem ouvido e reconhecido a palavra da verdade, há outros que se rebelam mesmo depois de se converter ao Senhor. No caso destes, é preciso mais do que apenas oração. Paulo ensina que é necessário se separar de "todo irmão que ande desordenadamente" (2 Ts 3.6). A palavra "desordenadamente" é uma palavra militar que descreve um soldado que não segue as instruções do seu comandante, ou que marcha fora da ordem dos outros da sua companhia. As instruções que dão ordem são "a tradição que de nós recebestes", ou seja, a palavra do evangelho que Paulo pregou, junto com o próprio exemplo dele (2 Ts 3.6-9; 2.15).

Na sua primeira carta, Paulo falou da necessidade de "admoestar os insubmissos" (1 Ts 5.14), algo que ele mesmo fez enquanto estava junto deles (2 Ts 3.10). Na segunda carta o assunto em questão é de irmãos que, em vez de trabalhar para o seu sustento e para ajudar outros, "andam desordenadamente" e "se intrometem na vida alheia" (2 Ts 3.10-13; Ef 4.28). Paulo diz que qualquer irmão que "não preste obediência à nossa palavra" deve ser "notado", que a associação com o grupo deve ser cortada, e que os irmãos devem adverti-lo (2 Ts 3.14,15). O ensino de Paulo de se apartar destes insubmissos talvez pareça radical, mas visa a correção e a salvação deles. Notando-os publicamente e afastando-os do grupo fará com que sintam vergonha dos seus pecados. Assim, com as advertências contínuas dos irmãos em amor, a esperança é que eles se arrependam e voltem a servir a Cristo (1 Co 5.1-5,9-11; 2 Co 2.5-7). Confiante que os tessalonicenses continuarão servindo a Deus de acordo com a palavra, Paulo deseja paz e a presença do Senhor com eles (2 Ts 3.16-18). Se nós desejarmos estas coisas, temos que aplicar plenamente o ensino do evangelho em nossas vidas.

II. A Confiança no Zelo do Senhor pelo seu Povo

No coração do último capítulo de 2 Tessalonicenses está a preocupação de Paulo com os “desordeiros” ou pessoas “ociosas” na congregação. Mas a palavra grega aqui (ataktos, vs. 6, 11) não é sinônimo de preguiça. Tem mais a ver com atitude irresponsável. Os membros desordeiros de Tessalônica não estavam apenas ociosos, eles estavam indo de um lugar a outro para criar perturbação. Eles passavam o tempo discutindo teologia ou criticando o comportamento dos outros, em vez de ganhar o seu sustento: “não trabalham, mas andam se intrometendo na vida alheia” (v. 11, NVI). Eles estavam se metendo na vida de todo mundo em vez de cuidar da própria! O fato de Paulo ter abordado este assunto outras vezes (1 Ts 4.9-12) indica que era um grande problema na igreja em Tessalônica.

O resultado final é uma atmosfera tóxica de espírito de críticas e culpa que soa muito parecido com o que estava acontecendo na igreja em Tessalônica. O conselho de Paulo? Cuide da sua própria vida. Mantenha seu foco no Senhor. Não se canse de fazer o bem aos outros. Faça o seu trabalho de maneira discreta (1Ts 4.11; 2 Ts 3.12), gerenciando seus próprios problemas. Determine-se a exercer uma diferença positiva em vez de negativa. Siga o exemplo amoroso, perdoador e misericordioso de Jesus e dos apóstolos.

III. Valorizemos a Missão do Trabalho

Do vs. 6 ao 15, veremos a importância do trabalho, pois havia entre eles ociosos que viviam à custa dos outros irmãos. Paulo tomou medidas firmes contra o persistente problema de andar desordenadamente e suas consequências (vs. 10; cf. 1 Ts 4.11). Embora considerasse séria essa ofensa deles, ainda assim ele tratou os ofensores como irmãos. Um dos modos de compreender essa frase é que Paulo deve ter tido em mente as instruções de nosso Senhor sobre a disciplina eclesiástica registrada em Mt 18.15-17 (o apóstolo deu ordens semelhantes em 3.14-15; Rm 16.17; 1Co 5.9-13; 2Tm 3.1-5; Tt 3 10-11).

Alternativamente, a intenção de sua instrução pode ter sido simplesmente evitar associação com essas pessoas durante o tempo em que elas estivessem andando desordenadamente, a fim de impedir uma aparência de tolerância ao pecado. O apóstolo Paulo ensinou de modo coerente que aqueles que trabalham para o evangelho são dignos de receber remuneração (1 Tm 5.17-18). Normalmente, o apóstolo aceitava ajuda financeira para o seu ministério, mas quando ele temia que seus motivos fossem postos em dúvida ou quando, como em Tessalônica, um exemplo forte precisava ser dado para aqueles que eram avessos ao trabalho, ele renunciava ao seu direito e recusava qualquer remuneração (veja 1Co 9.3-18). Esse versículo 10 pode indicar que o problema de andar desordenadamente havia começado a aparecer antes que Paulo e seus companheiros tivessem deixado a cidade.

Ainda nessa ocasião eles sentiram que era necessário estimular os desordenados a se ocuparem de maneira proveitosa. Sem trabalhar, as pessoas que andam desordenadamente ficam ociosas e passam a se ocupar da vida alheia. O vs. 12 é muito claro e a ordem de Paulo era no nome do Senhor Jesus Cristo que trabalhassem tranquilamente e comessem o seu próprio pão. Já a recomendação de fazer o bem sem nunca se cansar disso era para todos e alcança todos. No entanto, se alguém não fizesse caso dessas palavras e desprezassem esse ensino, Paulo chega a dizer que nem com eles deveríamos mais nos associar para que assim ficassem envergonhados e fossem curados. A atitude de despertar sentimento de vergonha não tinha a intenção de punir, mas sim de provocar arrependimento e, por fim, restauração da comunhão da igreja. Afinal, não são inimigos, antes precisavam de correções.

Conclusão

Paulo finalizou a carta com uma bênção e a assinou. Paulo concluiu com uma bênção e acrescentou uma mensagem de próprio punho para validar a sua epístola. Esse título “Senhor da paz” era particularmente importante para os tessalonicenses, visto que eles enfrentavam perseguição. Enquanto eles estivessem vivendo neste mundo, Jesus era a fonte de paz dentro de seus corações (Fp 4.7; Cl 3.15). Além disso, ele era a esperança deles para um mundo futuro no qual a paz substituiria todas as tribulações, tanto as interiores como as exteriores (Rm 14.17). 

Embora o apóstolo Paulo tenha feito uso de amanuenses para redigir suas epístolas, ele muitas vezes escrevia uma saudação final ou uma bênção de próprio punho. Ele chamou a atenção para essa prática como um sinal adicional de autenticidade, para contra-atacar os falsificadores que já tinham aparecido em Tessalônica ou que poderiam vir a aparecer ali no futuro (1 Co 16.21; GI 6.11; Cl 4.18; Fm 19). Ao fazer isso, Paulo lembrou seus leitores de sua autoridade apostólica, a qual nunca deveria ser contestada na igreja (1Co 14.37).



Sugestão de Leitura da Semana: GONÇALVES, Matheus. Vida com o Senhor. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.


quinta-feira, 22 de julho de 2021

O que se torna possível pela fé

 




Por Leonardo Pereira



“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus...” (Hb 11.6). É possível que agrademos a Deus, porém somente pela fé podemos fazê-lo. O exemplo de Enoque nos mostra como podemos nos identificar com Deus quando temos fé real. Enoque “andava com Deus” (Gn 5.24). E sua caminhada com Deus, baseada na fé, teve resultados incríveis. “Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes de sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus” (Hb 11.5).

De acordo com o texto, Enoque agradara a Deus pela fé. Isso quer dizer que o mero fato de “crença” intelectual agrada a Deus? Não! Temos que ter uma fé que busque diligentemente a Deus em uma confiança que seja tanto esperançosa quanto amorosa. “Visto que andamos por fé e não pelo que vemos. Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor. É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis.” (2 Co 5.7-9). Se fizermos com que o nosso objetivo agrade a Deus, temos de compreender que essa possibilidade maravilhosa somente pode ser realizada pela obediência que vem pela fé. “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6).

A fé faz parte do grande trio: fé, esperança e amor. E, de fato, a fé que torna possível agradar a Deus possui uma grande quantidade de esperança e amor. Esses três atributos espirituais olham para o futuro com confiança. Trabalhando juntos, produzem a “operosidade da fé”, a “abnegação do vosso amor” e a “firmeza da vossa esperança” (1 Ts 1.3). Considere que a fé pela qual chegamos a Deus e lhe agradamos não vive sem a esperança real. Enquanto a fé nos dá esta visão de como são grandes as nossas possibilidades com Deus, é a esperança que fervorosamente deseja que essas possibilidades se realizem. Mais do que isso, a esperança espera que se realizem! E essa esperança nos leva a imitar o caráter de Deus e crescer na pureza. “E a si mesmo se purifica todo aquele que nele tem esta esperança, assim como ele é puro” (1 Jo 3.3).

Pela fé, buscamos agradar a Deus porque o amamos. É a fé que dá asas ao desejo natural do amor. Demonstrando-nos, não somente que Deus pode se contentar conosco, mas também como podemos fazê-lo, a fé dá a verdadeira substância ao desejo mais elevado do amor: agradar ao nosso Deus amado.


quarta-feira, 21 de julho de 2021

Cristo Versus Confusão Religiosa

 




Por Leonardo Pereira



Há uma infindável variedade de filosofias e ensinamentos religiosos, muitos dos quais parecem bem convincentes; contudo são frequentemente contraditórios. Como podemos determinar quais são os certos e quais os errados? Como podemos encontrar a verdade e evitar sermos enganados? A Bíblia contém muitas advertências sobre o falso ensinamento e a possibilidade de engano. Mas as Escrituras também oferecem esperança. Em Colossenses 2:4, Paulo escreveu: "Assim digo para que ninguém vos engane com raciocínios falazes". Paulo estava dando instruções sobre como evitar ser desencaminhado por falsos ensinamentos. O que Paulo ensina em Colossenses, que nos ajudará a entender a verdade e evitar o labirinto desnorteador das religiões conflitantes?

A Grandeza de Cristo

O principal tema do livro de Colossenses é a importância de Jesus Cristo. No capítulo 1, Paulo escreveu sobre ele: "Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as cousas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as cousas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as cousas ter a primazia" (Colossenses 1.15-18). Cristo é tudo. Ele é nosso Senhor. A meta central e esperança do evangelho é que Cristo viva em nós (1.27).

No capítulo 2, Paulo mostra que a grandeza de Cristo é exclusiva. Todos os tesouros de sabedoria e de conhecimento estão em Cristo (2.3). Não há nenhuma verdade ou entendimento fora dele. A plenitude da divindade está em Cristo (2.9). Não há nenhuma parte da natureza e do ser de Deus que não esteja expressada em Jesus. Achamos nossa perfeição em Cristo (2.10). Nele está a circuncisão espiritual, o perdão e a nova vida (2.11-13). Quando morreu, Jesus tirou o poder das forças satânicas, ganhando sobre eles uma decisiva vitória (2.15). Jesus é a realidade à qual todas a leis, festas e símbolos do Velho Testamento apontavam (2.16,17). Todo o crescimento do corpo depende de Cristo, que é a cabeça (2.19). Qualquer busca da verdade, do entendimento, ou do crescimento espiritual fora de Cristo com certeza vai falhar.

O capítulo 3 continua a ressaltar a centralidade de Cristo: "Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as cousas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas cousas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória" (Cl 3.1-4). Tendo sido ressuscitados com Cristo, ele tem que se tornar nossa verdadeira vida. Cada relação na família e dentro da sociedade depende do Senhor Jesus (3.18-4.1). De fato: "Cristo é tudo em todos" (3.11).

Cristo possui toda a autoridade. Para entender a verdade e evitar a confusão, temos que ter uma forte convicção da supremacia de Cristo (2.2). Tudo o que ele diz é absolutamente certo; tudo o mais é absolutamente inútil. Cristo é a vereda, a árvore, o edifício, a escola. Temos que caminhar nele, enraizarmo-nos nele, sermos edificados sobre ele e sermos ensinados por ele (2.6,7). Uma palavra do Senhor tem mais valor do que uma tonelada de ideias e opiniões dos homens.

Aplicações

Paulo especificamente aplicava estes princípios. Ele até parece estar discutindo religião no Brasil dos anos 90.

Filosofias humanas:

"Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo" (Cl 2.8). Muito ensinamento religioso de hoje em dia tem sua origem na sabedoria, tradições e superstições dos homens, não em Cristo. A fascinação sedutora do entendimento e da pesquisa humana é um dos principais apelos de religiões tais como a maçonaria, a rosacruz e o espiritismo. Até mesmo as ênfases dentro das religiões "cristãs" sobre poderes especiais associados com vários objetos santos, peregrinações a santuários e preces poderosas recitadas são apelos às tradições e filosofias dos homens. Se não é o que Cristo revelou, então é sem valor. A proteção contra o engano é perceber que em Cristo está todo o conhecimento.

Religião que ressalta o poder do diabo: "E, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz" (Cl 2.15). Algumas igrejas esquecem a arrasadora vitória que Jesus teve sobre Satanás e suas forças, e terminam ressaltando o poder do diabo mais do que a grandeza de Cristo. Elas concebem fórmulas e meios humanos para tentar escapar da influência do diabo. Estes métodos parecem ajudar somente por curto tempo; o diabo continua retornando. Mas Cristo venceu Satanás. Que absurdo é para aqueles que receberam o benefício da vitória de Cristo, voltarem ao domínio daquelas forças que ele derrotou.

Leis do Velho Testamento:

"Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das cousas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo" (Cl 2.16,17). Deus planejou as leis e as comemorações do Velho Testamento para serem sombras de Cristo. Agora temos a Cristo, que é a plenitude da divindade. Ele é a realidade. Retornar às sombras é tolice.

Visões, anjos e revelações:

"Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal" (Cl 2.18). Quando entendemos que em Cristo está a perfeição, veremos claramente que nenhuma visão, nenhuma comunicação de um anjo ou de um espírito, e nenhuma revelação de um profeta moderno tem qualquer valor (Gl 1.6-9). As religiões frequentemente oferecem algo mais: É ótimo ter Jesus e sua palavra, mas o que realmente precisamos é de uma profetisa como Ellen G. White, um livro como o livro de Mormon, uma revista como Sentinela ou as mensagens do mais recente autonomeado profeta. Estes são "os raciocínios falazes"; cuidado!

Preceitos extras:

"Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquilo ou outro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas cousas, com o uso, se destroem. Tais cousas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade" (Cl 2.20-23). Paulo fala das tentativas para conseguir mais espiritualidade acrescentando preceitos e regulamentos humanos. Estas restrições ascéticas parecem ser sábias, mas são inúteis, porque se originam nos homens. As igrejas têm produzido centenas de preceitos, proibindo seus seguidores de participar de prazeres lícitos, na tentativa de evitar a contaminação pelo mundo. Frequentemente estes preceitos parecem razoáveis. Algumas pessoas fazem dos esportes o seu deus, então as igrejas condenam toda a participação no futebol. 

Conclusão

Muitos programas de televisão são sensuais e violentos, assim fazem um pecado ter um aparelho de televisão em casa. Algumas calças compridas são sensuais, então passam um preceito que a mulher não pode usar calça comprida nenhuma. Algumas pessoas ressaltam exageradamente a aparência externa, por isso proíbem o uso de toda a pintura e joias. E a lista continua. O que está acontecendo? Em vez de estarem satisfeitos com a perfeição em Cristo, as pessoas estão tentando ser "melhores" do que o ensinamento de Jesus. Quando os fariseus tentaram a mesma abordagem, eles encontraram a contundente reprovação do Senhor (Mc 7.1-13; Mt 15.1- 23). O que as igrejas aprenderam é que é mais fácil fazer com que as pessoas obedeçam a uma lista de regras humanas externas do que experimentar a transformação espiritual interna que Cristo exige. Mas os preceitos humanos não agradam a Deus. 


domingo, 18 de julho de 2021

O que podemos aprender com as murmurações de Israel?



Deus pela sua graça e misericórdia tirou o povo de Israel do Egito, onde estavam escravizados pelas mãos de Faraó. Deus fez vários milagres diante de Israel, o povo viu o mar vermelho se abrindo, Deus derrotando os egípcios, uma nuvem guiando-os pela manhã e uma coluna de fogo durante a noite. Entretanto, eles caíram no pecado da murmuração, por causa disso, sofreram muitas consequências. Diante disso, podemos tirar algumas lições para a nossa vida com as murmurações de Israel.   

O que é murmuração?

Primeiramente, é importante definir o que é “murmuração” para compreender melhor as murmurações de Israel. Segundo o dicionário Michaelis, murmuração significa o “ato ou efeito de murmurar, murmúrio, falatório maledicente, calúnia, detração e maldizer”.[1] No sentido bíblico, murmuração denota resmungar, desprazer secreto não declarado abertamente.[2]

As murmurações de Israel

Após definir a palavra murmuração, podemos destacar quatro murmurações de Israel durante a sua peregrinação para à terra prometida. Primeira, pela falta água (Ex 17.1-7). O povo começou a murmurar pela falta de água quando acamparam em Refidim (Ex 17.1). Disseram a Moisés: “Por que você nos tirou do Egito, para nos matar de sede, a nós, a nossos filhos e aos nossos rebanhos?” (Ex 17.3).

Segundo, pelo alimento (Ex 16.1-3; Nm 11.4-6). No deserto, eles murmuraram contra Moisés e começaram a sentir saudades das comidas dos egípcios, como do pepino, peixes, melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos (Nm 11.5). Ainda falaram contra Deus: “Mas agora a nossa alma está seca, e não vemos nada a não ser este maná” (Nm 11.6).

Terceiro, pela terra (Nm 13.25-33). Moisés escolheu doze espias para espiar à terra. Os doze foram e trouxeram o relatório da terra diante do povo, falaram que à terra era boa, manava leite e mel, mas o povo era mais forte que Israel porque eram gigantes e mais fortes. Por causa disso, os filhos de Israel murmuraram: "Porque o Senhor nos traz a esta terra, para cairmos a espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não seria melhor voltarmos para o Egito? (Nm 14.3).

Quarto, pela liderança (Nm 16.1-50). Corá, Datã e Abirão se levantaram com duzentos e cinquenta homens dos filhos de Israel contra a liderança de Moisés e Arão (Nm 16. 2). O argumento dos que incitaram a rebelião era que toda a congregação era santa e Moisés com Arão estavam se exaltando sobre ela.

Portanto, será que a semelhança de Israel não estamos caindo no mesmo pecado de murmuração? Quando reclamarmos do pão de cada dia que Deus coloca em nossa mesa e da liderança da igreja quando ela faz o que é correto?

As consequências das murmurações de Israel

Apesar de Israel murmurar contra Deus de várias forma no deserto, essas murmurações trouxeram consequências para o povo. A primeira consequência, os murmuradores não entraram na terra prometida. Da geração que saiu do Egito, apenas Calebe e Josué entraram na terra prometida (Nm 14.30), os outros morreram no deserto e apenas a geração que nasceu no deserto entraram na terra. A segunda consequência, pragas no meio do povo. Os dez espias que fizeram murmurar toda a congregação de Israel contra Moisés, maldizendo da terra, esses homens morreram de praga diante do Senhor (Nm 14.36,37). Por último, foram derrotados diante de seus inimigos. Moisés conta ao povo tudo o que Deus iria fazer com eles devido a seus pecados, com isso, eles ficam tristes e decidem derrotar seus inimigos para conquistar a terra prometida. Contudo, Moisés os advertem a não enfrentarem os seus inimigos porque Deus não seria com eles, o povo não deu ouvidos a palavra do Senhor sendo derrotados pelos amalaquitas e cananeus (Nm 14.44,45).

Em suma, podemos aprender que a murmuração pode trazer consequências graves a vida cristã. Ela impediu de Israel conquistar suas vitórias diante de seus inimigos, como também de alcançar a terra prometida.

Como vencer as murmurações

Diante disso, podemos nos perguntar: como o cristão vence as murmurações? Podemos vencer de três maneiras. Primeiramente, confiando na soberania de Deus. Toda a murmuração de Israel mostrava a sua falta de confiança em Deus, quando confiamos no Senhor a murmuração não tem espaço para ocupar o nosso coração. Cremos em um Deus bom, criador de todas as coisas, Ele não abandona o seu povo e nem entregou ao acaso, mas que dirige e governa conforme a sua santa vontade.[3] Segundo, grato a Deus. Quando murmuramos contra Deus, estamos mostrando através de nossos atos e palavras que não estamos satisfeitos com a sua providência e nem gratos pelas circunstâncias. Sobre isso, Paulo escreveu: “em tudo deem graças, porque esta é a vontade de Deus para você em Cristo Jesus” (1Ts 5.18). “Um coração grato jamais se dobrará diante das murmurações”. Terceiro, cânticos de louvor a Deus. Paulo escreveu para a igreja de Éfeso: "falando entre vocês com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando com o coração ao Senhor (Ef 5.19). Paulo demonstra que uma das características de quem está cheio do Espírito Santo, é um coração voltado para o louvar a Deus. A ordem bíblica é: "quem está triste, ore. Quem está alegre, canta (Tg 5.13). O louvor no livra de toda murmuração, como diz certo hino da harpa cristã: “Em vez de murmurares, canta. Um hino de louvor a Deus”.[4]

Dessa maneira, louvando a Deus, grato diante de qualquer circunstância e confiando na sua soberania, jamais cairemos no pecado da murmuração. Por outro lado, se cairmos, Deus perdoará os nossos pecados se confessarmos a Ele (1Jo 1.9).

Conclusão

Portanto, a murmuração prejudicou extremamente a vida espiritual de Israel. As lições diante disso, é que o povo sofreu muitas consequências por causa desse pecado e muitos não alcançaram a terra prometida. Além disso, podemos guardar o nosso coração da murmuração com um coração grato a Deus, confiando na sua providência e louvando ao Senhor. Por último, seguindo a orientação bíblica:

Fazei tudo sem murmurações nem contendas (Fp 2:14).

Nem murmureis, como alguns deles murmuraram sendo destruídos pelo exterminador. Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado (1Co 10:10,11).

 

Sidney Muniz

Notas:



[1] Site michaelis.uol.com.br

[2] Aplicativo My Bible

[3] Confissão Belga

[4] Harpa Cristã – 302


 

sábado, 17 de julho de 2021

Comentário Bíblico Mensal: Julho/2021 - Capítulo 3 - A Vinda de Cristo e as Manifestações do Anticristo

 




Comentarista: Eliezér Gomes



Texto Bíblico Base Semanal: 2 Tessalonicenses 2.1-17


1. Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele,

2. Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto.

3. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição,

4. O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus.

5. Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco?

6. E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado.

7. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado;

8. E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda;

9. A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira,

10. E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.

11. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira;

12. Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade.

13. Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade;

14. Para o que pelo nosso evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.

15. Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.

16. E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Deus e Pai, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna consolação e boa esperança,

17. Console os vossos corações, e vos confirme em toda a boa palavra e obra.


Momento Interação

Paulo tratou de diversos tópicos de importância para os tessalonicenses. O apóstolo os encorajou a rejeitarem os falsos profetas que ensinavam que Cristo já havia voltado. Ele relembrou seus primeiros ensinos de que a apostasia e o homem da iniquidade precederão a vinda de Cristo. Paulo pediu aos tessalonicenses para orarem por ele e pelo ministério de pregação do evangelho. Ele escreveu sobre o problema contínuo de andar desordenadamente, e que os cristãos devem ser fiéis em suas responsabilidades diárias nesta vida. Paulo fala aqui da volta de Jesus e da nossa união com ele. Que maravilha! Não é aquela união patética e sem graça de filosofias que excluem a pessoalidade das pessoas tornando-as um com Deus, sem qualquer individualidade. Nós também somos um com Deus, mas permanecemos sendo pessoas individuais. A preocupação de Paulo, como sempre, era de que não fossem enganados e todo seu trabalho fosse feito em vão. Ele zela por suas ovelhas e geme por elas até que Cristo nelas seja formado. Alerta então os irmãos para não serem enganados por eventos que ainda dependem de outros para que ocorram.

Introdução

Paulo fala aqui da volta de Jesus e da nossa união com ele. Que maravilha! Não é aquela união patética e sem graça de filosofias que excluem a pessoalidade das pessoas tornando-as um com Deus, sem qualquer individualidade. Nós também somos um com Deus, mas permanecemos sendo pessoas individuais. A preocupação de Paulo, como sempre, era de que não fossem enganados e todo seu trabalho fosse feito em vão. Ele zela por suas ovelhas e geme por elas até que Cristo nelas seja formado. Alerta então os irmãos para não serem enganados por eventos que ainda dependem de outros para que ocorram.

Paulo tratou de diversos tópicos de importância para os tessalonicenses. O apóstolo os encorajou a rejeitarem os falsos profetas que ensinavam que Cristo já havia voltado. Ele relembrou seus primeiros ensinos de que a apostasia e o homem da iniquidade precederão a vinda de Cristo. Paulo pediu aos tessalonicenses para orarem por ele e pelo ministério de pregação do evangelho. Ele escreveu sobre o problema contínuo de andar desordenadamente, e que os cristãos devem ser fiéis em suas responsabilidades diárias nesta vida. Nesse ponto, Paulo deu início à parte principal de sua epístola, instruindo os tessalonicenses sobre diversas questões importantes. Ele tratou da volta de Cristo (2 Ts 2.1-17), pediu orações (2 Ts 3.1-5) e insistiu que os crentes deveriam evitar o problema de andar desordenadamente com base numa interpretação incorreta da mensagem do evangelho (2 Ts 3.6-15).

Sobre a volta de Cristo, Paulo rebateu os falsos profetas que anunciavam que Cristo já havia voltado. Quando Paulo se referiu à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e ao nosso reencontro com ele, ele estava falando do "arrebatamento" dos santos (1Ts 4.17). O apóstolo Paulo não separou em múltiplas fases a reunião dos crentes com Cristo, como algumas perspectivas sobre a segunda vinda sugerem. Nessa sentença, o apóstolo equiparou o momento da vinda de Cristo com o arrebatamento na expressão "Dia do Senhor". Em outras passagens, a cena de todos os crentes reunidos diante do Senhor acontece "na sua vinda" (1 Co 15.23; 1Ts 2.19) e no "Dia do Senhor" Jesus (lTs 5.2; cf. 1 Co 1.7-8; 2 Co 1.14; Fp 2.16).

I. O Dia do Senhor está Perto!

A vinda do Dia do Senhor, um dia de escuridão e castigo (Jl 2.1,2). Ele emprega no livro referências a uma praga devastadora de gafanhotos que é comparada à invasão de um exército forte: “Correm como valentes; como homens de guerra, sobem muros; e cada um vai no seu caminho e não se desvia da sua fileira.... Assaltam a cidade, correm pelos muros, sobem às casas; pelas janelas entram como ladrão” (Jl 2.7,9). O castigo é tão terrível que as luminárias do céu retêm a sua luz: “Diante deles, treme a terra, e os céus se abalam; o sol e a lua se escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor” (Jl 2.10; 3.15).

Depois destas descrições do castigo, o profeta levanta uma pergunta que pede resposta: “O SENHOR levanta a voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque é poderoso quem executa as suas ordens; sim, grande é o Dia do SENHOR e mui terrível! Quem o poderá suportar?” A resposta implícita nos versículos seguintes é uma das lições mais valiosas do livro, pois mostra que o homem que pode suportar um julgamento divino é aquele que se converte ao Senhor de fato: “Ainda assim, agora mesmo, diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto. Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal” (Jl 2.12,13). Deus avisa sobre o castigo iminente e chama seu povo a se arrepender. A resposta depende de cada um!

Em João 5.28,29 Jesus disse que todos os mortos (os justos e os ímpios) ouvirão sua voz, ao mesmo tempo, para saírem de suas tumbas. 1 Coríntios 15.50-55 indica que aqueles que ainda estiverem vivos, no retorno de Cristo, serão transformados de modo que possam herdar o reino de Deus, com corpos glorificados e incorruptíveis. Quando Cristo voltar, o mundo será destruído pelo fogo. "Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas cousas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus incendiados serão desfeitos e os elementos abrasados se derreterão" (2 Pe 3.10-12). Muitos estão esperando que Cristo volte e fique na terra por muitos anos; mas isto será impossível, desde que a terra será destruída quando ele voltar.

Quando Cristo retornar, ele levará todos os homens para encontrá-lo no julgamento. Mateus 25.31-46 descreve o julgamento, minuciosamente. Aqui, Jesus disse que isso acontecerá quando ele voltar (v. 31). Paulo, também, falou do julgamento que acontecerá, na volta de Cristo. "E a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho do nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos, e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquando foi crido entre vós o nosso testemunho)" (2 Ts 1.7-10).

Quando Cristo voltar, ele devolverá o reino a Deus. "Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte" (1 Co 15.23-26). Cristo está reinando agora. Ele reinará até que o último inimigo seja destruído. Então ele devolverá o reino ao seu Pai. O último inimigo é a morte. Cristo destrói a morte pela ressurreição. Portanto, quando Cristo voltar e levantar todos os homens, ele estará destruindo o último inimigo e entregará, então, o reino ao Pai, para que ele reine eternamente.

II. As Manifestações do Anticristo

Como a "apostasia" deve vir e o "homem da iniquidade" (vs. 3) deve ser revelado antes que chegue o Dia do Senhor, os dois sinais devem também ocorrer antes do arrebatamento dos santos. Se os falsos mestres estavam alegando que o Dia do Senhor já havia acontecido (2 Ts 2.2) e estavam desse modo antecipando o arrebatamento para qualquer momento, o erro deles poderia ser desmascarado pela ausência desses sinais. É possível que epístolas falsificadas que usavam o nome de Paulo já estivessem em curso, pois o uso de pseudônimos era uma prática comum no mundo mediterrâneo daquela época. Com o objetivo de marcar essa epístola como genuína, o apóstolo a finalizou com sua própria assinatura (3.17-18). A ordem de Paulo tinha a intenção de assegurar que nenhum meio de ensino - até mesmo aquele pretensamente vindo dele - deveria ser acatado se afirmasse que o Dia do Senhor já tinha chegado.

No Antigo Testamento, o Dia do Senhor refere-se ao dia em que Deus destrói definitivamente seus inimigos e abençoa o seu povo (JI 3.14-21). Embora seja possível dizer que esse dia teve início durante o ministério terreno de Cristo, Novo Testamento geralmente reserva o termo para o dia em que Cristo retornará, quando esse acontecimento profético será consumado em toda a sua plenitude. Paulo os alerta para que não fossem enganados, mas antes do evento de Cristo vira a apostasia e depois seria revelado o homem do pecado, o filho da perdição (2 Ts 2.3). Isso deve se referir ao abandono da fé de muitos dentro da igreja (1Tm 4.1; 2Tm 3.1-9; Jd 17-19), ou a uma rebelião mundial contra Deus e contra a ordem. Essa apostasia está ligada ao "homem da iniquidade". As Escrituras não dão detalhes sobre essa expressão, porém parece mais fácil compreendê-la aplicando-a a um homem em particular que incorpora a impiedade, sobretudo na esfera da religião (cf. 1Jo 2.22).

Ele afastará aqueles que já se encontram inclinados contra o verdadeiro Deus (vs. 10) e cometerá, por fim, a mais abominável profanação de impor a si mesmo sobre a humanidade como seu objeto de culto (vs. 4). Ele virá segundo a eficácia de Satanás, como o oposto de Cristo, que veio segundo o poder de Deus (vs. 9); ele operará milagres fraudulentos, em contraste com Cristo, que operou os verdadeiros (v. 9; cf. At 2.22).Paulo retratou esse impostor como uma paródia vil do verdadeiro Cristo - como a sua antítese. Embora o apóstolo mesmo não tenha usado esse termo, "anticristo" (1 Jo 2.18,22; 4.3) é um sinônimo apropriado. O destino desse impostor está selado; ele será destruído na vinda de Cristo.

III. A Operação do Mistério da Injustiça

O "Homem do Pecado" se levantará contra tudo que se chama Deus – vs. 4. Essa descrição do homem da iniquidade ecoa aquela feita por Daniel sobre o "chifre" pequeno (Dn 7.8,20,24; 8.9-12; cf. Dn 11.31,36) e prenuncia a descrição de João sobre a besta que emergiu do mar (Ap 13.1-8). Tanto se opõe como se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração e ele vai ao extremo de assentar-se no santuário de Deus. Alguns têm concluído desse versículo que o santuário de Jerusalém, ainda existente quando Paulo escreveu essa carta, mas destruído em 70 d.C., deve ser reconstruído antes da vinda de Cristo a fim de servir homem da iniquidade.

No entanto, isso parece improvável já que Cristo pôs fim ao santuário do Antigo Testamento (Jo 2.19-22). Outros acreditam que a palavra "santuário" aqui diz respeito a um de seus significados no Novo Testamento: a igreja (Ef 2.19-22; 1Pe 2.5). A referência pode ser hiperbólica. Assim como o rei da Babilônia (Is 14.13-14) ambicionou colocar o seu trono no céu (cf. o rei de Tiro em Ez 28.2), este homem da iniquidade ostentará ser o possuidor do santuário celestial de Deus (Ap 13.6). Não deixa de ser essa, uma opção interessante às existentes e esperadas pelo povo de Deus. Destarte, não seria necessária a reconstrução do templo, embora seja essa reconstrução uma grande expectativa de todo judeu ortodoxo que aguarda o seu messias. A religião judaica é uma religião cruenta, mas somente podem ser oferecidos sacrifícios de animais no local onde hoje se encontra a mesquita muçulmana de Omar e em nenhum outro lugar da terra. Para eles não basta apenas o seu messias, mas o templo e uma vaca vermelha para o sacrifício.

Reconhecendo eles o seu messias e existindo uma vaca toda vermelha, de pelos vermelhos que seria examinada por um sacerdote, com certeza, eles invadiriam e fariam de tudo para tomarem aquele local onde está hoje o templo muçulmano, em Jerusalém. Ao que parece – vs. 6 -, o apóstolo Paulo acreditava que os tessalonicenses tinham entendido a identidade daquele que tem a capacidade de deter o mistério da iniquidade - talvez ele os houvesse ensinado sobre esse assunto anteriormente. Esse poder refreador é visto por Paulo tanto como algo impessoal, no vs. 6 ("o que o detém"), e como pessoal, no vs. 7 ("aquele que agora o detém"). Essa variação pode indicar que ele é uma instituição que pode ser representada por uma única pessoa.

Outros têm sugerido que a passagem e a história são simplesmente muito vagas para justificar especulações. Porém, qualquer que seja a interpretação, a vontade de Deus repousa de modo evidente por trás da instituição e da pessoa cujo propósito é deter o iníquo. Embora o homem da iniquidade ainda não tivesse aparecido, o apóstolo não queria que seus leitores baixassem a guarda, pois o mesmo poder satânico que, por fim, geraria esse indivíduo já estava presente e exercendo influência.

IV. O Julgamento do Senhor à Iniquidade

A advertência de Paulo foi semelhante à de João (1Jo 2.18). O mistério da iniquidade já estava em operação nos dias de Paulo, assim como está em nossos dias. O fato de ele ainda estar detido é sem dúvida um sinal urgente para a igreja cumprir a sua missão. A metáfora dizendo que ele seria revelado e o Senhor o destruirá com o sopro de sua boca – vs. 8 - é de Is 11.4, e ela reaparece na descrição da destruição final da besta e do seu falso profeta (Ap 19.15,21). A vinda de Cristo deve ser precedida pelo “aparecimento do iníquo". E será segundo a ação de Satanás, com todo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras – vs. 9 – onde muita gente desavisada, ou melhor, desatenta e que claramente rejeitaram ao Senhor, será ludibriada.

Ele fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar. Por isso que Deus lhes manda a operação do erro. Aqui, são afirmadas tanto a soberania divina como a responsabilidade humana. Deus faz com que aqueles que estão perecendo recebam a "operação do erro" e deem crédito à mentira". Essa linguagem afirma de modo decisivo a soberania divina sobre o injusto. Porém esse juízo da parte de Deus é uma resposta à culpa daqueles que estão perecendo: "porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos" – vs. 10.

Os vs. 11 e 12 explicam que o poder da mentira será muito sedutor para justamente darem mesmo crédito a ela e serem condenados, simplesmente porque não creram na verdade, mas antes tiveram prazer na injustiça. Isso é muito terrível! Se você de fato busca a verdade, você a encontrará, mas se ela é uma desculpa para encobrir os seus pecados e sua vida contrária às leis de Deus, você também encontrará, mas não a verdade, e sim a mentira, para sua própria condenação. Há um tesouro teológico embutido nesses dois versículos – vs. 13 e 14. A maior parte das noções fundamentais da doutrina bíblica da salvação - eleição, vocação, fé, santificação e glorificação - estão presentes em suas relações mútuas nessa passagem.

Observe o trabalho harmonioso das três pessoas da trindade: Deus Pai, escolhendo e chamando; Deus Filho, executando as boas novas do evangelho e compartilhando a sua glória com seu povo; e Deus Espírito Santo, transmitindo sua graça santificadora (1 Pe 1.2). Com essa palavra “entretanto” – vs. 13 - Paulo começou a assegurar seus leitores sobre o contraste entre eles e aqueles que ele havia acabado de mencionar nos vs. 11,12 (aqueles que, pela sua recusa em amar a verdade, seriam presas fáceis do erro). O objetivo da eleição divina era que eles pudessem "ser salvos" quando Cristo voltar. O caminho que leva da eleição para a salvação final é "a santificação do Espírito" (1Ts 1.4).

Conclusão

Foi para a salvação por meio da santificação pelo Espírito e da crença na verdade (vs. 13) que ele nos chamou mediante o evangelho. O evangelho, que diz respeito ao filho de Deus (Rm 1.3), é o meio empregado por Deus para chamar pecadores à glória e assim alcançar também a glória de nosso Senhor Jesus Cristo – essa é outra maneira de falar sobre a salvação para a qual Deus chamou os crentes (Rm 8.30; 1 Ts 2.12; 1 Pe 5.10). Aqui, Paulo destacou o fato de as bênçãos da salvação pertencerem inteiramente a Cristo e àqueles que tomam parte nelas, somente porque Cristo compartilha com eles essas bênçãos. Quando Cristo voltar, todos os que o têm seguido até o fim serão exaltados e glorificados nos novos céus e na nova terra.

Em virtude de tudo o que fora dito, Paulo os exorta a guardar as tradições. Paulo usou o vocabulário de "tradição" como os rabinos comumente faziam: para identificar o conjunto de ensinos que eles transmitiam aos seus alunos. A fé cristã é construída com base nas "tradições" ou "ensinamentos" de Cristo e de seus apóstolos (1 Co 11.2; 15.1ss.; Ef 2.20). Essa terminologia não apoia a ideia de que a tradição da igreja está no mesmo nível que as Escrituras. Paulo transmitiu tradições práticas e doutrinárias dignas de crédito, tanto oralmente como por meio de epístolas (Rm 6.17; 1Co 11.2,23; 15.3; 2 Tm 1.13), mas somente suas palavras escritas foram preservadas para nós nas Escrituras.



Sugestão de Leitura da Semana: ROGÉRIO, Marcos. Defendendo o Evangelho de Cristo. São Paulo: Evangelho Avivado, 2019.